- Capítulo 2;

Entrei em meu carro e me afastei daquele lugar quando estava mais afastada parei, tranquei as portas e fiquei pensando: “Um garoto falou comigo. Obviamente ele É um garoto... Que milagre é esse?” Olhei em meu relógio e já eram 18h30min. Fui pra casa, meus pais não estavam... NOVIDAADE! Tomei um banho, lavei meus cabelos. Tentei passar a escova e dessa vez funcionou! Ele ficou lisinho. Coloquei uma calça jeans, camisa longa, passei um rímel, coloquei meus óculos, peguei meu casaco minha bolsa e fui ao cinema.

Cheguei lá, me sentei em um banco e esperei. Logo alguém tapa os meus olhos.

- Bonsoir madame – Eu conheço esse sotaque.

- Murilo?

- Boa noite Marina.

- Boa noite Murilo.

- Bem, que tipo de filme você gosta? Escolhe.

- Não é necessário, escolhe você.

- Então tá – Ele foi rindo – Marina! Vem cá.

Eu fui e ele estava olhando as próximas sessões. Olhei e não entendi nada.

- Traduz aí, eu não entendo nada do que está escrito.

- Diz um filme que tá em cartaz no Brasil e você estava com vontade de ver.

- Imortais.

- Um minuto – Ele olhou lá e se virou pro carinha que tava no balcão - Deux billets pour le film de Immortels.

Saímos e quando fomos pegar a pipoca eu me virei:

- O que falou pra ele?

- Tem certeza que não entendeu? – Fiz que sim com a cabeça – Dois ingressos para o filme Imortais – Ele riu – Você precisa de aulas.

- Minha meta deste ano: aprender francês.

- Eu posso te ensinar – Eu o olhei – Se você quiser, é claro.

- Parfait – Ele riu.

- Sabe pelo menos alguma coisa, mas só isso? “Perfeito?”

- Vai com calma, ok? Sei bom dia, boa tarde, boa noite...

- O básico dos básicos.

- Tô feliz com isso.

- Certo – Chegamos ao balcão de pipoca – O que vai querer?

- Aqui é a mesma coisa do Brasil?

- Basicamente... – Ele estava com o ar pensativo – Faz uns anos que eu não vou ao Brasil.

- Desculpe – Abaixei a cabeça.

- Não se preocupe, você não sabia.

- Sim, eu quero uma pipoca média com um refrigerante grande e um pacote de M&Ms. Tem né? – Ele confirmou com a cabeça – Dá quanto?

- Não se preocupe, eu pago.

- Não, eu vou pagar o meu, ok? Dá quanto? – Repeti.

- O seu dá 20 euros. E o meu... – Ele fez as contas lá e eu lhe entreguei o dinheiro - Bonsoir, Je voudrais deux popcorn moyenne, deux sodas et deux grands M&Mme.

- Velho você fala muito bem francês – Disse pegando os pedidos.

- Com o tempo você se acostuma – Ele sorriu.

Entramos na sala e assistimos ao filme. As luzes se acenderam e esperamos as pessoas saírem, fomos os últimos a sair da sala.

- Gostou do filme? – Perguntei.

- Sim, eu adoro essa coisa de Gregos, Grécia, Athena...

- Principalmente Afrodite? – Arrisquei, era o que todos diziam.

- Ela é linda, mas eu prefiro Athena. A sabedoria dela é incomparável – Certo, eu me surpreendi com isso – E você? Qual o seu Deus/Deusa favorito?

- Eu não tenho um só, mas eu adoro a Athena e o Poseidon. O ódio deles vira amor algum dia, século...

- Pode ser que sim – Olhei no relógio.

- Bem, acho que eu tenho que ir, está tarde.

- Tchau, até outro dia! – Ia saindo e ele me chamou – Marina! – Virei – Me passa seu telefone, caso ainda queira conhecer a França.

- Ah, claro – Trocamos os telefones, nos despedimos e fui pro carro.

A caminho de casa eu fui pensando... Eu conheci um garoto, ele me chamou pra sair e ainda pediu meu telefone, é... Quando estamos em Paris. Tudo pode mudar. Cheguei em casa, tomei um banho, coloquei meu pijama e dormi profundamente.

Acordei, tomei um banho, coloquei minha calça da ADIDAS, uma camisa com manga curta. Fiz umas panquecas, coloquei mel e comecei a comer. Minha mãe aparece com a pior cara do mundo:

- Bom dia! – Eu disse toda alegre.

- Não enche garota – Ela pegou uma xícara de café e voltou pro quarto.

- Que bom humor... – Lavei os pratos e fui ao meu quarto.

× Uma Semana Depois ×

Hoje era o dia em que iria ao internato. Admito, o ano novo da Torre Eiffel foi muito bonito. Acordei hoje e minhas malas já estavam prontas. As roupas que eu usei esta semana, dobradas e guardadas. Fui até a mesa do café e meus pais estavam com bom humor:

- Bom dia, minha querida! – Eu a encarei.

- Quem é você e o que fez com a Ludmila?

- Ninguém fez nada. Quer torradas com ovos? – Meu pai perguntou me entregando um prato.

- Obrigada.

Comemos em silêncio, depois eu tomei um banho. Coloquei um jeans, suéter e peguei meu casaco. Arrumei as minhas malas no carro. Eles estavam na porta.

- Hm, não vão me levar? – Arrisquei, mas já sabia a resposta.

- Não, Marina. Você sabe dirigir, já tem habilitação... Não acho que precise de nós – Meu pai me encarou.

- E toma aí. Um presentinho – Ela me entregou um cartão – É um cartão sem limites, não vai precisar nos ligar pedindo dinheiro.

- Obrigada.

A maioria das meninas estariam felizes com isso, iriam fazer a farra no shopping... Mas eu não. Só um pouco de atenção e carinho dos meus pais já estava ótimo... Apesar de sim, estou um POUQUINHO feliz.

- Tchau e – Respirei fundo – Boa estadia sem mim.

Eles não responderam, só entraram em casa e bateram a porta. Aquilo me doeu mais do que deveria, afinal eu meio que já estou acostumada com isso.