Hailee Peters

Primeiro uma rebelde convida as Ômegas para uma festa super particular. E agora Lisa Fray está atras de mim, me seguindo como um cão, pelos corredores da universidade.

— Hailee – ela chama e se apressa até mim.

— O que quer? – me viro para ela bruscamente, fazendo-a quase colidir comigo.

Se um dia alguém me dissesse que eu seria tão popular assim, eu chamaria de louco, definitivamente.

— Eu soube que tinha votado a favor da saída da Skyler, quando a Bella tentou derruba-la do conselho – Lisa sorri falsa, sim, eu votei a favor, isso não significa que gosto dela, mas do que gosto de você, cobra.

— Isso eu e todos do conselho já sabe, o que você quer?

— Quero sua ajuda e das suas irmãs Ômegas para tirar a Madison da ZSB, aquela universidade é preciosa demais para ser entregue a uma novata.

— Lisa, já pensou que talvez, só por um segundo, a Madison pode melhorar a imagem da ZSB? Eu votei sim a favor da saída da Sky, mas também votei a favor da saída da Kelly e da Bella, não me leve a mal, mas eu não me importo com o que você ou o resto do campus quer.

— Eu faço o que quiser, posso te transformar em uma das garotas mais populares da universidade, com prestígios e tudo – ela me para, antes que eu tome meu caminho de volta.

— Olha Lisa, eu vou dizer apenas uma vez e me escute bem, sim? – respiro fundo e olho para ela de frente – eu não sou superficial como você, as vadias da Kappa, ou as suas malditas Zetas. Então eu vou apenas dizer para que você ao invés de perder tempo tentando prejudicar a Madison, se ocupe em melhorar suas notas, porque se eu bem me lembro, você está quase sendo expulsa por causa disso.

— Vai se arrepender disso, sua ridícula – ela fala ameaçadora.

— E eu acho que é você quem vai se arrepender, melhor ficar longe – Skyler fala, ela estava vindo na nossa direção e parou atrás da Lisa.

— Não se meta aonde não foi chamada Skyler – Lisa fala entredentes.

— E você não se meta com quem não lhe deve nada – Skyler sorri debochada – não deve nada a ela, deve Hailee?

Nego com a cabeça e Skyler volta a encarar Lisa, que agora estava de frente para nós duas.

— Acho que é sua deixa – Skyler aponta com a cabeça e a outra sai bufando.

Rimos, a outra realmente só faltava cuspir fogo.

— Obrigada pela ajuda – falo gentil e ela assente apenas com um sorriso, logo dá as costas – Sky – ela se vira para mim com uma expressão confusa – sabe que votei sim para sua saída, não sabe?

Ela sorri, mas não do tipo debochada ou raivosa, mas sim compreensiva.

— Fazemos o melhor por nós e pelos nossos Hailee – ela pisca e dá as costas novamente – nos vemos a noite.

A verdade é que nessa universidade, as fraternidades são como bandos e nós nos protegemos, cuidamos uns dos outros, e contra qualquer um que nos ameaça. Mas ao contrário do que vocês pensam, não votei na Sky porque a queria fora, votei nela para proteger as minhas irmãs, porque de todos dessa universidade, eu sabia que a Skyler seria incapaz de detonar as Ômegas como forma de represália.

Mas agora é uma nova era, e nós fraternas Ômegas iremos aproveitar ao máximo, e isso vai começar com nada menos, do que a sneakernight.

Skyler Rinaldi

Put your sneakers on,

Put your sneakers on,

We’re goin’ dancin’ all night long.

Grito de cima da sacada, acompanhando a música que sai das caixas de som, essa é a minha entrada, e sim, essa música é minha, eu a escrevi, aproveitem bem a noite. Continuo dançando acompanhando as meninas que faziam uma coreografia sincronizada, assim que chega no refrão, me jogo direto na piscina. Se eu sou louca? Talvez até seja, o que importa é que hoje nós vamos extravasar, essa é a minha noite, a noite do tênis, porque esse nome? Bem, é como um evento muito legal, onde todos escolhemos tênis muito bonitos e bebemos até o dia amanhecer, pelo menos aqueles que aguentam.

— Vem – Jack estende a mão e eu seguro, sentindo o mesmo me puxar para fora da piscina, sacudo o cabelo como um cachorro, enquanto ele ri negando – louca.

— Obrigada – dou de ombros e pego a toalha que ele me entrega.

— Eu te odeio – ele ri enquanto andamos em uma direção.

— Que bom, porque eu te acho um mala sem alça – bato no ombro dele, rindo.

Encontramos a Mad e a Ly logo na saída para a área externa, elas estão com minha roupa que escolhi e uma basqueteira com os cadarços rosas neon.

— Obrigada – sorrio e entrego a toalha para o Jack – te vejo depois.

Ele pisca e sai andando.

— Aaron está te esperando – Mad aponta em uma direção e eu vejo o loiro ao canto, conversando com a Katy.

— Já volto – pisco e saio. Caminho até o banheiro da área externa, tiro as roupas molhadas, coloco as secas, seco meu cabelo bem rapidinho, já que ele ainda está pequeno graças a aquela praga do Egito. Calço meu tênis e saio do banheiro, dando uma olhada ao redor e sendo abordada por uma Hailee assustada – o que houve?

— Você é meio doidinha – ela ri leve e assente – bela entrada, aliás.

— Obrigada – olho para ela e logo ao redor – cadê suas irmãs ômegas?

— Estão por aí se enturmando – ela dá de ombros e olha ao redor.

— E você, porque ainda não se enturmou? – franzo o cenho e sorrio, acho que ela é um pouquinho tímida – vem comigo – a arrasto até a mesa de bebidas e encaro o garoto parado ali – Alex meu querido, essa é a Hailee, lindinha, esse é o Alex, ele é o melhor no quesito enturmar os outros.

Hailee sorri e acena para ele.

— Por favor, cuide dela, e se algo der errado, eu esgano você – ameaço e ele levanta as mãos em sinal de rendição, me viro para ela e sorrio confortável – eu vou andar por aí, não fique sozinha, e precisando, pode me procurar, vou estar por aí, com um copo na mão dançando, ou só fofocando.

— Obrigada Sky – ela diz fofa e eu afago seu ombro.

— Deixe comigo – Alex diz e eu semicerro os olhos, esse é justamente o problema – vamos Hailee, vou te apresentar uma galera legal, do que você gosta?

Me afasto em outra direção e deixo os dois em paz, Lydia passa por mim e me estende um copo, olho para ela de soslaio e a vejo dá de ombros, esse é o momento em que eu pergunto se não está envenenado ou se ela não cuspiu no meu copo. Mas dou de ombros e pego, ela não tem motivos para querer me matar, ou tem?

— Alguém viu a Madison? – Clover pergunta se juntando a nós.

Franzo o cenho confusa.

— Estava no jardim com o Hayes – Lydia responde, como assim elas perderam a única ruiva, com tons de ruivos naturais? Ela é quase um farol no meio desse povo de cabelos pretos, loiros e coloridos.

— Hayes está com o Cam – aponto para os dois conversando e vejo a Lydia dar de ombros, como quem diz “não sei”. Então ela apenas sai andando e nós duas ficamos observando os passos da loira, ela chega até um garoto e o agarra.

— Acho que vou procurar ela lá dentro, já volto – Clover ri e sai andando.

Tomo um gole da bebida e aprovo, até que está bom, espero que não tenha veneno. Caminho até o Aaron e sorrio para ele e para a Katy.

— Olá – digo e recebo um oi de volta, mas logo olho para o Aaron – Mad me disse que estava me esperando, espero muito?

— Não, tudo bem – ele fala indiferente, o sorriso que tinha no rosto havia desaparecido.

Okay, isso é novidade para mim, olho da Katy para o Aaron, confusa, o que eu perdi mesmo?

— Vou deixar vocês a sós – Katy sorri, quebrando o clima estranho ali, mas eu a paro.

— Não precisa Katy, eu vou procurar as meninas – digo apenas e dou as costas.

— Oi gatinha – um cara estranho fala e me abraça, coloco minha mão livre no seu peitoral e o afasto, desgrudando-o de mim.

— Te conheço por acaso? – franzo o cenho confusa.

— Babe, não se faça de difícil, estava agora a pouco me agarrando – ele dá um passo para frente e eu para trás.

— Definitivamente eu acho que ou você está bêbado, ou está me confundindo com alguém.

— Eu tenho certeza de que era você – ele parece confuso, incerto, com certeza a primeira opção não é.

— Brandon – uma voz se sobressai na zoada e eu rio, sabendo exatamente quem era – desculpe irmãzinha.

— Acho que tem que pedir desculpas para ele – indico o garoto que olhava de uma para a outra, muito confuso.

— Somos gêmeas – dou a dica e ele parece finalmente assimilar o que estava acontecendo, olho para a Annie e franzo o cenho – o que faz aqui, achei que estivesse em Stanford.

— Como assim Sky? – ela ri meio confusa – você mesma me pediu para vir.

— Eu? – agora sou eu que estou confusa. Ela puxa o celular e me mostra uma mensagem no WhatsApp, realmente era uma mensagem minha, mas...

— Eu não enviei essa mensagem – falo e ela guarda o celular, dando de ombros.

— Então alguém enviou por você – ela por um minuto parecia retesar o corpo, talvez receosa – se quiser, eu posso... – ela indica alguma direção com o polegar e eu nego rapidamente, entendendo o que ela queria dizer.

— Claro que não, fica e aproveita, mas se lembre de dizer seu nome na próxima – brinco, indicando o tal Brandon que ainda esperava, um pouco afastado.

— Tem certeza de que posso ficar?

— Obvio, porque não poderia?

— Bem, é meio obvio, você não me mandou a mensagem, então não foi um convite seu e talvez eu não seja bem-vinda.

— Você é sempre bem-vinda Annie, sempre que quiser, mi casa, es sua casa – lhe dou um abraço breve – eu vou procurar meu celular e ver o estrago.

Ando apressadamente pelas pessoas, acenando e sorrindo, se alguém mandou mensagem para a Angel, provavelmente existe outras merdas por aí. Corro escada acima e vou até meu quarto, assim que empurro a porta do meu quarto, trato de procurar por todos os lados, onde eu deixei essa porcaria? Será que alguém o tirou daqui? Bato os dedos nervosamente em cima da cômoda e inspiro profundamente, lembre-se Skyler, onde estive com ele pela última vez?

A porta que eu havia encostado, volta a abrir e um Jack meio confuso passa por ela, adentrando meu quarto.

— O que é isso? – ele pergunta, claramente perturbado, aí de novo não.

— Do que está falando Jack? – pergunto confusa e suspiro, antes mesmo que ele diga algo, aqui está a merda maior. Espera aí, o Aaron indiferente, será que...

— A mensagem Sky, dizendo que me ama e me quer de volta – ele fala e me entrega o celular.

— Jack – passo as mãos pelos cabelos, os jogando para trás – sinto muito, eu não mandei isso, alguém... alguém pegou meu celular.

— Não brinca comigo Skyler – ele fala bravo, meio alterado, certo, Jack Colucci está meio embriagado.

— Jack – me aproximo dele e seguro seu rosto com calma – eu te amo, você sabe que sempre amei e sempre vou amar, e também já falamos sobre isso antes, mas eu juro por tudo que é mais sagrado na minha vida, que não fui eu que mandei essa mensagem, eu nunca brincaria com você desse jeito, eu te respeito e respeito seus sentimentos, nunca te iludiria dessa forma, lhe dando esperança quando não é adequado.

— Se não foi você, quem foi? – ele pergunta e eu tiro minhas mãos do seu rosto, encostando a testa em seu ombro, sentindo-o alisar minhas costas.

— Não sei – suspiro e lhe encaro – mas tem algum idiota com meu celular na mão, mandaram uma mensagem para a Angel e eu tenho quase certeza de que mandaram para o Aaron também.

— Vamos procurar então, chamar as meninas e tratar de recuperar seu celular, Cameron pode ajudar, certo? – Jack propõe e eu assinto, ele parece muito preocupado e tenho quase certeza de que isso o deixou sóbrio.

— E eu que achei que você estava brincando com minha cara – ouço uma risada sarcástica e olho para a porta do quarto, vendo um Aaron irritado.

— Aaron – chamo assustada e o vejo me lançar um olhar frio, logo batendo a porta com força, me fazendo sobressaltar e ser amparada pelo moreno a minha frente – Jack – choramingo.

— Vamos resolver isso – ele corre para a porta e eu o sigo.

— Aaron – grito, vendo o loiro andando pelo corredor.

— Como teve coragem Skyler? – ele estanca no meio do corredor e vira, fazendo eu e o Jack estatelar no lugar.

— Me escuta, okay? Seja lá o que tenha chegado no seu celular, não fui eu – falo e ele me olha sarcástico.

— Você é melhor que isso, arranje uma desculpa de verdade – ele ri e nega com a cabeça – acabou Skyler.

— O que?

— Isso mesmo que você ouviu – ele fala e sai andando, logo descendo as escadas e sumindo das minhas vistas.

— Jack – chamo derrotada, não podia acreditar que aquilo estava acontecendo.

— Vamos achar seu celular, depois você se acerta com ele – Jack me arrasta e descemos para a piscina, enquanto olhamos e reviramos cada cantinho no trajeto.

— Como você pôde? – Lydia vem gritando na minha direção e eu engulo em seco, não, isso não, não com ela, não agora.

— Calma Lydia – Jack tenta intervir, mas ela está nervosa demais para ouvir qualquer um.

— Calma? – ela me lança um olhar, eu o conhecia muito bem e tratei de negar, enquanto uma lagrima solitária descia pelo meu rosto – eu confiei em você, eu...

— Ly, por favor – tento, mas vejo ela se afastar de mim.

— Nunca mais olhe na minha cara – ela dita e sai andando com passos firmes.

Engulo com dificuldade e sinto alguém me segurar e me levar para algum lugar, tenho total consciência de que é o Jack, mas ainda permaneço tão absorta. O que eu fiz para merecer isso?

— Que bom que você está se divertindo, depois de expor coisas particulares sobre as pessoas que confiou em você – Madison aparece no meu caminho com o rosto vermelho, nem tento chama-la, sei muito bem o porquê ela está dizendo isso e eu não tenho mais forças para negar, ninguém irá acreditar em mim.

Olho para o Jack e ele me leva até o jardim do campus.

— Fica aqui, eu vou buscar agua para você e chamar o Cameron, pedir um favor para mim mesmo – Jack avisa e eu assinto.

Assim que o moreno sai, minhas lagrimas caem com força, seja quem for, com certeza quer me ferrar.

— Que peninha – ouço uma risada sarcástica e enxugo minhas lagrimas, tratando de assumir uma postura fria – da próxima vez, cuide melhor das suas coisas – ela me joga um celular e eu apenas respiro fundo – boa estada, vadia – ela ri e sai andando.

— De todas nós, você é a única que eu esperava que guardasse nossos segredos – Clover fala e eu a encaro.

Ela me dá uma tapa no rosto e nega, logo saindo. Respiro fundo e as lagrimas retornam, tudo que eu menos precisava era que alguém tentasse destruir minha amizade com as meninas, elas são tudo para mim, mais importantes até do que a KKT. Pego a chave do meu carro no bolso da jaqueta e corro para o estacionamento, sei que tem alguém me gritando de longe, acho que é o Jack, mas eu não posso parar agora. Entro no carro e dirijo o mais rápido possível, fui para o único lugar onde eu poderia estar, o lugar onde essa confusão não me afeta. Saio do carro e caminho até a porta, batendo desesperadamente e vendo um rosto preocupado surgir.

— Sky? O que houve querida? – pergunta e eu choramingo, logo sendo acolhida por ela, não preciso dizer nada, eu sei que ela vai estar do meu lado – sua irmã chegou agora a pouco.

Entramos em casa e eu encaro a morena de cabelos cheios de mechas loiras, só agora reparei isso, ela está bonita. Sorrio triste e ela levanta do sofá, abrindo os braços para mim.

— Vai ficar tudo bem – ela diz quando eu agarro seu corpo, suas mãos alisam meus cabelos e eu choro – estou aqui agora, vamos dar um jeito nisso.