Revolting Child

Criança Chiclete


O objetivo de Violet desde o início da viagem era pedir ao pai para morar com ele, mas, por alguma razão (medo, mas ela nunca admitiria isso), ainda não tinha conseguido fazer esse pedido.

— Qual sabor de sorvete você quer? — Ele perguntou quando entraram numa sorveteria do shopping.

— Chiclete.

— O quê?

— É um sabor de sorvete. Existe de verdade! — Ela disse, apontando pra onde o sabor "chiclete" estava escrito no cardápio.

— Ah, claro. É que eu soube que você foi uma recordista em mascar chiclete, aí por um momento eu achei que tivesse falando de chiclete mesmo, não do sabor...

Violet ficou feliz por seu pai saber sobre sua conquista, mas teve que fazer uma correção:

— Na verdade esse título ainda é meu. Eu não fui recordista, eu sou. E vou continuar sendo até que outra criança consiga mascar o mesmo chiclete por mais de 3 meses, o que, sinceramente, eu duvido que aconteça!

Violet falava como se realmente se orgulhasse disso, mas o pai não entendia o motivo, assim como todas as outras pessoas que assistiram a entrevista da menina na TV na época do concurso dos convites dourados. Mas ele ficou satisfeito em saber que Scarlett havia proibido a filha de mascar chicletes, como Violet disse enquanto tomava seu sorvete.

— Ela tá certa! — Disse Sam. — Mascar chiclete o tempo todo não é bom pra saúde.

— O Dr. River disse a mesma coisa...

— Quem é esse?

— O meu terapeuta.

— Você tá fazendo terapia pra parar de mascar chiclete?

Violet respondeu que não e ficou rindo, como se seu pai tivesse feito uma piada. Mas não era piada, ele realmente não imaginava o porquê dela estar fazendo terapia, pois aquela era a primeira vez, durante toda a viagem, que perguntava alguma coisa sobre a vida da filha. Violet adorava falar sobre si mesma, mas, por incrível que pareça, ainda não tinha feito isso nenhuma vez desde que conhecera o pai. Ela só tinha grudado nele feito chiclete e estava decidida a não ficar longe dele nunca mais.

— Bom, como eu tava dizendo — Sam continuou —, o chiclete faz mal porque ele faz o nosso corpo acreditar que a gente tá se alimentando enquanto na verdade a gente não tá.

A informação que o pai trouxe fez Violet se lembrar do chiclete refeição. Afinal, essa era justamente a função dele: substituir uma refeição. O que será que iria acontecer se Willy Wonka realmente começasse a vender esses chicletes? Será que as crianças que substituissem suas refeições por ele iriam acabar morrendo de fome? Isto é, se não virassem amoras...

— Pela sua cara, você não sabia disso — o pai de Violet interrompeu os pensamentos dela.

— Não, mas eu tava pensando em outra coisa... — Ela não estava com vontade de contar sobre sua experiência na Fantástica Fábrica de Chocolate no momento, então não comentou qual era a outra coisa que estava pensando.

— Por outro lado — Sam retomou a fala —, se a pessoa masca o mesmo chiclete por muito tempo, que era o que você fazia, ele acaba causando o efeito contrário: deixa ela com muita fome. Você costumava sentir muita fome naquela época?

— Acho que sim... Mas era bom ter sempre uma coisa pra mastigar...

Okay, chega de conversa fiada. O tempo de Violet estava se esgotando e ela precisava logo perguntar:

— Pai... eu posso morar aqui com você?

Sam ficou surpreso. Ele realmente não estava esperando ouvir isso assim do nada.

— Eu acho que... sua mãe não ia gostar muito da ideia...

— Acontece que a minha mãe não gosta mais de mim.

— Violet, de onde você tirou isso? É claro que a sua mãe te ama, você é a coisa mais importante do mundo pra ela!

— Por que tá defendendo ela? Vocês não se odeiam?

— A gente não se odeia, é só que...

— Você disse que eu não sou só filha dela, sou sua filha também. Então por que você não quer ficar comigo?

— Eu não disse que não queria ficar com você! Só acho que a sua mãe não ia aguentar ficar longe de você e eu tenho certeza de que você também não ia aguentar ficar longe dela! Além disso, não é bom uma criança mudar assim de um lado do país pro outro, toda a sua vida tá lá em Atlanta, a sua escola, os seus amigos...

Foi só nessa hora que Violet percebeu que seu pai não sabia absolutamente nada sobre sua vida, a não ser que ela era recordista em mascar chiclete, o que qualquer pessoa de qualquer lugar do mundo podia saber se tivesse acompanhado a caça aos convites dourados... Sem perceber, a menina acabou ficando mais triste por isso do que por não poder morar com ele.

— Não fica triste assim, filha... Eu vou te visitar sempre que eu puder!

— Promete? — Ela perguntou, ainda triste.

— Eu prometo! E você também pode vir aqui sempre que quiser!

Sam ficou aliviado ao ver que ela estava sorrindo. Era melhor isso do que nada, né? Mas então a menina teve uma outra ideia:

— E se eu passar o resto do verão aqui? Eu posso ficar na sua casa e conhcer os meus irmãos quando eles voltarem.

Violet pensou que o tempo que havia ficado lá não tinha sido suficiente para se conhecerem, e queria muito que o pai a conhecesse e gostasse dela de verdade, já que a mãe não gostava mais. Além disso, achava que se conhecesse seus irmãos se sentiria um pouco mais como filha dele, como se fosse parte da família. No entanto, novamente, Sam havia sido pego desprevenido e não sabia bem o que responder.

— Eu acho que sua mãe não ia gostar...

Era impressão de Violet ou ele ficava usando a frase "acho que sua mãe não ia gostar" pra não admitir que ele mesmo não queria?

— E se ela deixar? — A menina insistiu.

— Mas ela não te deixou nem ficar na minha casa...

Nossa! Ele tinha sido bem mais insistente no aeroporto... Agora realmente parecia que ele não queria ficar com ela. Violet fez mais uma pergunta, só pra ter certeza:

— Mas se ela deixasse... você não ia querer que eu ficasse, né?

— Não é isso, é que... a viagem foi programada pra esse período e... eu ainda não contei pros meus filhos que eles têm outra irmã, vai ser confuso pra eles se...

— A sua família não sabe que eu existo?!

— Não, a minha esposa sabe e... eu vou contar pros meus filhos...

— "Seus filhos"... Você não me considera um deles, você tem vergonha de mim!

— Isso não é verdade!

— Ah, não? Então por que você tá olhando pra todo lado com medo da reação das pessoas?

Ele estava mesmo com medo que ela surtasse ali na frente de todo mundo. Se importava mais com isso do que com o fato de estar magoando a filha profundamente. Mas Violet não tava nem aí pra reação das pessoas, então se levantou e disse tudo que ele merecia ouvir:

— Quer saber? A minha mãe tava certa sobre você, você nunca quis ser meu pai! Você tem a sua família perfeita que tira fotos com roupas combinando, enquanto eu fiquei 10 anos e meio sem te conhecer e agora você quer me esconder deles pra todo mundo continuar pensando que a sua família é perfeita!

— Não fala desse jeito comigo, eu sou seu pai!

— NÃO, VOCÊ NÃO É! Pergunta pros "seus filhos", eles vão concordar! Você não tem coragem de ser o meu pai, você é um covarde, isso sim! Ainda bem que eu fui criada pela minha mãe e não por você, porque ela me ensinou a não ter medo de nada e eu não tenho medo de nada!

Antes que Sam pudesse responder alguma coisa ou reparar nos olhares das outras pessoas da sorveteria, que estavam em choque, Violet saiu correndo feito uma doida pelo shopping. Sam e até outros clientes e funcionários da sorveteria tentaram alcançá-la, já que ela era uma criança sozinha num shopping enorme, mas não conseguiram. Violet já havia participado de muitas corridas e ganhado todas, então ela era muito rápida!

Não sabia pra onde estava indo, só queria encontrar sua mãe e ir embora. A menina até podia achar que a mulher não gostava mais dela, mas, num momento como esse, seu primeiro impulso foi ir atrás da mãe.

Scarlett estava perto do teatro quando, subitamente, uma coisinha loira que parecia mais rápida que a velocidade da luz agarrou nela, fazendo com que tomasse um susto. Violet a abraçava muito forte! Preocupada, a mãe começou a perguntar o que tinha acontecido e onde estava o pai da menina enquanto a abraçava de volta, mas a pequena não respondia.

— Eu quero ir pra casa! — Foi tudo o que disse.

Violet queria chorar. Se fosse uma pessoa que chora, com certeza estaria chorando agora, mas nenhuma lágrima saía de seus olhos. Ao ouvir o pedido da filha, Scarlett entendeu que Sam com certeza havia feito alguma coisa para magoá-la, então ficou com muita raiva. Sim, ela já esperava que ele fizesse isso, mas a raiva que sentia era muito maior do que imaginava que ia sentir.

— Finalmente encontrei você! — Sam apareceu, ofegante.

Violet, na mesma hora, se escondeu atrás da mãe.

— O que você fez, hein?! — Perguntou Scarlett, furiosa.

— Nada... — ele ainda estava ofegante, então demorava um pouco pra dizer uma frase inteira. — Ela... disse que... queria... morar comigo e eu disse "não"... por isso ela ficou assim...

— SEU MENTIROSO! — Acusou Violet, saindo de trás da mãe e o encarando. — VOCÊ SABE QUE NÃO FOI POR ISSO!

— JÁ CHEGA! — Exclamou Scarlett. Por um momento, Violet achou que a mãe a estava repreendendo por gritar, mas ela se voltava para Sam: — Seja lá o que você tenha feito, nunca mais chegue perto da minha filha de novo a não ser que decida criar vergonha na cara e ser o pai dela! Vamos, Violet!

Sam não conseguiu dizer mais nada e as duas foram para o hotel. Provavelmente ficariam lá até a hora do voo.

***

Violet sentia algo tão ruim que nem saberia colocar em palavras. Era diferente de tudo o que já havia sentido na vida, uma mistura de tristeza, raiva, desilusão, vergonha, solidão... Estava de coração partido. Ela tinha acreditado de verdade que seu pai só não tinha ficado com ela porque sua mãe não o deixava se aproximar! Se sentia tão abandonada... Ficou calada durante todo o caminho até o hotel e a mãe também não insistiu para que falasse, vendo o quanto estava mal. Apenas continuou abraçada com ela enquanto estavam no táxi.

Só depois que chegaram foi que Scarlett perguntou novamente o que tinha acontecido. Com muita dificuldade, e fazendo várias pausas, Violet contou toda a conversa que teve com o pai. Até confessou que seu plano com essa viagem era morar com ele pra sempre e pediu desculpa por isso. A única coisa que omitiu foi o que disse sobre achar que a mãe não gostava mais dela.

Scarlett estava com tanta raiva! Violet era uma filha bastarda, é claro que Sam teria vergonha dela! É claro que não era à toa que ele tinha escolhido justo um momento em que sua família estava fora para recebê-la. Ele queria dar umas férias na Terra dos Sonhos pra Violet ignorar que ele passou a vida toda sem se importar com ela. O pior de tudo, é que Scarlett já sabia que isso ia acontecer e mesmo assim não impediu. Era tudo culpa daquele psicólogo, nunca devia ter seguido o conselho dele! De jeito nenhum Violet iria voltar àquele consultório.

Depois de um tempo, Sam apareceu no hotel querendo falar com Violet, que não aceitou e, mesmo se aceitasse, Scarlett não ia deixar. Então ele foi embora. Como sempre. Pelo jeito, não faria a menor questão de estar com a filha a não ser que sua agenda permitisse novamente. Mas era melhor assim, como Scarlett dizia, elas nunca precisaram dele.

Violet voltou a ficar calada e também não queria fazer nada, nem arrumar as malas, nem comer... Scarlett resolveu arrumar as malas da filha e disse que ela podia dormir um pouco, quem sabe se sentiria melhor quando acordasse. Mas, ao invés de dormir, a menina ficou olhando pro monte de presentes que seu pai havia comprado e disse:

— Será que tem algum orfanato aqui perto?

Scarlett tomou um susto. Por um momento, achou que fosse uma mãe tão ruim, que sua filha preferia ir morar num orfanato já que não podia ficar com o pai.

— Vai dar muito trabalho levar aquilo tudo no avião. — Disse Violet, apontando para os presentes. — E eu não quero ficar com eles.

Quando entendeu que o que a menina queria era doar os presentes, a mãe ficou surpresa e comovida. Violet nunca tinha se importado com outras pessoas nem feito atos de caridade. Aliás, Scarlett também não, a não ser quando sua mãe a obrigava.

É claro que a decisão de Violet não tinha motivos totalmente altruístas, o que a levou a pensar nisso, além da justificativa que ela deu sobre o avião, foi o fato de que não queria ficar se lembrando do que passou nessa viagem sempre que olhasse praqueles objetos. Mesmo assim, ela poderia ter decidido jogar fora ou sei lá, mas não. Talvez estivesse ficando menos egoísta...

Scarlett conseguiu entrar em contato com um orfanato da região e as duas foram lá com os presentes. Ver aquelas crianças que se sentiam ainda mais abandonadas e solitárias do que Violet ficarem tão felizes acabou contagiando um pouco a menina. Por um momento, ela quase se esqueceu do quanto estava triste e até brincou um pouco com elas. Mais uma vez, sua mãe ficou emocionada, pois nunca tinha visto a filha brincando com outras crianças.

Porém, ao voltarem para o hotel, a menina voltou a ficar triste. Mas pelo menos conseguiu comer. Depois, ficou dormindo até a hora de irem ao aeroporto.

Quando já estavam em seus assentos no avião, mas antes dele decolar, Violet se surpreendeu quando sua mãe lhe ofereceu um chiclete.

— Vai ajudar pra você não ter dor de ouvido. Eu trouxe um pra mim também.

Ainda desacreditada, a menina pegou o chiclete, abriu, colocou na boca e começou a mascar, assim como sua mãe. E elas não ficaram com dor de ouvido em nenhum momento do voo.

Violet dificilmente se aproximava das pessoas, então quem a conhecia achava que ela durona por fora e vazia por dentro. Mas, no fundo, bem no fundo, ela podia ser uma menina muito sensível. E, nas raras vezes em que deixava alguém se aproximar, ela se apegava. Se apegava a essas pessoas e, mesmo que não fizesse mais sentido, continuava apegada. Se apegou ao pai mesmo sabendo que ele tinha passado 10 anos sem fazer o mínimo esforço para conhecê-la, se apegou ao Dr. River mesmo sabendo que ele só falava com ela porque esse era o trabalho dele... e, principalmente, ela era muito apegada à mãe. Disse que queria morar longe dela, mas Sam estava certo sobre uma única coisa: Violet realmente nunca conseguiria ficar longe da mãe! Mesmo que ela fosse chata, controladora e que a menina não sentisse mais que era amada por ela...

***

Depois que chegaram em casa, Violet foi direto pro quarto e ficou deitada na cama, sem conseguir parar de pensar na viagem e, principalmente, no último dia. Scarlett não insistiu para que ela desfizesse mala no momento, apenas foi para o quarto da menina lhe fazer companhia.

Elas não tinham conversado durante todo o voo. A filha porque não queria falar, e a mãe porque estava com muita raiva de Sam e sabia que qualquer coisa que dissesse poderia deixar Violet ainda pior. Mas é claro que não era só raiva o que a mulher sentia, ela também estava profundamente triste pela filha e muito preocupada com ela.

Enfim, apesar de ser difícil, sabia que agora precisava falar alguma coisa. Não sabia exatamente o quê, mas precisava. Então pegou uma cadeira, se sentou ao lado da cama de Violet e disse:

— Vai ficar tudo bem. Eu sei que dói agora, mas... você sempre vai ter a mim. Eu sempre estive do seu lado e sempre vou estar.

Violet estava virada pra ela, mas não a olhava nos olhos. Olhava pro nada. Era como se não sentisse, nem ouvisse, nem visse nada. Mas o motivo pra não olhar diretamente pra mãe era vergonha. Ela se sentia culpada por tê-la feito fazer essa viagem e por ter tentado fugir dela. Já tinha pedido desculpa, mas ainda se sentia mal. Sentia que era um fardo pra mãe, mas que, diferentemente do pai, ela nunca a abandoria porque era uma pessoa melhor do que ele.

— Filha... olha pra mim.

Quando Violet finalmente a olhou, Scarlett disse:

— A vida toda, eu tentei te proteger do seu pai porque não queria que você sofresse por causa dele. Mas agora... eu não consegui evitar, então... você não precisa esconder que tá sofrendo. Pode chorar. Depois que o choro passar, eu garanto que você vai se sentir melhor!

Naquele momento, Violet realmente quis chorar. Ela desviou o olhar da mãe e até esperou as lágrimas saírem, mas... não veio nada.

— Eu não posso chorar...

— Eu entendo. Também não gosto de chorar com alguém olhando, então vou te dar privacidade.

— Não é isso. Eu não choro nunca, eu não consigo chorar!

— Como assim?

— Você se lembra da última vez que me viu chorando?

Scarlett não se lembrava exatamente, só sabia que tinha sido há muito tempo. Mas ela não sabia que a filha não chorava nunca, só achava que quando precisava chorar ela fazia isso escondida pra ninguém ver...

— Eu não choro desde que tinha 7 anos. — Violet continuou. — Eu sei que parece mentira, mas eu juro que tô falando a verdade!

Ah, não! Isso com certeza era algum outro trauma, provavelmente por conta do esforço com as competições ou porque a mãe sempre quis que ela fosse forte...

Violet não queria falar do Sufoco, pois se sua mãe parecia estar acreditando na palavra dela agora, com certeza deixaria de acreditar se a menina voltasse a falar das atrocidades da diretora da escola.

Scarlett não soube mais o que dizer, apenas olhava pra filha com compaixão. Depois de um tempo, decidiu deixá-la sozinha. Quem sabe ela não conseguia chorar?... Mas ela não conseguiu e, apesar de não tocar mais no assunto, a mãe pôde deduzir, já que, por mais melancólica que a expressão da menina continuasse, ela realmente não aparentava ter chorado quando a mulher a viu novamente. Não tinha o rosto vermelho, não tinha os olhos inchados...

Scarlett não queria que a menina voltasse a ver o psicólogo, mas esta claramente ainda precisava de tratamento. Como fazer sua filha simplesmente voltar a chorar depois de 3 anos? Pelo jeito, dizer que ela podia chorar e dar privacidade não era o suficiente... Sendo assim, a Srta. Beauregarde decidiu que Violet continuaria, sim, a fazer terapia. Mas não com o Dr. River.

No dia seguinte, quando a menina soube disso, não ficou com raiva e fazendo escândalo como vinha acontecendo sempre que sua mãe tomava alguma decisão sobre sua vida que não a agradava. Ao invés disso, ela ficou arrasada. Implorou pra que não acontecesse, disse que a ideia da viagem tinha sido dela, que a mãe não podia culpar o terapeuta por isso, e ainda usou a expressão "por favor" mais vezes do que jamais havia usado em toda a sua vida. Vendo como a filha parecia mal, Scarlett achou melhor repensar a decisão, mas disse que antes iria ter uma conversa bem séria com o doutor.

— Você vai brigar com ele?! — Perguntou Violet, preocupada. — Não briga com ele, mamãe, por favor! Eu já disse que a culpa foi minha!

— Eu não vou "brigar" com ele. Só vou dizer tudo que ele precisa ouvir. E eu quero que você pare de dizer que a culpa foi sua, porque você é só uma criança!

Violet se sentia muito mal. Parecia que ela estragava a vida de todo mundo! Apesar do que sua mãe dizia, a menina sabia tinha culpa. Pela primeira vez, acreditou que a Dona Trunchbull estava certa quando a chamava de "verme"...