Retorno ao Oceano

Time to say Goodbye


Lucia estava passeando pela areia da praia indo levar um almoço para Kaito. Ela agora era mais alta, tinha um corpo mais definido e deixou seus cabelos crescerem mais. Seu sorriso enquanto cantarolava até o local onde Kaito surfava era o mesmo de sempre, porem sua música foi interrompida.

No mar, Momo veio chama-la e lhe entregou uma carta de seu reino no Pacifico Norte. Lucia reparou que o golfinho parecia um pouco triste, mas não teve tempo de lhe perguntar o porquê. Ele saltou mar a dentro e desapareceu. Sem entender, Luca abriu a carta não pode conter sua tristeza ao entender seu significado.

“Para nossa princesa sereia, Lucia-sama.

Estamos nos preparando para recebe-la de volta no palácio. Em breve acontecera o festival que irá celebrar o nascimento da Aqua Regina-sama e contamos com que você esteja presente para festividade.

Enquanto preparamos o festival aguardamos seu retorno com ansiedade.”

Sempre as princesas sereias respeitavam o nome da deusa dos oceanos, porém não tinham o costume de celebrar o festival de seu nascimento. Neste festival as sete princesas deveriam unir seus corações e chamar pela deusa para que ela abençoasse seus futuros com paz e amor. O evento unia os brilhos das sete perolas e dos setes oceanos em uma onda de luz branca e isso chamava muito a atenção dos seres humanos! Assim a festividade parou de ser celebrada.

Mas as princesas sereias que estavam em terra precisavam voltar para o mar! Já fazia muito tempo que não voltavam permanentemente e corriam o sério risco de virarem bolhas caso seus companheiros descobrissem suas identidades. O único jeito de faze-las voltar ao oceano e unir seus sentimentos com as outras era com a celebração pelo nascimento da deusa e assim seria feito.

Kaito estava procurando por Lucia – ele agora era mais alto e deixou seus cabelos um pouco mais curtos. Já estava atrasada para trazer seu almoço e isso não era comum. Assim que Kaito a encontrou chorando na praia, ele largou sua prancha e correu até ela.

— Lucia! O que foi? Lucia! – ela não parava de chorar. Parecia até que estava em desespero! Ele viu que o almoço estava jogado na areia e ela apertava, tremendo, a mão com o anel que ele lhe deu. O que poderia ter acontecido?

— Kaito! – ela o abraçou e ele pode notar uma carta caída ao seu lado. Aquela carta tinha o símbolo do reino dela!

“Uma carta que a fez chorar desta forma!? Não pode ser! Chegou a hora dela...” – Kaito impediu que seus pensamentos se concluíssem. Perder Lucia não era uma alternativa e agora seu coração estava em pedaços.

Abraçados, agora os dois tremiam e derramavam lágrimas juntos. Kaito sabia o que aquela carta e aquela reação de Lucia só podiam significar isso!

Hanon estava tomando sorvete com Nagisa – os dois andaram de bicicleta até uma nova sorveteria e ali estavam aproveitando a paisagem, já que a sorveteria ficava perto de uma trilha que dava no mar. Ela agora tinha uma aparência mais delicada e preservava um enfeite de cabelo de estrelas que ganhou de Nagisa e ele deixou seu cabelo crescer mais e adquiriu uma expressão mais madura com os anos.

No céu um grupo de gaivotas passou e isso chamou a atenção de Hanon – entendendo o que elas diziam, ela prestou mais atenção aos sons a sua volta e percebeu que um mensageiro do Atlântico Sul a aguardava na praia.

— Hanon! – Nagisa a cutucou novamente. Já tentava chamar sua atenção a cinco minutos sem que ela reagisse.

— Ah! – ela tomou um susto e se levantou rapidamente – Eu vou no banheiro. – ela simplesmente saiu correndo e levou o sorvete junto. Nagisa não entendeu nada e ficou imaginado qual a razão da correria.

Nagisa podia não saber muito sobre mulheres e nem ser o melhor cara para dar conselhos, mas sabia que uma garota não levaria quase uma hora dentro do banheiro e também não levaria um sorvete junto. Ele se levantou, jogou o papel do sorvete fora e foi procurar Hanon. O dono da sorveteria a viu descer para praia e foi exatamente para lá que ele seguiu.

Na praia ela estava estática e sem reação, parecia apertar com força um papel de carta azul e seu sorvete estava espalhado na areia. Um polvo das redondezas de seu castelo havia vindo lhe entregar uma carta similar a que Momo entregou a Lucia. O suficiente para desmoronar o equilíbrio de seus sentimentos.

Tendo começado um pouco mal ou não, seu amor atual era Nagisa e ela cultivou com carinho o sentimento de amor que tinha por ele através dos anos. Não queria ter que deixa-lo, mas sabia que deveria. Já era hora de ir para o oceano, mas seu coração dizia outra coisa.

Aos olhos de Nagisa nada parecia que poderia ser feito. Ele não sabia o motivo, mas, ao vê-lo em sua frente, Hanon cobriu seu rosto e começou a chorar de tristeza. A única coisa que passou pela cabeça dele na hora foi abraça-la. Não sabia mais o que fazer e nunca a viu naquele estado; ele ficaria ali o tempo que fosse necessário até ela se acalmar.

Rina havia acabado de assistir uma partida de box de Masahiro e os dois estavam em seu local secreto na colina assistindo ao por do sol. Ele havia mostrado a Rina que deveria viver o presente com todas suas forças, cada segundo com ele era seu tesouro e seu coração mudou aos poucos.

O casal chamava muito a atenção! Rina aparenta uma dama refinada, forte e orgulhosa, com um corpo delicado e olhos expressivos. Masahiro era alto, musculoso, sério e tinha olhos tão expressivos quanto os dela. Os dois combinavam muito bem entre si.

Aconchegados juntos, Masahiro chamou sua atenção para uma baleia que passava pela água. Rina conhecia aquela baleia! Era Mike e ele estava lhe avisando que tinha uma mensagem importante para ela do reino do Atlântico Norte.

— Venha! Vamos acompanha-la. – Rina se soltou do abraço de Masahiro e correu até onde Mike estava indo. Não conseguiu pensar em desculpa melhor que aquela para seguir o amigo e pegar sua mensagem.

— Ei! Rina, me espera! – Masahiro não entendeu o motivo da brincadeira, mas decidiu segui-la. Rina era extremamente rápida e, por mais que ele fosse a pessoa que treina todo dia e faz um esporte, ela ainda o superava em velocidade.

Rina pegou a carta de Mike o mais rápido possível e a baleia se foi antes de ser avistada por mais alguém. Ela abriu para ler e não reparou que Masahiro já a estava alcançando.

— Rina você é realmente rápida! – ele deu uma risada – Cadê a baleia? – ele tentava falar com ela, mas ela não parecia prestar atenção – Rina...? – ele reparou que ela começou a tremer.

— Porque? – ela começou a tremer ainda mais e lentamente se encolhia até chegar ao chão – Não... Não! – ela começou a gritar e Masahiro correu para abraça-la.

— Rina, o que foi? Rina!! – ele conseguiu que ela erguesse o rosto, mas tudo que viu foram seus olhos e lágrimas de agonia.

Ela o abraçou na tentativa de se acalmar, mas não foi muito efetivo. O calor do toque da pessoa que ela amava de verdade e queria compartilha seus momentos, mas não poderia, lhe fez chorar ainda mais.

Durante a noite, no hotel as amigas conversaram sobre o assunto com Nikora, Taki e Hippo. Realmente não havia o que fazer. Era hora de deixarem a superfície. Era hora de dizer adeus.