Felicidade, uma palavra que motiva a humanidade desde o início dos tempos.
O amor verdadeiro, onde a princesa é acordada com o beijo de um principe ou uma outra que acha seu sapato na mão do mesmo e encontra seu verdadeiro final feliz.
A felicidade é usada para muitos bens.
Uns não bons, outros pior ainda.
O que o ser humano julga ser felicidade pra si pode ser a ruína da pessoa alheia.
Muitos a perdem. Muitos a buscam, não importa como.
Mas o que o ser humano não faz ideia, é que ela está escondida dentro do coração de cada um de nós.
Pelo menos dos que costumam acreditar nela e nos do que a merecem.

Ano Novo 2002 - Casa de Nolan Ross

- Eu não vou deixar você destruir a sua vida por algo que seu pai não queria que você entrasse! - Dizia Nolan seriamente enquanto tinha uma jovem Amanda Clarke, revoltada, magoada, começando a sua jornada em busca de justiça.

- Você não é nada meu Ross! Muito menos o meu pai ou um irmão, ou seja lá o que você julgue ser! - Falou a garota em bom tom o encarando.

- Eu não vou desistir de você, já disse! - Encarando aqueles olhos castanhos conturbados.

- Eu não quero a sua ajuda! Não preciso de ninguém! - Saindo andando em direção a saída da casa.

- Amanda olha pra mim, me escuta! - Vendo que ela continuava andando tentou novamente. - Amanda volte aqui!

- Vai pro inferno! - Respondeu ela rispidamente enquanto seguia seu caminho.

Nolan apressou o passo e a segurou pelo braço e a puxou pra si forçando-a olha-lo nos olhos.

- EU DISSE PRA VOCÊ OLHAR PRA MIM! - Gritou ele enquanto a olhava nos olhos. - POR QUE VOCÊ SIMPLESMENTE TEM QUE FUGIR DE TODOS QUE SE PREOCUPAM COM VOCÊ DE VERDADE?

Amanda parou naquele instante. Nolan sempre foi tão calmo e correto, aquele lado ainda não havia demonstrado, o que naquele momento poderia ser como uma bomba relógio prestes a explodir...


Tempo Real - Grayson Manor - Dia

- Você jura que na véspera do seu casamento está andando de patins ao invés de ir se arrumar sunshine? - Soou a voz de Nolan as costas de Emily Thorne.

- Eu estou nervosa e depois ainda tenho todo tempo do mundo! - Dando uma volta em torno dele. E depois mais uma e depois a terceira.

Nolan riu. Era incrível como as vezes Emily agia como uma criança precisando de ajuda. Era doce e ao mesmo tempo enigmática.

- O que? - Perguntou ela olhando torto. - Qual é a piada dessa vez?

- Está me deixando zonzo. A labirintite não ajuda muito nessa idade okay? - E segurando a mão dela delicadamente para que parasse, olhou o anel no dedo dela por alguns segundos.

- Ah foi mal aí "vovô" - Brincou ela dando uma risadinha.

- Ems você tem... tem certeza de que quer fazer isso? Quero dizer... nós dois já sabemos que as duas primeiras vezes foram catastróficas Ems e...

Ela o interrompeu. Era o suficiente pra saber que o clima tava ficando pesado por ali.

- Eu agradeço por se preocupar Nolan, mas se tenho a chance de fazer as coisas darem certo...

- Você nem se quer o ama Ems! - Retrucou ele meio contrariado.

- Quem disse? - Olhando-o nos olhos indignada.

- Eu disse! Conheço você! E depois de tudo que te aconteceu...

Emily olhou com aquele olhar de quem iria mata-lo senão calasse a boca naquele instante.

Sentando no chão da mansão pondo o outro par que tinha lá, Nolan deu um sorriso do tipo "amigo, amigo"

- Você está atrasado uma hora! - Retrucou ela ficando meio emburrada.

- Antes tarde do que nunca certo? - E sorriu com o modo que ela estava. - Ta bom... como eu levanto com esse negocio?

Emily olhou chocada. O grande gênio da informática não sabia andar de patins?

- Ta me zoando né? - Acabou rindo - Qual é Nolan? Você não teve infância?

- Ninguém te ensinou a respeitar os mais velhos? - Riu-se dando um tapinha de leve na cintura dela e esticou a mão. - Uma ajudinha para o pobre nerd?

Emily segurou a mão dele e o puxou pra cima pra que pudesse se erguer.

Nolan apertou a mão dela e subiu olhando-a de leve nos olhos.

- Wow, se eu cair, com isso ninguém te leva no altar amanhã então, você não se casa! - E sorriu largo.

- Para de graça! - Dando um tapinha no braço dele. - Põe um pé na frente do outro devagar.

- Ta falando grego comigo Ems. - Se distraindo, acaba caindo sentado no chão - Ouch! - Pegando o celular pra olhar no Wikipedia.

- Nolan? Ta fazendo o que? - Olhando de canto.

- Olhando no wikipedia! - Prestando atenção na pagina. - Deve ter algum macete pra ficar em pé nesse negocio sem cair.

Puxando o celular da mão dele, Emily jogou de leve na toalha ao lado do dela.

- Para de ser mulherzinha Nolan! - Puxando-o pelas duas mãos.

- Por que eu tenho que aprender andar nesse troço mesmo? - Olhou então nos olhos castanhos dela.

- Porque você queria aprender? - Rindo baixinho.

- Mu... - Colando o corpo no dela sem querer. - Mudei de ideia?

- Shiu! - Pondo a mão na boca dele. - Só me acompanha ta? - Passou os braços em volta dele e foi dando leves passos pra que o amigo pudesse acompanhá-la.

Nolan abraçou a cintura de Emily. Prometeu desde a morte de Aiden que cada dia que passasse custe o que custar ele traria aquela Amanda Clarke de volta e não poderia desistir agora por causa de uma idiotice da gravidade. Podendo sentir a respiração dela em seu ouvido fechou os olhos. Era estranho, nunca tinha parado pra pensar em tanta "proximidade" não como estavam nos últimos meses. Voltou a olha-la nos olhos e sorriu. Ate que era divertido aquele lado novo da loirinha vingativa.

Quem não estava gostando nada disso era Daniel. Ele havia chegado há alguns minutos a tempo de poder ver tanta proximidade. Ergueu a vista e entortou a boca numa careta descontente. Nolan era gay, teve um caso com seu irmão, não tinha com que se preocupar, mas Emily como ele já teve seus deslizes e a imprensa cairia matando em cima se visse algo daquilo e a sua imagem era algo que queria preservar custe o que custasse porque não iria acabar na bancarrota como o pai, isso era um fato e tão pouco iria deixar que Emily acabasse como a sua mãe.


Beach - Dia seguinte - Entardecer.

A praia levemente decorada com pétalas de rosas e uma pequena mesa de buffet já denotavam o que aconteceria ali: uma união.
A união de duas pessoas nos sagrados laços do matrimônio.

- Finalmente chegou o dia tão esperado. Depois de tantos preparativos e planos enfim estamos aqui reunidos para celebrar a união do casal, Daniel Edward Grayson e Emily Rebecca Thorne. Presentes estão vários familiares, parentes, amigos e amigas, convidados pela casal para juntos festejarmos este casamento. O casal também estendeu seu convite à Jesus, para que em Cristo Deus possa abençoar a caminhada deste casal na festa da vida. - Dizia o juiz de paz num pequeno sermão a beira mar onde presentes encontravam-se os noivos: Daniel e Emily e as testemunhas: Nolan e Charlotte.

Nolan ainda estava tão surpreso quanto a própria Charlotte. Porque raios Emily e Daniel iriam se unir de novo? A primeira vez foi interrompida e a segunda desastrosa!
Mas como o melhor amigo da noiva, tinha de estar ali e podia dizer que se sentia literalmente uma Julia Roberts de calças embora o final, fosse feliz, porque ela acabava com o amigo gay, mas filmes a parte, adoraria mesmo se fosse um estilo noiva em fuga. Agora, era sonhar demais. Emily estava decidida, infelizmente.

Relutando, Jack compareceu também.
Ele sabia que Emily havia passado por muita coisa e o que mais precisava era apoio naquele momento, só não entendia como ela poderia fazer isso estando novamente casada com um Grayson? E sabia também que assim veria Margaux que apesar de muitos desencontros e brigas, ainda gostava dela e quem sabe poderiam se acertar.
Mas quem era ele pra dizer ou achar? Carl adorava a madrinha e Emily a ele. Não podia negar esse desejo a garota com toda certeza.
E claro, tinha a mãe do lado, Stevie fora. Assim como Jack queria ver aquilo pessoalmente pra acreditar. Era difícil entender as razões pelas quais a garota o fazia, mas certamente sabia que algum plano tinha já que Emily lhe confidenciou o que fez com Conrad e Victoria no ano passado. E graças a ela, aquela maluca estava onde deveria estar. Bom era assim que pensava Stevie Grayson embora ainda sentisse uma ponta de algum sentimento que fosse pelo ex marido, o que se condenava claro, todos os dias.

Margaux olhou pra Daniel. Era notório que ela sentia algo pelo Grayson, mas também sentia por Jack e podia-se dizer que seu coração estava em conflito.
Por alguns instantes pensou em impedir, dizer o que sentia. Mas seria justo? Ele falara tão mal de Emily tantas e tantas vezes, mas olha onde estava agora? Então, tinha algum significado. Tinha de haver.

Nolan caminhou suavemente com Emily a guiando ate o pequeno altar. Seu sorriso, seu perfume, seu olhar.
Ultimamente tudo estava muito estranho porque qualquer coisa que a melhor amiga fizesse, chamava sua atenção. Olhou nos olhos dela alguns segundos e beijou sua testa. Era um modo de dizer que tudo dessa vez ficaria bem e que não tinha com que se preocupar, então, apertou a mão de Daniel e sussurrou entre os dentes num sorriso: Se algo acontecer a ela eu te mato. Então, pensa bem no que vai fazer dessa vez! - E dando um sorrisinho cínico foi ao lado de Charlotte. Agora era aguardar o que estava por vir.

Sanatório de Hamptons - Dia.

Sara Munello preencheu o papel na recepção e se encaminhou em direção ao corredor para visitar quem menos esperava, mas quem sabe uma possível aliada, Victoria.
Entrou no quarto da mesma e a encontrou meio dopada pela medicação forte que lhe era dada.

Victoria forçou os olhos. Ou estava tendo uma alucinação ou estava ficando louca, ou os dois.

- Sara? - Perguntou ela com dificuldade na voz.

A garota deu um sorriso sarcástico e se aproximou da cama dela.

- Ela fez isso com você não foi? Emily Thorne. - Sussurrou o nome da mesma ao chegar mais perto. - E agora ela está na sua casa, dormindo na sua cama, com o seu filho enquanto fica aqui sendo taxada como louca. Que triste pra você Victoria.

Victoria arregalou os olhos ao ouvir as palavras dela. Aquilo eram como chicotadas pra sua pele.

- vagabunda! - Falou com dificuldade.

- E o melhor de tudo, eles estão renovando os votos hoje, mas espere, eu não fui convidada e nem você! - provocou Sara.

- Aonde quer chegar srta Munello? - Perguntou Victoria ainda dopada, mas irritada.

- Aonde acha? - Perguntou ela de volta e sorriu de canto.

Na sala de um dos psiquiatras, estava sentado David Clarke ou agora, Jonathan Whelson. Olhava nas gravações, um quarto em específico naquele instante, o de Victoria Grayson. Ao ver a jovem que entrava e falava tão intimamente arqueou a sobrancelha e desligou o notebook levantando-se de pronto e saiu dali.

- Ainda não sei o que quer! - Exclamou Victoria confusa.

- Destruir Emily Thorne, como você! - Sussurrou Sara com um meio sorriso. - Você me deve isso depois do que eu fui capaz de fazer por ti e sabe muito bem do que eu estou falando, certo Victoria?

- Ela é Amanda Clarke! - Sussurrou Victoria por fim baixinho e David adentrou o quarto notando espanto no olhar de Sara sabendo que havia alguma coisa errada ali.

- O horário de visitas acabou srta Munello. - Disse ele sério. - A sra Grayson precisa de repouso.

- Mas eu acabei de chegar! - Retrucou ela.

- Sinto muito, mas são ordens da direção, se quiser pergunte. - E tirou uma injeção do bolso - Está muito agitada Victoria. Precisa descansar.

- Não! Eu não quero descansar! Saía de perto de mim! - Falou ela e antes que pudesse dizer algo mais recebeu outra injeção e adormeceu.

Sara olhou confusa. Ou o estado dela era realmente sério ou alguém manipulava aquele lugar.

- Ainda não saiu? - Perguntou ele mais sério que antes.

- Desculpe, com licença! - E saiu de pronto sabendo ao menos um trunfo contra sua rival e o motivo pelo qual, ela estava ali.

Beach - Entardecer

Nolan observava o futuro novo antigo casal ali.
Era estranho. Ele não tinha um pressentimento bom.
Seu coração estava apertado. Sabia que dessa vez não teria lua-de-mel então, fatalmente, nada de tiros ou sumiços, hospitais etc, mas porque ele se sentia arrasado daquela maneira, como se perdesse uma parte de sí dessa vez?
Aperto a mão e respirou fundo. Tentava ao máximo não atrapalhar os planos da melhor amiga.
Melhor amiga! Irmã, companheira, companheira e irm.... espere.... Irmã? Era isso! Talvez algo houvesse mudado porque ele não conseguia mais ver a garota ali presente simplesmente como uma irmã que precisava de cuidados. Algo estava errado.
Ele sentia uma alegria diferente. Tudo estava diferente nesses últimos meses.

"Ela é a filha do seu melhor amigo! A filha do seu melhor amigo!" - Dizia a si mesmo repetidas vezes em sua mente.

- Eu disse ao casal, aliás prometi que o sermão seria curto. E pretendo cumprir com minha palavra... Vocês são tão queridos e me alegro que tenham encontrado um ao outro. Quero compartilhar com vocês e todos os demais convidados e convidadas uma breve meditação na história do casamento em Canaã. Esta história provavelmente é bem conhecida por muitas pessoas presentes aqui mas creio que vale a pena contá-la de novo. É dia de festa no vilarejo de Canaã. Moradores da vila se reúnem em torno de duas famílias para celebrar a união de um novo casal. Jesus, sua mãe e seus discípulos são convidados para participar das festividades. Naqueles tempos uma festa de casamento podia durar uma semana, sete dias de alegria e comemoração. Nesta ocasião, faltar comida ou vinho durante a festa é um pesadelo para a família anfitriã. Pior somente seria um dos noivos não vir à festa de casamento.

Emily olhou na direção de Daniel dando um leve sorriso e voltou sua atenção ao juiz.
Ele apertou sua mão e fez um carinho.
Era como se os quatro anos tivessem regredido.
Era quase como um recomeço, para ambos.

"Ela é a filha do seu melhor amigo e está se casando com um idiota, de novo! Então, faça alguma coisa! Mas... Mas o que?" - Pensava ele consigo mesmo meio longe dali.

Ela, então, como se ouvisse seus pensamentos o olhou rapidamente. Sentiu ma angustia em seu olhar, o que chamou a atenção da garota vingativa. Agora estava preocupada. Nolan era muito bom com pressentimentos. E talvez, alguma coisa não fosse dar certo naquele dia, mas não queria descobrir. Na verdade rezava pra que tudo saísse bem.

Estrada - Entardecer.

David dirigia atentamente, mas com certa agilidade. seja lá o que fosse, ele sabia que aquela jovem não estava de brincadeira, principalmente depois do que Victoria lhe dissera. Era então, uma corrida contra o tempo. Salvar a filha causando danos se necessário, mas não deixando sua garotinha sofrer novamente.
Parou diante do sinal e buzinou no pequeno trânsito, olhando irritado para o tráfego a sua frente.

- Mas que merda! - Buzinou várias vezes seguidas e ouviu algumas pessoas retrucarem e xingar, ate que cansado de esperar, saiu do carro o largando ali no local mesmo e passou a correr. O tempo era curto e neste momento era seu maior inimigo.
Victoria não iria ter sucesso dessa vez nem que fosse a ultima coisa que ele fizesse no mundo porque devia isso a filha, a unica que foi capaz de abraçar uma causa em prol do pai e ir ate as últimas consequências por isto.

Beach - Entardecer.

Ems usava um lindo vestido longo creme e um delicado véu. Uma maquilagem suave e brincos pequenos de pérola e uma gargantilha. Presente de Daniel, obviamente.
Ele usava um terno preto, armani, uma gravata borboleta e camisa branca. Sapatos sociais pretos, cabelos arrumados em gel, elegante como um Grayson deveria ser.

Ao fundo no penhasco, chegando sem ser notado numa breve corrida estava nada mais nada menos que David Clarke.
Ele observava a união do casal com certa curiosidade e também pesar.
Buscava o ar. Nunca correu tanto em sua vida.
Ver a filha ali trazia certa emoção.
Ele sempre sonhou em ver o casamento da sua garotinha. E conseguiu, por duas vezes.
Mas melhor do que ninguém conhecia os Graysons e sabia do que são capazes e sabia também tudo que a filha havia passado no ultimo verão.
Emily era sua filha, sua joia rara. Sacrificou sua vida pra provar que ele era inocente. Perdeu tantas pessoas boas no processo. Foi humilhada por Daniel e Victoria, mas por que queria se casar com o garoto novamente? Uma vingança? Quem sabe?
Mas seu olhar se assombrou quando obteve sua resposta no olhar da filha para Daniel.
Um olhar não de ódio, ou represália e sim, amor.
Agora David entendia e ficou ainda mais surpreso quando encontrou os mesmos sentimentos no olhar de Daniel.
Então, olhou pra filha caçula. Como Charlotte era linda. Tinha traços dele, de Emily e lembrava ate um pouco da própria mãe, mas esse era um "demônio"que David procurava esquecer. Pelo menos por hora.
Não era nada fácil se vingar da pessoa que mais amou e continuava amando dia após dias, mas tentava dizer a si mesmo que aquela era uma outra Victoria, pois, a que ele conheceu e arruinou sua vida, havia morrido há vinte e poucos anos atrás.

Charlotte sorriu enquanto segurava o gentil buque de Emily e olhou para Nolan como o próprio David.
Nolan era um amigo bom, um filho que David nunca teve, um irmão mais velho pra Emily e nada trazia mais orgulho a ele do que isso: Ter a filha em boas mãos de alguém que realmente se importava com ela.
Embora David observasse um olhar devastado em Nolan. Como se ele tivesse perdendo tudo naquele dia.

Emily olhou nos olhos do noivo. Tentou sorrir, mas o fato era que aquele olhar que Nolan lhe deu estava acabando com ela. Olhou então, pro lado alguns instantes e viu ali a figura de Aiden. Era como se visse um fantasma. Um Aiden triste, negando com a cabeça em represália quanto aquela decisão. E então, ele simplesmente sumiu diante de seus olhos.

Ela engoliu em seco e logo voltou olhar para o juiz de paz pedindo a si mesma que ninguém tivesse notado aquilo.

- Mas a tragédia entrou nesta festa sem ser convidada... - Falava o juiz e Emily imediatamente lembrou do dia do tiro. O fatídico dia em que Daniel quase acabou com a sua vida.

"- Você armou pra mim durante dois anos? Por que? - Perguntou o jovem vendo a arma sob a cadeira no convés do iate. - Você, vai me matar! - E pegou a arma completamente bêbado e assustado.

- Não Daniel! - Olhou ela ainda mais assustada que ele mesmo.

- Por que? Por que me disse que eu seria pai? - perguntou furioso mirando a arma nela.

- Eu sinto muito! - Disse ela e então dois disparos e Emily sentiu os tiros perfurarem seu abdômen deixando a taça de champagne cair no convés enquanto despencava do mesmo estendendo a mão pra Daniel que não fez nada pra ajudar de tão perplexo que estava e jogou a arma no mar..."

O olhar de Emily por segundos se modificou. Ela voltou a olhar Daniel com o mesmo modo que olhava os demais Graysons, menos a irmã caçula, com ódio. Mas claro que isso durou poucos segundos que não pudesse ser perceptíveis aos demais, embora David Clarke, Jack Porter e Nolan Ross, os três que mais a conheciam, pudessem notar, o que fez com que o olhar dos três se encontrassem em assombro.
Sim, Jack e Nolan já sabiam da existência de David. Talvez estivessem traindo a melhor amiga assim por dizer, mas pra ambos, estavam a protegendo e esperando o momento certo para poderem introduzi-la naquele novo recomeço para um pai e uma filha.

Daniel abriu os olhos. Também jamais esqueceria. Era como se um flashback viesse em sua mente diversas e diversas vezes quando fechava os olhos pra dormir. Quando acordava. Onde quer que fosse e isso o estava matando por dentro.

- O vinho, que corria abundante sobre os copos dos convidados e convidadas, sem dar aviso prévio, terminou. Maria, mãe de Jesus, percebe a seriedade da situação. “Eles não tem mais vinho” diz ela a Jesus. Não há mais bebida para entreter os convidados. A reputação da família está em jogo, a posição destas pessoas dentro de sua comunidade podia ser arruinada, esta infelicidade ficaria por longos anos na memória dos habitantes da vila de Canaã. - Falava ainda o juiz de paz contando a história. - Jesus, também ele um convidado, inicialmente parece indiferente à desgraça que está por cair sobre estas famílias. “Que queres de mim, mulher?,” responde Jesus ao pedido de sua mãe. “Minha hora ainda não chegou.” Mas Maria insiste certa de que Jesus pode fazer algo para mudar esta situação. E assim é a fé em Jesus, pois a fé reconhece que em Cristo existe renovação, transformação, novas possibilidades. “Façam tudo o que ele lhes mandar,” diz Maria aos empregados da festa.
Jesus ordena que os jarros de pedra sejam preenchidos com água, preenchidos até à borda. Então Jesus, o Senhor da criação, sem levantar sequer um dedo, sem grande rebuliço ou espetáculo, realiza o milagre. O encarregado da festa está tão admirado com a qualidade do vinho que ele comenta ao noivo, “todos servem primeiro o vinho bom, e quando este termina, servem o inferior; mas você guardou o melhor vinho até agora.”
Que presente de casamento Jesus oferece a este casal e suas famílias. Onde poderia haver desgraça, Jesus traz alegria. No iminente desastre, Jesus converte a tragédia em celebração. O melhor presente de casamento que este casal recebeu foi sem dúvida convidar Jesus para a festa. O melhor presente de casamento que vocês, Daniel e Emily, recebem hoje, é convidar Jesus para fazer parte de seu casamento.O melhor presente que qualquer um de nós aqui, casados ou solteiros e solteiras, o melhor presente que todos nós recebemos é convidar Jesus para ser o nosso companheiro na festa da vida.
(Ao fundo, a musica Paradise de Coldplay tocava.)

"When she was just a girl
She expected the world
But it flew away from her reach
So she ran away in her sleep"

Como Jack poderia esquecer agora o dia que esteve naquela mesma praia se casando com quem julgou ser o grande amor de sua vida e depois de sua morte, descobriu que era. Amanda Clarke ou a verdadeira Emily Thorne, o fato que isso ainda bagunçava sua mente, mas ele tentava lembrar dos momentos felizes, afastando os ruins, e tudo mais que pudesse "congelar seu coração;" Por alguns instantes pôde ver ela ali a frente acenando e lhe sorrindo, linda como sempre foi, alegre e viva. Virou o rosto pro lado e apertou os olhos. Chorar naquele momento seria uma pessima ideia, alem de atrapalhar o momento do casal.

"Eu te amo Jack" - Soava a voz dela em sua mente de onde todos os dias ele podia sentir. Era como se ela estivesse perto, abençoando, lhe protegendo assim como ao filho deles.

"And dreamed of para-para-paradise
Para-para-paradise
Para-para-paradise
Every time she closed her eyes"

Emily fechou os olhos. Alguns segundos queria aproveitar aquele instante.
Seria aquela a verdadeira felicidade ou tudo não passava de uma nova vingança?
Felicidade todos buscavam e não encontravam?
A mesma que o noivo tirou há um ano trás quando ela descobriu que era estéril e não podia ter mais filhos?
A mesma que ele fez questão de destruir com cada palavra de rancor e ódio proferida a Emily?
"Deixa-la estéril foi o meu presente ao universo" - Soava a frase na mente dela agora.

Mas talvez o destino estivesse dando mesmo uma segunda chance? E engraçado de dar-la logo ao lado de quem mais odiou ou achou odiar. Ou ele estaria sendo muito irônico.

"Danny Dannyyyyy - Chamava a eufórica pequena Amanda, procurando ele pela praia. Estavam brincando de pique esconde, a brincadeira preferida de ambos. Victoria nunca gostou muito porque como ela dizia, o filho voltava imundo pra casa, mas isso não parecia um sacrifício para o pequeno Daniel.

- Acheeeeei você! - Gritou ele rindo ao se jogar por cima dela que ria junto tambem. - Eu ganheeeeeeei!

- Você sempre trapaceia e isso é muito errado! - Retrucou ela brava se levantando chateada.

- Não fica triste comigo Amanda, por favor! - Disse ele triste enquanto a olhava, então, tirou um anel de chupetinha do bolso, desses que vinham em doces e esticou a ela como havia treinado com a baba, ate se ajoelhou. - Amanda Clarke, você quer se casar comigo?

A pequena Amanda olhou surpresa e achou o anel muito bonitinho por ser rosa, sua cor favorita. Sorriu e esticou a mão.

- Simmmmmm! - Riu-se ela vendo ele por o anelzinho em seu dedo e então Sammy chegou pulando em cima de ambos.

Daniel e Amanda riram e começaram a correr atras de Sammy pela praia enquanto pra variar uma Victoria nada contente observava tudo da sacada..."

Nolan continuava tentando desvendar o que se passava em Emily. A vontade de erguer e a mão e dizer, eu sou contra enchia-lhe a mente e o peito só que não poderia fazer isso.

- E quanto a você e eu, de anfitrião viramos convidados e convidadas para o banquete de Deus. Ao longo da festa da vida, quando a tragédia bate em nossas casas sem ser convidada, quando nós falhamos e magoamos as pessoas ao nosso redor, quando você estiver tropeçando na escuridão e desespero, Jesus estende a mesa e te convida: venha aqui saciar tua fome pelo perdão e amor de Deus, eu, Jesus, sou o Senhor da ressurreição, em mim existe sempre renovação, transformação e novas possibilidades. Pois eu te amo, as muita águas não poderiam apagar o meu amor, nem os rios afogá-lo. Daniel e Emily vão em paz. E que a graça e o amor de Deus brilhe na festa da vida de cada um de vocês desde agora e para sempre. Amem. - Concluiu o juiz novamente tirando Emily de suas lembranças ao entregar as alianças, uma a ela e a outra a Daniel. - Por favor façam os votos.

"When she was just a girl
She expected the world
But it flew away from her reach
And bullets catch in her teeth

Life goes on
It gets so heavy
The wheel breaks the butterfly
Every tear, a waterfall
In the night
The stormy night
She closed her eyes
In the night
The stormy night
Away she flied"
(Continuava a musica ao fundo)


Emily pegou a aliança em mão e segurou a outra do marido colocando no dedo anelar dele sorrindo delicadamente.

- Eu Amanda Clarke - sussurrou ela apenas pra ele ouvir enquanto o juiz de paz olhava confuso - Emily Thorne - disse por fim mais alto - te recebo Daniel Grayson, por meu marido e te prometo-te ser fiel, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, por todos os dias de nossas vidas. - E terminou de por a aliança no dedo dele abrindo um sorriso carinhoso.

Daniel fez o mesmo, lentamente, podendo aproveitar aquele momento aos poucos.

- Eu Daniel Grayson, te recebo Amanda Clarke - Sussurrou tão baixo quanto ela e O Juiz de paz ainda confuso observou ambos e Daniel só concordou com a cabeça com um sorriso do tipo: deixa a gente terminar. - Por minha esposa e te prometo-te ser-te fiel, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, por todos os dias de nossas vidas. - Por fim, beijou a mão dela e sorriu do mesmo modo que ela a olhando nos olhos.

- Diante dos votos e perante o poder me fornecido pelo Estado de New York, eu vos declaro perante marido e mulher. Pode beijar a noiva senhor Grayson.

"And dreamed of para-para-paradise
Para-para-paradise
Para-para-paradise
Whoa-oh-oh oh-oooh oh-oh-oh

She dreamed of para-para-paradise
Para-para-paradise
Para-para-paradise
Whoa-oh-oh oh-oooh oh-oh-oh"

Daniel voltou a sorrir e passou os braços em torno da cintura de Emily a beijando-o de forma carinhosa e lenta.
Ela retribuiu, passando as pontas dos dedos em seu rosto numa caricia, ficando mais perto dele.

"La-la-la-la-la

Still lying underneath the stormy skies
She said oh-oh-oh-oh-oh-oh
I know the sun's set to rise

This could be para-para-paradise
Para-para-paradise
This could be para-para-paradise
Whoa-oh-oh oh-oooh oh-oh-oh

This could be para-para-paradise
Para-para-paradise
This could be para-para-paradise
Whoa-oh-oh oh-oooh oh-oh-oh"

Os poucos convidados observavam a alegria do casal.
Quem sabe aquele, não poderia ser um novo recomeço?
Embora Nolan continuasse com aquele vazio e aquela sensação de que algo daria errado.

Sara Munello olhava atentamente ao casamento ao fundo da praia. Na primeira página do jornal do dia ela lera: "Daniel e Emily Grayson renovaram os votos numa pequena cerimônia intima para amigos chegados e familia".

Aquilo caiu como uma bomba em cima dela.
Seu coração se despedaçou automaticamente.
Na mente, aquela visão de horror.
Daniel e Emily, juntos, na mesma cama, felizes?
Não, ela o tinha enganado! Não merecia ser feliz.
Ela tinha minado o relacionamento de Sara Marie com sua mãe então, por que deveria deixa-la ser feliz agora?
Não deixaria. No mundo da vinganças, um coração machucado pode agir muito mais.

Foi caminhando na direção do casal, olhando-os com um modo furioso, em passadas rápidas. Parou diante deles para espanto dos demais ali presentes.

- Sara? - Perguntou Charlotte boquiaberta.

- Mas nem perguntaram se alguém tinha algo contra ao casamento.Porque eu tenho! - Falou ela olhando na direção dos noivos.

Emily soltou-se de Daniel rapidamente e olhou furiosa de volta na direção da garota.
E já a expressão de Daniel, era de choque.

- Não se atreva Sara! - Falou ela por fim olhando-a nos olhos mas de modo sério.

- Não e por que não deveria? - E olhou pra Emily.

- Sara... - Começo Daniel.

- Ela enganou você, ela te traiu! Ela me afastou da minha mãe, afastou á nós dois e você agora está casando com ela? - Perguntou ainda mais furiosa. - Com a mulher que forjou uma gravidez pra segurar você?

- Eu acho que você ainda não entendeu Sara! Não é bem vinda aqui! - Falou Ems entre os dentes. - Cai fora.

- O que fez pra se casar com ele? Outra gravidez planejada Emily? - E sorriu diabolicamente. - Ah é. Você não pode mais ter filhos!

Nesse instante Emily fez menção de avançar em cima de Sara mas Daniel a segurou sussurrando gentilmente:

- Não vale a pena Em! - E apertou de leve ela contra os braços. - Estamos lidando com uma alma atormentada!

- Atormentada? Ahhh não! Apenas sincera. - E se aproximou bem de Emily - Não importa o que aconteça eu vou terminar o que começaram! - E tirou do bolso a pagina de jornal falando sobre o casamento deles e rasgou diante dela em vários pedacinhos- E farei isso, custe o que custar Amanda, pode esperar! - E dando um sorriso maléfico, jogou os pedaços do jornal diante dela saindo andando.

Jack olhou horrorizado. Nolan também.
Como ela poderia saber o maior segredo de Emily, a menos que... Victoria é claro. Ela havia contado tudo e Daniel pôde chegar a essa mesma conclusão, ficando mais colado a mulher agora.

- Não vou deixar ela machucar você, eu prometo! - Sussurrou beijando a testa dela.

Charlotte começou a se dar conta do que Sara havia dito e do que Ems dissera quando estava sem memória e apoiou a mão na boca em choque.

Margaux por sua vez estava tão confusa quanto o próprio juiz que acabou por se manifestar.

- Quem é essa tal de Amanda? - Perguntou.

- Ela é louca senhor juiz! - Falou Emily mais alto olhando Sara atentamente indo já maquinando algo em sua mente pra destruí-la.

Sara parou ao ouvir Emily falar mais alto e sem pensar sacou um revolver.
Se Daniel queria brincar de casinha com Emily Thorne, não iriam ter seu final feliz. Sem pensar, virou e chamou o rapaz: Daniel!?

Quando este olhou, Sara mirou bem na direção de Emily e atirou fazendo com que Daniel que ficou na frente caísse no chão.

Emily gritou a plenos pulmões enquanto ajoelhava diante do marido chocada pelo que ele acabara de fazer.

- DANIEEEEEEEEEEEEEEL!

Ele a olhou nos olhos pondo a mão onde o tiro tinha atingindo sentindo uma dor que jamais sentira antes. Então, foi assim que Emily se sentiu? Como foi capaz de fazer isto com ela?

Nolan se pôs a correr ao lado de Jack. Alguém tinha que pegar aquela maluca. Correram o máximo que podia ate que Nolan se jogou em cima de Sara e agarrou violentamente pelo braço seguido de Jack.

- Streak! - Falou Nolan num tom de sarcasmo tipico dele. - Se aquele tiro tivesse atingido a Ems, você não estaria viva a essa hora Srta Munello! - Falou ele entre os dentes sendo ajudado por Jack a puxa-la do chão.

- Fim da linha pra você! - Respondeu Jack de volta ainda pasmo em como conseguia se enganar com as pessoas. Ou era inocência demais ou burrice, ou os dois!

David assistia tudo do penhasco com a máxima atenção e não precisava muito saber o que se falava por ali, já que tinha o vídeo até agora em sua mente e vendo Sara Munello indo embora olhou de forma violenta.

Pegou o celular e discou para o 911.

- Preciso de uma ambulância... - Começou ele a falar a localização enquanto observava a filha tentando conter o sangramento do ferimento do marido.
Não tinha nada que o fizesse mais perder a razão do que ameaçarem uma dessas filhas.
Mas ele não se sentia ameaçado agora. Quando Sara voltou-se e atirou na direção de Emily mas foi Daniel quem levou a pior, não se surpreendeu, não por ele, porque para David os Graysons não eram mais confiáveis. E todos quando faziam algo de bom a alguém era esperando algo em troca. mas Sara atirar em alguém? Bom também não foi surpresa alguma, afinal, a ideia da arma tinha sido dele.
"Para sua proteção. Eu conheço os Graysons"- Disse David a garota quando ela deixou o sanatório e completou:

"- Pro seu próprio bem se afaste de todos eles, antes que acabe machucada também!"

Ele só não imaginou que ela fosse usa-la tão cedo.
Então, deu as costas e se pôs a caminhar de forma serena e tranquila embora seu coração estivesse aos pulos pelo sofrimento da filha, Daniel mereceu.
Ele fez o mesmo com a sua pequena garotinha, era hora de ter de volta o que fez. Olho por olho, dente por dente, era esse seu ditado favorito há mais de vinte anos.
Deu por fim um sorriso, vingativo e maléfico quase igual ao de Emily quando maquinava algo em sua mente.
Sara havia escolhido o lado errado e pior que isso, ameaçado a pessoa errada.
Emily era uma Clarke não importava como fosse e agora David ensinaria aquela garota arrogante e tola, Sara Munello, do que um Clarke poderia ser capaz para proteger quem se ama.
Mas por hora ela havia se condenado sozinha, e David só precisaria usar as armas certas pra concluir o que Sara havia desencadeado.

Hospital de Hamptons - Noite.

Emily estava de pé diante da cama de Daniel. Por sorte Sara atirava muito mal, pois, o tiro foi de raspão, mas não impediu de ser levada a delegacia de qualquer maneira e a essa hora estaria onde devia estar, atrás das grades.
Daniel por sua vez dormia. Foi superficial, porém, a bala se alojou no ombro, precisaram tirar a mesma e pela dor deram alguns medicamentos pra que ele descansasse.
Nolan por sua vez estava na sala de espera. Onde mais poderia estar?
Emily precisava dele e não iria virar as costas agora.

Não gostava de Daniel, mas amava a filha do seu melhor amigo.
Ela apareceu alguns segundos depois e observou o amigo. Seu semblante estava pesado e triste. Pedindo literalmente por ajuda.

- Como ele está? - Perguntou Nolan baixinho bebendo o café e esticando um a ela.

- Dormindo! O ferimento foi superficial. - Sentou-se ao lado do amigo e pegou o cafe, então, o olhou concluindo: - Sabia que algo daria errado quando encontrei o seu olhar Nolan!

- O que quer dizer? - Perguntou ele confuso.

- Que você mais uma vez pressentiu alguma coisa e eu ignorei! - Sussurrou ela. - Eu podia ter as minhas mãos "sujas" de sangue mais uma vez agora!

Nolan segurou a mão da amiga. Não podia se sentir culpada por algo que ela não era, não dessa vez.

- Ems você não deu aquela arma na mão da maluca da Sara! E você também não puxou aquele gatilho!

- Eu....sei! - Retrucou baixinho respirando fundo.

- Então, pare de se culpar! - Ralhou ele. - Não é possível que você intimamente não ache que ele mereceu! - Falou com mais raiva na voz. - Ele fez o mesmo com você ano passado! - Sussurrou Nolan entre os dentes. - Você quase morreu! Estou errado?

Emily ficou sem palavras. Tudo voltava a tona com mais agilidade e força na sua mente. E aquela frase que Daniel disse agora mesmo que não sairia da mente dela. Olhou na direção de Nolan com um olhar perdido e ao mesmo tempo sério como se soubesse que ele tinha razão, mas estranhando tanta hostilidade dele e tanta raiva.

- Eu.... - Gaguejou. - Eu... não....

- Conheço você Emily! O suficiente para saber que seu lugar não é com o Daniel e também nunca foi com o Aiden! - Falou Nolan por fim enquanto a olhava. - Você merece mais! - Tentou sorrir de um modo gentil enquanto apertava a mão dela. - Merece algo muito melhor! Alguém que.... que te faça viver de novo!

- O que quer dizer com isso? - Perguntou ela de volta confusa. - Você sabe que o Jack ainda ama a Mar...

Nolan então, a interrompeu mais uma vez.

- Eu não estou falando do Jack! Olhe a sua volta Emily, talvez não seja tão difícil perceber! - E levantou.

- Do que você está falando Nolan? - Olhou ainda mais confusa do que antes.

- De quem te faz ser você mesma! De quem não quer que você mude ou seja algo que nunca foi! - Suspirou e começou a caminhar - Te vejo amanhã, Ems!

- Nolan... - Chamou ela mais baixo, mas este continuou seguindo. - Nolan espera! - E se levantou também.

- Tente descansar! - Soou a voz dele passando pela porta.

Emily fechou os olhos e suspirou triste. Era como se uma imagem voltasse a sua mente. Memórias das quais ela nunca apagaria. Memórias das quais ela talvez não tivesse dado tanta importância até aquele instante.

" - ...Você não pode simplesmente por uma mochila nas costas e sair pelo mundo buscando se vingar das pessoas que destruíram seu pai! - Falou Nolan enquanto olhava nos olhos da garota ainda a segurando pelo braço agora de forma mais gentil.

- Não me diga o que eu devo ou não fazer Nolan! Você não faz parte disso! - Respondeu ela furiosa.

- Para o seu pai eu fazia! - Se auto defendeu. - Eu prometi cuidar de você!

- MEU PAI ESTÁ MORTO! - Gritou ela com dor e tristeza na voz. - E NADA, NEM MESMO VOCÊ VAI PODER MUDAR ISSO! PROMESSAS ACABAM NOLAN! TODAS ELAS!

Nolan sentiu os olhos se encherem d'água e sem pensar duas vezes com uma Amanda relutante a puxou pra si e a abraçou o mais apertado que podia. Chorando completamente frágil, havia uma Amanda Clarke que ele não conhecia.

- Tudo vai ficar bem! - Falou baixinho a fim de confortá-la. - Tudo vai ficar bem! - Alisando as costas dela.

Parando de chorar aos poucos enquanto o abraçava apertado, Amanda voltou o olha-lo.

Nolan apoiou então, a mão no rosto dela enquanto a olhava nos olhos castanhos e perdidos dela.

Amanda olhou de volta nos dele. Eram verdes? Pareciam um verde vivo e inspirador. Deixando a mão na dele que apoiava em seu rosto, tentou evitar, mas não conseguiu. Levou o rosto ao dele e sem pensar, o beijou nos lábios de forma suave de inicio.

Nolan primeiramente ficou surpreso, depois em choque e acabou retribuindo o breve beijo, que depois ao olha-la voltou a beijar a garota de forma mais intensa, mas a acabou por empurrá-la de leve sentindo uma espécie de culpa.

- Isso não está certo, Amanda! Você é só uma menina e eu... - E ela o interrompeu.

- Isso não está certo! Você não pode fazer aquilo! - Falando com raiva - Você acha que é quem? Meu irmão mais velho? Se toca Nolan! Você não é nada meu! Nerd Idiota! Afasta todas as pessoas que gostam de você! Consegue ser mais estúpido do que meu pai foi! - E saiu porta a fora enquanto tentava não chorar tirando um cartão do bolso onde se lia: Satoshi Takeda."

Olhando para saída onde Nolan havia passado alguns segundos atrás, Emily tinha agora a mão de leve nos lábios.
Uma lembrança boa do passado, talvez engraçada, que agora confundia sua mente. Como poderia ter lembrado de algo bobo de uma adolescente logo agora? Por que pensar em Nolan? Ele era seu melhor amigo. E assim deveria ser

A felicidade está dentro das pessoas.

Muitos a buscam, mas não olham dentro de si mesmos.

Talvez esteja ali há tempos. Mas a maioria das pessoas não enxergam.

E se for a verdadeira felicidade?
Seria tarde correr atrás dela?

O que a maioria das pessoas não percebem é que, a felicidade só é completa quando a alma está em paz.

"Você tem uma nova mensagem" - Mostrava o visor do celular de Emily ao fazer barulho. Ela balançou a cabeça negativamente ao ver que não tinha remetente, mas a mensagem logo acima de um vídeo a fez pensar:
"Isso mudará sua vida para sempre!" - E então, apertou play. Quem quer que fosse só podia estar fazendo uma brincadeirinha de mal gosto ou tentando alertá-la. Fosse como fosse era melhor checar.

"Pascal falou com a segurança nacional. - Falava Daniel Grayson no vídeo ao pai.

- Eu vou resolver isso Daniel, fique tranquilo! - Respondeu Conrad ao olhar para o filho..."

Emily arregalou os olhos em choque. Daniel havia avisado ao pai. E por culpa dele, Conrad havia matado Pascal e Victoria ido até as últimas consequências com Aiden? Daniel foi tão culpado quanto a própria mãe?

Limpou o canto dos olhos para não chorar. Tudo começou a retornar como um furacão.

O ódio pelos Graysons e pelo que eles representavam. A prisão do pai, os tiros no cruzeiro para a lua-de-mel, a traição com Sara. Tudo!
E engolindo em seco ao ver o rosto do marido no vídeo agora pausado, o ódio voltou a brotar nos olhos de Emily Thorne.
Felicidade? Mais uma vez ela tinha escapado entre seus dedos e dado lugar a algo mais sombrio.

Talvez Aiden estivesse certo desde o começo. Ela nunca teria paz, mesmo depois de tudo terminado, esse vazio corroeria ela por dentro.

Olhando na direção do quarto de Daniel ela sabia que estaria condenada a fazer parte da família Grayson novamente e isso fez seu estomago revirar diversas vezes causando um enjoo que se alojou por todo seu corpo.

- What goes around, comes around! - Disse David Clarke olhando pra tela do notebook onde o mesmo vídeo acabava, então, o fechou.

Sua filha poderia estar condenada a viver aquela vida. Mas é claro, ele não deixaria isso acontecer a sua garotinha. Tinha de protegê-la agora! Era seu dever de pai, devia isso a sua primogênita por tudo que ela tinha se arriscado. Por tudo que tinha perdido por essa causa. E David sabia, que cedo ou tarde, não importando quanto tempo levasse ou quem viesse no processo, destruiria aquela família de uma vez por todas.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.