Capítulo 15 – A Profecia

20 anos atrás – Mês de Ýlir (Inverno) – Templo dos Deuses

Barulhos de passos apressados e vozes estridentes inundavam o grande templo da cidade religiosa naquela noite de Inverno.

— DESPERTEM, SACERDOTES! – As vozes gritavam – DESPERTEM! OS DEUSES VÃO FALAR!

Era uma verdadeira desordem que expandia-se por todo aquele imenso edifício, pessoas atropelavam umas as outras, alaridos de sinalização e ordens eram proclamados, homens e mulheres vestiam as pressas suas túnicas sacerdotais ... Tudo isso por causa do badalar incessante que se fazia ouvir muito além dos limites das montanhas ou das florestas. Dos mares ou das terras de Sempre Inverno.

Um badalar capaz de alcançar até o mais longínquo canto daquele pequeno continente.

Capaz de alcançar o mais profundo da alma humana.

E arrepiá-la por completo.

Era por causa deste que todos estavam tão ansiosos:

O Grande Sino do Destino estava sendo tocado.

Uma comitiva de pessoas começava a se aglomerar no mais alto piso da torre primaria, vozes misturavam-se e embrenhavam-se entre si, tornando o alvoroço ainda mais caótico. Isso se manteve até que os três Sacerdotes de mais alto escalão posicionaram-se a frente da multidão, cada um possuía uma cor distinta em suas vestes, sendo estas o roxo, o vermelho e o verde. Igualmente todos os três trajavam compridas e corpulentas capas, feitas de pelos grossos e escamas de dragão, um capuz escondia seus rostos, mas não era necessário ver para saber o quanto eles próprios encontravam-se temerosos.

Ao unirem as mãos e as ergueram na direção onde o grande sino estava, todo o lugar se calou.

E o badalar se tornou o único som presente ali.

Num movimento sincronizado, os Altos Sacerdotes se ajoelharam perante o grande sino, este era feito de ouro misturado ao latão e reluzia todas as vezes que as chamas das velas eram refletidas em sua superfície translucida. O objeto era gigantesco, talvez maior que o tamanho de um Pesadelo Monstruoso, mas, mesmo com todo o seu tamanho, a imagem do lado de fora do grande templo não podia ser escondida, mostrando as belas auroras boreais dançando pelos céus estrelados, enquanto flocos de neve despencavam como numa dança da abóbada celeste, em meio as montanhas invernais.

— Klokken roper! – “O sino clama” todos os três brandiram em unisom, elevando vossas vozes e as fazendo ecoar no grande salão – Og vi hørte ham – “E nós o ouvimos” – Måtte gudene skrike – “Que os Deuses gritem” – Vår okkar – “O nosso destino”.

Em seguida, outras vozes se juntaram a prece, ajoelhando-se e reproduzindo as palavras dos Sacerdotes com força e entonação repetidas vezes até que o som se misturasse e acompanhasse o badalar do objeto de metal.

“ O sino clama e nós o ouvimos. Que os Deuses gritem o nosso destino.”

A medida que falavam, mais alto ficava o barulho do sino.

“ O sino clama e nós o ouvimos. Que os Deuses gritem o nosso destino!”

E mais alto eles igualmente repetiam.

“ O SINO CLAMA E NÓS O OUVIMOS. QUE OS DEUSES GRITEM O NOSSO DESTINO.”

E foi ai que aconteceu.

Um raio de luz cortou o céu.

E desceu sobre o templo.

Todos abaixaram as cabeças e cobriram os olhos com medo, tentando se proteger da claridade incandescente que estava sobre todo o lugar. As cores mesclavam-se e se sobrepunham seguidamente, alternando entre si até formarem uma gigantesca muralha de luz, que transpassava o próprio sino, com as cores do arco-íris.

— Não olhem até que a Bifröst termine de fazer a ligação! – O sacerdote das vestes verde gritou para transmitir o alerta – Continuem com as cabeças abaixadas se não quiserem ficar cegos!

E, rigidamente, todos obedeceram a ordem, aguardando pacientemente até que tudo houvesse terminado, o que não levou muito tempo para acontecer, é verdade. Assim que a luz ofuscante se estabilizou, homens e mulheres começaram a levantar seus torços e encarar curiosos o que agora estava diante de todos:

Três mulheres.

A primeira tinha a aparência de uma humana com a idade extremamente avançada, seus dedos eram magros e compridos, os cabelos, brancos como a neve, e seus olhos, negros como o abismo. Estava sentada diante de uma roca de tecelagem enquanto a fazia girar, permitindo que um longo e dourado fio materializa-se flutuando ao seu redor.

A segunda parecia um pouco mais jovem, porém, era notório que tratava-se de uma mulher adulta e experiente. Tinha cabelos compridos e sedosos, num castanho avermelhado que harmonizava perfeitamente com seus olhos azuis. Sobre suas costas, nascia um belo par de asas brancas e, sobre suas mãos, estava o fio dourado que era tecido pela outra mulher, o qual está segurava com o máximo de cuidado e preocupação

Por fim, a terceira e última era a mais jovem das três. Cabelos negros e longos caiam como cascatas da mais profunda noite por sobre suas costas, seu corpo era esguio, e sua estatura baixa. Não passava de uma menina. Mas, eram seus olhos que denunciavam sua verdadeira idade, um branco imaculado revestia as irises, emoldurados por longos cílios negros. Ela segurava a outra ponta do fio dourado, enrolando-o em seu dedo indicador enquanto o apontava para cima e encarava as pessoas ao seu redor.

— Oh Grandes Senhoras do Destino! – Foi a vez do sacerdote com as roupas vermelhas falar – Seus servos estão prontos para ouvir!

—Estamos prontos para ouvir! – O coro repetiu em concordância.

Uma lufada de ar saiu de dentro do sino e espalhou-se por todo o salão. As mulheres inspiraram profundamente aquele vento para, só então, começarem a falar.

— Eu sou Urðr, a Anciã, Aquilo que Foi.

— Eu sou Verðandi, a Mãe, Aquilo que É.

— Eu sou Skuld, a Virgem, Aquilo que Irá Acontecer.

— Somos as Tecelãs do Destino! – Proferiram juntas – E é uma profecia o que temos para Midgar!

— Estamos prontos para ouvir! – Todos repetiram novamente, mas agora com ainda mais temor.

Nesse momento, a mais velha parou de girar a roca, tirando sua ponta do fio de dentro do objeto e a segurando por entre seus dedos cadavéricos. Ela também o enrolou no seu indicador, sendo seguida pela mulher com as asas. Assim que as três se posicionaram da mesma maneira, uma do lado da outra, começaram a falar com suas vozes ancestrais, que ecoaram por cada canto daquele templo de pedra.

“ Duas crianças escolhidas pelos deuses antigos,

Nascerão na aurora, apesar de empecilhos

Num sono sem fim o mundo estará

A Força e o Raio deverão despertar

Mas as trevas também vêm para anunciar:

O Ragnarok acontecerá!

Jormundgander e os dragões estão prontos

E é o próprio Mal quem os controlará

Mas não temam!

A herança dos olhos vermelhos e a força exorbitante do campo é quem dirá:

Se os escolhidos preservarão o mundo

Ou ele se destruirá.”

— O mal transmitiu sua benção a um humano! Lançando uma maldição terrível sobre todos os mundos de Ygdrasil! – Mais uma vez a anciã se pronunciou.

— A Bifröst está se fechando – A com asas continuou – E o contato dos humanos com os Deuses não poderá mais acontecer. Nossa ligação será cortada. Um longo e profundo silencio se estenderá sobre o mundo, e nós, os Deuses, estaremos adormecidos neste período incerto.

— O Ragnarok virá antes do pensado – A mais nova proferiu – E os destruirá caso o mal consigo o que veio buscar.

A ausência de sons era inquietante, todos os presentes encaravam as figuras divinas com espanto e pavor, sem realmente saber como reagir depois de ouvir o anúncio do fim do mundo.

— Entretanto, o Ragnarok não significa apenas a destruição dos Deuses – Continuou a de cabelos negros – Significa o fim. As portas de Helheim não serão capazes de conter os mortos e não haverá Valhalla para os guerreiros honrosos. Os mundos queimaram em fogo e sangue e apenas sobrará morte e destruição... A não ser que os escolhidos cumpram nossa profecia.

— Você! – A anciã apontou na direção do sacerdote com as vestes roxas – Nós a estamos escolhendo! Deve levar a mensagem até os seus governantes! É de Konohagakure que os Herdeiros das bençãos de Thor e Sif virão! Precisa protegê-los do mal e não deixá-los serem levados pelo mal! Se o Raio e a Força se perderem... Não haverá mais nada que poderá ser feito... E o mundo que conhecemos se extinguirá.

— Eu... – O escolhido começou a se pronunciar, enquanto abaixava o capuz de suas vestes sagradas em respeito as grandes entidades – Anko Mitarashi, Alta Sacerdote do templo do Sino do Destino, lhes prometo, oh grande Anciã, oh grande Mãe e Oh grande Virgem, que transmitirei a vossa mensagem ao nosso governante! Prometo proteger os herdeiros do mal e ajuda-los a seguir pelo caminho que os levarão a nossa salvação.

— Nós, as Tecelãs lhe confiamos isto – As três reverberaram em resposta – Nós lhe concedemos o direito de interver no destino!

Foi então que o sino voltou a tocar, anunciando que o tempo estava se findando e logo a ponte iria começar a se fechar. Num último ato, soltaram o longo fio dourado de seus dedos e o entregaram na mão da mulher que fora escolhida para levar a mensagem.

— A resposta para evitar o Ragnarok não é a guerra! – Brandiram enquanto seus corpos esvaneciam – Guerra só trará mais guerra! A resposta é...!

Não houve tempo de terminar, pois o grande clarão voltou a iluminar o salão primário, cegando os sacerdotes e levando as Deusas embora, sem que pudessem dizer a resposta para evitar o fim do mundo.

Os presentes não conseguiam dizer nada, nem uma misera palavra.

Pareciam estatuas mortificadas diante de tantas revelações.

A única que não encarava o lugar onde as mulheres anteriormente estavam era Anko, que preferia manter seus olhos fincados no brilhante cordão que tinha agora por entre seus dedos. Uma aura acolhedora parecia sair de si, como se dissesse que as coisas correriam bem caso acontecesse o que foi profetizado, mas ao mesmo tempo ela podia mudar, se por acaso os caminhos se divergissem e se afastassem daquilo que levará a salvação de todos os nove reinos.

A responsabilidade de carregar uma profecia como aquela era pesada demais.

Tanto para quem a teria de transmitir quanto a aqueles que a deveriam cumprir.

Era o destino do mundo que estava ali, afinal, mas sem a resposta para a pergunta chave.

O que deveria ser feito para evitar o Ragnarok?

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Dias atuais – Mês de Skerpla (Verão) – Konohagakure – Fortaleza dos Haruno’s

— Fugaku, finalmente! – A Matriarca o cumprimentou assim que o viu entrar pelas portas do salão principal. Levantou-se fazendo uma sucinta reverência em uma demonstração rápida de formalidades antes de prosseguir – Achei que não conseguiria vê-lo ainda hoje.

— Aconteceram alguns contratempos, Mebuki – Ele a imitou, para só depois sentar-se numa das muitas cadeiras no lugar e voltar a se dirigir a mulher – Como está Kizashi?

— Bem, na medida do possível – Ela suspirou em resposta – Ele me contou o que aconteceu com o dragão aquático.

— Todos fomos pegos desprevenidos... – Disse desconfortável, pois sabia que em partes a culpa era sua por seus homens terem voltado daquela forma – Mas, graças a benção dos deuses conseguimos retornar em segurança. Se Itachi não estivesse lá... Não gostaria de pensar no que poderia ter acontecido.

— Sim, Kizashi me passou os detalhes... Falando nisso, seu filho demonstrou algo diferente? – A Haruno perguntou, vendo a oportunidade para iniciar aquela conversa tão difícil, mas que precisaria acontecer – Ou fora do normal?

— Isso tem a ver com o motivo para me chamar de maneira tão urgente? – Questionou, arqueando as sobrancelhas com inquietação.

— Bem... Sim, meu senhor. Muitas coisas aconteceram enquanto estava fora – Inspirou profundamente, levantando-se e pondo-se a caminhar de um lado para outro dentro do recinto. A mulher sentia os olhos negros a seguirem com ar de confusão, mas mesmo ela encontrava-se angustiada de mais com tudo o que vinha acontecendo para poder agir de outra forma – Sakura despertou a benção – Falou de uma vez, quase atropelando-se nas palavras.

O homem, em contrapartida, arregalou os olhos surpreso – Você tem certeza? – Perguntou.

— Aconteceu durante a demonstração de habilidades no festival de verão – Pôs-se a explicar – Aquela garota não me avisou de nada, tenho certeza que ela já vinha se preparando há algum tempo, mas nunca imaginei que aconteceria assim, tão cedo – Disse, mas mais parecia como se conversasse consigo mesma do que com o líder do império – Enfim, ela conseguiu fazer a proeza de segurar várias toras de madeira em movimento apenas usando as mãos. Toras grandes – Enfatizou – Algo que nenhum de nós como líderes ou guerreiros seríamos capazes de fazer sozinhos. Não da maneira como ela fez.

— Humm... Entendo. Acha que isso deve ser algum tipo de sinal? De que o tempo está chegando?

— Eu não sei... Por isso o chamei aqui. Itachi não demonstrou nada ligado a benção ainda, não é?

Fugaku se calou, a irritação lhe acalorava os nervos e, o fato de não ter respostas, só piorava ainda mais as coisas

— Eu não sei... – Proferiu a contragosto – Ele apenas vem sendo o grande guerreiro que sempre foi, isso já não deveria ser algum tipo de sinal? Thor é o maior e mais poderoso guerreiro de Asgard! Seu herdeiro certamente demonstraria seu senso nato para as batalhas.

— Você sabe que não é assim – Ela o respondeu séria – A profecia é clara quanto a isso! Ele precisa despertar a benção ligada aos raios! Nada se fala sobre dons de batalhas, isso é você que está dizendo... – Se o homem já não parecia estar de bom humor, tudo o que poderia lhe restar de neutralidade caiu por terra – E se até mesmo Sakura que é mais nova já o fez, o que há para Itachi ainda não ter conseguido?

— O que está tentando dizer, Mebuki? – Inquiriu, elevando o tom – Ele se encaixa em todos os aspectos! Itachi nasceu um ano depois de Anko nos trazer a notícia sobre a profecia, durante a Aurora do mês de Haustmánour, o Sono Sem Fim do mundo já havia começado e ele despertou os olhos Uchiha’s há muito tempo! Ele foi o escolhido! Só pode ser ele!

— Sei que já discutimos isso antes – A mulher parecia cansada – Durante as várias e várias reuniões com os outros líderes para traçarmos de onde a herdeira de Sif poderia vir, já que, afinal, as características do herdeiro de Thor eram muito especificas. Sabe que te apoiei desde o primeiro momento quando anunciou o nascimento de seu filho, e também sei o quanto você e Mikoto depositaram de fé quando Sakura nasceu, mesmo os outros clãs não tendo plena convicção de que ela deveria ser a escolhida – Fez uma pequena pausa, apenas para recuperar o folego – Eu, realmente, sei. Mas, e se tivermos nos equivocado, Fugaku? Já parou para pensar nisso?

O Uchiha começava a dar sinais de que estava perdendo sua paciência, não sabia dizer se apenas a menção do nome de Mikoto causava esse turbilhão de emoções ou o fato do seu dia não ter começado da melhor maneira contribuía para o calor que subia por suas veias continuasse a aumentar.

— Então – Proferiu rangendo os dentes – O que me sugere? Quem dentro do clã Uchiha poderia ser o grande herdeiro da benção de Thor no lugar de meu filho?!

— Talvez... – Pausou, preparando-se para o que viria a seguir – O seu outro filho.

Um longo minuto de silencio desagradável os cercou.

— Você só pode estar brincando... – Pronunciou-se, mas sua voz estava cada vez mais carregada – Sasuke não tem como ter sido escolhido para a benção.

— Ele também nasceu na Aurora! – Ela retrucou – No mês de Gormánour, o primeiro mês do Inverno. Durante o sono sem fim! Sei que dirá que é loucura, mas eu vi com os meus próprios olhos durante o festival!

— No festival? – Questionou confuso.

— Ele e Sakura dançaram juntos a dança sagrada, para evitarmos problemas quando o casamento fosse anunciado – Explicou-se – Mas quando começaram, foi algo surpreendente! Eles pareciam ser um só! Mesmo que nunca tenham ensaiado juntos antes, nem uma vez si quer! Todos os presentes puderam sentir a paz e a harmonia que parecia exalar daqueles dois! Estou dizendo, Fugaku, não foi algo normal. Venho tentando diminuir os boatos disseminados pela cidade da melhor maneira que pude por causa do nosso voto de união e para que os líderes não achem que estamos cometendo traição, mas sinto que podemos estar enganados dessa vez!

— Ele não tem os olhos Uchiha! – Retrucou, mesmo que soubesse que aquilo era mentira. Ele mesmo viu mais cedo, ao vivo e a cores, a sombra carmesim rodear as ires escuras do seu filho mais novo.

— Ainda! Ele só tem quinze anos! Itachi despertou o dele com dezesseis! Não pode dizer que Sasuke não tem chances de ser o herdeiro só pela sua falta de habilidades como guerreiro ou por ainda não ter matado um dragão!

Notando o silêncio de Fugaku, uma constatação lhe ocorreu subitamente, mas que fez tanto o seu rosto quanto o dele esbranquiçar.

– Espera... Não me diga que... É por causa de Mikoto? – Questionou o encarando e percebendo o exato momento que seus olhos se tornaram escarlates – Tem... medo de perde-lo como também a perdeu... – Não foi uma pergunta.

— Cale-se mulher! – A Rebateu, levantando-se furioso – Você não sabe de nada!

— Agora está claro para mim... Sim, sim. Sua implicância com ele... O fato de tê-lo colocado na ferraria com Kakashi... É porque têm medo que ele morra como Mikoto morreu! Tem medo que ele não consiga se proteger já que não parece ter nenhuma aptidão para ser um guerreiro!

— EU A MANDEI SE CALAR! – Bradou, mas Mebuki não recuou nem um único centímetro.

— Acha que fazê-lo te odiar é o melhor jeito de protege-lo?! VOCÊ É UM TOLO POR PENSAR ASSIM, FUGAKU!

— EU SOU SEU LÍDER! – Retrucou – E você deve me respeitar como tal – Finalizou abaixando a voz de forma amedrontadora. Certamente isso faria qualquer um recuar aterrorizado, mas a matriarca Haruno definitivamente não era qualquer uma.

— Não espere que eu vá me desculpar por dizer a verdade.

— Eu não espero, mas espero sua obediência— Inqueriu sombrio – Enquanto não se prove o contrário, Itachi ainda é o herdeiro. Eu sei que é ele – Enfatizou, ainda a encarando com os olhos vermelhosEle é o escolhido para salvar este mundo junto com a sua filha! Quer você queira ou não – Disse enquanto, enfim, se retirava dali – O casamento vai acontecer, custe o que custar.

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— AQUELE DESGRAÇADO MALDITO! – Sasuke bradava furiosamente enquanto descontava todas as suas frustrações numa pobre árvores que nada tinha a ver com a quilo. Ele e Aoda estavam mais uma vez na Clareira dos Rochedos, porém, diferente do costumeiro, Sasuke não chegou com o cesto cheio de peixes como fazia todos os dias, e muito menos abriu seu sorriso acolhedor para o amigo dragão, Aoda quase não o reconhecia naquele estado, por isso preferiu encolher-se num canto mais afastado e apenas o observar. Mesmo que estivesse preocupado com o garoto, não ousaria se aproximar, pelo menos não enquanto o pequeno Uchiha não se acalmasse – Ele deveria ter ficado lá! Perdido em Njörd! E nunca mais voltar! Ter sido comido por algum dragão ou...

O menino parou, arrependendo-se no instante que proferiu as últimas palavras. Enfim a árvore recebia sua estimada trégua enquanto Sasuke apenas permitia que seus joelhos enfim cedessem e levassem seu corpo, já cansado, ao chão.

— Eu... Só estou cansado de tudo isso – Dizia para si mesmo – Terrivelmente cansado.

Notando que o amigo enfim havia se acalmado, o Fúria da Noite preparou-se para levantar e caminhar até ele, mas tanto o dragão quanto o viking pararam seus movimentos ao ouvirem um som estranho se propagar no ar.

Sasuke olhava por todas as direções atento, procurando de onde o barulho poderia estar vindo. Ele e Aoda já punham-se em posição de combate, esperando talvez encontrar novamente com Orochimaru ou até mesmo com homens de Konoha que estariam atrás do príncipe Uchiha. Procuraram por todos os cantos possíveis até que o garoto olhou para a entrada da clareira, no alto, entre as grandes rochas, e foi ai que ele pode ver e se surpreender com o novo visitante.

Era o Vulpe Skoropi.

— Nos encontramos de novo então, heim? – Sasuke o saudou, logo deixando sua posição defensiva se desfazer.

O dragão, vendo o garoto de mais cedo, levantou voo e pousou bem próximo de onde Sasuke e Aoda estavam, encarando ambos curioso, o Fúria não pareceu gostar nada do novo dragão, continuando em sua posição defensiva e pronto para atacar a qualquer momento caso achasse necessário, mas logo o Uchiha o impediu de fazer qualquer besteira.

— Não Aoda, é amigo. Tenha calma, sim? – Sasuke o alertou, afastando-se da proteção que o dragão negro tentava lhe proporcionar e indo na direção do outro.

Estendeu sua mão com cuidado, sem desviar seus olhos dos grandes e afiados olhos do Vulpe Skoropi. Este averiguou com cautela o Fúria que ainda o encarava, mas mesmo assim aproximou-se, a passos lentos e contidos, até encostar sua cabeça na mão de Sasuke, mostrando que confiava agora no menino. Dragões podiam ser répteis agressivos na maioria das vezes, arredios e ainda mais perigosos quando assustados, mas algo que poucos sabiam era que eles tinham uma ótima memória, o dragão escorpião sabia quem estava diante de si, sabia que foi ele que o ajudou a fugir dos outros guerreiros mais cedo, por isso confiava nele e o permitia se aproximar. Era uma maneira própria de agradecê-lo por ter salvado sua vida.

Aoda bufou a contra gosto diante do que via, por isso, recusando-se a encarar a cena que se desenrolava ali, ele desfez sua pose defensiva e se afastou dos dois, indo para sua cama de grama chamuscada.

Sasuke limpou as feridas do animal. Agora de perto podia ver o estrago que os outros guerreiros tinham feito nele e o porquê do dragão estar tão assustado. Ele lutava para viver, desesperadamente estava agarrando-se a sua vida, ansiando livrar-se do medo da morte que lhe espreitava. Ao constatar isso, Sasuke se viu parecido com ele, não tinha cicatrizes em seu corpo, mas podia senti-las cravadas em sua alma, seu interior desesperado procurando os motivos para continuar a viver naquele lugar que não parecia seu, mas que ele mesmo continuava a se agarrar com todas as forças, apenas para manter-se vivo.

Sentiu-se mal por não ter evitado que as coisas se agravassem com aquele dragão, mas ao mesmo tempo permitia-se suspirar aliviado por ter conseguido salva-lo a tempo.

— Não precisará mais temer pela sua vida, amigo – Dizia enquanto o acariciava na cabeça – Está seguro por hora.

Virando-se para o companheiro negro, sentiu um arrepio gelar sua espinha ao se deparar com a cara de poucos amigos que Aoda lhe dirigia. Engoliu em seco enquanto deixava o Vulpe Skoropi e ia até o Fúria da Noite com cautela, ao perceber que Sasuke se aproximava Aoda virou o rosto, convicto em evitar o amigo humano, mas isso não foi o suficiente para impedir Sasuke de alcança-lo.

— Hey grandão! Não faz essa cara! Ele precisa de ajuda, olhe como ele está machucado! – O dragão apenas moveu suas írises para encarar brevemente o outro – Pessoas más o machucaram, não podia deixa-lo de qualquer jeito não é? – O outro bufou – Não precisa de todo esse ciúme, Aoda! Você chegou primeiro aqui – Findou apontando para o próprio peito, esperando com fé que seria perdoado.

Com um movimento súbito, Aoda pulou em cima de Sasuke, o desequilibrando e o fazendo cair com tudo no chão. Em seguida, o lambeu dos pés a cabeça como para castiga-lo por sua audácia e o menino entendeu perfeitamente o que ele quis dizer.

— Prometo compensar com mais peixes na próxima vez, combinado? – Respondeu rindo. Feliz o Fúria saiu de cima do Uchiha, permitindo-o se livrar de toda aquela baba grudenta e se levantar.

Depois disso, Sasuke perdeu um bom tempo da tarde pegando peixes para os dois dragões, conseguindo o suficiente para mantê-los saciados por aquele dia, mas certamente precisaria de mais comida caso realmente tivesse interesse em evitar brigas, principalmente por parte de Aoda, até que o Vulpe Skoropi estivesse recuperado e pudesse ir embora.

Enfim, despediu-se dos dois, enfatizando novamente para que Aoda se comportasse com o novo amigo, e se foi de volta para Konoha.

Vendo a brecha perfeita, seus pensamentos voltaram a inundar sua mente mais uma vez. Não havia Aoda ou o dragão escorpião para distrai-lo, ou qualquer outra coisa para forçar seu cérebro a evitar o que aconteceu mais cedo de voltar a se materializar em sua mente. A revolta e indignação vinham junto, perturbando seu interior da uma maneira completamente desagradável.

Afinal, qual era o problema de Fugaku?

— Quanto custa um elogio seu, pai...? – O garoto perguntava a si mesmo.

Sasuke nem tinha percebido que já havia chegado até a cidade e, como para não perder o costume, não se atentou com quem estava parado bem no meio do seu caminho, trombando na pessoa e a segurando por reflexo, afim de evitar a queda de ambos.

Mas, claro, era impressionante como isso só acontecia justamente com ela.

“Os deuses só podem estar brincando comigo!” – Pensou.

— Sasuke?

— Sakura... – Disse a soltando e a afastando – Er desculpe, eu não te vi.

— Não, tudo bem, sei que não foi culpa sua – Se ao menos ela soubesse quantos significados aquela frase poderia ter – Nenhuma das vezes foi.

Um silêncio constrangedor se instalou entre os dois por alguns segundos, mas a Haruno logo voltou a se pronunciar, afinal, ela estava trás dele por uma razão não é mesmo?

— Está tudo bem? – Perguntou – Depois de tudo o que aconteceu hoje, fiquei preocupada por você sumir... Estava espairecendo a cabeça?

— De certa forma, sim... Mas já passou, sabe que eu já deveria estar acostumado com o jeito dele – o Uchiha suspirou – Mas, obrigada pelo que fez na Arena... Juro que achei que você estava prestes a me trucidar na hora – puxou outro assunto, para desvia-los daquele caminho desagradável.

— Veja, eu sou uma ótima encenadora! – Entrou na brincadeira, entendendo que ele não queria falar mais que o necessário sobre o pai, mesmo que ainda sentisse que deveria ajuda-lo em relação a isso – Acha que me daria bem participando de alguma peça junta com os artistas?

— Acho que ainda prefiro você como guerreira... – Forçou uma careta, que fez ambos rirem. Sasuke sabia que não podia deixar que a proximidade de antes voltasse, muito menos tirar sua máscara de indiferença agora que as coisas enfim haviam se acalmado, mesmo que fosse difícil ignorar a existência da menina, ele não podia deixar que as coisas entre eles saíssem além do essencial. Ainda havia algo importante a se resolver por Konoha – Eu preciso te contar uma coisa.

A expressão do rosto de Sakura ficou séria.

— Você viu o traidor? – Ela logo perguntou o que primeiro apareceu em sua mente.

—Não podemos falar sobre isso aqui, tem muita gente – Constatou olhando ao redor – Vem comigo – A puxou pelo braço e levou-a para um pequeno beco escuro onde julgou que poderiam falar sobre aquilo livremente.

Mas, o que nenhum dos dois havia notado era que estavam sendo observados de outro beco, por olhos escarlates que nada pareciam contentes com aquilo.

Assim que Fugaku deixou a fortaleza Haruno voltou para a própria torre, mas tamanha foi sua surpresa por apenas encontrar Itachi lá e que o mesmo não tinha nenhuma notícia sobre o paradeiro de Sasuke. Naquele momento, pode sentir um terrível aperto no peito, um desespero que quase lhe sufocou, pensando que o garoto poderia ter tentado ir atrás do dragão sozinho apenas para provar que ele estava errado. Deixou o lugar a passos apressados, dirigindo-se a ferraria para saber se Kakashi sabia de alguma coisa, mas a negativa foi igual. Foi então que descobriu pelo Hatake que desde que o treinamento Hunter começou, foram poucas as vezes que Sasuke ia até a ferraria, pois passava boa parte de seus dias na floresta para só voltar muito além da hora noturna.

Com isso em mente, foi em direção até os portões da cidade sem pensar duas vezes, estava decidido a achar o garoto e traze-lo de volta a qualquer custo! Fugaku não o perderia da mesma maneira que perdeu sua mulher, não se aquilo estivesse ao alcance de suas mãos.

Porém, tamanha foi sua surpresa ao encontra-lo conversando com a herdeira Haruno, bem de frente aos portões, fazendo-o parar sua quase corrida abruptamente. Obviamente a conversa que teve com Mebuki mais cedo voltou a materializar-se para si, o que o levou por consequência a se esconder num beco escuro para observa-los. Dessa vez, lembrou-se de quando os encontrou também juntos no dia de sua partida, achou que aquilo poderia apenas ser coincidência, mas vendo-os ali naquele momento conseguia ver com mais clareza o desconforto de ambos, a forma como encaravam-se sem jeito, sempre evitando os olhos um do outro.

Viu até o momento Sasuke agarrou o pulso de Sakura e a arrastou para algum lugar, longe do seu campo de visão. Tentou continuar seguindo-os, mas eles já haviam sumido.

De alguma forma, seu coração voltou a martelar contra seu peito, o incomodando.

Recusava-se a acreditar que o garoto poderia realmente ser o Herdeiro de Thor.

Não, não podia ser ele.

Ele não seria capaz de enfrentar o que viria caso fosse escolhido.

Não se o que diz as profecias antigas realmente se concretizassem.

Pois... É durante o Ragnarok que Thor enfrentaria Jormundgander.

E morreria para mata-la.

Se ao menos Itachi for o escolhido, ele ainda terá uma chance de sobreviver! Não Sasuke...

Ele precisava fazer algo para salvar os próprios filhos, mesmo que isso custasse seus corações.

Ele já sabia o que deveria fazer.

Seus olhos vermelhos carmesim eram a prova da sua decisão.

}|*|{

– Orochimaru veio até mim.

— Orochimaru?! – Sakura se exaltou pela surpresa, não se dando conta de que estava falando alto demais.

—Shiu! Fale mais baixo! – Colocou a mão sobre a boca dela, pedindo internamente aos deuses que isso não tenha chamado a atenção de ninguém – Se alguém ouvir e entender errado vai alastrar pânico por toda cidade!

— Tudo bem, desculpe – Ela respondeu, tirando a mão dele de sua boca – Eu fiquei surpresa, só isso. Mas, então, continua! Ele te disse algo? Ou você apenas o viu?

— Ele falou sobre muitas coisas – Desviou os olhos de Sakura e se concentrou em apenas encarar o chão terroso enquanto pensava no que o homem cobra falou sobre sua mãe – Orochimaru admitiu que colocou um espião em Konoha para ser seus olhos e ouvidos aqui, além de frisar que esta de olho em algumas pessoas e que há muita coisa que os líderes dos clãs andam escondendo e que não fazemos ideia do que são.

— Agora que você falou... Minha mãe vem agindo estranho desde que o festival de verão aconteceu – Não era como se Sakura quisesse colocar aquele assunto em pauta julgando justamente o que havia acontecido, mas não teria outro jeito dele entender se ela não fosse direta e clara – Ela me proibiu de sair de Konoha por tempo indeterminado por causa do que eu fiz na demonstração de poder e... Também comentou algo sobre uma profecia... mas tenho certeza que ela deixou escapar sem querer, definitivamente não era algo que eu deveria saber, segundo ela, “pelo menos por enquanto.”

— Uma profecia? – Questionou confuso.

— Eu também não entendi, nunca ouvi falar de nada parecido – Suspirou frustrada – Procurei em vários livros na biblioteca depois que Mebuki me intimou, mas as profecias que encontrei eram antigas e não pareciam se referir a Konoha ou qualquer coisa do tempo presente, perdi boas horas de sono e não cheguei a lugar nenhum.

— Talvez... Orochimaru tenha as respostas que procuramos. Se ao menos eu encontrasse uma maneira de falar com ele novamente eu poderia...

— Não! Nem sonhando – Sakura o interrompeu – Ficou louco? Ele é perigoso Sasuke! Não fazemos nem ideia do que ele pode estar tramando! – Disse segurando as mãos dele preocupada – Me prometa que não fara nenhuma besteira sozinho, por favor! Me prometa!

— Se ele for a opção mais rápida para encontrarmos as respostas que precisamos, então eu não vou poder te prometer, Sakura – Mesmo a contragosto, ele soltou-se das pequenas mãos da garota, afastando-se o máximo que o espaço lhes permitia – Não precisa se preocupar comigo, vamos resolver isso.

A garota iria dizer mais alguma coisa, mas ambos foram interrompidos pelo som de tambores se propagando por toda a cidade.

— Um anúncio geral? Agora? – Sakura o questionou confusa.

— Eu também não faço ideia do que possa ser – O outro a respondeu, tão confuso quanto ela própria.

Saíram juntos do esconderijo e logo se depararam com pessoas saindo de suas casas, as expressões confusas multiplicavam-se por todos os rotos, ninguém esperava um anuncio geral um dia após os líderes voltarem de uma expedição ao ninho, o que tornava tudo ainda mais estranho aos olhos da população, mas mesmo assim permitiam-se serem guiadas para onde os guardas as conduziam ir sem pestanejar.

Sasuke e Sakura apressaram-se para acompanhar a procissão de pessoas, emaranhando-se entre elas a fim de descobrir logo para onde todos estavam sendo levados.

Para surpresa geral, o fim do caminho levava a fortaleza Uchiha, o garoto podia ver seu pai e Itachi já de pé sobre um palanque improvisado, e aparentemente montado as pressas. Atrás de ambos estavam os líderes e matriarcas de cada clã, rigidamente enfileirados um do lado do outro, todos com suas expressões igualmente indecifráveis. Até mesmo Kushina estava séria ao lado de Minato, fato que não passou desapercebido pelo menino e que só fez suas entranhas se contorcerem ainda mais.

Ele buscou por Sakura, para tentar encontrar algum tipo de apoio, mas não teve chance de falar qualquer coisa, pois logo dois guardas corpulentos surgiram e arrastaram ambos, um para cada lado na multidão.

— Itachi – Sasuke sussurrou, assim que o guerreiro o colocou ao lado do irmão, em cima do pequeno palanque – O que está acontecendo?

— Eu não sei – sussurrou de volta – Nosso pai apenas mandou chamar todos os habitantes da cidade para fazer um anúncio urgente, mas eu não faço ideia sobre o que possa ser. Ele não me disse nada – Explicou, mas sem deixar de continuar a encarar as pessoas na multidão, provavelmente procurando por Izumi.

Assim que viu que a maioria dos cidadãos estavam presentes, Fugaku levantou uma das mãos, chamando a atenção do povo enquanto sinalizava aos soldados para que calassem a multidão.

“ Está na hora de colocar um ponto final nisso” É o que ele pensava.

— Vikings aqui de Konoha! – Sua voz se propagou como um trovão, forte e cheia de autoridade naquele lugar – Eu o Imperador e líder do clã Uchiha, Fugaku Uchiha, venho a todos oficializar o que a maioria já vinha imaginando, mas que ainda não tinha certeza – Um alento de sussurros inundou a multidão enquanto cada um perguntava-se sobre o que o Imperador se referia – Talvez esse não seja o momento mais apropriado – Voltou a falar – Mas, já está na hora de dar continuidade ao que está acertado já há muito tempo...

A expectativa crescia no coração de todos, ansiosos para o fim de toda aquela enrolação. Os únicos que não pareciam assim eram os próprios líderes, mas constatar isso não ajudava em nada a acalmar o coração palpitante do Uchiha mais novo, talvez estivesse causando justamente o contrário.

— É com muita alegria que venho anunciar... O casamento do meu primogênito!

“Não... ” – Sasuke, Sakura e Itachi pensavam.

— Itachi Uchiha, se casará com a primogênita do Clã Haruno...

“Não, não, não!”

— A Flor de Cerejeira do Norte, Sakura Haruno!

A garota quase foi empurrada para a frente do palco. Seu rosto mostrava o quanto ela estava assustada e surpresa, talvez como Sasuke, não esperava que as coisas aconteceriam assim, tão abrupta e repentinamente. Subiu na sustentação de madeira e se pôs ao lado de Itachi, mesmo a contra gosto, ambos se olharam claramente tentando disfarçar sua infelicidade e desconforto com toda a situação, mas não havia nada que pudessem fazer no final, por isso obrigaram-se a dar as mãos e sorrir falsamente em direção a multidão.

Itachi agora não focava mais seus olhos nas pessoas abaixo deles, sabia que se encontrasse Izumi não seria capaz de manter sua postura, por isso encarava o horizonte, pedindo de maneira infantil a si mesmo e aos deuses que aquilo não passasse de um terrível pesadelo.

Sakura, por outro lado, buscou os olhos de Sasuke, desesperada por algo em que pudesse se apoiar naquele momento, entretanto, a única coisa que pode ver foi o garoto abaixando a cabeça e cerrando os pulsos com força. Foi então que buscou por sua mãe, mas ela igualmente como os outros líderes continuava neutra diante de tudo aquilo, mesmo que a jovem menina podia jurar ter visto uma leve sombra de tristeza em seus olhos.

Por fim, Sakura procurou por Naruto na multidão, e felizmente o encontrou, mas nem mesmo os grandes olhos azuis do melhor amigo foram capazes de evitar o seus desmoronar interior, nem a escuridão que parecia tragar sua mente para longe, longe daquela realidade cruel.

— Que os céus abençoem essa união! E que os deuses guiem seus caminhos para a prosperidade e vitória dos dias vindouros! – Pegou as mãos entrelaçadas de ambos e as levantou – Saúdem os noivos, Konoha! Saúdem com júbilos de alegria! – Assim o líder finalizou seu discurso, sendo seguido por uma explosão de aplausos e gritos de comemoração do povo.

A cidade extasiava com tão primorosa notícia.

A felicidade estava estampada em cada rosto. Lágrimas de alegria brotavam de alguns olhos, gritos de entusiasmo vinha de outros lugares, uma verdadeira festa fora de época inundava toda Konohagakure!

Porém, mal podiam imaginar que por trás de tanta alegria, corações choravam.

E sangravam.

Por essa quase sentença de morte aos seus sentimentos.

“ Parece que você finalmente conseguiu o que queria... Pai.”

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