Riddare Drakar

Capítulo 12 - O que você acha de provar do meu poder?


Capítulo 12 - O que você acha de provar do meu poder?

Sakura

Arrastava preguiçosamente meus pés pelas ruas de Konoha. Qualquer um que olhasse, julgaria que eu estava apenas caminhando sem rumo, mas, claro, que esse não era o caso, afinal, eu tinha um destino específico demais para me dar ao luxo de ficar simplesmente “andando por ai".

Apenas parei quando, enfim, alcancei os grandes portões da Fortaleza Haruno. A posição do Sol sombreava belamente meu lar, acentuado a beleza de cada ramo intricado por entre as fissuras das grandes rochas esverdeadas. O céu estava bonito, luminoso e claro como deve ser nessa época do ano, mas a hora já era avançada e minha mãe aguardava-me ansiosamente dentro daqueles portões.

Resoluta, adentrei a grande fortaleza e segui na direção do salão principal, onde presumi que Mebuki Haruno estaria. E como de costume, eu estava certa. A matriarca encontrava-se sentada sobre um dos muitos assentos espalhados por ali, seus longos e brilhantes cabelos estavam rigorosamente trançados, um pouco incomum tratando-se dela, já que sempre a vejo com os cabelos mais soltos do que presos. Outra coisa que me chamou a atenção também foram suas expressões, ela encarava fixamente as paredes de pedra rústica do lugar, quase como se pudesse atravessa-las, mas eu sabia que sua mente provavelmente estava longe, pairando talvez sobre o império e as várias questões a se tratar em relação a tudo, ou quem sabe em meu pai, ainda na expedição para o Ninho dos Dragões. Isso me faz pensar em quando ele finalmente poderá retornar, já estamos indo para o segundo mês desde que eles partiram, e nenhuma notícia a vosso respeito nos chegou, o que é estranho, afinal, a viagem não deveria passar de um mês... E isso me preocupa. Certamente é um dos pensamentos de Mebuki... O medo sempre vem em momentos assim, momentos em que pensamos que podemos perde-lo.

Vejam, Kisahi Haruno é um grande homem, e também um grande guerreiro. Já participou de muitas guerras e seu nome ganhou prestígio dentro e fora do Império de Konoha, como qualquer líder deve ter. Pode não ser aquele que mais tem intimidade com o líder Uchiha, mas alcançou seu respeito e confiança. Somos um clã forte graças aos líderes fortes que tivemos para guiar nossa família, e quando chegar a hora, será eu quem ocupará seu lugar dentro do conselho, pois sou sangue do seu sangue.

Mesmo que acabe me casando com Itachi, não perderei meu posto. Afinal, não somos como os continentes mais ao sul, onde as mulheres apenas servem de enfeites para seus governantes, aqui temos honra e igualdade como guerreiros. É justamente por esse motivo que as Matriarcas assumiram as diretrizes enquanto Fugaku está fora com os outros homens, porque só elas tem a preparação necessário para reger nosso império.

Mas, mesmo sabendo da capacidade de cada um que foi designado para essa expedição, o medo no peito ainda incomodava... Ou, talvez, o que mais me aflija não estava somente na possibilidade do pior ter acontecido, eles são preparados para isso, mas sim o desejo de que essa viagem dure um pouco mais... O suficiente para me afastar do meu destino derradeiro o quanto me for possível.

Não há maneira de pensar nisso e não me sentir terrivelmente egoísta.

— Mãe? - Pronunciei-me, chamando sua atenção e despertando-a do que seja la ela estivesse pensando – Recebi seu pássaro mensageiro, o que deseja falar?

— Sakura, querida - Respondeu, mas sem levantar de seu lugar - Você chegou. Por favor, sente-se.

Apenas assenti e a obedeci, sentando-me de frente para a Matriarca. Seus olhos verdes encararam-me com uma seriedade que arrepiou minha espinha e só por isso já podia esperar que nada de bom estava por vir.

— Você deve ter percebido, afinal é esperta e atenta, mas os comentários ainda não pararam de se espalhar... E isso está me preocupando.

— Se é sobre o Sasuke, você não tem com o que se preocupar... – Suspirei, frustrada por meus pressentimentos estarem certos - Eu e ele não nos falamos desde o festival e...

— Não estou falando disso – Minha mãe me interrompeu – Os rumores e comentários sobre a dança do Sol da Meia-Noite logo serão resolvidos, já tenho isso sobre controle. O que me preocupa agora é outra coisa.

Franzi o cenho em confusão.

— Mãe, não entendo onde você está querendo chegar...

— O que você fez na Arena... É isso que me preocupa – Ah, isso – Há comentários e especulações em todos os cantos de Konoha, e não só em Konoha, como nos reinos vizinhos também.

— Mas, eu não fiz algo tão absurdo assim – Tentei me defender – Tenho treinado para isso a tempos, e todos sabem que a força é o ponto de maior destaque do nosso clã! Não é tão absurdo o que eu fiz!

— Para alguém da sua idade, é sim! Nem mesmo eu, seu pai ou mesmo Gaara, que é um dos nossos guerreiros mais fortes, conseguiríamos fazer o que você fez!

— Mas... Eu...

— Eles dizem que há algo em você, as conversas estão se espalhando e preciso que tome cuidado. Não era o momento, eu não fazia ideia que a profecia já havia começado e ele não pode saber que é você ...

Profecia?

— Profecia? – A questionei, interrompendo sua linha de raciocínio – O que você quer dizer com isso...? E ele? Ele quem?

Percebendo que havia falado de mais ela arregalou os olhos e os desviou de minha figura, encarando o chão em silêncio, talvez tentando encontrar as palavras certas para usar, mas sem realmente saber o que dizer.

Ficamos um tempo sem proferir nenhuma palavra, não queria pressiona-la, mas as dúvidas já haviam se emaranhado em mim, e um sentimento estranho parecia crescer... Sem que eu soubesse explicar o que isso poderia significar.

— Sakura... – Enfim ela voltou a se pronunciar, olhando diretamente nos meus olhos, ela tentava manter a mesma expressão do inicio daquela conversa estranha, mas eu já sabia que não era bem esse o caso – Ainda não é o momento de você entender, mas... Você precisa tomar cuidado. Por isso a chamei aqui – Outra pausa, ela não parecia nada bem com isso, mas mesmo assim prosseguiu, porém, quando terminou, preferia que não o tivesse feito – Eu estou a proibindo de sair de Konoha por enquanto... pelo menos até os boatos pararem.

— O que? – A encarei incrédula – Não vou poder sair da cidade? Por causa do que fiz na Arena? Mas, isso não faz nenhum sentido! Você está se ouvindo?! Não pode fazer isso sem me dizer um motivo! – Exaltei-me – Não pode me trancar dentro dos portões da cidade!

— Sim, estou me ouvindo! – Levantou- se bruscamente, assustando-me com o movimento repentino – E não só posso como vou fazer! É para a sua proteção e próprio bem, Sakura!

— Não, não pode! Você viu o que fiz! Sou capaz o suficiente para poder me proteger do que seja lá que tanto te assusta! Eu sou uma guerreira! E você não pode me impedir ou me privar de viver minha própria vida! Não nisso! Essa parte da minha vida...

— É sua? – Interrompeu-me novamente – Não pense que me esqueci do que você me disse no festival, porque eu juro que jamais esquecerei. Mas as coisas saíram do controle... – Suas expressões dançavam por seu rosto, mesclando e transformando-se a medida que minha mãe continuava falar – Se ao menos eu soubesse antes, poderia ter evitado tudo isso... Mas, enfim, não há nada que possamos fazer agora. Não vou voltar atrás com meu decreto e não vou abrir mão da sua segurança. Está decidido.

—Mas...!

— Essa conversa está encerrada! Os guardiões dos portões já estão cientes também. Apenas me obedeça. Sem questionar.
Finalizou, saindo da sala e me deixando para trás ainda mais confusa do que quando cheguei.

Encarei sua silhueta se afastar gradativamente até desaparecer pelas grandes portas do salão principal, entretanto, a cada passo que Mebuki dava para longe, maior se tornava a trilha de dúvidas e questionamentos que ela deixava para trás.

Ela estava querendo me proteger... Mas de quem? Ou do que...?

De qualquer forma, nada me impedirá de ir atrás de mais informações.

Ela não podia simplesmente me trancar dentro dos limites da cidade sem mais nem menos! Seja lá o que Mebuki esteja tentando esconder, eu descobrirei por mim mesma.

Custe o que custar.

}|*|{

Sasuke

“Tudo estava escuro.

Completamente escuro.

Não conseguia ver ao menos um palmo a minha frente. A negritude envolvia-me como um véu e, por mais que eu tentasse, não conseguia abrir meus olhos, não tinha forças para tal.

Apenas sentia-me sendo cada vez mais tragado para as profundezas da minha mente.

Foi então que senti um baque.

Como se meu corpo todo despencasse de um lugar alto.

E caísse com força contra o chão.

A dor foi causticante, o ar saiu com tudo dos meus pulmões e custou a voltar para eles. Porém, graças a isso, enfim senti minha consciência emergir das profundezas da minha mente, as pálpebras piscaram, e aos poucos consegui abrir os olhos.

Entretanto, assim que os borrões iniciais começaram a tomar forma, concluí que eu preferia ter permanecido na escuridão.

Chamas espalhavam-se por todos os lados. Até onde meus olhos podiam alcançar só existia fogo e destruição , porém não tardou até que eu percebesse que estava em Konoha, e que todo aquele caos estava acontecendo dentro da grande Arena.

Tentei me colocar de pé, uma, duas, três vezes, mas em todas minhas pernas falharam e eu acabei voltando ao chão. Enfim, depois de mais alguma tentativas falhas, me decidi por apenas me arrastar para tentar sair dali.

As labaredas pareciam vivas, dançando graciosamente sobre o caos instaurado por cada misero canto do Império. Elas também estavam quentes, muito quentes. Seu calor era tamanho que apenas o sopro de alguma das chamas era o suficiente para fazer todo meu corpo quase colapsar pela agonia e dor.

Eu só queria sair dali, o mais rápido possível.

Mas, como nada acontece da maneira como eu desejo, meu arrastar cessou assim que me deparei de um par de botas de couro, bem diante de mim. Ao olhar para cima, a surpresa me invadiu e trouxe consigo um gosto amargo, desagradável e não desejado.

— Levante-se como um guerreiro, garoto! – A voz de Fugaku invadiu meus ouvidos, causando um arrepio crépido por todo meu corpo. Seus olhos rubros estavam ali, focados na figura cansada e deplorável do meu débil corpo, enquanto pareciam filtrar toda a minha alma.

— Pai...?

— Vamos, não temos tempo a perder!

Ele agarrou-me pelo braço e levantou-me num único movimento.

Entretanto, assim que fez isso, percebi minha visão mudar, não era mais eu mesmo em meu próprio corpo, mas sim como um expectador assistindo de fora. A sensação era estranha, me ver diante dos meus próprios olhos sem conseguir ne tocar.

A cena logo continuou a se desenrolar, meu pai arrastava-me pela Arena em chamas, talvez em busca de algo ou alguém, as labaredas pareciam ainda maiores do que antes, e igualmente mais intensas, minha pele ardia, mesmo que estivesse vendo a mim mesmo bem a frente, ainda era como se acontecesse comigo.

Notei também que a armadura sobre meu corpo, agora podia vê-la afinal, era diferente da que fiz para o treinamento hunter, parecia maior e mais encorpada, seu peitoral, ombreiras e braceletes estavam revestidos de escamas negras, que reluziam as chamas ao redor, enquanto que o resto igualmente parecia muito mais reforçado. Talvez fosse graças a ela que não tinha ainda me queimado seriamente.

Finalmente, o que parecia uma caminhada sem fim, acabou. Fugaku permanecia parado, comigo em seu enlaço, encarando algo no chão, algo este que não conseguia enxergar de onde meu espírito estava, por isso me pus a aproximar mais da cena.

Porém, o que encontrei fez minhas entranhas revirarem.

Ali, bem diante dos meus pés, estava Aoda.

Totalmente ensanguentado e debilitado.

Como se sentisse minha presença, ele abriu os olhos e seus grandes rubis vermelhos me encaravam em agonia.

— Acabe com isso – Fugaku voltou a se pronunciar – Termine o que começou e traga honra para nosso clã.

“ Não!” gritei internamente.

Mas meu corpo respondeu outra coisa.

— Sim, pai. Vou trazer honra a todos nós e vingar minha mãe.

— Muito bem – Pude ver um sorrisinho de escárnio se pintar no canto dos seus lábios – Use minha espada e vingue a mim e seu irmão também – E tirando de sua própria bainha, entregou-me a grande arma reluzente. A espada era imensa, mas o que me surpreendeu foi o pouco esforço que meu corpo fez para segura-la. Ela parecia uma pena sobre minhas mãos.

Em seguida, com um movimento que não pude prever, eu a ergui, preparando-me para dar o golpe final no meu amigo dragão.

Minhas cordas vocais rangiam, agarrei-me a meu próprio corpo e tentei impedir-me de cometer o maior erro da minha vida. Lágrimas rolavam livremente sobre minha face. O desespero apossava-se de mim.

Entretanto, ao longe, comecei a ouvir o som de uma tempestade se aproximando. Raios começaram a rasgar os céus, os trovões ensurdeciam meus tímpanos e a água despencava da abóbada celeste furiosamente.

Mas, mesmo com tanta água as chamas não desapareciam. O caos continuava a acontecer. E meu amigo permanecia imóvel sobre meus pés e os pés de Fugaku.

Aquele era o fim?

Num último ato de desespero, gritei o mais alto que pude, minha própria voz misturando-se ao rugido do trovão.

E como num soprar de uma vela, tudo se apagou.

Tragando-me de volta para a escuridão.”

Abri meus olhos num rompante.

As pontas dos meus dedos formigavam e todo meu corpo doía, quase como se tivesse sido esmagado. Passei as mãos sobre meu rosto e percebi que estava suando frio, com um leve tremor acometendo meus nervos.

— Um sonho... – Conclui, dizendo a mim mesmo – Foi só um sonho.

Suspirei enquanto tentava regular minha respiração, meu peito doía e minha garganta ardia. Talvez eu realmente tenha gritado? Não sei dizer.

Preferia evitar ficar relembrando os detalhes.

Encarei a janela do meu quarto e conclui que ainda era muito cedo. O sol continuava luminoso como de costume, mas sabia que o dia tinha acabado de começar.

Num ímpeto, levantei sem enrolações, vesti-me com pressa e sai.

Hoje voltaremos com o treinamento, enfim a organização pós festival tinha acabado, e todos podiam voltar as suas rotinas sem preocupações.

Porém, não era a Arena meu destino naquele momento. Atravessei a cidade vazia sem muito alarde, alcançando o portão de saída e embrenhando-me pela floresta.

Aquele sonho ainda me perturbava. Tinha medo de ser um mal presságio.

Precisava ter certeza de que Aoda estava bem.

Não demorou muito para finalmente chegar no desfiladeiro, e juro que não sei como expressar em palavras o alívio que encheu meu peito ao vê-lo ali, deitado em sua cama de grama, dormindo tranquilamente.

Um sorriso desenhou-se nos meus lábios. Desci a encosta rochosa para alcançá-lo e assim que o fiz, simplesmente me deitei sobre seu grande corpo. Aoda se assustou com o movimento repentino, mas logo percebeu que era eu e voltou a relaxar. Fiquei um bom tempo ali apenas lhe fazendo carinho em uma das asas que ele mesmo colocou sopre meu próprio corpo para me proteger.

Ele certamente estava estranhando a visita fora de hora, mas não é como se qualquer um de nós pudesse reclamar.

A imagem de mim mesmo preparando-me para assassina-lo continuava a perturbar minha mente. Tudo foi tão real. O calor sobre minha pele, os sons do trovão, o desespero... O formigamento na ponta dos dedos não passava, a tremedeira, muito menos.

Mas, estávamos juntos agora.

E se por um acaso aquele sonho... For um mal presságio... Vou me certificar de que ele não aconteça.

Custe o que me custar.

}|*|{

— Olha quem resolveu dar as graças da sua ilustre presença – Kakashi me cumprimentou assim que pisei meus pés dentro da Arena – Sabe que está atrasado, certo?

— Desculpe. Eu... acabei dormindo demais – Dei a primeira desculpa que me veio a cabeça, mas que também não deixava de ser verdade. Acabei pegando no sono quando fui visitar o Aoda mais cedo e, graças aos deuses, não tive outro sonho perturbador, pude descansar minimamente para o resto do dia.

— O treinamento já começou – Ele preferiu não comentar- Irei te situar brevemente, hoje aprenderão sobre técnicas de batalha humana, ou seja, lutaram um contra o outro. E antes que pergunte – Disse apontando para trás de si, me fazendo perceber a presença de Neji Hyuga pela primeira vez desde que cheguei – O chamei para treinar conosco por causa do nosso número impar de hoje. Shikamaru não poderá vir por motivos de saúde – Fez uma pausa enquanto coçava o queixo sobre a mascara, pensando se havia esquecido alguma coisa – Em suma, acredito que seja só. Sua dupla será a Sakura já que a mesma chegou pouco antes de você.

Nos olhamos surpresos, Kakashi tampouco parecia satisfeito com nossa dupla, provavelmente Mebuki já o tinha alertado para evitar minha interação com a Haruno, mas como chegamos depois do horário, as outras duplas já estavam formadas e ele não poderia troca-las. Fui em sua direção sem realmente encara-la, ela igualmente evitou meus olhos, e enfim estando todos em seus devidos lugares com suas devidas duplas, Kakashi autorizou o início da aula e começamos a lutar.

Para minha tristeza, era luta com espadas. Sakura estava claramente se saindo muito melhor do que eu, minha mente estava longe, ainda pensando naquele sonho estranho e em Aoda.

Afinal, minha vida que já não parecia tão boa quanto antes, aparentava ficar cada vez mais pesada e difícil de entender. Por causa de meu pai, estava proibido de ser feliz com a garota que gostava, e ainda por cima, seria obrigado a vê-la casada com meu irmão, trata-la como a mais nova membra da família e conviver com a garota todos os dias pelo resto da vida.

E, claro, se tudo isso já não bastasse, agora tinha o medo de me separar de Aoda. Logo Fugaku voltará. Dois meses já se passaram desde que eles saíram, não falta muito agora. E quando isso acontecer... Tenho até medo de pensar sobre.

Divagando nos meus problemas, acabei me desequilibrando em um dos golpes e fui direto ao chão, Sakura assustou-se pela minha queda repentina, parecia preocupada também, mas preferiu não falar nada, apenas estendendo a mão em uma oferta silenciosa de ajuda.

Entretanto Neji, que estava lutando contra Naruto não muito longe de nós percebeu, e não perdeu a oportunidade de tirar sarro de mim.

— Por Odin, não tem vergonha? O filho do chefe não consegue ao menos aguentar uma troca de golpes com a garota Haruno?

— Neji – Comecei já sem paciência, mesmo não querendo começar – Se ela quisesse você não teria chance e eu muito menos, com a falta de atenção que estou tendo hoje, a diferença é que eu não sou idiota de subestima-la por ser uma mulher. Afinal, com as líderes que temos você já deveria saber disso.

O Hyuga nunca soube lidar muito bem com pessoas que sabiam responder suas provocações. Num movimento inesperado, ele avançou até Sasuke com sua espada, mas foi parado no meio do caminho pela espada de Sakura.

— Então, o que acha de provar do meu poder? – Havia uma fúria contida nas suas orbes verdes e brilhantes – Não pense que só porque já é um caçador poderá me derrotar, Hyuga.

O mais velho nada disse, apenas continuando seu movimento e iniciando uma nova luta, mas agora com Sakura.

A Haruno possuía um olhar frio e calculista, ela definitivamente não teria piedade de Neji, e por isso atacava com tudo o que tinha, provando a ele que estavam ali lutando de igual para igual. Independente do que ele dissesse.

A luta se manteve equilibrada por um certo tempo, foi então que numa brecha Neji conseguiu se aproveitar e acabou dando uma rasteira em Sakura, ela caiu e por pouco não foi imobilizada pelo mesmo, desvencilhando-se no último segundo.

— Você realmente é boa, isso explica a sua união com o Herdeiro primogênito dos Uchihas, mas eu ainda sou melhor que você, Sakura Haruno.

Meu sangue fervia pela presunção daquele cara, e Sakura não parecia muito diferente de mim. Os Hyugas são um clã orgulhoso, em sua maioria. Eles acreditam que são melhores que os outros e sempre estão em busca de maneiras diferentes para mostrar sua superioridade. A rixa entre os Uchihas e os Hyugas existe há muitos anos, muito antes do governo de meu avô, e vem se perdurando com o passar das gerações. O único motivo de meu pai mantê-los próximos é por causa da sua influência, sua família é populosas, e vários clãs menores os apoiam. Perde-los poderia resultar num grande desastre, por isso, a ideia é manter seu inimigo mais perto que seus amigos.

Enfim, isso não era o que estava em pauta no momento, Sakura não dava a mínima importância a que família ele pertencia ou qualquer outra besteira sobre status, com a força estrondosa que só ela era capaz de ter, a garota avançou com sua fúria ainda mais assustadora e evidente na direção daquele guerreiro prepotente. Seus golpes eram precisos e rápidos, tão rápidos que mesmo Neji não estava conseguindo acompanhar, e a medida que mais eles lutavam, mais perigosos os movimentos ficavam.

Percebendo a que nível aquela luta estava chegando, percebi que Kakashi estava preparando-se para intervir. As outras duplas da aula igualmente já haviam parado o exercício a tempos e olhavam preocupados para os dois guerreiros. Hinata era amparada por Karin, Ino e Temari assistiam a tudo horrorizadas enquanto que Naruto gritava para Sakura dizendo que já era o bastante.

Ninguém ousava se aproximar, claro, até mesmo o grisalho ainda calculava a melhor maneira de intervir sem perder mais algum dos poucos membros que lhe restavam.

Sakura, por outro lado, não parecia ouvir. Ela o havia desarmado e agora ele estava no chão completamente indefeso, porém não me parecia que ela iria parar.

E mesmo eu, que confio plenamente nela, temi pela vida do Hyuga.

Foi por isso que, num movimento impensado, peguei minha espada e entrei no meio dos dois.

A surpresa foi unânime para todos, inclusive para mim mesmo, que não fazia ideia de como tinha conseguido. A Haruno continuou me encarando por mais alguns segundos, e a medida que continuávamos com a troca de olhares, mais eu percebia que o brilho da fúria em seus olhos esvanecia.

Enfim, ela sorriu agradecia .

E eu soube que agora tudo estava bem.

Neji por outro lado encarava-nos inconformado, não apenas pela luta que tinha acabado de ter com Sakura, mas também pela minha facilidade em entrar no meio da troca de golpes entre eles e para-la tão facilmente.

Depois do espanto coletivo passar, Kakashi pediu para que as gêmeas fossem atrás de algum curandeiro para se certificar de que o Hyuga estava bem. O resto veio até nós, mas com exceção de Hinata que foi até o primo, Naruto e Karin correram e logo começaram a perguntar se ela estava bem e o que tinha acabado de acontecer.

— Eu... Realmente não sei – Tentou se explicar, mas mesmo ela não sabia o que dizer – Ele parecia um borrão para mim, e eu só continuei atacando, sem realmente entender porque não conseguia parar...

— Por sorte o Sasuke conseguiu entrar no meio de vocês dois! – Karin falou – O Hyuga iria ficar umas boas semanas sem conseguir se mexer... Bem talvez seria bom para ajuda-lo a diminuir seu ego... – Finalizou com um ar pensativo, mas era nítida a sua provocação.

— Você estava mais feroz que um dragão, Sakura! – Foi a vez de Naruto falar – Eu prometo que nunca mais te encho o saco!

Tanto ela quanto eu sabemos que esse é o jeito dos Uzumakis para tentar amenizar a situação, por isso demos risada. Ao longe vi que as gêmeas já tinham retornado e Kakashi agora se empenhava junto com o curandeira para examinar o Neji, que continuava com Hinata ao seu lado.

Não havia mais nada para mim ali. Eles estavam entretidos conversando, e não seria eu a ficar em um canto silencioso apenas para observa-los, por isso, me afastei silenciosamente do grupo barulhento e fui me dirigindo para as portas da Arena. Já sabia que as aulas não iriam continuar depois de tudo o que aconteceu, portanto, o que me restava, era voltar para o Aoda e passar o resto do dia com ele.

Mas, antes de sair definitivamente do lugar, virei-me uma última vez para olha-la.

Para minha surpresa, porém, encontrei seus olhos também procurando por mim.

“Queria que as coisas voltassem a ser como eram antes.” – pensei.

Mas, isso não estava mais ao alcance das minhas mãos. Ou das mãos dela.

E foi com isso em mente que limitei- me em assentir levemente, me despedindo dela.

Depois, simplesmente virei de costas e fui embora.

Tendo como minha mais fiel companhia, a solidão.

Para variar.

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