Demorei cerca de dois minutos para dizer algo a Jake; durante esse tempo podia ver tudo o que iria acontecer de ruim, tinha certeza de que agora o nosso plano estava arruinado.

—Jake, não conte para ninguém, por favor.-Foi a primeira coisa que eu disse.

Andei para mais próximo a ele,pronta para argumentar.

—Não vou contar.

Parei de andar na mesma hora.Eu o olhei surpresa.

—Sério?

Ele afirmou com a cabeça.

Sorri e o abracei.

—Obrigada.-Fiquei repetindo.

—Mas você precisa me prometer que não vai lutar quando chegar aqui.-Ele disse.

—Eu prometo.

—E vai me ligar todos os dias.

—Tudo Bem, Papai.

Ele sorriu.

—É sério.

—Jake, eu entendo que esteja preocupado, mas dependendo do que formos conversar, você não vai poder estar aqui.-Falei.

—E você acha que eu vou ficar aqui, nessa casa cheia de sanguessugas sem você?É claro que não!Eu vou pra casa.

Eu ri.

—Ok. Mas não esqueça de treinar, ninguém garante que vamos chegar a tempo.

—Sim, senhora.

—Mas por que você aceitou assim, tão facilmente?

—Eu falei pra você que eu não queria você aqui, por causa de Maria, e você vai sair daqui, então...

—Mas e se eu chegar no dia?

—Você não luta.

—Mas Maria pode me procurar.

—Acho que Alice sabe disso.E que pode dar um jeito.

—Desde quando você confia tanto na Alice?

—Desde quando ela me contou o plano quando voltou da cabana.

Eu dei um tapa no seu ombro.

—Eu estava achando que você tinha nos seguido!

—Eu ia fazer isso, mas suas amigas são Vampiras-tirando a Carlie -elas iriam perceber que eu estava lá.

—Bem pensado.Mas por que ela te contou o plano?

—De acordo com ela, você iria acabar me contando.

Fiz uma careta.

—Odeio quando as pessoas me conhecem, bem demais.

Ele riu.

—Nessie!O café da Manhã!-Era minha mãe gritando.

Suspirei.

—Chegaram tão cedo...-Sussurrei para Jake.

—Vamos, estou com fome.-Ele me encorajou.

—Você.

Ele segurou minha mão e me puxou para fora do quarto, em direção a cozinha.

—Cadê todo mundo?-Perguntei quando vi que só meus pais tinham chegado.

—Nós não fomos caçar.-Minha mãe disse.

—Fomos em Seattle.-Meu pai completou.

—Fazer o que lá?-Perguntei.

—Fomos na escola, falar com a diretora.

Eu sorri.

—Vou voltar a estudar?

—Vai.Mas só ano que vem, no início do trimestre.

Graças a Deus, estava começando a achar que não voltaria a estudar tão cedo e consequentemente não me casar com Jake tão cedo.

—E quando terminar vocês podem se casar.-Minha mãe falou e piscou pra mim.

Eu me levantei e os abracei.

—Mas a diretora que conversar com você.

—Quando?

—Ela falou para você marcar um horário.

—Pode ser hoje?Eu não tenho o que fazer e...

—Vou ligar para ela e nós voltamos lá, ok?

Assenti, abrindo o maior sorriso.

Admito que não é fantástico estar na escola,mas dada as circunstâncias...

Minha mãe saiu da cozinha com o telefone nas mãos.

—O que será que ela quer falar comigo?-Falei me sentando ao lado de Jake.

—Você vai descobrir quando for até lá.-Ele me respondeu e começou a comer.

Meu pai empurrou meu prato até mim.

—Ainda tem que comer.-Ele falou assim que levantei os olhos o encarando.

Rolei os olhos.

—Eu sei.

Ele sorriu e então saiu da cozinha.

Eu e Jake ficamos em silêncio por um tempo, até que quebrei o silêncio.

—Dois longos anos, até nos casarmos...

—Eu consigo esperar, aliás eu esperei toda a minha vida por você...-Ele falou e então me olhou.

Dei um sorriso de lado um pouco envergonhada.

—Eu te amo.

—Eu te amo.

Ele se aproximou e me beijou.

—Sem querer atrapalhar...-Ouvi a voz da minha mãe.

Abaixei meu rosto e mordi o lábio.

—Mas atrapalhando.-Jake reclamou.

—Desculpa, foi a Nessie que disse queria falar com a diretora hoje.-Ela se defendeu.

—Eu vou ali e volto.-Falei me levantando.

—É rápido Jake.-Minha mãe disse.

—Pra mim uma eternidade.-Ele falou.

Sorri e lhe dei um beijo rápido.

—Tchau.Eu te amo!

—Eu também te amo!-Ele falou enquanto eu corria para fora de casa.

—Vocês são muio melosos, meu Deus!-Minha mãe falou entrando no carro.-Coloca o sinto.

—Sim, senhora e eu duvido que você e papai não eram assim.

—Eu era humana.

—Mas vocês não se desgrudavam, tenho certeza.

—Claro que não.

—Ta, vou perguntar pra família depois.

Ela me encarou com os olhos arregalados.

—Não precisa pedir que falem de meu relacionamento com seu pai, vai por mim, metade do que você vai ouvir, vai ser mentira.

—Aham.-Falei desconfiada.

Ela acelerou o carro e fingiu que não me ouviu.

...

Entrei na sala da diretora e vi ela e nada mais, nada menos, que Katherine sentada na mesa em frente a ela.

—Senhorita Linton!-A diretora se levantou de sua mesa e apontou para a cadeira ao lado de Katherine, que incrivelmente, não tinha falado nada até agora.-Por favor sente-se.

Eu até tinha esquecido que o sobrenome que me conheciam eram Linton.

Eu me sentei e olhei para Katherine, ela também estava olhando para mim, eu dei um sorriso de lado e ela fez o mesmo. Sim!Ela retribuiu o meu sorriso simpático!

—Acho que as duas devem estar se perguntando, o que estão fazendo aqui.-A diretora começou a falar.

—Na verdade eu já sei.-Katherine falou pela primeira vez.

—Mais ou menos, como Renesmee...Posso te chamar assim?

—Claro.

—Como Renesmee voltará apenas em Setembro para a escola e Katherine não estará mais aqui, eu gostaria de que vocês fizessem as pazes.

—O que?-Nós duas perguntamos.

Eu estava confusa, por que a diretora estava fazendo isso?Aliás ela não era obrigada a fazer isso, Katherine me odiava e isso não tinha nada a ver com a ela.

—Katherine peça desculpas para a Renesmee.-Ela falou.

Katherine suspirou e então virou-se para mim.

—Desculpa, por fazer sua vida um inferno e ter roubado seu namorado.

—Você não roubou meu namorado.

—Você que pensa.-Ela sorriu.

—Ele nunca gostou de você.

—Ele te contou isso?

—Achei que você tinha se arrependido.-Falei.

Ele voltou a ficar séria.

—Sinto muito.

—E Carlie?

—Impossível ela me perdoar por tudo o que fiz por ela.-Katherine começou a rir.

—Você pode pedir desculpas a ela.

—Tipo, como?

—Tipo, dizendo a verdade para o irmão adotivo dela.

—Ela fugiu de casa.

—Isso não significa que ela parou de falar com o irmão dela.

—Você me perdoa ou não?

—Perdoo, espero que você perceba oque fez foi realmente errado.

—Eu já reconheço isso.

—Acho que não.

—Garotas.-A Diretora repreendeu.

—Posso ir?-Katherine perguntou.

—Pode, não se esqueça do que tem que fazer.

—Não vou.-Katherine se levantou, pegou sua bolsa e saiu da sala.

—Não precisava fazer isso.-Falei.

—Você é uma boa pessoa Renesmee.-Ela disse.-Mas minha filha já passou dos limites.

—Espera, o que?

—Não sabia?Katherine é minha filha.

Agora tudo fazia mais sentido, as coisas estranhas que aconteciam na escola, o porque dela ser daquele jeito, tudo o que aconteceu nos últimos anos.

—Acho que mimei ela demais.-A diretora falou.

Eu estava encarando a diretora, ainda formulando o que eu tinha acabado de ouvir.

Ela riu.

—Desculpa, mas vocês não se parecem nem um pouquinho.

—Ela parece com o pai, mas ela nunca o conheceu, acho que é um dos motivos dela agir desse jeito.

—Era só isso?-Perguntei.

—Diga ao senhor Phillips para não desistir da escola.

—Vou dizer.

—Aliás, soube que está noiva dele.

—Pois é.

—Tem certeza que é o certo a se fazer?

—Tenho.Mas só vou me casar quando me formar.

—Então Parabéns a vocês.

—Obrigada.

—Desculpe pelo o que minha filha fez a vocês esses anos é... vergonhoso.

—Está tudo bem, as pessoas as vezes erram, e sei que ela vai perceber isso.

Ela sorriu.

—Te espero no próximo ano.

Eu me levantei.

—Prometo que vou me comportar.

Então saí da escola.Liguei para minha mãe e ela veio me buscar rápido.

—Aqui em Seattle tem algumas lojas de vestidos de casamento, quer dar uma olhada?-Ela perguntou quando sentei ao seu lado.

—Tenho 2 anos para escolher um vestido, acho que você devia perguntar isso a Carlie.

—Falando nela, ela me ligou perguntando onde você estava, ela está bem estressada.

—Também, ela quer organizar um casamento em um mês.

—Eu organizei um casamento em um mês.-Ela me lembrou.

—Não.Alice organizou, aliás Carlie tem muita ajuda, mas sabe como é ela.

—Duvido que ela venha em Seattle procurar um vestido.

—Para onde ela iria?-Perguntei.

—Nessie. Ela está com Alice e Heidi.

—É verdade, espero que não seja muito longe.-Fiz careta.

—Vai se preparando.-Ela deu um tapinha nas minhas costas.

—Mal posso esperar que esse mês passe logo.

—Mas daqui a um mês você e as meninas vão viajar, não quero que isso aconteça.-Minha mãe lembrou, e sim eu tinha me esquecido.

Olhei para minhas mãos.

—Estou com medo mãe.-Falei e encostei minha cabeça na janela do carro.

—Tudo vai dar certo.Como sempre deu.-Ela sorriu para mim.

Ela não sabia o que Alice tinha me contado, então é claro que, para ela tudo daria certo, se algo acontecesse de ruim, acho que eu nunca deixaria de me culpar; senti uma dor no peito e percebi que um mês era menor do que imaginava, eram exatamente 31 dias de correria, 31 dias com meus pais e talvez meus últimos 31 dias com Jake.