O despertador toca. São 7 horas da manhã. Preparo-me para o grande dia.

Saio do meu quarto sorrateiramente para não acordar ninguém. Quando estou prestes a sair de casa ouço um barulho, viro-me para trás e dou de caras com o meu pai.

–Então? Ias embora sem te despedires do teu próprio pai? Chega aqui. – quando me aproximo acontece o que eu menos esperava…o meu pai abraça-me – espero que não te esqueças do que te disse ontem – sussurra ele ao meu ouvido. – o dinheiro para cá se não quem paga é a tua querida mãezinha.

–Não te preocupes, eu não me esqueço! – digo num tom agressivo. Ele agarra-me pelos cabelos.

–É assim que se fala com o teu pai? – ele continua a puxar, cada vez com mais força – foi essa a educação que te dei? Responde à minha pergunta direito!

–Eu enviarei todo o dinheiro que ganhar para que assim possas ir para os copos. – só sinto a minha cara a arder. O meu pai tinha acabado de me dar um estalo. Pior, eu estava a sangrar.

–És uma mal criada, sua estúpida! Agora desaparece e nunca te esqueças do meu aviso.

Com isto dito, o meu pai abre a porta de casa e empurra-me. Perco o desequilíbrio e caio, magoando-me num braço. Ignorando as dores, levanto-me e caminho para o autocarro para seguir para o palácio pois às 9 horas tenho de estar lá.

A viagem correu bem e até foi bastante rápida. Faltam 10 minutos para as 9 e vou andando para o Grande Portão Dourado.

Quando chego nem acredito no que vejo. É verdade que já tinha visto n vezes em revistas fotos deste portão mas vê-lo pessoalmente é incrível. O portão deve ter no mínimo uns três metros, todo tingido de ouro. As grades encontram-se na vertical e a meio tem desenhos de anjos. O topo do portão possui um desenho em formato de coroa, com um diamante no topo desta. Como é que nunca tentaram roubar aquele enorme diamante. Ai o que eu faria com aquilo. Escusava de vir para cá trabalhar. Um quinto dele já daria para comprar a minha tão desejada casa, para mim, para a minha mãe e irmãos.

Vejo um aglomerado de pessoas e junto-me a elas. Existe muitas pessoas diferentes. Há pessoas mais velhas do que eu (e quando digo mais velhas é que têm mais ou menos a idade da minha mãe), rapazes (provavelmente para os trabalhos encarregues a eles), as raparigas mais simples (assim como eu) e ainda, nem acredito no que vejo, raparigas que parece que vieram para um desfile e não para trabalhar como criadas.

–Bom dia a todos. O meu nome é Genoveve e sou a governanta do palácio. Todos sabem porque estão aqui hoje. Estão cá para servir a família real e assegurar que a qualidade continue elevada como sempre aconteceu. Para começar, todos estarão um mês em formação. Com isto quero dizer que durante esse mês aprenderão tudo sobre o castelo, desde as rotinas de todas a família real até todas as funções possíveis a serem aqui exercidas. No fim dessa formação haverá uma classificação para cada um de vocês. Antes que perguntem, essa classificação serve para vos avaliar e saber em concreto em que posto vocês devem ser colocados. Assim saberemos que não haverá falhas e teremos certezas que cada um ficará com o emprego indicado.

–Espero ficar com a função de arrumar o quarto do princípe, ele é um gato. A coroa assim ainda sabe melhor. – ouço uma rapariga loira (daquelas que parece que veio para um desfile) comentar com outras duas raparigas. Como é possível esta gente vir para aqui e pensar que consegue seduzir o príncipe, não por gostar dele mas para sentir o peso da coroa.

–Silêncio por favor, ainda não acabei. – diz Genoveve – Quero dizer-vos que o vosso salário dependerá da tarefa exercida e claro que as pessoas com maior classificação serão as mais bem pagas. Por fim, sigam-me e boa sorte para a nova etapa da vossa vida.

E assim começa uma nova etapa da minha vida.