\"\"


–Mais alguma? – perguntei, enquanto abocanhava meu algodão-doce.


Depois de um tempo conversando, Jon me convidou para dar uma volta pela cidade. E, claro, ele ainda estava me fazendo perguntas. E, incrivelmente, ele insistia em assuntos que estivessem relacionados a música. “Você conhece tal música?” “Já ouviu falar desse cantor?” “E MPB, você sabe o que é?” É, pelo visto ele era realmente ligado neste assunto...


–Acho que não... Já soube o suficiente sobre você. – ele disse, colocando as mãos nos bolsos.


–Que ótimo. Já estava ficando sem respostas. – sorri.


Estávamos agora andando por um shopping qualquer da cidade. Não, eu não me dei ao trabalho de saber o nome. Só me importei em correr para a fila do algodão-doce assim que chegamos. Realmente adorava aquilo. Sem contar que Jon riu de mim ao fazer isso. Fazer oquê, serei sempre uma criança. Uma criança mais madura... que teve de crescer mais cedo... e mais rápido... Mas uma criança...


–Então, o que vamos fazer agora? – perguntei.


–Acho melhor você terminar isso logo, para podermos entrar em alguma loja. – ele apontou para meu algodão-doce. – Esta toda suja!


–Ah, qual é! Eu adoro isso, tal como você adora música.


–É, mas ela não me suja tanto. – ele disse, segurando o riso. – Vem cá.


Ele me pegou pelos ombros (opa!), virou-me para ele (opa!!) e passou a ponta dos dedos por minha bochecha (opaa!). Corei violentamente, enquanto o palhaço achava graça.


–Eh... Eh... Acho que vou terminar isso.... – falei,atordoada.


–Claro.


Terminei o maldito rapidamente e logo fui jogar o palito fora. Quando voltei-me para Jon, ele estava conversando com uma garota. Como se chama isso? “Que tal CÍUMES!” Repreendi meus pensamentos, odiando o rumo que eles estavam tomando. Virei-me para uma vitrine qualquer, ignorando-os. Mas logo senti uma movimentação estranha em minha bolsa. Meu celular. Pesquei-o de dentro dela e percebi que se tratava de uma mensagem. Abri-a e rapidamente a li.


“Sempre deixada de lado, não?”


Estranhei, ainda mais quando vi que tratava-se de um número desconhecido. Olhei ao redor para ver se reconhecia alguém, mas não. Ninguém. Exceto o moreno que se aproximava de mim.


–O que foi? – ele perguntou.


–Nada, me interessei pelas... joias. – disse, apontando para a vitrine. – Quem era?


–A garota? Uma amiga da escola... Espera. Você não foi lá por causa dela? – ele sorriu.


–Claro... que não.


–Sei... – ele cruzou os braços. – Bom, mas de qual você gostou?


–O que?


–As joias, Mel. As joias...


–Ah... – voltei-me para a vitrine. – Ah... Das pulseiras...


–Qual?


Fitei a vitrine, a procura de algo bonito. O que era um pouco difícil para mim, já que eu não ligava pra isso. Nunca tive dinheiro para comprar joias mesmo. Mas, confesso que uma pulseira em específico chamou minha atenção... Era prata, com vários pingentes, a maioria se referindo a países.


–Hum... Aquela. – apontei para a mesma.


Jon seguiu meu olhar e sorriu ao ver a pulseira.


–Típico... – ele disse, enquanto entrava na loja.


–Oquê? Ei! – chamei-o, enquanto entrava naquele ambiente extremamente chique também.


–Com licença, - ele falou para uma loira atrás do balcão. – eu gostaria de levar aquela – ele apontou para a maldita pulseira. – pulseira.


–O quê?! – perguntei a ele. E o desgraçado só me ignorou.


–Oh, claro. É para presente? – ela perguntou, surpresa. Eu tinha até medo de saber o preço daquela coisa.


–Claro.


A moça e ele se dirigiram até um outro balcão, deixando-me parada e perplexa. Não demorou muito e um Jon sorridente se aproximou de mim, com uma pequeno embrulho em mãos. Cruzei os braços, virei-me e sai da loja.


–Ei! – ele me chamou, saindo comigo.


Parei bruscamente e me virei para ele.


–Porque fez isso? – perguntei.


–Porque você disse que gostou da pulseira.


–Mas não era pra você comprar!


–Se você quiser, eu troco...


–Não! Não era pra você pagar... Alias, quanto foi?


–Não se fala o preço de um presente, Melanie. E, vamos, eu sei que você gostou. Considere como um presente... dedesculpas pelo sábado passado.


–Você já me deu um. Comprou novas coisas para o meu apartamento!


–Não, isso eu tinha obrigação de comprar. Afinal, foram os meus convidados que quebraram.


Nisso eu tinha de admitir que ele tinha razão. Por mais absurdo que fosse...


–Vamos. Tome. – ele me esticou o pacote.


Bufei e puxei o pacote. Retirei a pulseira do pacote e um sorriso escapou de meus lábios.


–Gostou? – ele perguntou.


–Sim, Sr. Money. – falei, dando um sorriso debochado. – Põe pra mim?


Estiquei meu braço e ele logo a colocou. Observei-a melhor, reparando em cada pingente. A Torre Eiffel. Uma pirâmide do Egito. Uma daquelas cabines telefônicas de Londres... Alias, eu sempre me interessei pela Inglaterra. Parece realmente fascinante. Segurei o pingente e analisei-o melhor.


–Gosta de Londres? – Jon, me perguntou, tirando-me de meus devaneios.


–Depende.... Se eu dizer que sim, você vai correr e comprar uma passagem para mim?- perguntei.


–Não. – ele riu. – Só curiosidade...


–Então, sim. Sempre me interessei pela Inglaterra... Parece fascinante!


–Nem tanto... As vezes, é assustador.


–Já esteve lá? – perguntei, surpresa.


–Já. Mas não gosto de lembrar... Fui pra lá em uma época ruim da minha vida...


–Hum...


Tal como eu, Jon também não parecia querer falar sobre o assunto “passado”. Então procurei mudar de assunto.


–Bom... aonde vamos agora?


–Bem, quer ver um filme, voltar pra casa ou continuar andando por ai? – ele me perguntou.


–Acho que... cinema seria uma boa.


–Tudo bem então. Vamos comprar os ingressos?


–Claro... – falei,sentindo meu celular vibrar novamente. – Só um minuto.


–Vou indo pra fila. – ele disse se distanciando enquanto eu procurava meu celular.


–Ah, que droga! – falei, apoiando a bolsa em uma mesa próxima para poder procurar melhor.


Tirei minha carteira. Nada. Tirei meu livro. Nada. Reparei num garoto encapuzado que me encarava. Nada. “Não, espera.” Ergui a cabeça e procurei o garoto novamente. Não o achei.


–Mas... – comecei, até finalmente sentir meu celular.


Puxei-o da minha bolsa e li a mensagem.


“Até um príncipe aparecer...”


Ok, agora eu tinha certeza, Eu sabia quem era aquele garoto. Só não sabia como ele havia me achado...