Returning the favor

Cameron Albuquerque

Entramos no quarto depois de algumas horas, e ele estava impecável, limpinho como bunda de neném, por isso nós apenas trocamos de roupa e dormimos. Mas o dia seguinte veio, e veio com uma sensação horrível de coceira no corpo.

— Que coceira dos inferno – chutei o cobertor e me pus a coçar minhas pernas.

— Você também? – Jack pergunta, ele estava de pé, na frente do espelho, enquanto se esticava para coçar as costas.

— Alguém me ajuda, pelo amor de Deus – Hayes sai do banheiro, coçando os braços e se revirando todo no lugar.

— Todos estamos nos coçando – Christian fala, enquanto coçava o rosto – acho que isso quer dizer alguma coisa – revela o gênio.

— Skyler – falamos em um uníssono.

— Primeira pergunta e mais importante, se nós bagunçamos o quarto e ele foi limpo, como diabos ela fez isso? – Jack pergunta confuso, enquanto coçava a bochecha.

Olho ao redor do quarto e percebo que há um papel pendurado na porta da frente, caminho até lá e puxo o maldito bilhete, me pondo a ler em voz alta, afinal, eu teria mesmo que compartilhar com eles.

— Deveriam limpar seus quartos vocês mesmos, assim talvez ninguém colocasse pó de mico em suas camas, com amor – Rebeldes Sem Causa.

— Filhas da mãe – Hayes rosna, me encarando.

— Como nos livramos dessa droga de coceira? – Chris pergunta.

— Acho melhor pergunta as nossas mães – Jack sugere, a essa altura ele já estava mais vermelho que tomate.

— Vamos – falo e saímos do quarto, as coceiras, em direção a cozinha, onde aparentemente todos haviam se reunido.

Assim que chegamos, o lugar ficou em um silencio quase ensurdecedor, eu até podia ouvir o som até da respiração de cada um.

— O que houve com vocês? – minha mãe pergunta, vindo até mim apressada, e conferindo meu rosto e corpo, logo depois fazendo o mesmo com o Hayes.

— Jogaram pó de mico na nossa cama – choraminguei, fingindo uma inocência que não existia.

— Jogaram o que... – mamãe parecia confusa e aterrorizada – vocês dois já para o banheiro, vou cuidar de vocês – Mia, vou buscar o kit, vocês, não ousem coçar esse corpo.

Mamãe saiu apressada e tia Mia nos empurrou para o banheiro maior da casa, choraminguei o caminho inteiro, tomara que elas se ferrem.

Christian Colucci

Acordo sentindo meu corpo pesado, abro os olhos e uma claridade absurda atinge meus olhos, deixo-os semiabertos e olho ao redor, depois do banho que nossas mães nos fez tomar, com algum produto que usaram para cessar a coceira, nós tomamos um chá de camomila e fomos dormir.

— Droga – resmungo me sentando, com a cabeça latejando e bem, um vento frio passou, me fazendo perceber que eu estou nu e novidade, não estou no meu quarto, quando foi que minha vida se tornou esse inferno – só pode estar de brincadeira.

~Liga dos Covardes~

Cala a boca e corre idiota – Hayes.

Estou correndo jumento – Christian.

~~

Paro em frente a porta que dava acesso a cozinha e surpresa, estava trancada.

— Ei, psiu – ouço e me viro, dando de cara com os meninos escondidos, em uma planta.

— O que fazem aí? – pergunto confuso.

— Também estamos nus idiota – Hayes responde revirando os olhos e me jogando uma folha de palmeira enorme.

— A porta está trancada, estamos a meia hora aqui, espreitando – Cameron coloca a cabeça de fora da planta e rosna – isso é maldade, eu me vingarei.

— Você não aprendeu nada? – pergunto sugestivo.

— Eu falei que ia ter volta – Jack choraminga.

— Onde estão todos? – pergunto, olhando ao redor e avisto algumas cabeças na área da piscina – qual é o plano? Vocês tem um né? – me desespero.

— Não temos um plano – Cameron fala dando de ombros – tentamos abrir todas as portas, mas não rolou, então estamos só esperando, quem sabe subornar a Felícia, a Rubi ou o Nathan pra descolar umas roupas pra gente.

— Só vocês acham que os irmãos daquelas pragas irão nos ajudar – Hayes revira os olhos – e a Fel é mais diabólica que a Skyler.

— Já tentaram alguma janela? – pergunto esperançoso e vejo o Jack apontar para cima.

— Aquela serve? – sugere com certo deboche, eu te odeio Jack.

Sorrio falso e procuro uma maneira de chegar até lá em cima. Havia uma palmeira ali perto, e bem, poderíamos escalar, o único problema é que se eu estiver certo, a droga da janela aberta é a do quarto daquelas malditas.

— É melhor do que entrar na piscina nu né – sorrio frustrado, bem, se elas já tiraram nossas roupas, então não se importariam de ver mais um pouco.

Nos organizamos e começamos a subir pela arvore, um a um, isso é constrangedor, definitivamente, por isso fiz o máximo para não olhar a intimidade dos meus amigos/irmãos, já basta ter que olhar a minha, certo?

— Até que não foi difícil – Cameron sorri e fecha o sorriso, engole em seco, sendo espelhado por nós.

— Oi amor – falo acenando sem graça – está quente né? Nossa, que calor.

As três haviam acabado de abrir a porta. A namorada do Cameron caminha até ele, dá um tapa em seu rosto e sai sendo seguida pelas outras, mas não antes de nos lançar um olhar assassino.

— É tem razão – Jack ri histericamente – até que não foi difícil.

Olhamos para ele atravessado e vamos para o nosso quarto, nos vestir adequadamente. Na porta do quarto, havia um bilhetinho preso, que eu arranquei e li em voz alta antes de jogar fora.

“Não acharam que o pó de mico era tudo né, vocês escolheram a guerra e nós a declaramos – Rebeldes Sem Causa”.

É claro que estamos fodidos.

[...]

Sentei a mesa do jantar com os meninos, estavam todos ali reunidos. Depois do micão que passamos com nossas namoradas, não saímos mais do nosso quarto, por isso tinham olhares de tudo que é jeito em nossa direção, de ódio por parte das nossas namoradas, de diversão vindo daquelas malditas, de estranhamento vindo de Ruby, Nathan e Felícia, e até de deboche, dos nossos pais, provavelmente já fomos cozidos no caldeirão de sopa de mico.

— Vocês não tem vergonha mais não? – Felícia pergunta, pestinha do jeito que ela é.

— Cala a boca pirralha – Hayes retruca com os olhos semicerrados, definitivamente esse jantar vai ser adorável.

— Boa noite meninos – Skyler fala animada, cobra caninana.

— Boa noite – sou o único a responder, os outros pareciam dispostos a ignora-la.

— Como foi o dia de vocês? – Madison pergunta e eu quase mostrei o dedo do meio para ela, minha mãe arrancaria a minha mão.

— Parem de se provocar – ouço tia Roberta falar e apontar para Madison – se comporte, temos convidadas a mesa, não é legal.

Elas se olham entre si e dão de ombros, com certeza elas não ligam.

— Meu dia foi genial – Lydia se empertiga na cadeira, com um sorrisinho nos lábios, tomara que morra com formiga na boca.

— Instigante – ouço a Skyler falar olhando para o Jack.

— Produtivo – Clover pisca e dá de ombros em seguida.

— Ah, bem lembrado – Madison fala se agachando para pegar algo embaixo da mesa, e puxa uma pequena caixa, em formato de baú, logo arrastando sobre a mesa e a direcionando para mim.

— Obrigada – agradeço, indeciso entre abrir ou esperar até que a SWAT pudesse verificar se não tem uma cobra aqui, ou pior, uma bomba.

— Não vai abrir? – Ruby pergunta sorridente, até essa pirralha entrou nessa falcatrua? Não acredito nisso.

— Por falar nisso, nós temos copias disso – Skyler se levanta, terminando seu jantar – então acho melhor que vocês aproveitem o resto do verão sem mais gracinhas para nós – ela joga o cabelo curto com as costas da mão para trás e se retira.

Engulo em seco, antes de olhar para o Jack, que havia acabado de abrir o baú e fechado na velocidade da luz, com a cara mais branca do que papel.

— Hasta la vista, honey – Lydia dá um tchauzinho e se levanta, saindo com as outras, levando seus irmãos consigo.

— Vamos queimar? – Cameron sussurra para Jack.

— Com certeza iremos queimar – ele concorda e juntos se levantam, pedindo licença, como não sou besta de permanecer aqui e responder perguntas inadequadas, apenas vou junto. Deixamos a cozinha e fomos para o pátio, jogamos as fotos em uma lata de lixo e pusemos fogo, definitivamente essa parte das nossas férias está apagada.

— Acho que eu vou deixar o perigo de lado e vou procurar para minha namorada – Cameron sai andando e eu rio.

— Vamos todos tentar algo saudável – Hayes fala indo atrás do Cameron.

Definitivamente vamos preservar nossa integridade e vida.