Depois de horas e mais horas vagando por ai, sem nem mesmo saber que horas eram pelas folhas avermelhadas das árvores que davam impressão de ser bem mais tarde do que realmente era, o garoto já estava cansado. Pacífica, pelo contrário, ainda estava muito bem. É...atividades físicas nunca foram o forte do Pines de qualquer forma

—Paci, eu...eu acho que você está fazendo ficar mais perdidos ainda

—Não estou te ouvindo!

—Ah, qual é! Minha pernas já estão me matando e... - foi interrompido pela outra tapando sua boca subitamente com a mão, como se estivesse atenta com alguma coisa.

—Shh!

Foi então que ouviu alguns galhos estalando, no mesmo instante ficou pálido pensando se haviam ursos ou qualquer animal perigoso naquele fim de mundo. Contudo, para sua sorte, o que apareceu na estrada foi um belo e simpático casal, eles sorriam da mesma maneira radiante que sua amiga.
Óbvio, afinal Pacífica era filha deles.

—Pai! Mãe! - a rapidamente correu até eles, abraçando-os calorosamente enquanto eles se ajoelhavam para retribuir.

Gideon abaixou a cabeça um pouco melancólico, não pôde evitar de sentir um aperto no peito com aquela demonstração de afeto, seus pais nunca agiram e nunca agiriam assim com ele, francamente nem ele sabia como eles haviam o deixado vir para cá, talvez quisessem se livrar do filho por um tempo.
É, devia ser isso. Fazia sentido

O ato não passou despercebido para a loira, ela logo soltou os pais e voltou para o lado do amigo, dando tapinhas carinhosos em seus ombros, sabia do que ele precisava. As vezes elas conseguia ler sua mente, Gideon não achava que era tão transparente assim, era um dom que a outra tinha: sempre sabe exatamente como os outros estão se sentindo.

—Gideon, que bom que pôde vir, não? - Disse a mãe de Pacífica, sorrindo de modo carinhoso para o menino. Aparentemente Pacífica havia contado sobre a situação familiar do Pines.

—É a primeira vez, não é? - Completou o Sr. Southeast.

Gideon timidamente fez que sim com a cabeça.

—Ah, então realmente temos muito para lhe mostrar - disse o homem, rindo e piscando para o garoto, pegando uma das enormes bolsas dos ombros da filha e colocando nos seus. Começando a andar ao lado da esposa de mãos dadas - Venham.

Realmente. É mais fácil quando se sabe para onde está indo, foi sorte que os pais da outra os acharam

Durante todo o caminho, Pacífica tagarelava sobre muitas coisas de...muitas coisas, não podemos dizer que o garoto estava muito concentrado nela, mais isso não importou de qualquer maneira.
Por enquanto. Com certeza ela iria cobrar depois, como sempre.
Finalmente tinham chegado ao seu destino; era uma cabana de madeira, até em bom estado considerando que aquilo parecia bem velho. Pelo visto os Southeast sabiam cuidar da casa muito bem. Acima da porta de entrada, havia uma placa escrito ''Mystery Shack'' com letras grandes.

Mystery. Mistério. Tá ai uma palavra que causa grande efeito nele.

Ele continuou Olhando aquele lugar por um bom tempo por fora e por dentro, analisando-o até Pacífica aparecer de sabe-se lá onde e empurra-lo para as escadas que levavam para seus quartos, naquele falatório talvez Pacífica tenha mencionado isso, de qualquer maneira ela o tirou de todos os seus devaneios. Nem teve tempo para ver as exposições bizarras dali na verdade, era como tinha pensado; Pacífica iria cobrar por ele tê-la ignorado antes. Sem contar que estava morto de cansaço.
Nota mental: nunca mais andar por tanto tempo sem rumo.

Assim que Pacífica mostrou o quarto em que iam ficar, simplesmente se jogou em uma das camas, queria cochilar mas pelo visto isso não seria possível com uma loira eufórica o espancando com um travesseiro. Claro que ele se rendeu e passou a tarde inteira com ela falando de unicórnios, sereias e outras criaturas que ela com certeza tinha inventado, sem contar que acabaram com quase todos os adesivos dela, a loira tinha adesivos até mesmo na língua, Gideon estava cheio deles pelo corpo também, ambos gargalhavam. Até foi bom, Ficaram até tarde assim até enfim dormirem um por cima do outro no chão.

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Mansão Gleeful, 20:00

A Morena já estava ficando impaciente, seu gêmeo tinha saído daquelas masmorras fazia tempo a deixando sozinha, não que ela estivesse com medo, só não queria ficar mais tempo em um lugar tão horrível como aquele, muito menos entediada.
Finalmente seu irmão voltou para a sala em que estava, como sempre lindo, tão lindo quanto ela com aqueles olhos azuis-esverdeados hipnotizantes e o cabelo castanho escuro, a única diferença entre eles era a falta de expressão de seu irmão em comparação com a intensidade das suas. Mason sempre tinha uma postura completamente gélida. Mabel sorriu provocante para ele.

—E então, querido irmão?

—Podemos começar, irmã.

O gêmeo mais velho pegou o diário que sempre carregava, o qual tinha um número 2 desenhado no meio de uma mão com seis dedos, e abriu na página que precisavam. Will Cipher. Sem se demorar mais, o Gleeful pegou o giz que tinha ido buscar e desenhou habilmente um pentagrama no chão, um pouco diferente dos outros; tinha desenhado um triângulo com um olho no meio.

Ele se afastou, Mabel desenhou logo depois do irmão uma série de símbolos naquele pentagrama, os dois tinham que participar disto. Por fim ambos se levantaram ficando longe do desenho.

Ererappa oebui et ocovni ilobaid erainmos. - Mason leu as palavras do diário, um leve brilho emanou do pentagrama - EM ETNA IBIT MADNETSO TE INEV!

A sala inteira fui iluminada por um intenso fogo laranja e tudo tremeu, fazendo ambos caírem juntos no chão, por um momento os dois gêmeos tiveram medo estampado em seus rostos. Mas isso logo passou, à medida que o fogo abaixava um pequeno triângulo azul se mostrou. Nenhum dos dois já tinha visto um demônio antes, mas aquilo? Não era nada intimidador, parecia até mesmo tímido

Ambos os Gleeful começaram a rir.

—O q-que...do que estão rindo?! — perguntou. Sua voz era fina e ecoante, como se várias pessoas falassem juntas. O pequeno triângulo estreitou o olho, indignado, porém com um óbvio toque de insegurança no olhar.

—Dipper! Isso tudo foi para invocar essa coisa? Humph...você realmente sabe usar esse diário?

—Claro que eu sei, está duvidando de mim? Esperava outra coisa também. Talv...

NÃO ME IGNOREM! O que pensam que estão fazend...

—Não me interrompa. - Cortou. O tom gélido e autoritário de Mason fez o demônio se calar na hora. Ele soltou uma risadinha, não conseguiu evitar - Olhe só, querida irmã. Ele é obediente.

—Ownt, que gracinha. - Disse Mabel com a voz manhosa, claramente caçoando do demônio.

O podre triângulo já estava até mesmo envergonhado, se virou de costas para as crianças e cruzou os braços. Como aqueles humanos podiam simplesmente reagir desse jeito com ele?!

—Ei, Cipher - Chamou o garoto.

Ele se virou.

—O que quer, burning tree?

—Burning tree? Interessante. - o moreno calmamente se aproximou, ficando bem à frente do demônio - Eu te invoquei, sabe sobre os diários, não? quero que os traga para mim, temos um trato?

Mason estendeu uma mão. A irmã dele olhava-os de longe, Will não gostava dos diários, não gostava do autor, realmente sabia sobre eles, mas não a localização. Realmente não queria entrega-los para alguém como...aqueles dois, eram armas poderosas demais. Contudo foi invocado para isso, e mesmo que não quisesse admitir, estava com medo de negar o acordo, os olhos daqueles dois...eram medonhos.

— Fechado. - Will hesitantemente apertou a mão do Gleeful, com uma chama laranja selando o acordo, agora ele só poderia se livrar do invocador depois de cumprir a tarefa.

Talvez fosse fácil...não é?