Renascer.

Capítulo Único.


Coisas ruins acontecem todos os dias.

Nós sabemos disso. Todos nós sabemos disso. Ainda que se tente esquecer, as diversas reportagens, estampadas pelas grandes mídias, que ressaltam o sofrimento diário de milhões de pessoas nos fazem reafirmar a frase. Coisas ruins acontecem todos os dias.

Coisas ruins não são só guerras. Estas estão além do que se pode tomar como ruim. São horríveis, absurdas. Coisas ruins acontecem de formas tão variadas que, em algum momento, nós as tomamos como realidades distantes. Em algum momento nós nos agarramos ao positivismo e nos asseguramos de que coisas ruins acontecem todos os dias, mas elas não irão acontecer conosco. Por que aconteceriam?

Vivemos uma vida calma. Estamos distantes dos horrendos conflitos. Acordamos para trabalhar e voltamos para casa após um dia cansativo. Sorrimos e nos alegramos com coisas pequenas. Coisas ruins não tem espaço em uma realidade pacata. Coisas ruins só acontecem em lugares distantes. Nós lidamos com a realidade todos os dias, mas, nós mesmos, tornamos essa realidade algo improvável. O otimismo sobrepõe o pessimismo. Sabemos, mas esperamos, e realmente acreditamos, na distância entre nós e o que pode vir a ser. Não conosco.

É fácil esquecer as dores e o esperar de algo ruim quando tudo o que se vê é belo. Eu sei disso e reafirmo o que foi dito anteriormente: o otimismo sobrepõe o pessimismo. Olhando de uma forma ampla, isso não é totalmente ruim. É belo aproveitar os bons momentos da vida, esperar o sim e esquecer a possibilidade do não. A beleza ganha nossos olhos e nós os fechamos para o horror. Isso não é um erro, só é humano. A beleza seduz.

A beleza me seduzia naquele momento. Há tempos eu já havia sido levada por ela e eu não me arrependia pelo mergulho dado. Um mergulho em profundos olhos verdes que, agora, mantinham-se fechados. A serenidade era tamanha que somente o leve som da respiração de Emma trazia-me a certeza de que ela ainda estava ali. Eu a olho e a fuga da realidade me parece cada vez mais convidativa. Emma é como dias frios de céu cinza. Ainda que os dias de sol sejam para a maioria das pessoas os mais belos, os dias de céu cinza sempre foram os meus prediletos. São dias de aconchego, dias de cafés quentes e livros. Dias de sentir a brisa fria no rosto e encontrar felicidade no toque gélido que lhe ganha à pele. Emma é os meus dias de céu cinza.

Torna-se quase difícil fechar os olhos diante de uma imagem que és digna de contemplação, mas eu os fecho. Os fecho, pois, após anos, não é difícil reproduzir com fiel perfeição a sua face em meus pensamentos, como se os meus olhos gravassem cada detalhe de sua pele, das suas manias e até mesmo a forma como move os lábios para tornar deles um sorriso. Emma está gravada em mim, tal como as estrelas estão gravadas no céu. Eu sorrio ao pensar nisso.

Recordo-me dos primeiros dias. Os dias em que minha impaciência contrastava com sua confiança. Os dias em que Emma se tornou o principal símbolo da minha irritação. O meu sorriso se abre ainda mais. Emma trouxe uma curiosa movimentação aos meus dias. Ao meu ser. Logo eu, que sempre pensei-me tão concreta, descobri que poderia desintegrar-me em milhões de pedaços ao simples encarar de seus olhos. Emma desintegrava-me.

Ela me encarava agora, eu sabia. Há muito não preciso ver para saber quando seus olhos analisam-me. Ela faz isso agora. Não demora até que os toques dos seus lábios marquem-me a pele. Eu abro os olhos e ela está ali. Sustentando aquele sorriso que ganhara muito mais do que os meus pensamentos. Ele ganhara o meu coração.

— Bom dia... — as palavras são ditas em um som abafado, enquanto seus beijos ainda ganham meu rosto, até que caminham à minha boca. — Há quanto tempo está acordada? — ela se apoia em seus braços para encarar-me. É a minha vez de sorrir.

— Não mais que alguns minutos. — coloco alguns rebeldes fios do cabelo loiro para trás de sua orelha. O olhar sonolento dava-lhe uma feição de inocência que já lhe era característica.

Emma se levanta e estende-me a mão. Um convite que era-me feito todos os dias ao longo dos anos em que estamos juntas. Eu aceito. Olhando para ela, é fácil compreender a forma como abraçamos as coisas boas. É fácil, fácil demais, enxergar o lado bom das coisas quando esse lado bom, por sua vez, possui olhos de um verde peculiar. O meu lado bom possuía os melhores beijos que já me foram dados. Possuía o toque mais delicado que meu corpo já reconheceu. O sorriso mais belo. Eu desejava amá-la todos os dias. Amá-la perdidamente. Eu desejava os dias cinzas, até mesmo quando um belo sol pintasse o céu azul.

— Almoçamos juntas hoje? — a voz de Emma despertou-me dos devaneios, enquanto suas mãos deslizavam por minha pele, ensaboando-a.

— Acho que não, querida. Robin pediu para se encontrar comigo, vamos discutir a respeito das novas turmas na instituição. — Emma torceu o rosto e eu sorri, sabendo o que viria a seguir.

— Robin não é aquele cara que dá em cima de você? — ela franziu as sobrancelhas, um gesto forçado demais para que sua reação fosse verdadeira.

— Ele mesmo. — assenti e ela abriu a boca em falso choque.

— E eu devo me preocupar com isso, senhora Mills? — Emma levou a mão até o peito.

— Claro que não, querida. Eu já disse... — aproximei-me até que os meus lábios ficassem na altura de seu ouvido. — O meu coração é seu. Só seu. Para todo o sempre, lembra? — eu acarei seus olhos e pude vê-los brilhar.

— É claro que eu me lembro! — Emma beijou-me os lábios. A água que lhe molhava o corpo misturou-se ao meu, segundos antes dela me puxar para baixo do chuveiro.

***

Tal como todos os dias, eu entrei no carro ao lado de Emma e rumamos em direção a Universidade em que ambas trabalhávamos. A música baixa embalava a vista da cidade, que acordava aos poucos e recebia a manhã. Observei as árvores, que possuíam suas folhas balançadas a cada leve brisa que as tocava. Vire-me para Emma. Ela dirigia, concentrada no trânsito a sua frente. Tamborilava os dedos contra o volante, uma mania que possuía há anos e que sempre me fazia sorrir.

— Sabe o que eu estava pensando? — ela desviou os olhos por poucos segundos, um sinal de que eu deveria continuar. — Nós deveríamos comprar uma casa nova.

— Uma casa nova? Por que? — ela parou em um sinal e encarou-me.

— Você sabe, uma casa maior, com mais espaço para a criança. — os olhos de Emma brilharam e ela sorriu. Ah, aquele sorriso.

— Então vamos comprar uma nova casa. — o sinal abriu novamente e ela voltou a dirigir.

Observei o caminho já tão conhecido por mim. O silêncio mantido entre nós era-me tão confortável como qualquer outro diálogo. Sua mão se juntou a minha, ambas apoiadas sobre minha coxa. Acariciei sua palma com o indicador, desenhando círculos imaginários ali.

O dia transcorreu calmo, embora eu desejasse o seu final, para que Emma me encontrasse e ambas fossemos para casa. Tantas coisas ainda precisavam ser decididas. Olhei o calendário. Amanhã é dia quinze. Há cinco anos, eu estava absurdamente nervosa. Contando as horas para o meu casamento com Emma. Nós nos conhecemos ali, naquela universidade, quando eu ainda era uma das professoras e Emma chegou.

Nós conhecemos na sala dos professores, com Emma discordando sobre minha metodologia de ensino em uma das reuniões. Emma me irritou desde o primeiro instante. Eu mal podia vê-la. Uma raiva absurda tomava-me o corpo, eu precisava me controlar para não dizer à ela coisas nada agradáveis. Emma me levava ao ápice da irritação. Demorou até que eu percebesse a transmutação da raiva. As vezes, somente as vezes, eu me questiono se o que senti, em algum momento, foi realmente raiva. Ou se me apaixonei por Emma desde o primeiro segundo e, por não aceitar tal realidade, tenha visto o sentimento de forma negativa. Afinal, como eu poderia me apaixonar por aquela loira insistente? Quem era ela para me questionar? Emma era a única com coragem o bastante para tal. Talvez tenha nascido ai certa admiração. Swan é a pessoa mais confiante que conheço. Hoje, isso me faz sorrir.

Aguardei Emma sair de sua última aula. O céu já estava escuro e as estrelas manchavam a pintura negra da noite. Não tardou para que os braços de Emma circundassem-me à cintura e seus lábios tocassem meu pescoço.

— Vamos? — virei-me para ela, beijando-lhe a boca.

— Vamos. — ela segurou minha mão e andamos em direção ao carro.

Emma não ligou o rádio e isso me cansou certo estranhamento. Tínhamos uma rotina que sempre era seguida. Não ligar o rádio representava uma estranha alteração no que me parecia já tão certo. Ainda assim, eu aguardei. Os dedos de Emma não tamborilavam contra o volante, ela estava inquieta. Ela estava inquieta e tentava esconder de mim o motivo para tal.

— Você vai me contar o que está escondendo? — ela olhou para o lado em um gesto rápido. Eu vi um sorriso brincar em seus lábios, mas Emma manteve a expressão séria. Ela deveria saber que eu perceberia. Emma é transparente demais.

— Você deveria saber esperar, Regina. — ela tencionou a ligar o rádio, eu bati em sua mão. — Ai! Isso é agressão!

— Emma, me fale logo! — cruzei os braços e ela me encarou, olhando-me de cima em baixo antes de fechar os lábios em uma linha fina. — Emma! — retirei o cinto e me virei para ela. — Fala.

— Regina, você é o ser humano mais insistente que eu conheço, sabia? — ela mantinha seus olhos presos à frente. — Eu realmente espero que a criança seja mais parecida comigo, porque eu consegui marcar uma consulta com a doutora Montgomery para amanhã e podemos iniciar o tratamento para a sua inseminação. — as palavras saíram rápidas. Emma estava nervosa, eu sabia que ela estava nervosa.

Eu mal podia acreditar no que foi dito. A minha boca se abriu, para logo em seguida se fechar, sem que nenhum som fosse emitido. Eu ergui o indicador e o abaixei. A inseminação seria feita. Após anos de planejamentos, nós estávamos dando aquele passo. Aquele passo que seria tão importante para mim e para Emma. Nós teríamos um filho.

— Oh meu Deus! Emma! — as lágrimas mancharam-me o rosto e Emma se virou para me olhar. Um misto de preocupação e felicidade tomavam-lhe a face.

— Você não pode chorar, Regina! Me dê um sorriso! — ela beijou-me os lábios e eu sorri, ainda que as insistentes lágrimas insistissem em sair. — Nós vamos ter um filho... Ou uma filha. Se for uma filha, eu espero que ela tenha os seus olhos. Eles são tão profundos, você sabe como eu amo os seus olhos. Eu também espero que ela tenha a sua boca, porque eu amo a sua boca. — ela se aproximou mais uma vez, tocando-me os lábios. — Eu amo você.

— Ah Emma... — eu toquei seu rosto e me virei. — EMMA!

O grito foi a única reação que tive, quando os meus olhos encontraram os faróis fortes que vinham em minha direção.

Eu pude ouvir o estrondo. O som do metal se chocando.

Eu ouvi os gritos de Emma.

Eu senti dor.

Uma dor absurda, que rasgava-me o peito. Minha cabeça doía, os meus olhos estavam pesados. Tudo o que eu via se resumia a grandes borrões.

— Regina! — eu sentia as mãos de Emma, mas eu não conseguia responder. Eu não conseguia ver seus olhos verdes.

Eu precisava de seus olhos verdes, eu precisava do seu sorriso. Eu precisava dos meus dias de céu cinza, mas eu já não os via.

Eu já não via mais nada.

É curiosa a forma como as coisas acontecem, como o caos é visto por fora. Eu o via agora. Eu não busquei entender como, eu nem ao menos podia. À minha frente, o meu corpo se encontrava inerte. Os ferimentos cobriam-me a pele, médicos me rodeavam e eu estava lá. Os monitores brilhavam ao meu redor, a bagunça era imensa e todos corriam. Eu não compreendia o caos.

Ao meu lado, uma mulher correu em direção à uma das cortinas. Eu a segui. Eu a segui e desejei não ter o feito. Emma estava lá. Ela estava desacordada e todos gritavam palavras que eu não compreendia. Emma estava lá e seus olhos estavam fechados, mas eu desejava que ela os abrisse. Eu gritei.

Eu gritei o mais alto que podia. Eu gritei para Emma abrir os olhos.

No entanto, nenhum som foi emitido. Emma não pode me ouvir, ninguém pode me ouvir. Eu corri em direção à ela, eu tentei tocar seu rosto, mas ela estava longe demais, ainda que estivesse bem ali na minha frente.

Eu senti uma estranha sensação. Um forte puxão dentro de mim que me levou ao meu corpo. É estranho vê-lo ali. Um eu que, não necessariamente, sou eu. Eu estou aqui, por que ninguém vê que eu estou aqui?

A dor que anteriormente me abatia já não era sentida. O meu corpo não se movia. Eu não me movia. Olhei seus braços machucados para, em seguida, olhar os meus. Eu não possuía machucados, mas ela sim. O meu corpo estava rasgado em diferentes partes.

Os monitores começaram a brilhar, o som insistente se iniciou. Eu me sentia mais forte e, ao mesmo tempo, mais distante do que parecia real. Novamente, a correria se instalou ao meu redor. Pessoas passavam por mim e não me viam ali, eu não conseguia gritar para dizer que estava.

Eu senti minhas pálpebras serem erguidas e uma forte luz atingir-me os olhos. Mas ninguém me tocava. Tocavam à ela. E eu sentia. Sentia suas mãos correrem pelo meu corpo, o perfurar de agulhas. Eu não reagia. Ela não reagia.

— A mulher dela... Ela acabou de sair da cirurgia. Vamos precisar ligar para a central, porque ela precisa de um transplante de coração. — um dos médicos falou, dirigindo-se ao que encarava-me os olhos.

Emma...

Emma precisava de um coração.

Uma dor horrível abateu-me o corpo. Eu me senti fraca. Os meus olhos se encheram de lágrimas, eu desejava chorar, eu desejava gritar, mas eu não conseguia. O meu corpo se tornou pesado e, de repente, tudo pareceu acabar. Como se nada, realmente, tivesse acontecido. Eu me sentia leve demais. Eu me sentia liberta. Eu olha para o meu próprio rosto e eu compreendia.

— Não precisa ligar. — o médico se afastou, mas eu já não mais sentia seus toques em meu corpo. — Antes, faça um exame de compatibilidade com a esposa. Ela acaba de ter morte cerebral.

Eu estava morta.

***

Dois anos depois.

O dia estava cinza. Dias cinzas são os mais belos dias e todos deveriam saber apreciá-los. Eu encarava o dia lá fora, desejando sentir a brisa fria tocar-me o rosto. Eu desejava sentir.

Emma se moveu na cama e eu me virei para ela. Eu queria vê-la acordar. Aquele era nosso ritual diário. Nossa tão preciosa rotina que nos fazia ter belos dias. Ela abriu os olhos aos poucos e eu vi o meu tom preferido de verde. Ela piscou freneticamente. Sua mão se arrastou pelo lado esquerdo da cama, como fazia todos os dias. Ela buscava o meu corpo, mas ele já não estava mais ali. Há dois anos, ele já não estava ali.

Eu vi uma lágrima escorrer pelo rosto de Emma, como todas as manhãs, ela fechou os olhos fortemente. Emma desejou, ela desejava todos os dias, eu podia sentir. Ela desejava que, quando abrisse os olhos, eu ainda estivesse ali.

Eu não estava, não dessa forma, eu já não podia. Hoje eu entendia.

Foi difícil compreender que eu já não estaria ao lado de Emma. Já não mais poderia tocá-la. Porém, eu compreendi. Eu compreendi e a acompanhei de longe. Eu estive aqui todos os dias durante sua recuperação, eu acompanhei cada evolução. Eu vi o meu coração se tornar o coração de Emma. A cicatriz em seu peito era, tanto para mim quanto para ela, uma constante lembrança de que ele estava ali. Prometi a ela, um dia, que o meu coração seria dela, para todo o sempre. Hoje, o meu coração batia em seu peito.

Emma se sentou e pude ver sua barriga. Hoje ela completa quarenta e duas semanas de gestações. O nosso filho está ali. Hoje é um dia cinza. Eu estou aqui por um motivo. Eu deveria esperar e eu esperei, até ver o rosto de Emma se contrair em dor.

Hoje é um dia cinza.

Emma levou a mão até a barriga e eu me aproximei. Em um impulso tentei tocá-la, mas eu já não podia. Ela não podia sentir. Eu não podia sentir. Eu só podia estar ali e esperar. Mas a dor de Emma era a minha dor. O seu desespero era o meu desespero. Uma contração veio a seguir e um grito lhe abandonou os lábios.

— Por favor, fique calma. Eu estou aqui. — as palavras saíram de meus lábios, mas jamais chegaram aos ouvidos de Emma. Eu desejei segurar sua mão.

Ruby entrou em um rompante pela porta do quarto. Ela seria a madrinha, eu e Emma já tínhamos conversado sobre isso. Há muito tempo. Quando eu ainda era eu, quando eu ainda estava ali. Quando ela ainda podia ouvir minha voz.

— Oh meu Deus, ele vai nascer! — Ruby segurou os ombros de Emma. Ela sorriu e Emma lhe retribuiu o sorriso. Sua pele brilhava e suas bochechas estavam coradas.

— Eu queria que ela estivesse aqui, Ruby. Ela deveria estar aqui. — eu vi lágrimas lhe marcarem a pele. Eu desejei secá-las. Eu não podia.

— Eu estou aqui, Emma. Eu estou com você. — apertei minhas próprias mãos. Eu estava ali, eu nunca sai do lado dela.

— Ela está aqui, Emma. Eu tenho certeza que ela está com você. — as palavras de Ruby lhe fizeram sorrir. Eu queria poder abraçar Ruby.

Agora, nós estávamos em uma sala do hospital. Emma gritava e eu desejava acalmá-la. Eu não podia e sabia que não podia.

Coisas ruins acontecem todos os dias. Nós sabemos disso. Todavia, coisas boas também acontecem todos os dias e nós precisamos nos lembrar delas. Precisamos nos lembrar daquilo que nos dá força para levantar todos os dias e viver em meio a um mundo rodeado de conflitos. Coisas ruins acontecem todos os dias e precisamos ser sensíveis à elas, mas também precisamos das coisas boas. Coisas boas acontecem todos os dias. Todos os momentos. Elas acontecem de diferentes formas, para diferentes pessoas. Hoje é um dia cinza, hoje é dia de coisas boas.

Aos poucos, sentia-me desaparecer. Eu já esperava por aquilo. Hoje, eu estava pronta. O meu coração batia junto a Emma, ele sempre iria pertencer a ela. Eu pertenceria a Emma de uma forma diferente a partir de agora.

Eu senti um puxão, que já não mais pertencia à Regina. Eu ouvi o choro. Estava na hora de voltar à minha família. Uma nova família, ainda que sendo a antiga. Estava na hora de voltar para Emma.

— Qual é o nome dele? — o médico me entregou aos braços dela. Ela sorriu, aquele sorriso que disparava o meu coração. Eu vi os seus olhos verdes. Ela olhava para mim.

— O nome dele é Henry. — Emma tocou-me o rosto. Eu a encarei. Sentimentos novos tomavam-me à medida que os antigos eram perdidos. — Henry Swan-Mills.

Coisas boas acontecem todos os dias. Coisas belas, coisas maravilhosas. Hoje é um dia cinza. Eu renasci em um dia cinza. Eu me perdia a cada segundo e estava na hora de partir. Estava na hora de esquecer quem eu fui e me tornar quem eu sou.

Eu sou Henry.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.