Edward

Olhei para casa dos Hales cansado. Eu mal tinha dormido e já tinha compromissos. Pelo jeito essa semana seria agitada. Entrei e fui recebido por um Jasper um pouco rancoroso.

— O que pretende com esse casamento?

Estávamos na porta ainda.

— Jasper...

— Edward você ficou completamente maluco?

— Posso entrar?

Ele me encaminhou para seu escritório. Sua mãe e sua irmã não estavam a vista.

— Pensei que estávamos bem amigo.

— O que pretende fazer com Isabella?

— Casar com ela oras! – disse irritado.

— E ter Tânia como amante?

— Isso não é problema seu Jasper.

— Você me chama para ser seu padrinho e diz que isso não é problema meu? Ficou completamente fora de si?

— Não. Achei que meu melhor amigo me apoiaria.

— Apoiar a fazer aquela menina de boba?

— A única coisa que ela não é isso. Ela aceitou meus termos.

— Termos? Ela aceitou seus termos? Está se ouvindo Edward!

— Ela já sabia de Tânia. – falei como se fosse uma defesa.

— Como ela sabia?

— Pelo perfume no escritório.- falei frustrado e me sentando.

— Perfume?

— O que comprei na França quando fomos com Emmett visitar sua tia. Lembra?

— Sim. – falou não entendendo nada – O que tem?

— Ela conhece. E conhece bem sua exclusividade.

Japser andou pelo escritório sem palavras.

— Então ela sabe de tudo e mesmo aceitou?

— Ela quer paz. Foi o que ela disse.- disse dando os ombros – Ela disse que quer paz para sei lá o quê.

— Não acha que deveria saber? – falou cruzando os braços.

— Ela tem um anel de luto feito por ourives exclusivo da Rússia. Rússia. Sabe como descobri isso? Porque Harry foi enviar a carta e ficou surpreso com o destinatário.

— Anel de luto. – falou pensativo – Ela não quer nada com você.

— Ela não quer nada com ninguém Jasper. – falei amargo. – Ela deixou claro como amava o marido e como palavras não o descreveriam.

Ele ficou me olhando sem falar nada.

— Ele morreu e as empregadas ficam comentando como ela chora olhando a foto dele...

— E deu para ouvir pelos corredores agora? – disse divertido.

— Elas estavam falando enquanto faziam sei lá Deus o quê. E acabei ouvindo. O importante aqui é que ela mesma falou que eu tinha um grande amor. Que ela não amaria ninguém como amou o tal Jacob e gostaria de viver em paz em Berkshire. Não estou enganando ninguém.

— Além de si mesmo. – disse sorrindo.

— O que quer dizer com isso?

— Que vou amar ser seu padrinho. – falou sorrindo abertamente.

— Não estava com essa alegria toda.

— Edward, Emmett está para pedir minha irmã em casamento. Enviou uma carta formal a papai e estamos felizes. Ela ficou muito feliz com seu pedido e iremos todos fazer inveja a sociedade londrina e a corte da Rainha.

— Emmett pediu Rosalie em casamento?

— Finalmente! – ele disse sorrindo. – Eles se estranham, mas sempre soube que isso acabaria em casamento.

— Não fica tenso com as...bom...

— Todos nós chegaremos ao ponto de sossegar Edward. – ele deu os ombros. – Não vou esperar a temporada para pedir Alice.

— Brandon? Ela estará nesta temporada?

— Os pais disseram que não.

— E mesmo assim vai fazer a corte?

—Alice é muito bonita e tímida.

— E jovem.

— Sim, eles queriam esperar mais um pouco. Mas visitarei eles logo após seu casamento e farei a corte. Ficarei em minha casa de campo que por consciência faz divisa com a dela e farei de tudo para ser visto.

Sorri para ele. Jasper não iria desistir dela.

— Acho que os três maiores partidos da temporada estão comprometidos. A Rainha achará mais entediante ainda esta temporada. – Jasper abriu uma garrafa de vinho e eu neguei.

— Não vamos celebrar?

—Penso que devemos nos juntar as damas.

— Qual anel deu a Isabella?

— O de rubi de minha bisavó.

— Nunca o vi.

— Ele estava guardado desde de sua morte. Não foi usado desde então. Achei muito apropriado.

Levantei me ajeitando e indo até a porta.

— Sua bisavó? – perguntou sorrindo.

— Sim.

O almoço foi muito longo com a mãe de Jasper fazendo perguntas das quais Jasper me livrou por não saber. Me livrei quando citei Emmett e a conversa ficou focada no noivado de Rosalie e como todas as invejariam por já começar a temporada com o noivado em vez de ficar indo a bailes e se exibindo como suas amigas. Voltei querendo descansar, mas estranhei Harry na porta enquanto um empregado pegava meu casamento e luvas.

— Algum problema?

— Sim senhor, penso que isso seja urgente.

Fomos ao escritório e me sentei sentindo uma dor de cabeça.

— Um funcionário do porto veio aqui.

— Do porto?

— Sim, chegaram algumas coisas da senhorita Isabella que não podem ser liberadas sem permissão.

— Sem permissão?

— Sim.

— Permissão de quem?

— De alguma autoridade que se responsabilize por elas.

— O que seria isso?

— Não sei, ele apenas disse que alguém teria que ir no porto assinar a papelada e tem dois indianos que não deixam a carga.

— Indianos aqui?

— Sim.

— Eles se recusam a deixar a carga?

— Sim, e segundo o empregado é necessário uma carruagem especial de bagagem para locomover tudo.

— Isso se tornou absurdo demais. – falei irritado.

— Absurdo ou não temos dois indianos dormindo no porto desde ontem.

— E que carruagem é essa?

— Consegui achar duas. Mas pedi três porque... temos os indianos...

— Vamos para o porto resolver isso.

Eu precisei me trocar para isso, tomei um remédio rapidamente e Harry foi comigo. Chegamos lá sendo recebidos pelo Comissário Real.

— Desculpa Vossa Alteza, mas não poderia liberar a carga. – ele disse fazendo a reverência e me levando até a carga.

— Sabe do que se trata?

— Apenas os indianos abrem as caixas, mexem e depois ficam esperando. Ontem minha esposa trouxe sopa para eles e casacos.

Eu vi os dois sentados ao lado de várias caixas fechadas. Me aproximei vendo suas roupas diferentes. Não preparadas para o frio de Londres.

— Boa noite senhores.

Eles se levantaram e abaixaram com as mãos juntas, me cumprimentando eu acho.

— Boa noite senhor. Estamos com a bagagem da senhorita. – disse o mais velho feliz.

— E vocês tem que levar até ela creio eu.

— Sim. A carga é frágil. – disse o mais novo em um inglês mais claro.

— Vou assinar os papéis necessários. As carruagens estão ali – apontei com a bengala e eles olharam assentindo. Tem ajudantes que posso pagar...

— Não. Nós levamos. – disse o mais velho já indo as caixas e as pegando com o mais jovem.

Fui até o escritório. Peguei os papéis e assinei. Também tive que me responsabilizar pelos dois estrangeiros que não conhecia.

— Parabéns pelas bodas. – disse o Comissário quando estava saindo. Ele percebeu como estava surpreso. – O anúncio saiu esta manhã pelo Correio Real. Ficou fixado na porta do Palácio.

Vitória deu selo de aprovação máxima.

— Obrigado.

Saí e fiquei vendo por alguns momentos o cuidado dos dois com cada caixa e como eles tinham a ordem em suas mentes. Nunca estive na Índia. Nunca vi nada sobre este lugar, mas ela fazia questão de ter suas coisas perto dela.

— Harry o que há nestas caixas? – falei enquanto observámos os dois.

— Nem imagino senhor, nenhum dos dois falou. Falam o básico de nossa língua. Tudo vai direto para Berkshire. Acho que precisará esperar e ver.

Sim. E nada seria como eu imaginei a princípio. Eu tive uma semana agita entre jantares e vários convites feitos em celebração ao meu casamento. A ausência de Isabella era sempre justificada por ela estar ajeitando nossa casa em Berkshire e tudo que envolvia uma mudança radical. O anúncio do meu novo título saiu antes do esperado e todos ficaram mais agitados, eu agora tinha um ducado escocês, o que a Rainha não concedia com facilidade. Vitória era muito restrita com títulos e reconhecimentos, então isso com certeza deixou todos surpresos, mas felizes ao mesmo tempo.

Olhei para Tânia que me recebia em sua casa depois de vários dias apenas com cartas de justificativas.

— Querida... – falei indo em sua direção. Mas ela não me olhava tão alegre como de costume.

— Ela não era uma viúva insignificante?

— Como?

— Toda Londres fala dela! Todos querem conhecer a Duquesa de Lorne!

— Isso foi inesperado.

— Ela é escocesa. Como isso é inesperado? Sabe como a Rainha ama a Escócia.

— Eu nem sabia que ela era até Vitória me contar. – falei me sentando.

— Edward seu casamento está sendo o comentário de todos. O amor da Rainha pelo primo querido que irá se casar com uma jovem, elegante e linda escocesa.

— Como eles sabem disso?

— O Coronel Jackson irá levar ela até o altar! – disse mais alto.

— Tânia se controle. É apenas um casamento como falei.

— Não Edward. É um evento privado que toda Londres comenta. A Rainha colocou na porta do Palácio dando sua benção real e um título novo.

— Quando a temporada acabar isso vai ser esquecido. – disse sorrindo para ele e ela se aproximou. A puxei de surpresa para meu colo e ela deu grito divertido.

— Será. – disse feliz.

— Teremos outros anúncios, fofocas e todos estarão ocupados demais casando suas filhas, sobrinhas e eu estarei em nossa casa.

— Nossa casa? – disse animada.

— Claro. Estarei em Lua de Mel.

— Nossa Lua de Mel. – falou animada. – Para onde iremos?

— Não podemos viajar querida. Para todos estarei com minha esposa em Berkshire. Não ficaria bem viajar.

— Podemos chamar alguns amigos e dar alguma festa...

— Isso seria um desastre. Todos saberiam, mesmo sendo os mais íntimos. Não temos mais como nos comportar da mesma forma.

Eu vi a decepção em seus olhos.

— Pelo menos no início. – falei acariciando seu rosto e a deixando mais calma. – Desagradaria a Rainha um escândalo com meu nome. Ela acabou de me dar sua mais alta benção. Seria ruim até mesmo para os negócios.

— Claro. – disse compreensiva.

— Trouxe um mimo. – tirei do bolso o anel que tinha mandado fazer.

Ela logo abriu aquele sorrido imenso que amava e abriu a caixa sorrindo.

— Diamantes? Sabe como amo diamantes querido.

Sorriu me abraçando e logo me beijando. Com Tânia tudo era assim, simples e descomplicado. Estar com ela era tão refrescante e despreocupado. Ela fazia de nossos momentos algo tão especiais que eu não poderia retribuir com menos que a paixão que sentia arder em mim.

Sim, eu faria de tudo para que tudo corresse bem. Toquei seus cabelos soltos e a via dormir tranquilamente. Por que então estava acordado preocupado? Por que eu estava com tanto medo do futuro? E esse silêncio de Isabella? Parecia que todos a conheciam. Todos a amavam. Escocesa. Eu não lembro de papai mencionar amigos escoceses nem de nada parecido, mas pelo jeito era seu lugar de nascença. Beijei a testa de Tânia tentando dormir, mas sabia que seria sem sucesso.

What do you want to do ?

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