VII - I Almost Do

7. I Almost Do

Aposto que você está sentado em sua cadeira junto à janela, olhando para a cidade

E eu espero que, às vezes, você queria saber sobre mim

Aposto que a essa hora da noite você ainda está acordado

Eu aposto que estas cansado desta longa e difícil semana

Aposto que você está sentado em sua cadeira junto à janela, olhando para a cidade

E eu aposto que às vezes você se pergunta de mim

Reyna desembarca do avião exausta. Seus amigos iriam matá-la quando soubessem que depois de um ano fazendo um intercâmbio em Brighton, na Inglaterra, ela finalmente voltara e não os avisara sobre isto. Mas ela tinha seus motivos: se apaixonara. E fora traída.

Uma história totalmente clichê com seu ex-namorado Octavian. Entretanto a vida dela já havia se tornado clichê há tempos. Bem, pelo menos desde que se apaixonara por seu melhor amigo Leo.

E a partir daí ela passava suas noites acordada imaginando o nome de seus futuros filhos. É. Totalmente clichê.

E eu só quero dizer a você

Leva tudo de mim não te telefonar

E eu desejo que eu pudesse correr até você

E eu espero que você saiba disso

Toda vez que eu não faço

Eu quase faço, eu quase faço

Ah, e sem esquecer, é claro, que os dois se beijaram na frente de todos quando ela fora embora. Prometeram esperar um pelo outro e então, em menos de uma semana após sua viagem, os dois brigaram por causa de alguma garota qualquer e Leo arranjara uma nova namorada.

Reyna era orgulhosa e não deixara barato. Ela começara a se encontrar com Octavian. Um garoto quase perfeito. Quase.

Eu aposto que você pensa que eu segui em frente ou te odeio

Porque cada vez que você chegar, não há resposta

Aposto que nunca, nunca ocorreu a você que eu não posso dizer Olá para você

E arriscar outro adeus

Soltando um longo suspiro, ela balança a cabeça recriminando-se por pensar em coisas tristes.

– Pelo amor de Deus! – Dizia para si mesma. – Você está voltando para sua irmã, seu cunhado, seu sobrinho, seus amigos! Para pessoas que te amam. Tente se concentrar neles, ok?

Mas ela não conseguia.

Ela estava voltando para casa com uma saudade enorme e com milhares de coisas para contar. Mas ela não queria vê-los nem falar com eles. Caso fizesse isto sua lembrança ruim voltaria. E somente ela. Porque não importava que tivesse realizado seu sonho de sair do Brasil, não importava se fora imensamente feliz durante aquele ano e nem que fizera outra família. Uma penca de lembranças boas não apagava uma ruim.

E eu só quero dizer a você

Leva tudo de mim não te telefonar

E eu desejo que eu pudesse correr até você

E eu espero que você saiba disso

Toda vez que eu não faço

Eu quase faço, eu quase faço

E era uma pena que Reyna não soubesse qual era sua lembrança ruim. A de Leo, que seguira em frente e passara a ignorá-la, ou a de Octavian, que a traiu e pedira perdão por isto. Assim como era uma pena que Reyna fosse tão ingênua quanto a sua irmã. Era mais do que óbvio que ela iria exigir a data de ida e de volta de sua irmã caçula. E naturalmente, Hylla fizera aquilo.

E por isto, ela entrava no apartamento de sua irmã sendo recebida com uma festa.

Fizemos uma grande bagunça, babe

É provavelmente melhor desse jeito

E eu confesso, babe

Que em meus sonhos você está tocando meu rosto

E me perguntando se eu quero tentar novamente com você

E eu quase tento

– Titia Rey! – Grita seu sobrinho Rick ao vê-la. Ele abraça as pernas dela e Reyna o pega no colo.

– Senti sua falta. – Confessa Reyna baixinho.

O garoto sorri e desce dos braços dela indo em direção a sua mãe. Depois disto, todos passam a cumprimentar Reyna. É aquela história: “Se divertiu?”, “E o seu namoradinho?” ou ainda “Agora virou inglesa né?”. Ao ouvir aquelas mesmas perguntas repetidas vezes Reyna tinha vontade de dizer “Divertir? Nada disto. Eu ralei pra caramba naquela joça e pra que? Pra meu namorado me trair, e ficar ouvindo essas baboseiras!”

Mas ela era educada demais para isto portanto ela apenas sorria, dizia que aprendera muito e que seu relacionamento não havia dado certo.

Só que tudo na sua vida é clichê. E o moçinho estava esperando a moçinha

E eu só quero dizer a você

Leva tudo de mim não te telefonar

E eu desejo que eu pudesse correr até você

E eu espero que você saiba disso

Toda vez que eu não faço

Eu quase faço, eu quase faço

– Você não deveria me evitar Reyna. – Fala Leo se aproximando da garota.

– Oi pra você também Leo. – Ironiza Reyna.

– Ironia não vai levar você a lugar algum. – Retruca.

– Machucar os sentimentos dos outros também não.

– Então é isto? Você me odeia?

– Não. – Nega Reyna com um suspiro. – Isso é defesa Leo.

– O que você esperava encontrar aqui Reyna? Um príncipe encantado num cavalo branco?

– Não é o que eu esperava encontrar. É o que eu não esperava.

– Você supera. – Fala Leo calando com um beijo.

Aposto que a essa hora da noite você ainda está acordado

Eu aposto que estás cansado desta longa e difícil semana

Aposto que você está sentado em sua cadeira junto à janela, olhando para a cidade

E eu espero que, às vezes, você queria saber sobre mim