Edward

O primeiro dia de caçada tinha sido muito proveitoso, tenho certeza que a cozinha estava a todo vapor com tudo que conseguimos e os convidados ansiosos pelos pratos que a cozinha iria fazer. Mamãe tinha estado um pouco entediada quando chegamos com as mulheres tomando chá, jogando cartas e rindo de algo. Ela tinha o ar sereno, mas mesmo assim eu vi como queria fugir de tudo aquilo.

Entrei no escritório depois de um banho e um almoço recheado com risadas. Isabella pediu desculpas e disse estar indisposta para almoçar, é claro que a esposa do Coronel e minha mãe subiram quando souberam de sua ausência, um frenesi começou com todos preocupados até elas descerem e explicar que era apenas uma dor de cabeça.

Harry entrou com alguns cartões na mão.

— Boa tarde senhor, parabéns peça caçada. Soube que foi um sucesso.

— Sim, há anos não temos tanta caça. – disse já pegando um documento do porto.

— Alguns senhores pediram para ter uma pequena conversa com o senhor.

— Em Londres?

— Não, os duques querem um momento seu.

— Duquês? – perguntei surpreso pegando os cartões. – Jasper, James e Emmett?

— Temos também o senhor Clarence.

— Todos querendo falar comigo?

— Sim. – disse apenas.

— Quem estiver disponível....

— Todos estão na saleta esperando resposta.

— Pelo amor de Deus! Mande um de cada vez.

O que eles poderiam estar querendo que não poderia esperar o jantar? Revi a pequena programação e estavam todos agora descansado ou se preparando para o jantar. Não era comum isso. Harry deixou Jasper entrar.

— Jasper meu amigo o que precisa de uma audiência para conversarmos? Algum conselho meu imagino?

Ele se sentou e eu olhei ele um pouco receoso.

— Sua mãe disse que a senhorita Swan estava sob sua tutela. – ele começou – E gostaria de permissão para escrever para ela em Berkshire.

Fiquei ali parado olhando para ele por alguns minutos surpreso.

— Não entendi.

— Sua mãe me explicou que ela não tem interesse no momento de uma corte formal.

— Você deseja fazer a corte a ela? – isso era demais.

— Claro Edward. Ela é uma jovem muito interessante. Penso...

— Penso que seja um absurdo isso Jasper.

— Claro que não. – disse ofendido. – Tenho meus bens, sou solteiro, posso dar a ela um título.

Respirei fundo, levantei e fui me servir de uma bebida sem oferecer a Jasper.

— Todos os que querem falar comigo devem desejar o mesmo imagino. – falei seco e de costas para ele.

— Sim, foi o máximo que conseguimos. – disse desapontado – O Coronel e sua mãe nem nos deixam se aproximar dela. Precisamos ficar igual jovens olhando de longe. Isso é um absurdo.

Me virei.

— Absurdo é o que vocês estão fazendo.

— Edward só quero escrever cartas, quem sabe na próxima temporada ela não esteja mais disposta....

— Mamãe falou que ela não tem interesse algum em casamento.

— Isso pode mudar. – disse convicto – Ela é jovem. Ela viveu pouco para saber o que quer Edward.

— E você com certeza está disposto a ensinar. – disse amargo.

Ele se levantou.

— Eu não tenho amante em Londres e nem estou preso a ninguém. Meus casos se resumem a uma noite com mulheres dispostas a isso e que são bem pagas por isso. Tenho posses, título e uma família tradicional. Não me vejo como um mau partido.

— O que Tânia tem haver com isso?

— Tudo Edward! Ela é uma mulher que vai ser sua real esposa enquanto alguma desenganada vai se casar com você apenas pelo seu título e ser humilhada na corte da Rainha com Tânia frequentando suas festas particulares.

— Festas essa que você comparece com prazer.

— São meus amigos também e não recebo ela em minha casa. – disse ofendido.

— Até mesmo porque sua mãe preza muito pela reputação dos Hales para isso.

Falei ofendido.

— Tânia deveria ser um caso de uma noite Edward, ela esbanja a todos os presentes e joias que dá. Ela não tem nome e nem porte para ser sua esposa.

— Isabella também não tem nada além de nossa proteção. Ela é uma viúva que não herdou nada do marido. Até última vez que falei com mamãe ela estava sob sua proteção e nem sabíamos onde ela esteve esse tempo todo depois que o marido morreu.

— Isso não importa.

— Importa no caso de Tânia! – disse exaltado.

— Porque ela estava na cama do Embaixador Alemão por anos antes de você. E quem sabe quem mais antes disso! Tânia é uma mulher atraente, mas nunca seria aceita.

— Porque ela não é a pureza em pessoa. Isabella também não é.

Falei ainda mais irritado.

— Fala dela como se ela fosse alguém com alguma doença. – disse decepcionado.

— Eu não sei nada sobre ela e nem você!

— Então minhas cartas não podem ofender seu ducado tanto assim.

— A sua e de todos que enviarão.

— Ela é jovem, bonita, tem modos, é discreta e refinada. Não parece mesmo estar em um momento para corte, são apenas cartas.

— Deus o que essa mulher tem! – falei colocando o copo em cima da mesa com um pouco mais força.

— Se não vê é um cego.

Parei e o encarei.

— Vou perguntar a ela. – eu sei que isso deixou Jasper com receio. – Ela que vai saber se quer ou não cartas.

— Edward...

— Amanhã todos terão suas respostas, mas até lá a deixem por favor. Não preciso dela reclamando que estão a aborrecendo nesse momento.

Foi baixo, ele percebeu. Por que fiz isso? Eu não precisava fazer isso. Ele foi muito educado pedindo permissão, ele não precisaria disso afinal.

— Muito bem, vou aguardar a respostas. – ele disse saindo.

— E avise a todos que a resposta é a mesma.

Ele saiu ainda mais contrariado. Harry entrou e pedi que chamasse Isabella com dor de cabeça e tudo para o escritório. Precisei esperar uns bons minutos até ela se fazer presente com um vestido marrom escuro, olhei para a janela vendo que o tempo tinha virado. O vestido tinha mangas compridas e ela usava os cabelos presos com os mesmos brincos. Levantei e apontei para a cadeira, ela fez uma reverência antes de se sentar.

— Está melhor? Mamãe relatou que não foi ao almoço por estar indisposta.

— Sim, ela me cedeu um de seus remédios. Estou melhor. Obrigada pela preocupação.

Ela cruzou suas mãos novamente mostrando os anéis que usava de maneira muito discreta e educada, postura perfeita.

— Tenho alguns pedidos aqui comigo e não gostaria de aceitar ou negar sem sua consciência.

Ela me olhou surpresa e vi os olhos azuis. Azuis como o anel. Era verdade. Eles eram de um azul lindo.

— Pedidos?

— Alguns dos senhores presentes desejam se comunicar com a senhorita por cartas em Berkshire. Não sei se entende o que isso significa.

Ela me olhou como se houvesse dentro dela algo que ela não falaria jamais. Seus lábios estavam fechados, mas sua mente estava a todo vapor. Isso era inegável.

— Cartas?

— Sim, eles entendem seu momento.... – olhei o seu vestido me fazendo entender – mas também a acham muito nova para se fechar para o mundo dessa forma. Gostariam de comunicar por cartas, isso não seria uma corte formal, mas...

— Mas os daria esperança. – disse simplesmente.

— Com certeza.

Ela mexeu no anel mostrando um nervosismo, talvez, ou fosse apenas um hábito.

— Eu gosto de cartas. – disse – Elas têm algo de especial. Cartas dizem mais do que uma pessoa algum dia poderia imaginar. Elas revelam o íntimo de homens e mulheres. Cartas não enganam como alguns pensam.

— Que pensamento mais controverso. Palavras escondem muitas coisas senhorita.

— Pelo contrário, elas aparentam enganar, mas tolo é quem apenas lê as cartas, não consegue interpretar elas. – sorriu de alguma coisa que lembrou.

— Então não se importaria de receber cartas.

— De forma alguma. Acho que foi o senhor mesmo que disse que eu deveria ser mais sociável...

Ela usou minhas palavras contra mim.

— Então avisarei que você vai receber as cartas com muito prazer.

— Somente isso?

— Os cavalos...

— Foram para Berkshire. Aurora estava muito bem. Obrigada por abrigá-los. Foi essencial para todos.

— Penso que os estábulos de lá sejam melhores para eles e é mais espaçoso para eles. A casa é bem grande.

— Sua mãe disse que sim.

— Obrigada senhorita Swan.

Ela se levantou e fez uma reverência e saiu. Me acomodei melhor na cadeira pensando que achava que teria um pouco de paz antes da temporada. Mas pelo jeito isso seria um final de semana agitado e nem chegamos no jantar.

What do you want to do ?

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