— A senhorita Tânia insiste em vê-lo. Enviou um rapaz com uma nota. – estava terminando de me arrumar quando Harry entrou parecendo preocupado. Dispensei meu ajudante e coloquei eu mesmo os broches.

— Mande uma nota falando que a encontro em nossa casa daqui há dois dias. Isabella vai passar uns dias com mamãe antes de voltar para nossa residência. Ressalte que não seria adequado um encontro nosso aqui em Londres.

Na verdade era estranho, em anos, pela primeira vez eu não fazia questão de correr para seus braços assim que ela chamasse. Ela teria que esperar e eu também, estávamos em Londres e tínhamos que representar a Rainha na Ópera, nada poderia dar errado. Não poderiam ter falhas e aqui qualquer olhar errado poderia causar grandes estragos.

Desci as escadas para tomar um licor antes de ir. Pedi que alugassem uma carruagem especial para irmos, mas pedi para Harry trocar as carruagens e colocar uma pintura com nosso novo emblema. Iria ser muito bonito e penso que Isabella iria gostar. Teriam alguns lírios desenhados nas carruagens.

— Vamos?

E ali estava minha Duquesa. O vestido de baile dourado com detalhes costurados em todo ele, um penteado muito bem feito que ressaltava a tiara e seus brincos. Ela estava linda. Pérolas caiam tão bem nela.

— Esse colar de pérolas é novo?

Ele tinha um detalhe em diamantes do lado.

— De mamãe. Achei que combinariam com seu presente e estaria com algo dela e algo seu. – sorriu.

— Linda suas joias, sua mãe tinha um bom gosto inegável.

— Na verdade, papai adorava ver ela com algo diferente. Esse detalhe em diamantes foi feito depois em seu aniversário de casamento. Costumamos comemorar aniversários de casamento na Escócia. Ele nunca dava algo novo, ele sempre fazia arranjos novos em suas joias dizendo que era para renovar seu amor.

— Que pensamento romântico.

— Eles eram bem românticos... e grudentos... – ela riu.

— Vamos. – disse já colocando a taça na mesa. – Esse tecido é mais pesado que os que costuma usar.

Dei os braços e a acompanhei até o lado de fora.

— Leah disse que faz frio- deu os ombros – Mas não me importo.

— Está magnífica. – ela sorrindo entrando na carruagem.

Então vi seu broche igual ao meu e sorri pensamento que éramos um casal, ela era minha Duquesa e tinha muito orgulho dela. Como imaginei estava cheio, as escadas estavam com pessoas paradas conversando e outras esperando a fila andar. Isabella saiu com minha ajuda e ajeitou um pouco o vestido antes de colocar sua melhor postura.

— Realmente lotado. – falou baixo.

— Estreia, mas nosso camarote é apenas nosso. Então apenas temos que passar por essa multidão.

Cumprimentamos várias pessoas no caminho, todos queriam falar conosco e nos felicitar. Isabella estava no seu modo polido e sereno. De certa forma eu não gostava disso, mas entendia que ali era nosso ducado e observando ela conversar superficialmente com as pessoas eu percebia que aquilo era apenas um papel que ela sabia representar muito bem.

— Um mimo. – falei entregando os binóculos de ouro com seu nome e título.

—Obrigada, esqueci que teria que trazer. – falou subindo as escadas. – Tem meu nome. – falou admirando ele. É muito delicado.

Eu tinha pedido a Harry para voltar na joalheria e comprar binóculos para ela, queria um muito bonito que combinasse com ela.

Percebi algumas mulheres olhando ela admirar o binóculos e fomos encaminhados para o Camarote Real. Nos sentamos e fomos servidos de uma bebida, acho que Vitória avisou sobre Isabella porque ela tinha um suco em suas mãos.

— É lindo. – ela disse olhando os detalhes do local.

— Albert ajudou na construção, ele é muito interessado nesses assuntos.

— É lindo. – o camarote dava para ver todos os detalhes com muita clareza e assim que a Ópera começou percebi como Isabella estava muito ligada a tudo, ela gostava mesmo. No primeiro intervalo Jasper entrou com Alice e sua dama de companhia, foi um momento muito agradável e eles formavam um lindo casal. Pelo jeito a corte estava dando resultados, vi o camarote na frente e sua família estava muito interessa em nossa conversa, Alice começou muito tímida, mas Isabella logo a deixou confortável dizendo que ela estava muito bonita e falando da ópera. Ela tinha esse dom de deixar todos ao seu redor bem e felizes.

No segundo intervalo Emmett veio com Rosalie e ela muito orgulhosa mostrou o anel de noivado e sorri pensando em como meus amigos estavam caminhando bem para seus matrimônios, ela pediu para Isabella ser sua madrinha e ela sorriu falando que Rosalie seria a noiva mais linda que ela já tinha visto com seus cabelos dourados e olhos verdes. Ela imediatamente corou e Emmett agradeceu ela ter aceitado o convite.

Fomos embora com Isabella serena e muito tranquila, Leah a esperava com um sorriso e falando que o chá estava preparado. Fomos convidados para outros eventos, mas queria voltar e Isabella na volta pediu para voltar porque não poderia passar tanto tempo longe das suas obrigações. Sim, ela tinha obrigações e eu não queria que ela ficasse longe de onde seu sorriso era verdadeiro, seus cabelos sempre estavam soltos e andava pela casa nos vestidos mais simples e bonitos que já vi.

Ela saiu logo cedo após o café da manhã, iria passar uns dias em minha mãe e depois seguir viagem. Eu fiquei mais um dia e fui a um baile em que Emmett iria apresentar sua noiva oficialmente, mas a falta de Isabella foi claramente sentida. Mas a explicação de que ela iria encontrar com mamãe deixou todas encantadas com sua devoção à família. Todos perguntavam se ela tinha gostado dos eventos, se ela iria retornar ou quando íamos dar um baile. Lembrei que apesar de não ser ainda nossa temporada, um baile precisaria ser dado para recebermos nossos amigos. Isso seria um verdadeiro tormento. Rosalie estava radiante com um arranjo de flores em seus cabelos e todos ficaram admirados por Isabella ser sua madrinha. Não tinha como Isabella ser mais bem vista e a família de Rosalie agradeceu a nossa presença imensamente.

Eles iriam morar em Londres mesmo em uma casa da família de Emmett, ele estava falando das reformas que queria fazer para modernizar a casa para os dois e receber melhor seus convidados. A casa era muito grande mesmo e antiga, mas tinha certeza que eles iriam conseguir fazer seu melhor.

Logo me encarei entrando na carruagem ao encontro de Tânia e nada me pareceu tão pesado, nada me pareceu tão desgostoso. Eu nem ao menos li a carta que ela mandou, mas poderíamos tratar desses assuntos lá, não via nada de urgente. Queria que a viagem tivesse demorado mais, a casa era muito discreta e ficava muito longe das estradas principais, fiquei imaginando o que faria com aquela casa? E esse pensamento me surpreendeu. Por que de alguma forma eu queria me livrar da casa? E por que ela não parecia mais atraente como antes?

Entrei sendo recebido por um empregado e logo que aporta abriu a vi arrumada com seus cabelos exageradamente floridos.

— Amor... – ela veio me abraçando e logo me beijou. Fiquei constrangido pelos empregados que iam e vinham, mas logo fomos para o quarto.

Acordei sozinho na cama sentindo o cheiro do perfume, eu respirei fundo olhando ao redor. Tinha uma penteadeira cheia de todo tipo de produtos e vestidos pendurados de forma organizada. Me sentei me sentindo cansado, eu esperava estar relaxado e contente, mas isso não aconteceu. Nem com o jantar especial que Tânia preparou ou com sua alegria e felicidade.

Talvez fosse a distância, mas agradeci quando Harry entrou pela porta frente no segundo dia me dando a desculpa perfeita para ficar no escritório para trabalhar. Tânia não gostava de cavalgar, ela falava das festas que as amigas foram, de como essa temporada estava agitada e como tudo teria sido perfeito se eu estivesse com ela. Falou dos vestidos das damas, dos cavalheiros que estavam atrás do melhor partido e de tantas coisas fúteis que me surpreendi um dia perguntando se ela tinha lido algo do escritório. Ela riu achando divertida a perguntando e disse que esse era um ambiente masculino e não poderia perder tempo com livros.

Livros. Olhei um buquê de lírios e pensei o que Isabella falaria disso. Sorri pensando que ela poderia falar horas sobre isso sem perder seu jeito feminino, delicado e esperto.

— Está há horas aqui. – ela disse na porta do escritório me olhando com um certo charme.

— Harry trouxe muitos documentos, ele vai pernoitar aqui, pediu para preparem um quarto para ele?

— Pensei que ele ficasse na ala dos empregados.

— Tânia, ele é quase da família. Pelo amor de Deus. Conserte esse erro.

Ela me olhou surpresa com meu tom.

— Edward o que aconteceu?

— Um erro. Isso que aconteceu. – eu disse irritado.

— Já vou preparar um quarto para ele. Deus como você está fazendo disse algo desnecessário.

Ela saiu então percebi que Harry nunca foi tratado dessa forma, mesmo por minha mãe. E Isabella o mantinha em uma parte da casa que o dava privacidade e espaço. Ela mesmo estava mudando com toda atenção aos detalhes.

— Pronto. Erro já revertido.

Ela disse entrando como uma criança mimada.

— Nunca mais o trate assim. Em minha casa ele é mais que um empregado.

— Ele recebe um tratamento melhor que eu!

Me levantei querendo saber do que ela estava falando.

— Como isso pode ser possível? Eu te dei uma casa. Eu lhe dou empregados, vestidos, joias. Não reclamo de nada que faça.

— Mas ela tem você! – ela gritou alto.

— Fale baixo. – disse controlando a raiva.

— Não posso ir mais as festas Edward! Não sou bem vista porque a sua princesa reina em Londres!

— Do que está falando? Isabella está com mamãe.

Ela riu beirando a histeria. Eu nem conseguia reconhecer Tânia.

—Você não sabe não é mesmo? – ela riu a beira do choro – Ela é a mais nova dama de honra e bons modos. Modelo para todas ao seu redor, querida pela Rainha. Foi a um chá particular com a Rainha!

— Ela é minha esposa, somos primos.

— Não! Sua mãe nunca foi a chá particular. Sabe o que falam em Londres? Que ela é tão inteligente que surpreende qualquer um.

— Ela é uma mulher muito peculiar mesmo. – disse apenas.

— Peculiar? Vamos ver... ela fala três línguas. Ela usa roupas que todas querem saber onde comprar e não tem uma maldita alma que imagine de onde vem seus modelos e ninguém acha deselegante os penteados que usa. Ela mudou tudo! Tudo!

— Tânia ela é apenas uma pessoa que viveu muitos fora. Ela não segue os padrões inglesas.

— Mas nem ao menos é criticada! Todos falam da tiara alemã que deu a ela, não tem uma santa alma que não ache lindo o presente de casamento que deu a ela e que combina com seus brincos.

— Você está sabendo muito dela. – disse assustado.

— Ela é tudo que Londres comenta! Tudo que querem ser!

— Pelo amor de Deus pare de histeria.

— Era para ser apenas sua esposa! Uma qualquer!

— Pare enquanto estou com paciência. – disse sério – Ela é sim uma mulher admirável e tem hábitos e roupas que não condiz com o que estão acostumados, mas ela é minha esposa Tânia. – seus olhos se abriram em surpresa – E ela merece todo respeito que meu título tem. Não vou aceitar esse desrespeito.

— Você está defendendo ela... – disse magoada.

— Eu estou. Afinal não podemos contradizer o que foi combinado anteriormente. Eu me casaria.

— Com uma pessoa que não nos afetasse. – disse baixo deixando as lágrimas caírem e por mais que eu tentasse eu não conseguia mais correr para enxugar elas. – Você disse que seria alguém para a sociedade, alguém sem importância, alguém com que não se importaria...

— Eu não fazia ideia de quem ela era e muito menos tudo isso que você exaltou. Mas ela é mais que uma mulher sim Tânia, e estou feliz com minha escolha.

Então essas palavras ditas selaram um destino que eu não sabia que tinha. Respirei fundo e abaixei a cabeça depois que Tânia saiu com o semblante mais arrasado que eu já vi. Não, não era esse nosso plano. Não era essa a nossa história. Não era esse o meu desejo, mas me incomodava quando ela falava de Isabella. Me incomodava como ela falava dela como se a perseguisse ou algo assim, me incomodou de estar aqui e não com ela.

Me incomodou em não saber o que aconteceria daqui para frente.

What do you want to do ?

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