Reinado das flores
Parte
Eu estava sentada olhando com ódio para Jasper.
— Eu tenho mais o que fazer.
Jacob se tremia inteiro.
— É apenas uma convenção científica.
— E do nada eu tenho que participar de cada mísera coisa que essa universidade faz?
— Bells...
— Eu não vou Jacob.
— Então ele vai sozinho. – Jasper disse firme.
— Você se torna muito amargo quando foge de Alice. – cruzei os braços.
— Isso não tem nada haver com ela.
— E nem com o fato dela ter pedido transferência para não olhar para você.
— O quê?
Eu nem imaginava que ele não sabia disso.
— Alice aceitou um pedido da universidade de Liverpool. Eles vão financiar as pesquisas dela.
— Vão financiar o quê? – olhei sorrindo para ele.
— Uma maravilhosa que minha amiga desenvolve há anos, mas a pessoa que ela gosta não sabe.
— Isso não tem graça.
— Ela se muda essa semana.
— Ela vai se mudar? – ele se levantou.
— Claro que vai! Eles ofereceram um apartamento muito bom perto para ela não se deslocar.
Jacob me olhou e eu chutei o pé dele.
— Ela tem com contrato conosco de três anos. – sua voz saiu bem mais baixa.
— Eu vou pagar pelos prejuízos.
Ele me encarou com raiva.
— Isso é coisa sua!
Dei os ombros.
— Você me paga Isabella.
E então ele saiu e eu sorri.
— Eu ainda tenho que ir na conferência?
Eu olhei para Jacob e sorri. É agora que eu mudo isso. Sentei em frente ao computador de Jasper e neguei com sutileza o convite, depois reagendei as outras coisas que ele programou e levantei.
— Vamos. – falei puxando Jacob.
— Como sabe a senha dele?
— É a data de aniversário de Alice.
Jacob sorriu e fomos caminhando pela faculdade rindo da nossa pequena travessura. Entrei na biblioteca me despedindo dele. Respirei fundo assim que a paz daquele lugar entrou em mim, peguei os livros, abri o computador e comecei a fazer anotações que eu precisava. Dois alunos vieram tirar dúvidas e eu sabia que aquilo viraria uma aula, peguei tudo e fui para uma sala vazia. Tirei dúvidas enquanto outros alunos iam entrando e abrindo seus computadores e celulares. Discutimos duas teorias que estavam em alta na Academia Real e a medicina natural pós pandemia.
Eu estava exausta quando uma aluna veio pegar assinatura para suas horas extras e me entregar o relatório que ela deixou para o último momento.
— Não imaginaria que suas aulas fossem tão dinâmicas mesmo sem o espetáculo do reitor.
A voz dele me assustou e por alguns segundos achei que estava vendo um fantasma. Ele vestia roupas mais esportivas e estava encostado descontraidamente na porta. Levantei e não sabia se fazia uma reverência, cumprimentava ou apenas dizia que sou americana demais para essas coisas. Ele riu do meu jeito e gemi.
— Eu sou americana.
— E eu sou britânico.
Sorri com ele vendo que era muita loucura.
— Como devo me dirigir ao senhor?
— Edward. Falei isso anteriormente. Isabella.
Sentei na cadeira aliviada.
— Se eu tivesse que fazer uma reverência eu juro que seria presa por desacato ou desrespeito.
— Dia longo?
Fiz uma careta e cruzei os braços.
— Dia agitado.
— Geralmente todos são. Já jantou?
O olhei sem saber o que falar.
— Não. Mas acho que não quero sair com ninguém com título. Minha vida é conturbada demais. Meus pais são separados e não se dão bem, tenho uma irmã que me detesta porque eu sou filha do primeiro casamento do meu pai e nesse momento minha melhor amiga deve estar querendo comer meu fígado por mentir para o cara que ela gosta.
— Comer seu fígado? – disse sorrindo.
— Me bater. – ele sorriu de verdade – Bom, eu sou um Duque, tenho uma pequena fortuna acumulada e negócios particulares. Meus pais são amigos íntimos da Rainha, mas eu a vejo pouco por conta dos meus compromissos particulares. Meu título foi me dado devido minha bisavó, passou direto quando nasci porque meu pai casou com minha mãe que já herdaria o título de sua família por ser filha única. Por isso, e só por isso eu sou Duque. Estudei aqui, me formei aqui e não sou tão famoso como meus primos que estão na linha direta da sucessão. Sou reservado. Levo uma vida bem tranquila no geral. Nunca fui casado. Não tenho filhos. E apenas quero jantar.
Respirei fundo o olhando.
— Goste da forma como nos apresentamos.
Eu arrumei minhas coisas e fui andando com ele pelos corredores agora vazios.
— Seus pais se separaram quando tinha qual idade?
— Aos dez anos. Papai já tinha Leah quando se separou de mamãe. O que resultou numa eterna mágoa entre os dois.
Chegamos no estacionamento.
— Veio de carro?
— Sim.
— Vem me seguindo.
E do nada me vi seguindo o Duque pelas ruas. Como nesse mundo eu acabei aqui? Entramos num estacionamento subterrâneo e discreto, o restaurante tinha um ar aconchegante e leve. Nada muito chique. Assim que sentamos Edward pediu um vinho.
— Eu não bebo.
Ele me olhou como se tivesse quebrado as pernas.
— Um suco de uva senhorita? Temos uma mistura de uvas muito particular. – garçom extremamente generoso diss.
— Isso soa perfeito.
Ele nos entregou o cardápio e fui olhando as opções.
— Não bebe?
— Não.
— Fuma?
— Não.
— Gosta de rock?
— Amo. Acho que vou querer o peixe com ervas mediterrâneas.
Eu levantei a cabeça com ele me encarando.
— Não escolheu?
Ele chamou o garçom e fez o pedido. O mesmo que eu.
— Não come carne?
— Uma vez na semana apenas. Nunca ouviu sobre malefícios sobre isso em excesso?
— Não. – ele riu.
— Deveria ler um artigo de Jacob sobre isso.
— E o que está trabalhando nesse momento? Gostei muito da sua aula sobre medicina natural.
— Preciso terminar muita coisa ainda, mas Jasper idiota só faz eu e Jacob viajar e dar aulas extras.
— Ele é um dos diretores.
— Sim, um completo idiota. – fomos servidos e o cheiro estava maravilhoso.
— Gostou?
— Parece muito bom.
Fomos comento enquanto eu apreciava as ervas frescas e pensava como elas foram usadas para ressaltar o saber do peixe.
— Eu creio que esse seja o idiota que mencionou antes.
— Jasper?
— Sim, o da sua amiga.
— Ele mesmo.
Meu despertador tocou na bolsa e eu fui desligar, tirei o remédio da bolsa e tomei. Edward não mencionou isso e eu continuei comendo.
— Sobremesa?
— Não. Obrigada.
Ele pagou a conta e voltamos para nossos carros em silêncio.
— Você é uma pessoa particular Isabella. – ele disse me deixando na porta do carro.
— E você um Duque senhor Cullen. Obrigada pelo jantar.
— A qualquer momento.
E antes mesmo que eu pudesse responder ele saiu.
Fale com o autor