Edward

Eu entrei no escritório sentindo uma pequena mudança. A mesa tinha sido colocada mais perto da janela, a vista dava para uma fonte que eu não tinha visto antes. Era uma fonte muito bonita e estava muito muito bem colocada. Não usávamos muito a casa, mas ela parecia estar complemente de volta aos seus melhores dias. A cortina era de um vinho elegante e clássico, mas estava presa a cordas douradas que combinavam com as prateleiras e estantes.

Podia ser visto o toque dela em tudo. Na forma como os livros estavam limpos e muito bem organizados, tinha papel, um tinteiro bem mais simples e é claro o selo dos Cullen. O quadro de papai e mamãe estava ali bem posicionado na parede, eles tinham encomendado com o melhor pintor da época. Mamãe tão jovem e bonita com a figura imponente de papai atrás.

Harry entrou com um homem grande e muito mais velho do que pensei.

— Alexander Swan. – ele fez uma reverência e eu olhei para Harry.

— Um prazer. – disse apontando para a cadeira em frente a mesa. Me sentei e ele só o fez depois de mim mostrando seu respeito. Harry ficou perto da porta apenas parado.

— Sinto incomodar seus negócios em Londres. Bella me explicou que você estava tratando de assuntos imperiais.

Fiquei surpreso como ela poderia apenas explicar minha ausência com algo tão convincente.

— Sim... imperiais. Bella? – ela tinha um apelido.

— Sim, Bella me contou que é primo da Rainha Vitória e imagino que esteja muito ocupado mesmo. Parabéns Vossa Alteza pelo matrimônio.

— Obrigado. Mas me diga... é parente dela imagino.

— Sou casado com uma prima distante, minha firma foi contratada pelo avô dela para que nenhum dos bens da família fosse desfeito. Somo pioneiros em administração de pequenas fortunas.

— Sim. – olhei para Harry e ele fez uma expressão estranha. – E imagino que tenha vindo tratar disso por conta do casamento.

— Eu expliquei isso a uma carta a Bella, mas ela nunca se interessa por esses assuntos então eu precisei vir. Me desculpa se interrompi algo.

— Não Alexander. Continue.

— Primeiro Vossa Alteza...

— Senhor, vamos nos tratar assim.

— Claro. Como expliquei ao seu ajudante, nossa firma administra os bens da família dela. Bens esses que não são passados apenas para descendentes diretos como filhos e netos. No caso o senhor não precisa se preocupar, estamos cuidando de tudo.

— Tudo?

— Sim, a propriedade em Lorne, o pagamento dos empregados, a casa na Índia, as propriedades no sul da França que neste momento estão arrendadas. O que gera um lucro bastante considerável. Temos também...

— Não estou entendo Alexander. – falei assustado.

— Bella não contou não é mesmo? – ele disse um pouco decepcionado.

— Obviamente não. – falou Harry.

— Os Swan são de uma família escocesa tradicional senhor Cullen, construíram sua fortuna com o comércio, depois com exportações e em seguida com vários investidos bem sucedidos.

— Isabella é uma mulher rica. – eu não tinha palavras para aquilo.

— Muito mais que rica. Mas isso que vim explicar, apesar dela não ligar para isso, eu preciso avisar pelas leis que regem os negócios somente descentes diretos podem possuir.

— O que isso significa?

— Que em caso de morte, a fortuna fica com o Swan mais próximo. Independente de casamento não há herança.

— É como um insulto isso. – falei indignado.

— Não, uma proteção. Por isso vim explicar pessoalmente, seus filhos terão acesso a tudo isso, cada um terá sua parte de acordo com o que houver na época. Se for homem acesso aos negócios e se for mulher aos rendimentos.

— Isabella então apenas recebe?

— Mais ou menos isso. Ela tem seus próprios interesses que rendem algo também.

— Seus próprios interesses?

— A firma cuida disso. – ele disse apenas com uma postura muito firme não dando margem para mais perguntas.

— Mas como sei que não estão acabando com o dinheiro dela?

— Tenho todos os documentos que precisar comigo. Inclusive ela mesma precisa ver e assinar alguns, reformular seu testamento e..

— Estamos falando de uma jovem de vinte anos fazendo testamento. Isso é absurdo.

— A avó dela morreu no parto. Não podemos arriscar.

— Arriscar? Arriscar? Estamos falando da minha esposa. – disse mais alterado com ele falando na morte dela.

— E eu de uma amiga e prima muito querida. Ela pode apenas viver cuidando e amando seu mundo florido, mas é uma mulher muito rica senhor e que precisa pensar em todas as possibilidades. No testamente ela pode deixar algo para entes queridos sem que isso afete a fortuna. Tudo isso é muito plausível. Ela se mudou, casou novamente. Pode ter novos interesses e pessoas a quem ama agora e gostaria de deixar bens pessoais que não envolvem sua fortuna familiar.

Fiquei um tempo parado olhando para ele.

— Alguém vive em Lorne?

— Não, ela mantém a residência muito bem, mas a visita apenas no...

— Verão. – falamos juntos.

— Ela não gosta de ficar muito. Lembra muito os pais dela. – disse triste. – Ela cresceu ali com o irmão.

— Ela tinha um irmão?

— Seth. Muito querido por todos. Muito alegre e a felicidade da família com certeza. Parecia com ela. Tinham... os mesmos traços.

— Entendi. Gostaria de ver os documentos que o senhor trouxe, ela é inglesa agora e aqui as coisas funcionam de uma outra forma. Gostaria de estar por dentro e ter referências de sua firma. Não pretendo interferir, mas essa fortuna um dia será dos nossos filhos, algo que foi passado a cada geração da própria família dela. Não levarei isso com pouco caso.

— Claro senhor. Faço questão. Pode ir até a nossa sede aqui em Londres também, temos escritórios em vários países.

— Sim.

Levantei e ele fez o mesmo.

— Descansei e espero o senhor para o jantar. Um prazer ter alguém tão próximo a minha esposa aqui. Aproveite a visita.

— Sim, estou aproveitando. – ele olhou para fora e sorriu. - A fonte de Afrodite. – eu e Harry olhamos para a fonte.

— O quê?

— A fonte de Afrodite. Feita na Grécia por um artesão, dizem que ela faz as flores crescerem ao reder dela quando o amor floresce. É um sinal que a Deusa do Amor abençoou o casal, minha prima sempre é alguém particular, mas ela sempre se supera. – falou sorridente e divertido. Eu não conseguia acompanhar seu humor.

— Sim... descanse até o jantar, mandarei alguém servir um lanche em seus aposentos.

Ele fez uma reverência e saiu.

Sentei já me sentindo mais velho.

— Fonte de Afrodite... – Harry disse olhando a fonte. – E eu achando que era apenas um adorno.

— Harry você já percebeu que toda vez que alguém fala de Isabella esconde algo?

Estava olhando agora para a foto que havia sido colocada na mesa do nosso casamento. O porta retrato de madeira de uma qualidade impressionante.

— Toda vez que falam dela, ou tentam proteger ou esconder algo. – refleti. – Ela parece comum apenas aos olhos. Mas conforme ela vai se mostrando é como as flores que ama, vai revelando suas pétalas e perfume.

— Uma duquesa realmente digna do título.

O encarei.

— Por que eu sinto então que ela é mais do que uma duquesa refinada e jovem?

What do you want to do ?

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