Estou em casa, treinando com o machado. Desde pequena, íamos para a fazenda em Northtown e sempre que o dia amanhecia, meu pai cortava lenha e durante alguns meses ele me ensinou. Parece muito mais leve e hábil usar o machado agora.
Quando vim para o Texas, voltar no passado não era uma das minhas intenções, mas no meu caso, é preciso. Satori está na porta da minha casa, agora são seis da manhã e combinamos de ir treinar na praia isolada nesse horário.
Saio de casa usando uma roupa de malha e juntos, vamos a praia.
***
Satori e eu estamos nadando atrás de uma grande pedra para ninguém nos ver. Ele fala que irá fazer um exercício de inteligência, concentração e habilidade comigo.
Estamos flutuando no meio do mar, quando afundo, não toco o chão.
–Vou te prender com essas algemas de aço. A chave das algemas está no topo da pedra.
Olho para cima e digo que a pedra pode ter em torno de quinze metros.
–E se eu não conseguir?
Sempre fui boa em nadar, nunca foi um desafio para mim e nunca tive dificuldade.
–Você morre. Está lidando com assuntos particulares, Taylor. Se a Iniciativa decidir te causar algum mal, será melhor você ter morrido afogada. Estenda os pulsos.
Coloco meus pulsos na frente dele e ele me algema rapidamente.
–Vai ficar aqui na água até eu chegar na pedra. Quando chegar no topo, você começa.
***
Estou lutando para subir a superfície quando vejo que Satori já está lá em cima. Começo a nadar, dou o melhor de mim usando as pernas. Falta três ou quatro metros para eu alcançar a pedra e fico mergulhando para consumir energia.
Abro os olhos debaixo d'água e me sinto desconfortável. A água sempre foi um ambiente familiar para mim. Piscina, lagos, rios. Sempre estive familiarizada, mas agora parece uma tortura.
Nado o mais rápido que posso até alcançar a pedra. Fico agarrada, tentando me recompor.
Olho para cima e Satori está me encarando com um olhar severo. Respiro fundo e começo a escalar. Minhas mãos lutando para escalar sem ter que usar todo o espaço que usariam.
–Um minuto e meio-diz Satori. Olho para ele com expressão de dúvida-Ande logo ou a chave vai cair no mar.
Escalo ainda mais rápido, tentando não escorregar, até que começo a pegar um jeito para ir mais rápido. Uso os pés para impulsionar e me levar para mais alto.
Minha sorte é que a pedra é íngreme, então não tenho perigo de cair.
–Trinta segundos.
Meus dedos estão cansados, mas estou mais perto do que imaginava que chegaria. Alcanço o topo e me puxo para cima.
Agora, estou frente a frente com Satori, ele está com a chave na mão.
–Agora, pegue a chave de mim.
Respiro fundo e avanço. Consigo acertar um chute no joelho dele e ele me acerta um golpe nas costas. Me viro rapidamente e bato no rosto dele com minha mão. Pego o braço dele e mordo a região do dedo indicador até sentir o gosto de sangue. Ele deixa a chave cair no chão e acerta seu cotovelo em minhas costas e a dor é crucial.
Ele tenta me dar outro golpe mas empurro ele com toda a minha força e energia para trás e ele ameaça cair no penhasco, mas consegue se segurar perto do topo.
Pego a chave rapidamente, sem me concentrar em nada, apenas em que Satori pode vir e me causar uma dor maior.
Me livro das algemas e quando Satori se levanta eu soco sua barriga e ele tenta me empurrar para o mar, mas quando ele toca as mãos em meus ombros para me empurrar, eu seguro seu pulso direito e o puxo junto comigo.
Estou em vantagem quando caímos na água, então afundo a cabeça dele na água várias e várias vezes. Quando levanto depois da terceira vez, ele está passando mal. Pego seus pulsos e os algemo.
–Acabou, Taylor.
Deixo a chave afundar bem longe e saio.
***
Não aprendi a lutar de um dia par ao outro. O que eu estava fazendo com Satori era instinto. Nunca aprendemos a lutar de um dia para o outro, mas o meu instinto me ajudou. E faltam dois dias para eles me ajudarem novamente.
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