Red Dress

Gothic Lolita


Seu marido ainda estava dormindo... Quer dizer, era para estar ali, da mesma forma, com ele, pois não fazia muito tempo que haviam dormido.

Espreguiçou-se, ligeiramente, e voltou seus olhos para o espelho que ficava a frente da cama, a poucos passos dali. Observou atenciosamente cada milímetro de seu corpo despido previamente pelas mãos habilidosas do marido, sorrindo com aquelas leves marquinhas avermelhadas em sua pele tão branca e clara que mal poderia se conter de sorrir.

Ah, não apenas isso. Como gostava mesmo de sentir a posse do marido e fazer dele a sua própria, ainda tinha o objeto de couro e metal com um pequeno pingente em forma de coração que descansava em seu pescoço e adornava-lhe o sustento da cabeça. E daí que era uma coleira? Aquilo era, de fato, o que menos estava lhe incomodando naquilo tudo.

O semblante do loiro que ainda estava posicionado na cama como se abrigasse o corpo frágil e macio de seu moreno era simplesmente apaixonada, silenciosamente calma e amorosa com seu pequeno, como dizia para ele.

Deu pequenos passos, devagar, seu corpo ainda doía depois ter feito amor com o marido de forma avassaladoramente intensa. Sentou-se devagar sobre o banquinho na frente da penteadeira e olhou para sua própria figura refletida na camada de prata e vidro que tinha ali, no espelho.

Seus lábios curvaram-se timidamente em um sorriso pequeno, mas bastante carregado de todo aquele puro e fiel sentimentalismo que tinha ali. Mexeu cuidadosamente em seu cabelo ainda bagunçado e meio úmido de seu suor, olhando cada detalhezinho, por menor que fosse, impresso em sua pele e mostrando ainda mais o quanto era de um, apenas uma pessoa, aquele que ainda dormia na cama tranquilamente, envolvo na colcha escura como as paredes em vinho do local.

O amava. Muito, demais. Era inegável que passar os olhos por todo o quarto, ver as peças de roupa que antes compunham seus figurinos agora largadas ao chão e conseguir registrar cada momento em slow motion do caminho traçado até sua cama só fazia sua pele arrepiar-se e sua vontade de voltar para os braços dele crescessem.

Suspirou. Não precisava ser muito alto, não precisava ser pesado. Era só um daqueles suspiros felizes e relaxados, aliviados por ter ele à seu lado... Era um suspiro de amor. Ou do amor, que exalava por seus poros e transbordava em suas veias.

Não precisava de muito, só precisava dele. Olhou o vestido de veludo preto com detalhes em branco ainda meio manchado de sangue e o empurrou com o pé um pouco para o lado. Sentou-se na cama e deslizou os dedos calmamente pela face tão amada que dormia ao lado. Ele era belo. Não, era mais do que isso. Era bonito, lindo... Era subliminal.

Deitou-se novamente acomodado e aninhou-se nos braços dele. Beijou seu nariz e riu baixinho – mesmo que nenhum som emitisse ainda que risse alto, já que a voz lhe faltava por razões indiscutíveis – antes de sussurrar um breve eu te amo para ele.

Se ele estava dormindo mesmo ou não, não sabia e também não interessava. Apenas gostou de sentir as mãos do marido envolverem-lhe pela cintura calmamente e puxarem-no para mais perto, enquanto este sorria e depositava um selinho breve nos lábios do seu pequeno moreno. Ou de sua hime-chan.

Quem sabe, Jin não estivesse mesmo o observando todo esse tempo, do caminho que fez até o espelho para admirar-se no reflexo daquilo tudo que pertencia a uma única pessoa até o caminho de volta para deitar junto da pessoa que conseguia mexer com seu ser...

Aliás, a única que faz seu coração palpitar.

Não é, sensei?

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.