Lydia West

— O que acha desse final de semana? – pergunto olhando o calendário – é feriado, todos vão viajar.

— Pode ser – a morena fecha os olhos e suspira.

— Okay, agora me fala, isso não é só cansaço ou irritação por causa da Kayla, fala logo.

Ela me joga o celular e eu encaro a foto incrédula.

— Tem muito mais de onde essa veio – ela me olha cansada e eu rio.

Okay, devolvo o celular da mesma e me levanto, fazendo-a me olhar confusa.

— Aonde vai?

— Tirar esse história a limpo – sorrio travessa – Cameron tem muito que me explicar.

Saio do quarto as presas e desço as escadas correndo, mas assim que abri a porta de casa dei de cara com quem eu desejava, por isso apenas lasquei uma tapa em seu rosto, tremendo de raiva.

— Que merda é aquela Cameron? – pergunto irritada.

Ele suspira exasperado e me puxa para dentro de casa, fechando porta em seguida.

— Eu fui sequestrado, me encheram de bebida e me amarraram na porra de um poste de pole dance por uma pegadinha idiota – ele fala nervoso, enquanto se sentava no sofá da sala e me levava junto.

— E só porque agora eu estou sabendo que a vaca da Kayla é sua ex-namorada? – falo irritada, livrando meu pulso de suas mãos.

— Primeiro – ele esfrega a testa cansado – eu não sabia que a Kayla estava aqui, segundo, precisamos conversar civilizadamente e terceiro, a porra do seu tapa doeu – sua mão passou por cima da bochecha e eu abaixei a cabeça, me sentindo menos irritada e um pouco culpada por ter batido nele – Lydia, olha para mim – o encaro com um bico nos lábios – o que aconteceu na noite da peça? Você saiu toda estranha.

— Tem uma coisa que não te contei, mas por favor, não me julga, e eu vou entender se você ficar bravo, mas fique ao meu lado.

Ele me olha interessado e eu conto a ele sobre o que aconteceu entre mim e o professor. Ele continuava calado, apenas me ouvindo, assim que terminei percebi que seu olhar estava longe, como se estivesse apreensivo.

— Cam, eu...

Não terminei de falar, porque ele me beijou, não como nas outras vezes, mas com compreensão, carinho, cuidado. Ele me afasta tranquilamente e me encara.

— Não voltaremos a falar sobre isso, o que aconteceu, aconteceu – ele acaricia meu rosto e sorri.

— Ainda te odeio por ter beijado a Kayla – as lagrimas brotaram nos meus olhos e eu viro o rosto para o lado, só para ele não ver.

— Se te serve de consolo, eu estava amarrado – ele diz sorrindo e se aproxima de mim, mordiscando minha orelha e abaixando o tom de sua voz, o deixando um pouco rouco – eu ainda tenho uma grande aversão a ela, e ela beija mal – rio com seu comentário – olha para mim – sussurra e eu viro meu rosto, tendo o dele a centímetros – eu trocaria cada garota que passou a mão no meu corpo, só por um olhar seu, eu não queria nada daquilo Lydia, eu te amo com todo meu coração e me doi saber que eu não pude fazer nada além de virar o rosto.

— Cam...

— Olha, eu sei que errei com você no passado, tínhamos 15, eu te trai com a Kayla e me arrependi. Por isso estou aqui hoje, tentando me redimir, querendo acertar dessa vez porque eu tenho muito amor por você.

— Tudo bem – sorrio – mas eu quero outro pedido de namoro – faço um biquinho – o segundo foi trágico.

— Então eu farei um terceiro e vai ser especial – ele me dá um beijo no nariz e se levanta – agora tenho que ir.

Assinto e ele sai da KKT, me deixando sozinha.

Madison Pardo

Estava distraída murmurando uma canção, até que sem querer me bati com alguém.

— Desculpe – sussurro meio aérea, logo focando no rosto a minha frente.

— Está tudo bem? – ele pergunta confuso e eu sorrio assentindo e voltando a andar, mas parei com meu braço sendo segurado e meu corpo sendo puxado para sua frente, me fazendo franzir o cenho pelo ato – você não me parece bem.

— Só estou cansada – digo, dando de ombros – além do mais, você não se importa com isso, então não perca seu tempo me perguntando.

— Eu...

Puxo meu braço cuidadosamente assim que vi alguém pular em seus braços e o beijar. Reviro meus olhos e continuo meu caminho até a Zeta Sigma Beta.

— Mad – o treinador me chama e eu o olho confusa, o vendo parado no meio da sala.

— O que houve Jake? – pergunto confusa, por vê-lo ali.

— Acho que precisamos falar sobre nós.

Sorrio breve e assinto, logo respirando fundo, não que eu queira ser rude, nem nada, mas minha cabeça doi tanto, que eu não desejaria ver mais ninguém pelo resto do dia.

— Olha Jacob, não me entenda mal por favor, mas eu acho que não temos mais sobre o que falar, o que tínhamos parece ter acabado alguns meses atrás, mas se ficou algo mal esclarecido para você, por favor, apenas siga sua vida – digo breve e ele assente com um sorriso.

— Na verdade, era exatamente isso que eu queria, esclarecer as coisas, eu to voltando com minha ex-mulher e não queria nada mal resolvido – ele diz e eu sorrio para ele.

— Isso é maravilhoso – lhe afago o ombro – seja muito feliz e cuide bem dela.

— Você está bem?

— Estou sim, só preciso descansar um pouco – falo simpática.

— Certo então, eu vou indo – ele me dá um beijo na testa e sai.

Por isso eu apenas vou para meu quarto e me jogo na cama, finalmente fechando os olhos e aproveitando a maciez da colcha.

[...]

Eram duas da manhã, quando acordei sentindo alguém respirando no meu pescoço. Me viro lentamente e com cuidado, já imaginando quem poderia ser o dono daqueles braços que me acolhia tão bem. Assim que o olho, apenas suspiro profundamente e deixo um carinho em seu rosto. Quase 15 anos e essa é a primeira vez depois de um longo tempo dele tendo uma crise de sonambulismo.

— Hayes – lhe chamo e ele continua adormecido, me fazendo negar e apenas fechar os olhos, não adianta de qualquer forma, quando ele acordar ele só se levanta e vai embora, assim espero.

[...]

— Madison? – ouço e abro os olhos minimamente, vendo o par de olhos castanhos me encarando com evidente confusão.

— Você teve mais um episódio daqueles – murmuro, já imaginando o que se passa na cabeça dele.

— Não acredito que daí da Alpha e vim parar aqui.

— Pois acredite, porque você não foi convidado.

Ele bufa irritado e se levanta, logo deixando o quarto, dou de ombros e volto a fechar os olhos.

[...]

— Você vai, não vai Mad? – Lydia pergunta e eu balanço a cabeça, me livrando da distração em minha cabeça.

— Irei, é no final de semana, certo? – pergunto apenas para confirmar.

— Sim, no feriado – Skyler responde – já avisamos nossos pais que não iremos para casa.

— Ótimo, eu realmente preciso disso.

— No que tanto pensa? – Clover pergunta alisando meus cabelos e eu lhe encaro com o cenho franzido – você parecia dispersa, antes da Ly te chamar.

— Bem – penso um pouco antes de externalizar, pode ser apenas uma paranoia da minha cabeça, mas preciso compartilhar isso com elas – eu acho estranho o fato da Kayla estar aqui, no final da ano, sei lá, ela é ex do Cam, agora tá namorando o Hayes e teve uma coisa que ela disse que não sai da minha cabeça.

— O que? – Skyler prestava total atenção.

— Ela disse “bem que ela me disse que você era difícil” — falo me referindo ao dia em que ela me veio com aquele convite descabido.

— Acha que alguém a mandou aqui? – Lydia pergunta confusa e eu maneio a cabeça em dúvida.

— Não faz sentido ela querer atacar a KKT e estar mirando justamente na gente se nem nos conhece – digo e elas assentem.

— De qualquer forma, vamos ficar de olho nela – Clover fala e nós assentimos.

A porta se abre e os meninos entram fazendo aquela algazarra já conhecida por nós.

— Final de semana que vem? – Cameron se senta ao lado da Lydia, pelo que a Ly disse, ela se resolveu com ele, e a Loli com o Chris, mas a Skyler ficou caladinha sobre o assunto, mas percebemos o quão apreensiva ela pareceu quando viu o Jack se sentar de frente para si.

— Sim – Lydia diz e recebe um beijo na bochecha.

— Posso levar alguém? – Hayes pergunta e todas nós olhamos para ele.

— Depende – Clover sibila pensativa – se for alguém com perfume barato de puta, saltos vermelhos, unhas rosa tedio total e cabelos loiros falsificados, a resposta é, obviamente não.

— Ela não me deixará ir sozinho – resmunga.

— Então não vá – Skyler o olha irritada, no limite eu diria.

— Skyler – Jack diz em tom de repreensão, o que ajudou a contribuir mais ainda para o mal humor da morena.

— Não comece – ela se levanta e sai irritada, nos deixando em silencio.

— Deixa ele levar ela – Lydia fala e todos nós a olhamos espantados, acho que o Cameron um pouco mais, já que não esperaria nem em mil anos, uma atitude dessa vindo da loira – eles estão ficando, certo? Então qual o problema?

Semicerro os olhos e a vejo sorrir inocente, mas de inocente Lydia West não tem nada, e nós conhecemos bem aquele sorriso. Olho para a Loli, e ela me olha acenando com a sobrancelha. É claro que os meninos não perceberam, mas nós sim.

— Então é isso – levanto e sorrio – até o final de semana que vem – saio os deixando lá mesmo.