P.O.V. Alexander.

Eu preciso de uma bruxa que me ajude. O quanto antes.

Não me basta ficar ao lado dela apenas ao cair da noite, muitas vezes quando está inconsciente. Mas, fazendo isso descobri algo fantástico.

Hope desenha e ela desenha o vilarejo de Nottinham o local onde conheci Tamara. E o local onde ela foi condenada, linchada e assassinada.

Toda noite Hope treinava na floresta. Quando me aproximei, e ela me prendeu num círculo de fogo. De novo.

—Ah, é você. Aduatur.

O fogo apagou.

—Eu sei que está meio que na sua natureza ser furtivo, mas você poderia ter dito que era você.

Disse sem olhar mais pra mim atirando as facas.

—Se importa em me dizer como seus pais não envelheceram?

—É um feitiço. Minha mãe ligou sua força vital á uma das vampiras. A última prole do Drácula que sobrou. Verônica.

—Temo que o nome dela seja Verona.

—Que seja.

Disse pegando as lâminas de volta.

—E porque faria isso?

—É um jeito de contê-la e minha mãe queria ser imortal sem ter... sede de sangue. Bem, não mais do que ela já tem. Infelizmente ela teve que matar as outras duas. Mari sei lá das quantas porque a vampira a atacou e Aleera porque ela me atacou.

—Aleera atacou-lhe?

Senti imediatamente a fúria me dominar.

—É. Mas, eu não me lembro. Ela invadiu a nossa casa, matou um empregado e a minha babá e tentou me atacar no meu berço. Ai a minha mãe atraiu a vampira para o telhado e a estacou.

Bem, Aleera era mais uma entre muitas. Não havia nada de especial nela.

—Então, vai me dizer o que está te incomodando?

—É assim tão nítido?

—É para mim. Então, vamos lá. Desembucha.

Disse sentando no chão da floresta.

—Preciso de uma bruxa que me ajude.

—A fazer o que?

Perguntou dando de ombros.

—Soube á muito tempo atrás que... existe uma maneira de alguém como eu caminhar ao sol.

—Oh, isso. Olha, vamos fazer um acordo e saiba desde já que como você é um vampiro e eu uma bruxa somos os dois seres sobrenaturais e isso faz o pacto sobrenatural. E pactos sobrenaturais são amarrados em todas as dimensões. Se alguma das partes envolvidas o quebrar... o dito cujo ou dita cuja... morre.

—E quais são os termos?

—Eu faço você sair ao sol, mas tem que me prometer que não importa o que aconteça, não vai sair por ai devastando o mundo e que vai ficar de bico fechado sobre o feitiço da luz do dia. E eu prometo te ajudar a se ajustar. Fechado?

Disse me estendendo a mão.

—Fechado.

Apertei sua mão. A pele era macia, quente, alva.

—Ai!

—Me perdoe.

—Está tudo bem. Tenho quase certeza que foi sem querer e não tem nada quebrado.

—Eu lamento muito.

—Ah, relaxa. Sou mais resistente do que pareço.

—O feitiço já está funcionando?

—Não. Vou precisar de uma gema. Um colar, um anel. E leve em consideração antes de comprar que vai ter que usá-lo pelo resto... pra sempre. Como você não pode sair ao sol sem o feitiço, você pode me dizer a sua gema preferida e eu vou comprar.

—Não fazê-la pagar por uma pedra preciosa.

—Eu disse que ia comprar, não que ia pagar. Ok. Isso soou muito... horrível. Vou á joalheria, bato fotos e ai você fala qual gosta mais.

—Sempre tive um fraco por rubis.

—Faz sentido. Anel ou colar?

—Suponho que um anel chame menos a atenção.

—Devo avisar que anéis masculinos costumam ser meio bregas, mas você pode dizer que é uma herança de família e ninguém questiona isso.

Ela mediu o tamanho do meu dedo anelar e depois disso passei noites escolhendo o tal anel. Quando finalmente escolhi, dei-lhe o dinheiro e ela o comprou.

—Ai ó.

—Agora eu só... ponho no dedo e...

—Não. Ainda não. Agora vem a parte difícil.

—Que seria?

—Vem comigo. O sol já vai nascer.

Ela levou-me para o seu quarto e fechou as portas e as cortinas. Abriu uma fresta e o sol já havia nascido.

—Tudo bem. Se afaste da janela, eu vou abrir uma fresta.

Hope colocou o anel no sol e com um grimório em mãos fez algum tipo de encantamento.

—Só isso?

—Só isso.

—Nada aconteceu.

—Coloca o anel no dedo. Á propósito, a bruxa que colocou o feitiço no anel tem o poder de desfazer. E o anel está diretamente ligado ao nosso acordo, se descumprir... você morre. Queimado vivo. Se você ferir ou matar alguém que eu amo... você queima. Se você mandar alguém ferir ou matar alguém que eu amo... você queima. E se algum dia você pirar... você queima. Estou sendo clara?

—Como um cristal.

—Você é um vampiro, o que significa que a vontade de matar é uma parte de você e eu entendo. Mas, não vou deixar um vampiro maluco á solta por ai.

—Você é muito protetora em se tratando daqueles que ama e com quem se importa.

—Sou.

—Como sabemos que funcionou?

Ela moveu a mão e as cortinas foram escancaradas. Me preparei para a dor, mas...

—Funcionou. Tenha um pouco de fé. Por um tempo o sol vai ferir os seus olhos, mas isso vai ser até você se acostumar com a claridade. Vai ficar bem.

Ela se arrumou e saiu.

P.O.V. Hope.

Cara, eu to tão cansada. E ainda eu tenho que ir para a escola.

Estava no caminho quando eu vejo a luz e ouço a buzina. Então... nada.

P.O.V. Emily.

Me ligaram do hospital para dizer que a minha filha havia sofrido um acidente.

—Daniel, atenda o telefone. Atenda o celular, Daniel.

E ele não atendia. Devia estar em alguma reunião. Fui até o hospital e o médico me disse que tinham colocado ela num coma. Porque, com o impacto Hope sofreu um ferimento na cabeça. Ela tem uma hemorragia cerebral. Sangramento no cérebro.

—Sinto muito, senhora Grayson, mas sua filha não vai viver muito mais.

Nossa como eu chorei. Então, ouvi o meu telefone tocar.

—Alô?

—Emily? Emily está chorando? O que aconteceu?

—Daniel ela sofreu um acidente. Está hospitalizada, em coma. Ela vai morrer Daniel.

—O que? Quem?

—A nossa filha. Um caminhão, ela bateu num caminhão e os médicos disseram que ela tem hemorragia cerebral, sangramento no cérebro.

P.O.V. Drácula.

Ser capaz de caminhar no sol, ver as pessoas, animais, as ruas. Sentir a luz no meu rosto, me aquecendo.

Entrei num estabelecimento e estava passando na TV. Hope havia sido hospitalizada.

Quando cheguei, ouvi a mãe falando no telefone com o pai. Ela estava morrendo. Não vou deixar isso acontecer.

Corri até o quarto onde ela estava, mas a mãe sentiu a minha presença.

—Se afasta da minha filha abominação!

—Posso ajudá-la. Salva-la.

—Á que custo? Transformando-a num monstro como você?

—Não. Eu nunca poderia fazer isso com ela, mas se eu lhe der o meu sangue... os ferimentos por mais graves que sejam vão curar. E ela vai viver.

Vê-la toda cheia daqueles tubos enfiados nas veias, na boca, no nariz.

—Então vá enfrente.

Disse a mulher me estendendo uma agulha com uma seringa.

Tirei o meu sangue e injetei nela. E felizmente depois de algumas horas, ela estava completamente recuperada.

—Vejo que conhece o segredo do talismã. Quem foi a bruxa que te ajudou?

Perguntou a mãe. Mas, não precisei responder.

—Foi ela, não foi? Ela é muito inocente mesmo.

P.O.V. Hope.

Me fizeram um monte de exames, e eu estava bem.

—Qual é a última coisa da qual se lembra?

—A luz. A buzina e então... nada. Só acordar aqui.

—É um milagre você ter sobrevivido e sem nenhuma sequela.

—É. Eu tenho um anjo da guarda forte.

Disse sorrindo. Minha mãe é demais.

Depois da extensa bateria de exames ter acabado o médico me deu alta e pude ir pra casa. Com a orientação de que se eu sentisse qualquer coisa deveria voltar imediatamente.

Depois de já estar do lado de fora. Alexander estava lá e meus pais.

P.O.V. Alexander.

Ela abraçou a mãe.

—Obrigado mãe. Não sei o que você fez, mas obrigado. A médica disse que eu deveria estar morta. Eu estava certa, você é uma fodona.

Hope pensava que sua mãe havia usado sua magia para salvá-la. Mas, no fim não importa. Tudo o que importa é que ela está viva.

—Como você bateu o carro?

—Eu estava com sono. Não tinha dormido naquela noite.

—E porque não?

—Porque eu tinha que esperar o sol nascer para...

—Para fazer o anel dele.

—Basicamente. Eu tinha treinado e bem, não importa.

—É claro que importa! Você quase morreu! Se não dorme passa mal. E eu não salvei você, ele salvou.

—Como?

—Injetei meu sangue em você. Meu sangue te curou.

—O que?! E o que acontece quando eu morrer?

—Não se preocupe. O sangue vai sair do seu organismo em vinte e quatro horas.

—Graças á Deus. E sinto muito por ter sido tão grossa com você. Obrigado por me salvar. Eu só... me sinto tão... raivosa. Porque me sinto raivosa?

—O sangue amplia suas emoções.

—Oh! Bom saber.

Senti quando ela me abraçou.

—Obrigado. Muito obrigado mesmo.

Ela me soltou e perguntou:

—Á quanto tempo eu fiquei... apagada?

—Alguns dias. Só estou feliz de saber que ainda está inteira.

—Eu também.

P.O.V. Hope.

Meus pais me levaram para casa, eu tomei banho. Sequei o meu cabelo e me deitei.

A Serena Van Der Woodsen apareceu, com a Blair Waldorf a tira colo e B, tinha que me cutucar.

—Parece que a sua família é mesmo capaz de fazer milagres.

—É. Somos abençoados.

—Acho que é outra coisa. Como um lobo em pele de cordeiro. Talvez tenha feito um pacto com o diabo.

—Blair!

—O seu nome é Blair e eu que fiz um pacto? Você só está com inveja.

—Estou feliz que está bem. A minha empregada fez isso pra você.

—Obrigado Serena.

—Disponha. Você vai voltar para a escola amanhã?

—Vou. Vejo vocês amanhã.

—Até amanhã.

Abracei a Serena e peguei um fio do cabelo dela. Fiz o mesmo com a Blair e ela me afastou.

—Eca! Porque você faria isso?

—Estar entre a vida e a morte te faz ver as coisas sob uma nova perspectiva.

Depois que elas saíram, eu fiz algo. Algo que eu provavelmente não deveria ter feito, mas eu estava tão pistola da vida com ela.