Cinderela

Narrador

ERA UMA VEZ...

— Lá vem ele com era uma vez – Madison resmunga.

QUAL O PROBLEMA DE VOCÊS? ADORAM ME INTERROMPER, FICA CALADINHA AI RUIVA.

— Para começar, eu deveria ser loira e ter olhos azuis, mas alguém me forçou a aceitar essa droga, onde ficou o conto da Ariel? Alguém me dá aquele papel.

MADISON, VOLTA PRO SEU LUGAR E FICA QUIETA.

A ruiva se senta e bufa entediada.

AGORA SIM, ERA UMA VEZ, EM UMA TERRA LONGINQUA, UMA BELA FAMÍLIA QUE MORAVA EM UM LINDO CASARÃO.

— A mansão Hill teria inveja – Madison sorri macabra.

O ADORAVEL CASAL QUE CUIDAVA DAQUELE CASARÃO TINHA UMA BELA MENINA, A MAIS LINDA DE TODOS.

— Aí, me confundiu com a Branca de Neve – Madison resmunga.

A LINDA MENINA SE CHAMA CINDERELA, SUA DOÇURA ERA CONTAGIANTE E SEU SORRISO FAZIA TODOS AO SEU REDOR SEREM GENTIS. QUANDO ELLA ERA ADOLESCENTE, SUA MÃE ADOECEU E LOGO A MORTE CHEGOU.

— Ela veio vestida de preto?

NÃO É DESSA MORTE QUE EU ESTOU FALANDO.

— Então qual a graça?

Suspiro e a ignoro.

ANOS SE PASSARAM E O PAI DE CINDERELA DECIDIU QUE A GAROTA PRECISAVA DE UMA FIGURA MATERNA EM SUA VIDA, POR ISSO, CASOU-SE NOVAMENTE COM UMA VIUVA, QUE JÁ TINHA DUAS FILHAS. AS IRMÃS POSTIÇAS DE CINDERELA ERAM MUITO MIMADAS.

— Irmonstras.

MADISON, FICA QUIETA.

A MADRASTA DE CINDERELA SEMPRE A DETESTARA, E QUANDO O PAI DE ELLA FALECEU, A MULHER FEZ DA GAROTA SUA CRIADA, POIS O DINHEIRO QUE O PAI DE CINDERELA HAVIA DEIXADO, FORA GASTO EM SUA MAIORIA COM BOBAGENS.

MESMO COM TODO AQUELE AMBIENTE HOSTIL, CINDERELA NÃO DEIXOU DE SER UMA GAROTA DOCE E GENTIL, SEMPRE TRATANDO SUA MADRASTA E SUAS IRMÃS DE FORMA EDUCADA E ACEITANDO DE BOM GRADO AS TAREFAS QUE LHE ERAM IMPOSTAS.

— Cinderela, cinderela – grita Kelly, a madrasta.

— Lá vem essa velha encher minha paciência – resmunga Madison, a Cinderela – que saco, JÁ VOU.

BEM, TALVEZ NÃO TÃO EDUCADA E AGRADAVEL ASSIM.

— Oras bolas – irritou-se Cinderela – onde já se viu, me mandar lavar o poço.

— Falando sozinha senhorita? – pergunta um belo rapaz que passava por ali.

— E do que te interessas? – pergunta Cinderela, enquanto esfregava a borda do poço com um esfregão.

— Eres uma donzela muito bonita para estares fazendo trabalho de criada.

— Então se eu fosse feia poderia fazer? – Cinderela fala impaciente deixando a escova de lado – por isso eu odeio contos de fadas, olha só fulano de tal, eu tenho que esfregar essa porcaria, antes que minha madrasta me veja batendo papo e me obrigue a fazer outra tarefa absurda, talvez limpar o porão ou dar banho naquele gato encardido dela.

— Você é sempre mal humorada assim, ou hoje é só uma exceção?

Madison semicerra os olhos e os revira, voltando a esfregar o poço.

— Como te chamas? – o garoto pergunta.

— Cinderela.

— É um prazer conhece-la senhorita Cinderela, espero vê-la novamente em breve.

— Até mais fulano de tal, da bundinha redonda.

Hayes, o príncipe ri e nega, saindo logo em seguida.

POR PELO MENOS UMA VEZ EM SUA VIDA, ELLA GOSTOU DE CONVERSAR COM O BELO RAPAZ E MAL PODIA ESPERAR PARA VÊ-LO NOVAMENTE. QUANDO VOLTOU A SI, VOLTOU A ESFREGAR O POÇO, NÃO MUITO ANTES DAS DUAS FÚRIAS APARARECEM.

MADISON, O QUE JÁ FALAMOS SOBRE TROCAR O ROTEIRO?

— Dessa vez não fui eu – Madison se defende seriamente.

— Opa, desculpa – Lydia grita da plateia.

AS DUAS IRMÃS PORTIÇAS DE CINDERELA CAMINHARAM ATÉ ELA, PARA QUE MAIS UMA VEZ, PUDESSEM INFERNIZAR A SUA VIDA, NAQUELA BELA MANHÃ ENSOLARADA.

— Quem era aquele rapaz? – Grisela pergunta, enquanto sacodia seu corpo.

— Toma, conta da sua vida – Cinderela cantarola e joga a escova na menina, que pula para trás assustada.

— Eu vou contar para a mamãe.

— Aproveita e conta que eu te joguei no poço.

— Mais você não me jogou no poço.

E ASSIM CINDERELA JOGOU GRISELA DENTRO DO POÇO, ENQUANTO A MENINA GRITAVA HISTERICAMENTE.

— Anastácia, me tire já daqui – Grisela grita, logo após ter pausado seu ataque de fúria.

— Quanto tempo acha que ela sobrevive sem comida? – Anastácia pergunta, enquanto observava a irmã dentro do poço.

— Um dia e meio talvez – Cinderela responde desconfiava.

— Certo – Anastácia sussurra para Ella e se aproxima do poço – volto já, vou buscar uma corda – a ruiva ri e olha para ela – volto em um dia e meio.

DEPOIS DAQUELE INCIDENTE, CINDERELA NÃO VIU MAIS SUAS MEIAS-IRMÃS, SUA MADRASTA LHE TRANCARA EM SEU QUARTO PARA QUE A MESMA NÃO PUDESSE ATRAPALHAR SEUS PLANOS DE FAZER SUAS FILHAS SE CASAR COM O PRINCIPE, OU COM ALGUÉM QUE TIVESSE DINHEIRO SUFICIENTE PARA TIRA-LAS DAQUELA ESPELUNCA.

— Conte o que houve com a Grisela – Madison fala rindo.

ANASTACIA SE ESQUECERA DA IRMÃ E GRISELA ACABOU SAINDO DO POÇO CINCO DIAS DEPOIS COM A AJUDA DE UM VELHO BEBADO QUE TENTOU BEIJA-LA. GRISELA CONTOU TUDO A SUA MÃE QUE APENAS RIU E DISSE QUE A MENINA TINHA BOSTA DE CAVALO EM SEU CABELO FEDORENTO.

— Bem feito.

DURANTE ESSE TEMPO, O PRÍNCIPE ORGANIZOU UM BAILE E CONVIDOU TODAS AS DONZELAS DO REINO, MAS O MESMO SÓ SE INTERESSAVA EM UMA MOÇA EM ESPECIAL, CINDERELA.

— E lá vem você com essa história de novo.

NO DIA DO BAILE, A MADRASTA DE CINDERELA A SOLTOU E DISSE QUE HAVIA AFAZERES, CINDERELA RESMUNGOU E FOI AO SEU DEVER, A MESMA ESTAVA VARRENDO O JARDIM QUANDO UMA SENHORA APARECEU.

— Oh minha jovem, deverias estar se arrumando para ir ao baile, não achas?

— Eu não tenho roupa, e tenho muitos afazeres, minha madrasta não me deixaria ir – Cinderela fala.

— E quem precisa de madrasta, vamos lá, vai ser divertido – a senhora puxa uma varinha das vestes e os olhos de Cinderela brilham.

CINDERELA COMEÇOU A PULAR ANIMADA, DIZENDO QUE QUERIA UM UNICÓRNIO, UMA MALETA DE MAQUIAGEM COMPLETA, UMA CARRUAGEM DE DIAMANTE, E NÃO DE ABOBORA, UM VESTIDO NA COR AZUL, E A MADRASTA MORTA. MAS É CLARO QUE DE TODOS, A MADRINHA SÓ LHE DEU O VESTIDO AZUL, POIS A GAROTA ESTAVA SENDO EXIGENTE DEMAIS.

A FADA MADRINHA FEZ UM LINDO VESTIDO AZUL BRILHANTE, COM BORBOLETAS E UM LINDO SAPATINHO DE CRISTAL. QUE QUASE FOI VENDIDO EM UMA BARRAQUINHA PROXIMA.

ENTÃO NAQUELA NOITE, NEM AS IRMÃS E NEM A MADRASTA DE CINDERELA FORAM PARA O BAILE, POIS TIVERAM DIARREIA. ENTÃO CINDERELA FOI SOZINHA AO CASTELO E FOI BEM RECEBIDA PELO PRINCIPE, QUE VEIO CORRENDO AO SEU ENCONTRO.

— Vem comigo – ele pega em sua mão e juntos correm pelo castelo, até um jardim secreto.

— Estou morrendo – a garota se joga no chão, ofegante.

CLARO, SEDENTÁRIA DO JEITO QUE É.

— Cala a boca – Madison resmunga – príncipe, socorro, estou morrendo, preciso de respiração boca a boca.

ATENDENDO AO PEDIDO DELA, O PRINCIPE LEVOU SEUS LABIOS AOS DE CINDERELA, DEPOSITANDO UM BEIJO CASTO.

— Vou morrer em paz – Cinderela sorri – obrigada, agora calça o sapatinho.

— Mas...

— Calça o sapatinho – Cinderela tira o sapatinho e entrega ao príncipe.

O PRINCIPE PASSOU QUASE VINTE MINUTOS TENTANDO CALÇAR O SAPATINHO TAMANHO 35, ENQUANTO CINDERELA RIA.

— Me devolve – ela sorri solidária, estendendo a mão.

— Me permite? – ele se oferece para colocar o sapatinho, e ela permite.

O PRINCIPE E CINDERELA SE BEIJARAM NOVAMENTE E NOVAMENTE, ATÉ QUE O RELOGIO DEU SUA PRIMEIRA BADALADA.

— Eu preciso ir – Cinderela resmunga – sabe, aquela história de magia, abobora, ratos, e lacaios, blá, blá, conto de fadas, vamos fazer assim, fica com os sapatinhos e se conseguir me encontrar de novo, eu caso com você.

ASSIM CINDERELA CORREU PARA FORA DO CASTELO, VOLTANDO PARA SUA CASA. MESES SE PASSARAM ATÉ QUE A CORNETA FOI TOCADA DO LADO DE FORA DO CASARÃO E CINDERELA SOUBE EXATAMENTE QUEM ERA, A MESMA ABRIU A PORTA APRESSADA, MAS DEU DE CARA COM SUA MADRASTA, QUE A TRANCAFIOU DENTRO DO QUARTO, POIS CINDERELA JAMAIS PODERIA DESTRUIR A CHANCE DE SUAS IRMONSTRAS.

MAS CINDERELA NÃO ERA TÃO OBEDIENTE ASSIM, POR ISSO ELA DEIXOU O QUARTO, FUGINDO PELA JANELA QUE TINHA AO LADO DA GRANDE ARVORE.

— Olá vadias – Cinderela fala, enquanto tinha os braços cruzados e um sorriso debochado.

NAQUELE MOMENTO GRISELA ESTAVA BRIGANDO COM UM GUARDA DO CASTELO, PORQUE ELA QUERIA USAR O SAPATINHO.

— Ei, esse sapatinho é meu – Madison resmunga.

— Como sabe que é seu? – o grã-duque pergunta desconfiado, tomando de uma vez o sapatinho da mão de Grisela.

— Cadê meu príncipe? – Cinderela pergunta irritada.

— Estou aqui meu anjo – o mesmo aparece atrás dela.

— Você veio – Cinderela abraçou-o forte.

— Queria ter vindo antes, mas os deveres da realeza me chamaram.

— Senti sua falta – Cinderela deposita-lhe um beijo nos lábios.

SÓ EU ACHO QUE ELA TÁ SE APROVEITANDO DEMAIS?

— Grã-duque, traga o sapatinho – o Príncipe ordena.

E ASSIM CINDERELA CALÇOU O SAPATINHO COMO NA PRIMEIRA VEZ, LOGO INDO ATÉ A MADRASTA E AS IRMÃS, QUE ESTAVAM INCREDULAS DEMAIS. CINDERELA SORRIU MANIACA, TIROU O SAPATINHO DE CRISTAL E QUEBROU NA CABEÇA DE GRISELA.

— Sempre quis saber se podia quebrar algo de vidro com essa sua cabeçona – Cinderela fala e dá as costas – príncipe vamos embora, você ainda precisa se vestir de bailarina e dançar o pas-de-deux.

E ASSIM ELES PARTIRAM PARA O CASTELO, VIVENDO FELIZES PARA SEMPRE.