Revelados

Conto - Fratelli


(Meses atrás)

POV JANE

Caminho tranquilamente entre o corredor vagamente iluminado pela luz do sol que adentra pelas janelas de vidro, lá embaixo Volterra começa a amanhecer e o céu ganha tons azuis e rosa.

Paro enfrente a porta do quarto de Alec e dou uma leve batida, é quando sinto seu cheiro e junto o de outra pessoa. Paro a batida antes do segundo toque, ele está –novamente—acompanhado. Enrugo levemente o rosto suspirando entendida, começo a virar-me para ir embora. Vim para chama-lo pois tínhamos que sair em viagem, mas agora que sei que está com alguém, prefiro esperar bem longe do que ver a cara de mais de uma de suas conquistas. Principalmente Fallen.

Obviamente o mundo não é meu amigo e antes de me virar, a porta é aberta. Uma mulher de olhos intensamente vermelho e cabelos bagunçados me atende. Assim que me ver, um sorriso se abre em seu rosto.

—Jane! Que bom te ver novamente!
Não retribuo o sorriso, permanecendo-me apática.

—É a terceira vez nesse mês que nos vemos. –continua, seu vestido claramente havia acabado de ser vestido pois estava aberto na parte de trás.

—Porque é a terceira vez que vem ver meu irmão. –falo sem muito animo, inclino o rosto olhando para o quarto atrás da mulher –Alec, temos que ir.

Meu irmão aparece logo atrás dela, sua mão apoia na porta aberta e um leve sorriso para mim.

—Olá, irmãzinha! – Vira-se para a moça que o olha sorrindo abertamente –Querida, você precisa ir.

Ela faz um leve biquinho e descasa uma mão em seu peito, claramente sendo sedutora. Juro que tento não revirar os olhos, mas é impossível diante da cena que vejo. Alec segura o riso para minha reação pois me ver pela visão periférica e se concentra na vampira a sua frente, desejo passa em seus olhos para ela.

—Tudo bem. –Chega seu corpo mas perto do meu irmão e ele passa uma mão em sua cintura, ela deposita um leve beijo em sua boca. –Nos vemos depois.

Alec fecha o zíper de suas costas e se afasta com um sorriso que sei que não verdadeiro. Ele já teve o que queria dela, era hora dela ir.

A vampira passa por mim e lança-me outro sorriso, aponto para o corredor com outro sorriso.
—Circulando. –falo.

Dessa vez ela está ainda mais sorridente, talvez acredite que conseguirá, de uma vez por todas, ter Alec como companheiro e voltar para guarda. Quase, eu disse quase, sinto algo parecido com pena.

—Jane, nos vemos depois.
—Eu não contaria com isso.

O sorriso vacila com minha fala e seus olhos vão para Alec, ainda apoiado na porta com o rosto falsamente feliz.

—Claro que nos veremos, querida. –dar uma leve piscada e a vampira volta a sorrir.

Entro no quarto e Alec fecha a porta rapidamente sem se dar ao trabalho de ver se ela continua no corredor.

—-Você não a verá novamente, tão cedo.

Afirmo sorrindo, conhecendo bem os joguinhos dos dois. Meu irmão se vira para mim também rindo.

—Sem dúvidas que não.

O quarto de Alec está banhado pela luz do sol, a grande janela de vidro recebendo o nascer do sol fazendo nossas peles se iluminarem. Olho para o que veste e faço uma careca.

—Vista algo descende.

Ele olha para o próprio corpo, está apenas com uma calça e um manto, seu peito a amostra.

—Jane irmãzinha, acredite quando digo: Esse peitoral atrai muita gente. –sorrir enquanto fala.

—Acho que vou vomitar.

Minha fala o faz sorrir abertamente. Dessa vez não é o sorriso sarcástico que sempre possui, e sim algo real e aberto. O sorriso que apenas é direcionado a mim e a mais ninguém, um sorriso de irmãos.

Desvio da cama extremamente bagunçada e sento-me em um baú antigo na parede oposta. Alec se senta na cama, claramente não preocupado que temos que sair, e pega seu caderno de desenho na mesinha na lateral.

—Para minha sanidade mental, me diga que não estava desenhando aquela mulher.

Ergue o rosto do caderno com um leve vinco entre os olhos.

—Você sabe que não desenho pessoas conhecidas. –Logo após, outro sorriso arteiro toma seu rosto. –Mas pensando bem, acho que vou desenha-la, não faria mal passar mais uma noite com ela. Além do mais, ela morre de vontade que a desenhe, mas pra impressioná-la terá que ser um desenho em nu realístico. Onde está meu lápis?

Antes que procure o lápis e realmente comece a desenhar Fallen nua, levanto-me agarrando o caderno e lançando-o no outro lado do quarto. Alec rir e segura em meu braço, a outra mão sua acaricia minha mão.

Obviamente ele estava falando em desenhar apenas para me irritar.

—Doce Jane, você é muito brava. Fallen é uma mulher legal.

Alec raramente demostra carinho em forma física. Quando acontece, eu gosto. Novamente o sorriso arteiro pinta o rosto bonito.

—E ela sem roupa fica mais legal ainda.

—Não sei quem é pior, você ou o Casabranca do Demetri. –falo e sento-me na mesinha ao seu lado, jamais que me sentaria nessa cama sem antes trocarem os lençóis sabendo o que acabou de acontecer –Sabe o que vocês precisam? É de companheiras fixa. Só assim vou ser livre de ver esse bando de mulheres que eventualmente te visitam.

Minha fala o faz demostrar desgosto, como se esse fosse sua ultima opção. Se é que chegasse a ser uma opção.

—Irmã, você sabe que jamais daria certo. Só procuro esse bando de mulheres porque quero me deitar com elas.

Ergo um ombro.

—Então escolha uma e pronto. Voce e Fallen praticamente já foram parceiros, podiam continuar.
Eu pouco me importo com a vida amorosa do meu irmão. Se um dia ele escolher alguém, não passará de mais um rosto cujo nome conheço que mora nos Volturi. Nada mudaria em minha vida.

—Qual o motivo de ter apenas uma se posso me divertir com várias, ter escolhas diferentes?

Ergo uma sobrancelha sorrindo sarcástica.

—Talvez um dia você se apaixone, irmãzinho.

Alec rir negando com a cabeça, deita-se na cama apoiando a cabeça nos braços atrás de si.
—Obrigado, mas estou devidamente confortável como estou. Não quero me apaixonar.

Sorrio e meus olhos descem para umas folhas arrancadas com desenhos feitos deixadas no chão perto da cama. Acho curioso e as pego para analisar.

—Asas de anjo? -ergo uma sobrancelha e lhe olho -Por acaso tem haver com o que aquele vampiro que matamos falou?

Alec parece levemente desconfortável, mas tenta não transparecer dando de ombros. Irvri, o vampiro que matamos há três dias atrás disse em língua gaélica que o futuro de Alec estava ligado em asas da salvação.

—Por algum motivo aquela droga de fala dele não sai da minha cabeça. -meu irmão diz.

Passo outro desenho distraída e penso:
Sei bem como é isso...

Vejo pela visão periférica Alec enrugar a testa.

—Como assim? – Senta-se melhor na cama me olhando -Ele também falou algo com voce?

Xingo internamente, falei ao invés de pensar.

Antes de Alec ser chamado para ir capturá-lo, quando o vampiro Irvin havia estado no prédio para ser oferecido uma vaga na guarda, ele falou coisas. Primeiro a Aro, ele riu levemente e disse que ˋˋdias difíceis viriam carregando perdas.ˋˋ

E quando já estava de saída, tocou em meu braço. Não gosto de ser tocada e já iria lhe fazer pagar, mas ele me olhou, tão fundo que tudo o que vi foi um mar vermelho:

—O passado, Johanne, ele sempre volta, mesmo que em forma de um recomeço.

Foi o que disse antes de virar. Acredito que fiquei sem reação pois ele me chamou pelo nome, o real, de nascimento. O que me faz questionar como ele sabia. Foi apenas isso, certeza. Em nada tem haver o fato de que sua palavras, mesmo confusas, me trouxeram uma sensação estranha de inevitável. Muito menos tem haver com a palavra que sussurrou enquanto eu via suas costas se distanciarem:

Ayün.

E desde então essa estranha palavra me trouxe o som distante e distorcido de uma memória: O sorriso doce de uma suave risada masculina.
Balanço a cabeça retornando ao agora no quarto de Alec, e me ponho de pé.

—Ande, vamos logo, Alec. – falo -Precisamos ir agora pois amanha já vamos voltar.

Meu irmão me olha por mais um momento estreitando os olhos, depois se põe de pé vestindo uma blusa preta de manga comprida.

—Tudo bem, irmãzinha. -depois caminhamos pelo corredor indo em direção a saída – David não irá conosco, foi em alguma missão que envolve os Cullens.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.