Minha cabeça queimava, meu corpo inteiro doía, eu ouvia um “pi pi pi pi” ao fundo, e uma conversa entre duas pessoas, mas de quem eram essas vozes? Tentei concentrar minha mente para descobrir, porém minha cabeça parecia que ia explodir.

Abri meus olhos devagar e eu estava em um quarto completamente branco, parecia muito com um hosp.... EU ESTAVA NO HOSPITAL? COMO FUI PARAR ALI?

Quanto mais eu abria o olho, mas meus olhos ardiam. Quanto tempo passei dormindo? Por que estou aqui?

– Oh, Senhorita Swan... – Começou a falar uma mulher morena, baixa e magra, até que um rapaz ao lado dela a interrompeu.

– Senhora Cullen. – Disse ele, olhando para a possível enfermeira. Com certeza ele era meu médico.

Cullen? Cullen? Por que Cullen?

– Hum, o que aconteceu? – Perguntei confusa.

– A senhorita sofreu um um acidente de carro, uma carreta em alta velocidade atingiu a traseira do carro que você estava. Está aqui faz uma semana.

– Cadê minha família? Mais alguém se machucou? – Perguntei começando a ficar desesperada.

– Bom... – Ela ia começar a responder.

– Bella – Meu médico me chamou de Bella? – Você sabe quem eu sou não, não sabe?

– Claro. – Dei um sorriso breve – Você é meu médico. – Ele me olhou com uma cara assustada

– Você disse que estava tudo bem com ela! – Exclamou com a enfermeira.

– Isso é normal, Senhor Cullen. – Respondeu com um olhar severo. – Não assuste-a.

Senhor Cullen, Senhora Cullen, não estou entendendo nada.

– O que está acontecendo? Cadê meus pais? – Minha cabeça doía e meus olhos começavam a encher d’água.

O rapaz que supostamente não era meu médico, veio e sentou-se ao meu lado.

– Do que você lembra antes do acidente? – Perguntou pegando minha mão e acariciando-a.

– Eu não... não lembro de nada – Encarei-o. - Eu lembro dos meus pais no jantar e eu...

– Be-Isabella, eu sou seu marido – Levantou minha mão mostrando-me a aliança.

Quem é esse homem? Eu casei com um desconhecido?

– Hã?

– Sim, a gente se casou há três anos, foi maravilhoso, você veio morar comigo e...

Minha cabeça latejava, e ele não parava de falar, parecia desesperado.

– Para! - Pedi - Por favor! - Sussurrei.

– Mas...

– Eu quero meus pais!

– E-eu vou chama-los – Saiu de cabeça baixa e penso ter visto seus olhos cheios de água.

– - - - - - - - - -

Horas depois meus pais chegaram e felizmente eu me senti bem. Fui transferida para a área vip, segundo meu pai, receberia melhor atendimento e teria mais conforto lá.

– Meu amor, você está tão frágil – Renée (leia-se minha mãe) me abraçou rapidamente e meu pai logo em seguida.

Ouvimos uma batida na porta e era o homem que dizia ser meu marido.

– Edward – Meu pai o saldou com uma cara estranha e minha mãe o ignorou. Então o nome dele era Edward.

– Trouxe umas roupas pra Bella. Falaram que ela havia sido transferida pra cá. – Coçou a cabeça, parecia tão cansado, com olheiras profundas.

– Olá – Um homem de meia idade chegou cumprimentando todos – Sou seu médico, senhorita Swan. Bom, como todos perceberam, a senhorita perdeu uma parte de sua memória, mas não é algo tão preocupante no momento, pelo menos, seu cérebro já desinchou e talvez essa amnésia seja ligeiramente passageira.

– Talvez? – Edward perguntou surpreso.

– Sim, meu jovem. – Virou para Edward respondendo-o e depois retornou para mim - Eu aconselho que procure a viver sua vida normalmente, com as mesmas pessoas que já estava acostumada, isso vai ajudar. Vou deixar alguns medicamentos para dor na recepção. Boa sorte e espero que se recupere logo! – Deu um sorriso sincero e saiu.

– Vamos para casa, meu anjo? – Mamãe beijou minha testa.

– Vocês não ouviram que ela tem que continuar vivendo a vida normalmente com as pessoas que ela estava vivendo ultimamente, ou seja, ao meu lado. – Edward falou sério. Por que acho que ele e meus pais não se gostam? Por que meu suposto marido e meus pais não se gostam?

– Edward, eu não sei se eu realmente te amava. Eu conheço meus pais, não conheço você, tenho você na minha mente como um completo desconhecido. Nada prova que eu realmente gostava de você.

– Eu provo, eu eu...

– Vou trocar de roupa – Olhei para meus pais – Obrigada por trazer roupas limpas – Olhei para Edward agradecendo-o e dei um sorriso sincero.

Mesmo sem estar entendendo muita coisa, eu podia ver nos olhos dele que ele tinha um carinho por mim, eu não queria magoa-lo. Podia ver que ele não merecia isso, sentia que ele não merecia.

Entrei no banheiro e abri a bolsa, algumas roupas eram bem estranhas, ou eu tinha mudado todo meu guarda roupa ou Edward era péssimo em escolher roupas. Ri com o pensamento. Coloquei a mais normal que achei, e saí.

– Está linda, minha filha – Papai disse.

– Meu cabelo tá um bagaço. Mas obrigada! – Sorri – Onde está Edward? – Perguntei.

– Ele...

– Bella, Bella, Bella... eu trouxe uma prova. Você deixou esse recado pra mim, na noite antes da noite do acidente – Pegou o celular e colocou perto de mim.

“Ah, oi Edward. Hum, acho que quando você chegar estarei dormindo, mas quero que saiba que te amo muito, e que sinto sua falta, em todos os sentidos. Eu vou deixar um pedaço de pizza no micro-ondas, caso você chegue com fome. Te amo!”

“Eu sinto sua falta em todos os sentidos?” Quando virei tão safada assim? Eu estava literalmente vermelha por ouvir aquilo na frente dos meus pais. Minha voz naquela mensagem estava tão sincera. Eu não podia magoa-lo.

– Ah, eu sei que isso não prova nada, mas... – Edward começou falando.

– Eu... – Pensei – Eu acho que seria bom voltar a viver com você – Olhei para meus pais – Pai, mãe, bom eu devia gostar dele, algum motivo eu tinha pra deixar essa mensagem de voz, acho que não vai ser tão ruim. Se eu não me adaptar ou sei lá, ligo pra vocês.

– Tem certeza? – Mamãe me olhou.

– Não, mas eu vou tentar. – Respondi.

– - - - - - -

Já estávamos dentro do carro de Edward andando por uma rua menos movimentada de New York.

– Foi nesse carro que tudo aconteceu? – Perguntei encarando as casas.

– Foi, ele ficou bem acabado, mas consegui arrumar. Eu não estava com condições de comprar um novo.

– Entendo – Dei um sorriso breve – Onde a gente mora?

– Já estamos chegando. – Sorriu olhando pra mim e assenti.

– Como a gente se conheceu? – Perguntei mordendo os lábios.

– Em um bar, você estava bêbada. – Respondeu rindo e eu fiquei corada, desde quando eu bebo até ficar bêbada?

– E você se aproveitou disso? – Perguntei curiosa ainda com os lábios inferiores nos dentes.

– Não. – Sorriu torto. – Na verdade, eu te levei pra casa. Você tentou me assediar no carro, e eu juro como não quis nada, mas não porque você não era bonita, eu sabia que aquilo era culpa da bebida, você nem lembraria meu nome pela manhã.

– Entendo. E depois?

– Você não sabia nem qual era seu endereço, peguei seu celular e liguei para o contato “mãe”, ela me deu o endereço, te deixei em casa e fui acusado de embebedar você. Depois a gente se encontrou em um super mercado, você lembrou de mim, por incrível que pareça, eu te chamei pra almoçar, você aceitou e a gente trocou sms a semana inteira. Nosso primeiro beijo foi no 5º encontro, você era bem difícil. – Falou sorrindo e eu ri em seguida.

– Temos filhos? – Perguntei.

Por favor diga que não, por favor diga que não, por favor diga que não.

– Não. – Falou um pouco cabisbaixo.

– Olha, nada contra, mas ainda bem, imagine se eu não lembrasse do meu filho, caso eu tivesse um.

– É, pensando por esse lado. Chegamos! – Parou o carro e desceu vindo abrir a porta pra mim.

– - - - - - - -

– Bom, bem vinda de volta! – Falou abrindo a porta de uma casinha simples.

Por dentro era bem aconchegante, embora fosse pequena, nada comparado a casa dos meus pais. Tinha tantos livros e dvds ali. Móveis não tão novos. Algumas fotos nossa. Peguei uma foto onde eu estava com um vestidinho rosa claro e um buquê na mão, e ele com paletó preto, parecíamos felizes.

– Essa foto foi de quê? – Perguntei curiosa.

– Nosso casamento – Riu – Foi um dia incrível e engraçado, tem a fita dele aí gravado, se quiser assistir depois. – Apontou para algumas fitas enfileiradas – Eu preciso dar um pulinho no meu trabalho, pode ficar aqui sozinha? Eu prometo que volto assim que puder. Esse aqui era seu celular, ligue-me se precisar de qualquer coisa. Meu número está nas últimas chamadas. – Falou deixando um celular em cima da mesa e veio em minha direção, e por um momento achei que fosse me beijar – Se cuida! – Apenas olhou nos meus olhos e saiu.

Observei mais algum tempo a casa e decidi assistir a fita do nosso casamento.

– Eu, Isabella Swan futuramente Cullen, prometo de amar incontrolavelmente e infinitamente pelo resto dos dias da minha vida. Prometo estar sempre com você, em todos os momentos. E te amar dia após dia.

– Eu, Edward Cullen, não sei o que dizer para uma mulher que já tem tudo meu. - Deu um riso tímido. - Eu prometo sempre cuidar de você. Vou te amar sempre, e mesmo que um dia termine, irei fazer você se apaixonar por mim novamente. Eu amo...

– SEGURANÇAS! PODEM SE BEIJAR! – O menino que estava representando o padre gritou e correu, todos correram também, assim como eu e Edward.

E tudo ficou preto.

A gente se casou em um museu? Meu Deus, que hilário. Ri sozinha em casa.

Eu precisava pensar e comer doces, peguei um dinheiro que tinha na bolsa e saí pra algum lugar. Andei bastante até encontrar uma padaria.

– Olá, boa tarde! – Cumprimentei a moça loira do balcão. – Hum, esses parecem estar deliciosos. – Apontei para um doce na prateleira.

– É o seu preferido, Bella.

– Jura? – Perguntei surpresa, e ela me olhou com uma cara estranha. Algumas pessoas ainda não sabiam do meu estado, eu acho. – Hum, claro, é o meu preferido, eu quero três. – Apenas vi ela curvando-se para pegar, colocou-os em uma sacola e recebeu o dinheiro.

– - - - - - - - -

Saí da padaria e por qual lado eu vim mesmo? Droga! Eu não deveria ter saído de casa.

A sorte foi que Edward deixou um celular e, MEU DEUS EU NÃO TROUXE O CELULAR!

– Droga! – Praguejei baixo.

Fiquei olhando de um lado para o outro e já estava escurecendo. Alguém ali conhecia Edward?

– Moça, moça. – Chamei uma mulher que passava na rua.

– Pois não? – Respondeu educadamente.

– A senhora conhece algum Edward que mora por aqui? – Perguntei esperançosa.

– Hum, creio que não senhorita. Desculpa. – Falou saindo.

Fiquei andando em volta e acabei por sentar na calçada de uma loja que já estava fechada. Meus olhos começaram a encher d’água eu parecia uma criança indefesa, como pude ser tão estúpida? Eu não lembrava o número de ninguém!

A rua começou a ficar escruta e deserta. Cadê Edward? Por que não veio me procurar? Eu comecei a ficar desesperada.

– ISABELLA! – Ouvi gritos distantes. – BELLA!

EDWARD!

Me levantei e o vi no final da rua.

– BELLA! – Gritou e correu na minha direção. – Nunca mais faça isso! – Disse me dando um abraço tão carinhoso, me senti tão bem nos braços dele, comecei a chorar.

– Desculpa! Eu, Eu não sabia, eu achei que fosse lembrar, eu não sei. – Encarei seus olhos verdes.

– Eu temi pelo pior, não faz mais isso. – Sussurrou me encarando. – Por favor, não faz mais isso. – Fechou os olhos. – Vem, vamos. – Segurou minha mão e senti um arrepio quando sua pele encontrou a minha.

– - - - - - - -

Nunca achei que aquela casa fosse tão confortante, passei pela porta e dei um grande suspiro.

– Eu vou tomar um banho. – Falei para ele e saí.

Continuei andando e abrindo as portas que encontrei, até achar o banheiro.

Entrei na ducha e deixei que a água banhasse todo meu corpo. Saí e merda, esqueci a toalha, mas havia uma toalha no banheiro, certamente de Edward.

Entrei no quarto enrolada e ele estava deitado na cama, com os olhos fechados sem camisa, apenas de calça jeans. Eu tinha que admitir, ele era lindo.

– Hm, oi. – Cumprimentei-o.

– Oi, eu estava esperando você sair. – Sorriu, levantando-se.

– Eu peguei essa toalha, acho que é sua. – Sorri corada.

– Você e sua mania de corar. – Chegou mais perto passando seus longos e macios dedos pela maçã do meu rosto. – Você fica mais linda ainda corada.

– Edwar...

– Deixa eu beijar você? – Sussurrou com os lábios perto do meu.

– Eu acho que...

– Por favor – Pediu.

Seus lábios foram se aproximando e tocaram levemente o meu. O que eu estava fazendo? O que ele estava fazendo?

– Não, para! – Me afastei bruscamente. – Eu não te conheço ainda, você é um completo desconhecido, Edward. Me entenda, por favor. Eu queria poder lembrar, mas eu não lembro. – Falei colocando as mãos no rosto. - Você é lindo, muito bonito mesmo e parece ser um cara gentil e carinhoso, mas eu não lembro quem você é. Vamos com calma, só te peço isso.

Ele apenas assentiu com a cabeça e saiu disparado para o banheiro.

Coloquei uma camisola que achei, e deitei na cama de casal. Será que iremos dormir juntos?

– Isabella, eu vou estar na sala, se precisar é só chamar. – Virei para olha-lo e ele estava só com uma calça de moletom. Não esperou minha resposta e saiu.

Algumas horas se passaram e eu não consegui pregar os olhos. Eu havia agido errado com ele. Mas a culpa não era minha, eu não sentia nada de tão inexplicável por ele, eu poderia sentir antes, mas agora... Eu estão tão confusa!

Levantei da cama e fui até a sala, ele estava deitado, em um sofá que quase não cabia ele.

– Edward? – Sussurrei.

– Hm?

– Estava dormindo?

– Uhum. – Virou-se – Está precisando de algo? – Abriu os olhos verdes e me encarou.

– Olha, você parece desconfortável aí, quero dizer, a cama é sua, você pode ir deitar lá, eu fico no sofá, sou menor e menos musculosa.

– Estou bem aqui. – Respondeu.

– Hm, tá, então, boa noite. – Sorri torto.

– Boa noite. – Fechou os olhos e virou de barriga pra baixo.

– Hm, Edward? - Sussurrei baixo.

– Hum? - Dessa vez não se virou.

– Eu sinto muito por aquilo no quarto, eu só peço que você me entenda. - Disse olhando para minhas mãos e sentei na pontinha do sofá. Ele ficou em silêncio, e depois sentou-se.

– Não é fácil pra mim também, espero que entenda. - Sussurrou com sua voz rouca. - Num momento eu tinha tudo de você e agora...

– Eu vou fazer um esforço, juro que vou fazer, mas vamos com calma. - Encarei-o enquanto falava e segurei sua mão.

– Ok, Bella. - Disse sorrindo.

– Posso te abraçar? - Perguntei.

– Claro. - Respondeu estendendo os braços.

Oh, os braços dele eram quentes e aconchegantes. Seu cheiro era tão divino. Por que eu não consigo lembrar.

– Edward? - Sussurrei.

– Hm?

– Obrigada por cuidar de mim, eu estava desesperada na rua hoje.

– Eu disse que iria sempre cuidar de você nos votos de casamento, vou cumprir. - Falou e dei um sorriso tímido.

– Bom, vou dormir. - Falei saindo de seus braços e levantando-me.

– Tá bom. Boa noite! - Sorriu.

– Boa noite. - Sussurrei e saí de lá corada.

Joguei-me na cama e me senti mais leve, mais disposta a dormir. Naquela noite sonhei com Edward Cullen e nosso casamento no museu, exatamente como na fita.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.