Remember

Agora tudo faz sentido


[Narrador Mode-On]

Geog e Gustav desembarcaram em Los Angeles no dia seguinte e foram com Jost direto para a casa dos Kaulitz almoçar.

– Como foram de viagem? – pergunta Bill, ao abrir a porta.

– Muito bem! – responde Gustav.

– Pelo menos vamos ficar aqui por um tempo, porque se eu tivesse que encarar um avião por horas de novo iria surtar. – diz Georg, aliviado.

– Bom, estão entregues! Vou indo. – despede David.

– Você não fica para almoçar conosco?

– Dessa vez não, Bill. Tenho umas coisas pendentes para resolver... Estou atolado hoje. Até mais garotos!

– Então tá bom. Até mais. – Bill se despede e volta para a sala onde estão os G’s.

– Cadê o sexgott? – pergunta Georg, rindo.

– Dormindo. – bufa. – Mas também pudera, aquele idiota chegou de madrugada... Na certa foi comer alguma puta, porque é a única coisa que aquele imprestável sabe fazer.

– Ihh, o que aconteceu dessa vez para você estar falando assim dele? – quer saber Gustav.

Ele anda muito estranho de uns tempos pra cá. – faz uma pausa e senta-se no sofá. - E ontem surtou, vocês precisavam ver a cena! Ficou puto porque saí com a Alicia e não o chamei. Para completar, ainda teve a coragem de dizer que fiz isso porque estou interessado nela! – solta o ar com força. – Dá pra acreditar?

– Sério que ele disse isso, cara?

– Sério Georg, foi ridículo! Não sei o que deu nele. – balança a cabeça para os lados. – Vocês me conhecem, se eu tivesse mesmo afim dela, ele seria o primeiro a saber.

– E você está?

– Claro que não, Gustav! Entre nós não existe nada além de amizade.

– Não to entendendo qual é a do Tom, sinceramente... – diz o baixista.

– Muito menos eu! O que me deu mais raiva foi que ele duvidou de mim. – diz Bill, chateado.

– É estranho isso. – completa o outro G.

– Georg, depois tenta conversar com ele, vê o que tá acontecendo.

– Pode deixar.

Georg ficou pensativo. Ele conhecia Tom muito bem, e sabia que essas atitudes eram estranhas.Ele nunca agiu dessa forma, por mais que fosse impulsivo algumas vezes e nunca duvidou da palavra do irmão.

Nesse momento, Mary entra na sala.

– Sr. Kaulitiz, o almoço está pronto!

– Obrigado Mary, já estamos indo.

Alguns minutos depois, Tom desce e vai almoçar também. Sem pensar se o irmão havia contado ou não o que aconteceu no dia anterior, agiu normal, mas sem trocar muitas palavras com ele.

Estava aparentemente feliz e muito bem humorado. Georg ficou apenas observando o amigo e achando aquilo tudo muito estranho. Num dia ele briga com Bill e some, no outro age como se nada tivesse acontecido? Isso o intrigava cada vez mais. Havia algo errado no meio disso tudo. Mesmo assim, preferiu ficar calado por enquanto. Se Tom não lhe contasse por livre e espontânea vontade o que se passava com ele, iria descobrir de qualquer jeito.

Depois do almoço, Bill decide ir até o centro da cidade.

– Alguém quer ir comigo? – pergunta.

– Eu vou! – diz Gustav.

– Eu prefiro dormir, estou muito cansado da viagem. – responde Georg subindo as escadas.

– Tudo bem. – vira-se para Tom. – E você?

– Tenho mais o que fazer. – sorri forçado.

– Vamos, Gustav. – diz, ainda olhando para o irmão e sai com o baterista em seguida.

Assim que saiu, Tom foi direto para sala de jogos onde ficou um bom tempo mexendo no seu notebook.

***

Um tempo depois, ainda no mesmo local, Tom pegou seu violão e deitou no sofá. Ficou tocando algumas melodias das músicas da banda, pensativo. Sorrindo às vezes quando lembranças vinham em sua cabeça...

Alguns minutos se passaram e Georg acordou. Desceu até a cozinha para tomar água e percebeu que Bill e Gustav ainda não haviam voltado. Foi então que ouviu a melodia de In Your Shadow ( I Can Shine) vinda da sala de jogos. Só podia ser Tom. E o momento era ótimo para tentar conversar com ele e saber o que estava acontecendo.

Foi até lá e se deparou com o amigo deitado no sofá, dedilhando o violão e pensativo.

– Tom? – chama pelo amigo assim que entra na sala.

– Cara, que bom que você acordou! Senta aí – larga o violão de lado.

– O que você estava fazendo? – senta-se em um puf que estava em frente o sofá.

– Nada, estava atoa e resolvi tocar umas melodias pra passar o tempo... – faz uma pausa. – Me conta uma coisa?

– Diga!

– Qual foi a sensação quando você viu a Lily pela primeira vez? – olha para o amigo.

– Lembro desse dia como se fosse ontem! – ri Georg. – Bom, eu fiquei confuso. Não entendi bem porque meu coração disparou quando ela sorriu para mim, foi estranho. Mas aí depois percebi que eu só podia estar gostando dela, não havia outra explicação. – suspira, recordando esse momento.

– Puta merda! – solta Tom, em voz baixa após ouvir as palavras do amigo.

– Mas por que você está me perguntando isso?

– N-nada... Só curiosidade mesmo. – sorri, tentando disfarçar.

– Espera aí! Você está gostando de alguém, é isso mesmo? – ri, incrédulo.

– Claro que não, cara! Que ideia... – faz careta.

– Quem é ela? Não acredito nisso! – gargalha. – Tom Kaulitz, o garanhão, finalmente se apaixonou por alguém! Me conta quem é, preciso parabenizar essa mulher! – bate palmas.

– Quer parar com isso? – diz, irritado. – Não me apaixonei por ninguém coisa nenhuma! – faz uma pausa. – Eu acho...

Mein Gott! Agora sim tudo faz sentido! – diz, ignorando o que Tom havia falado.

– Do que você tá falando? – assusta-se.

– Beeem que eu desconfiava! – levanta-se do sofá e passa a mão na cabeça. – Estava na cara, como fui burro! – faz uma pausa e olha em direção de Tom. – Você está apaixonado pela Alicia! – exclama perplexo.

– O QUE? N-não tem nada disso! – diz sem jeito.

– Tá estampado na sua testa! O jeito que você fica quando está perto dela era que nem eu com a Lily! Além do mais você morre de ciúmes, por isso brigou com o Bill! Admita!

Ouvindo Georg falar, as coisas começaram finalmente a fazer algum sentido. Tom nunca havia se apaixonado antes, então para ele isso era completamente diferente de tudo que havia sentido antes. Até então, ele não conseguia acreditar que fosse possível. Achou que o modo com que a via era porque ela era uma mulher bonita e isso chamava atenção. Cair na real o deixou com medo.

– Eu sei lá... Tô confuso, cara! – diz chateado. – Eu não sei o que está acontecendo comigo, como isso é possível...

– Claro que é! – interrompe. - Você quer fazer o favor de parar de negar as coisas? Seja homem e assuma! – senta do lado dele. – É obvio.

Sei lá, as vezes me pergunto se é normal pensar em uma só pessoa em todos os momentos... Não sei se é pelo fato dela ser diferente de todas que já conheci, porque me toca, mexe comigo de uma forma que não sei explicar... E aquele sorriso, ah! Aquele sorriso me mata! – finalmente desabafa.

Georg não consegue acreditar no que acaba de ouvir. O amigo estava mesmo apaixonado! Ele nunca o viu dessa forma, tão vidrado em alguma coisa que não fosse o trabalho. De todos, Tom foi o que sempre saía com mais mulheres, mas nunca tinha ficado assim por nenhuma. Eram sempre casos que quase nunca passavam de uma noite. E desde a época em que conheceu Alicia, ele não fazia mais isso com tanta frequência.

– Não sabe como fico feliz em ouvir isso de você! Finalmente alguém conseguiu ganhar esse coração! Mas me diga, você vai contar pra ela?

Claro que não, você tá maluco? Nem ela e muito menos o Bill podem saber! – levanta-se. - Por favor Georg, estou confiando em você!

– Tom, você querer esconder da Alicia eu até entendo, mas do Bill? Ele vai acabar descobrindo mais cedo ou mais tarde!

– Eu não posso, ele é apaixonado com ela!

– De onde você tirou essa maluquice?

– Eles praticamente conversam 24 horas por dia, saem para fazer compras, tomar café da manhã, almoçar, jantar, passear! E na maioria das vezes ele não me chama!

– O que isso tem a ver? Ele faz as mesmas coisas com a Natalie e é apaixonado por ela? Não! Tenho certeza que se ele gostasse mesmo dela teria te contado. Você conhece o Bill, sabe o jeito que ele é. Pare com essa bobagem!

– Mesmo assim, não quero que ele saiba. Pelo menos por enquanto...

Não falarei nada, mas se você não contar, ele vai descobrir. Pensa Tom, ele te conhece como a palma da mão! Sabe direitinho o que se passa com você só de olhar pra sua cara. Só ainda não notou isso, porque está com raiva pela briga de ontem.

– Eu vou contar, mas no momento certo.

– E quanto a Alicia, não vai contar nunca? Deveria aproveitar que ela está solteira... – ri debochado.

– Pra que, levar um soco na cara? Ela me vê apenas como amigo. Se eu chegar na casa dela e dissesse isso, alem de soar ridículo poderia colocar em risco a amizade que temos.

– Você é muito complicado! Vai ficar aí parado sem fazer nada? Sei lá, as vezes ela gosta de você também...

– Se gostasse eu já teria notado. – diz, murcho.

– Onde você foi ontem que voltou tão tarde?

– Na casa dela. – sorri lembrando.

– Sério? – arregala os olhos. – Quero saber de tudo!

– Eu tinha brigado com o Bill e fui dar uma volta para esfriar a cabeça, então resolvi ir até lá. Não sei o que me deu. Quando me dei conta já estava parado na porta do prédio dela. Sei lá, precisava vê-la.

– E aí?

– Eu não podia chegar com as mãos abanando, então comprei uma pizza dos sabores preferidos dela, tomei coragem e subi.

– Como você sabia quais são os sabores preferidos dela?

– Vi na internet. – ele ri.

– Esperto esse meu camarada, estou gostando de ver! – diz o G, animado.

– Sem avisar e nem nada, cheguei lá de surpresa. Ela abriu a porta e deu aquele sorriso lindo quando me viu. Gabriella tinha saído. – fica pensativo, lembrando da cena. – Estava simples, mas linda como nunca. Me deu um abraço longo o suficiente para me fazer sentir o perfume delicioso dos seus cabelos. – faz uma pausa. – Entrei e ela foi pegar os pratos para comermos a pizza. Enquanto a esperava, vi um porta retrato na sala com a foto que tiramos no VMA, você lembra?

– Lembro sim!

– Pois é, achei aquilo estranho, mas gostei... Ainda não caiu a minha ficha de que ela é nossa fã.

– É estranho pensar nisso mesmo...

– Comemos a pizza, tomamos cerveja e depois ficamos horas conversando. Ela é toda irônica, irritada e se faz de chata. Gosto disso nela e também da maneira como ela me olha, interessada no que eu digo. Me faz até arrepiar um pouco... Eu podia passar o dia inteiro ouvindo o que ela tem a dizer, os trocadilhos ruins que solta no meio da conversa, as gargalhadas escandalosas... Enquanto estive lá, me esqueci completamente dos problemas.

Tom parecia outro. Ele simplesmente começou a falar o que sentia e a maneira como via as coisas. Georg estava profundamente feliz por isso e só queria que tudo desse certo, afinal queria que o amigo fosse muito feliz.

– Ela se mostrou muito preocupada comigo também, quando disse que tinha brigado com Bill. – continua Tom.

– Mas você contou que o motivo foi ela?

– Claro que não! Ela disse que estaria sempre do meu lado para me ajudar ou dar um ombro amigo no que eu precisasse. – umedece os lábios. – Nem vi as horas passarem, voltei para a casa já eram quase quatro da manhã. – fica pensativo. – Vai saber o que ela tem, acho que nem ela sabe. Mas tem. Não posso dizer que tentei evitar, acho que nem se eu quisesse conseguiria.

– Essas coisas a gente não evita!

Sonhei com ela a noite toda e agora, assim do nada me lembro do sorriso dela e sorrio junto. É como se ela estivesse ali, naquele momento, salvando meu dia como fez na noite anterior.

Love is in the air... – cantarola Georg, rindo. – Ai, ai!

– Pare com essa palhaçada! Vamos sair para comer alguma coisa?

– Bora lá!

[Narrador Mode-Off]