Serena estava cansada. Não havia outra palavra para descrevê-la. Duas semanas após o ensaio e ela e Dan ainda estavam brigando a respeito. Aparentemente aquela era a única coisa que faziam: brigar. E Kate começou a ser afetada por isso, o que só deixava tudo pior.

Ela olhou para a linda menina que brincava despreocupada com suas bonecas. Kate era adorável, com seus cabelos dourados e olhos verdes, aparentemente o gene Van Der Woodsen era mais forte afinal de contas. Resolveu mandar mensagem para a única pessoa que poderia ajuda-la

“B, ocupada?”

“Pra você nunca, S, pode falar”

“Pensei em tomarmos um café e levarmos as crianças pra brincar no Central Park”

“Parece perfeito. Nos encontramos em 30 minutos?”

“Eu levo os cappuccinos”

Trinta minutos depois ela e Kate estavam na frente da entrada do parque, esperando. A limusine estacionou ao lado delas. Primeiro desceu Blair, depois Dorota e as crianças.

- Titia B! – Disse Kate radiante ao ver Blair, que a abraçou. Mas logo a atenção de Kate se voltou aos primos de criação. As crianças Bass pareciam saídas de um comercial. Os dois com os mesmos cabelos e olhos castanhos, e as roupas sociais demais para crianças.

Dorota teve que se apressar para acompanha-los

- E então, S? – disse Blair pegando seu cappuccino

- Ah, B, meu casamento é um inferno. Dan e eu não conseguimos conversar sem acabarmos discutindo. E isso está afetando a minha filha – as duas já haviam alcançado as crianças, que brincavam sob a supervisão de Dorota

- Não posso dizer que entendo seu dilema, S. Meu casamento é... tudo que eu poderia querer. Chuck é maravilhoso, e o melhor pai do mundo. Mas posso te garantir um coisa: eu jamais permaneceria em uma relação que fizesse mal aos meus filhos. Nem mesmo com Chuck. Antes de qualquer outra coisa, S, você é mãe. Tem que pensar no melhor para Kate. Ela vai fazer 4 anos, já entende muita coisa. E você sabe o que é crescer em uma família problemática

- Você acha que eu devo me divorciar então?

- Acho que, se não existe outra saída, sim. Sei que você acha que eu odeio o Humphrey. O que é um pouco verdade, mas você pode me culpar? Ele me manipulou, me traiu e destruiu minha reputação, como Dan e como Gossip Girl. Dez anos se passaram, e ele continua ganhando dinheiro as custas de Upper East Side, S. Não foi ele que publicou aquela crônica ridícula sobre o Nate e a Stephanie? Aquela história de casamento de fachada derrubou a popularidade dele.

- Bom, nós sabemos que não é mentira, não é? Além disso a história morreu depois que ela engravidou

- Esse não é o ponto, S. Ele não é um de nós. Nunca foi, nunca vai ser. E não é por ser um Humphrey. É porque ele não sabe até que ponto pode ir. Fizemos muito mal uns aos outros, é verdade, mas somos uma família. Dan no entanto colocou nossa cabeça à prêmio, diversas vezes.

- Você está certa. Mas eu o amo.

- Amor nem sempre é o bastante. – Respondeu Blair, solene.

- O que eu faria sem você, Blair Waldorf?

- Boa pergunta.

- Kate, vamos embora! – chamou Serena. Kate e Audrey vieram correndo

- Já, mãe? Quero ficar mais – disse a menina. Serena achava interessante vê-la ao lado de Audrey, o contraste entre as duas. Kate era tão doce, enquanto Audrey era extremamente voluntariosa.

- Vamos, outro dia vocês brincam mais

- Outro dia tipo amanhã? Lá em casa? A Dorota pode fazer biscoitos - Aquela Bass era impossível de ser contida.

- Tudo bem – cedeu Serena – Agora vamos

Naquela noite Serena resolveu levar Kate para ficar com Lily e Rufus na cobertura.

- Amanhã vou mesmo poder brincar com a Audrey e com o Henry, mãe?

- Vai sim, querida

O elevador chegou ao apartamento deles

- Cadê a minha princesinha? - Disse Rufus pegando Kate no colo e levando-a para a cozinha, para enche-la de doces

- Obrigada por ficar com ela assim de última hora, mãe – Lily apenas sorri

- O prazer é meu, querida. Audrey e Henry quase não ficam aqui, Chuck é apegado demais, Kate alegra a casa – Você parecia preocupada ao telefone, o que houve?

- Vou pedir o divórcio

- Ah, querida! Você tem certeza?

- Tenho sim

- Boa sorte então, estou aqui para o que precisar – respondeu Lily, com a voz triste

O jantar se passou em silêncio. Dan parecia perdido em pensamentos. Serena respirou fundo, precisava tomar coragem

- Dan?

- Sim, Serena – respondeu ele, distante

- Eu quero o divórcio.

- O quê? – ele parecia confuso

- Eu quero o divórcio.

- Não! – disse ele, de repente enérgico. – Serena, eu te amo. Nós temos uma filha juntos... Temos problemas mas podemos resolvê-los

- Não podemos, Dan, nossa relação está insustentável. – Ela se sentia a beira de lágrimas

- Não acredito que você está me deixando

- Você me deixou há anos, será que não percebe?! – Aquela discussão não levaria à lugar algum, Serena se levantou

- Onde você pensa que vai? – gritou ele, segurando seus braços com força

- Embora. – Depois de se desvencilhar dele, correu para a porta. Ela havia feito uma mala mais cedo e guardado no armário de casacos.

- Vou tirar a Kate de você, vou tirar tudo de você, Serena. Você vai se arrepender de ter me deixado – disse ele quando ela saiu

Ao entrar no elevador aos prantos e sem saber pra onde ir, encontrou Chuck.

- Serena?! O que aconteceu com você?! – Ela se jogou nos braços dele e continuou chorar. Ele, mesmo sem entender, a abraçou de volta. Chuck veio tomar um drink com Lily e entregar alguns documentos para ela assinar.

- E... eu preciso pegar a Kate... ele vai tira-la de mim... eu não tenho pra onde ir... – aos poucos ela conseguiu contar tudo a ele, que ficou mais bravo a cada frase.

- Calma, irmãzinha. Ninguém vai tirar sua filha de você, entendeu? Mas você não pode ir até ela assim, vai deixa-la assustada. Vou levar Katherine pra minha casa, você vai pros Hamptons, descansar e se recompor. Meus advogados vão cuidar de tudo. – ela ficou mais tranquila.

- Obrigada, Chuck

- Não precisa agradecer, família serve pra isso. Agora, vamos por partes. – eles foram até a entrada do prédio, onde um dos carros das Indústrias Bass estava esperando – Alex, leve minha irmã para minha casa nos Hamptons e permaneça lá. E ligue para Arthur e mande-o vir me buscar o mais rápido possível.

— Sim, senhor Bass – disse o funcionário, pegando a mala da mão de Serena e guardando-a no porta-malas

— Fique lá até se sentir pronta pra voltar, ok? Você sabe que é bem-vinda lá em casa, mas se preferir pode ficar no Empire também, pelo tempo que precisar.

— Obrigada – respondeu ela, segurando a mão dele, que apenas sorriu e a ajudou a entrar no carro. Ela o observou voltando ao prédio para buscar Kate. Mesmo em meio a todo aquele caos, ela se sentiu aliviada. Livre. Achou uma garrafa de whisky e tomou um logo gole direto da gargalo enquanto observava as luzes da cidade.