Remember

De volta às origens


[Tom Narrador Mode-On]

Uma semana se passou e não tive notícias de Alicia. Na certa Bill se encontrou com ela, mas não comentou nada para tentar “amenizar” a situação. Eu também não perguntei nada, não queria saber.

Agora já não importava mais.

Eu estou desencanado, diferente do que meu irmão pensa. Ele acha que eu estou mal, desolado e que isso tudo é só um escudo para não transparecer meus reais sentimentos... Mas ele está errado. Não chorei, não gritei, não fiquei chateado, não bati pé. Por que eu faria tanto barulho se nada que eu fizesse mudaria os fatos?

Na hora que vi aquela cena, meu estômago embrulhou e fui embora.

Foi estranho, não sei descrever ao certo meu sentimento naquela hora e nem nesse momento. Acho que minha ficha caiu e eu caí na real. Alicia não me via da mesma forma. Nunca iria ver e nem ter um sentimento maior do que o de amizade. Eu não queria me apaixonar, não mesmo! Mas, no momento que ela sorriu pra mim... Puta merda, isso estragou tudo.

Mas eu já sabia como iria me livrar de tudo isso.

Fui caminhar pelo condomínio com o Scotty para aliviar minha cabeça. Quando voltei, Bill estava sentado na sala, lendo uma revista de moda.

– Está tudo bem? – foi a primeira pergunta que ele me fez.

– Tudo ótimo! – sorri e continuei andando.

– Tom, eu sei que não está! – ele me faz parar. - Ninguém ficaria ótimo no seu lugar, ainda mais depois do que aconteceu! – ele faz uma pausa. – Você não quer conversar, botar tudo que está entalado ai para fora?

– Essa sua preocupação não tem motivo, Bill! Eu não tenho nada para dizer, veja, estou ótimo! – aponto para mim. - O que aconteceu foi bom para que eu pudesse ver que foi tudo ilusão da minha cabeça, foi um erro!

– Lá vai você, fingindo que não se importa, fingindo que não sente... – ele levanta. - Você sabe que não foi ilusão! – aponta o dedo para mim. – Ela, querendo ou não, mexe com você! Já se perguntou como vai ser quando vê-la? Se você ficar estranho de uma hora pra outra, ela vai perceber que tem alguma coisa errada!

– Eu não irei ficar estranho, não tenho motivos para isso. A vida é dela e ela faz o que bem entender. Acabou o assunto, ponto final! Estou de volta às origens.

– Não acredito nisso que eu acabei de ouvir. – ele rebate. - Quer dizer que você vai voltar a ser de novo aquele galinha babaca do passado? – me olha, incrédulo.

– Em algum momento você já parou pra pensar que eu nunca deixei de ser? Que isso foi só um devaneio momentâneo?

– Tom, se você deseja o amor da Alicia, se quer realmente, lute por isso! – ele me olha nos olhos. - Não desista assim. – sai em seguida, levando Scotty.

Nada que Bill diga ou faça, mudará o que já está decidido. Eu não voltarei atrás.

***

Rolo a agenda do meu celular procurando uma gostosa para me distrair hoje à noite. Vi o nome da Tiffany, uma das primeiras mulheres que conheci quando me mudei para Los Angeles. Ela era coelhinha da Playboy, loira, peituda e tudo que eu preciso nesse momento. Lembro-me que Bill não gostava dela. Dizia que era vulgar e gostava de aparecer muito. Ele tinha razão. Eu quero o máximo de descrição possível, pelo menos por enquanto. Melhor procurar outra.

Kristinna! A ruiva com uma grande tatuagem nas costas... Só saí com ela uma vez e até que foi bom. Geog ficou me zoando, pois disse que ela parecia beijar mal e ser muito grudenta. Pensando nisso agora, ele realmente tem razão. Não quero que ninguém fique no meu pé e se eu sair com ela, com certeza isso pode acontecer.

Brenda, a mulata mais bonita que eu já havia visto em toda a minha vida... Ela seria perfeita para a ocasião! Ahh... Mas a vi com seu namorado no VMA. Droga! Desse jeito vou ter que renovar toda a minha agenda! Isso está ficando mais difícil do que antes.

Foco Tom Kaulitz, foco! Vamos lá, procurar mais uma...

Samantha! Essa sim será a mulher que eu vou sair hoje. Uma morena maravilhosa de olhos verdes... Não tem como resistir! Ligo para o número dela sem hesitar.

– Olha só quem apareceu! – ela atende.

– E aí, tudo bem? – a ignoro. Não é hora para dar satisfações.

– Tudo ótimo e morrendo de saudades de você! – diz, com uma voz sensual.

– Isso é bom... Muito bom! – umedeço os lábios. – O que você vai fazer hoje à noite? – vou direto ao ponto.

– Nada... – faz uma pausa. - Se você quiser sou toda sua! – ela provoca.

– Lógico que eu quero! Me encontre às 8 no Bistrô Razzard, pode ser?

– Claro que sim, lindo! Estarei lá toda maravilhosa só para você!

– Até mais tarde então!

– Beijos! – ela se despede e eu desligo.

Ponto para Tom Kaulitz, mais uma vez!

Faltavam duas horas para às oito. Tempo mais do que necessário para poder me arrumar e sair. Quando iria entrar para o banheiro para tomar banho, ouço batidas na porta do meu quarto. Era Georg. Ele, diferentemente de Bill, entendia mais o meu lado. Ou parecia entender. Ele sempre me apoiaria independente da decisão que eu tomasse.

– Te atrapalho?

– Não, entra aí! Eu estava indo tomar banho mas ainda tenho tempo de sobra.

– Vai sair com alguma gata hoje?

– Vou sim, com a Samantha! Lembra dela?

– Não sei... São tantas que acabo confundindo todas!

– Gostosa, muuuito gostosa!

– Tom Kaulitz não erra no tiro nunca! – ele ri.

– É isso aí meu parceiro! – concordo com ele.

Depois de um tempo de conversa, fomos interrompidos pela namorada do Georg, que ligou para ele. Acabou que perdi a hora e estava consideravelmente atrasado. Tomei um banho rápido, coloquei a primeira roupa que vi, passei um perfume bom e já fui saindo depressa. Não queria dar de cara com Bill no caminho até o carro, para evitar satisfações desnecessárias que podiam gerar briga.

O condomínio ficava há meia hora do local marcado com Samantha. Tentei pegar um atalho para não me atrasar, afinal deixá-la esperando poderia estragar tudo. Mas não foi o que aconteceu. Acabou que chegamos juntos.

Jantamos e conversamos um pouco. Eu já estava ficando entediado daquele papo um tanto quanto egocêntrico dela e a chamei para irmos para outro lugar, falar menos e fazer mais. Na hora ela topou e sugeriu que fôssemos para sua casa.

***

Assim que notei que ela havia caído no sono, vesti minhas roupas e saí sem fazer barulho e sem deixar nenhum recado. Por um momento passou pela minha cabeça dormir lá, mas desisti. Já tinha conseguido o que eu queria e não tinha mais motivos para ficar.

Cheguei em casa e fui direto para o meu quarto. Deitei na cama e fiquei pensativo. E, por alguma razão, naquele momento, senti o ar pesado. Carregado de solidão. E aquela solidão permaneceu comigo o resto da noite.

Senti saudades do que não aconteceu.

[Tom Narrador Mode-Off]