Raios De Luz

Interior Solar


Já sentiu como se seu corpo estivesse sendo pisoteado e depois, a sensação prazerosa de descanso te atinge, e ela dói? Ela arde.

Sei que acordei algumas vezes a noite, lembro-me de Falkon colocando uma compressa de algo gelado na minha testa, lembro-me da água escorrendo pelo meu pescoço, mas não me lembro de nada fixo. Nada fixo depois do terceiro copo da bebida forte e atraente de Andy. Andy.

Levantei da cama devagar, mas minha cabeça começou a latejar. Deitei novamente, afundando nos lençóis. O braço de Falkon estava ao redor do meu corpo, e minha cabeça estava em seu peito, pelas marcas em seus pulsos, eu devia tê-lo agarrado durante a noite. Se me lembro bem, tive um pesadelo. Voltei à posição em que estava, me sentindo acolhida. Mergulhei o rosto de lado em seu peito e fechei os olhos, puxei suas mãos de volta ao redor do meu corpo e enlacei seu pescoço com meus braços. Sentia todos os pontos de seu corpo vibrarem com o meu toque, assim como eu vibrava. Essa coisa toda de energia compartilhada tinha abaixodo a proporções pequenas, até parar de abaixar e ficar estável. Nos ainda sentíamo-nos, mas menos. Agora era agradável.

Levantei a cabeça e olhei para Falk dormindo. Poucas vezes eu o tinha visto assim. Seu rosto aprecia extremamente cansado, mesmo dormindo, suas sobrancelhas estavam franzidas e seus lábios... Ah, seus lábios, eles estavam perfeitos como sempre. Lembrei do dia em que ele me jogou contra os armários da escola e me beijou. Não tinha ninguém lá – para minha sorte. Ele alegou que tinha acabado de voltar da Ed. Física e que estava cansado. O beijo foi curto, mas mesmo assim, o seu corpo contra o meu e o armário contra meu corpo foi algo prazeroso... A ESCOLA!

Mesmo sem me ver, meus olhos se esbugalharam e eu olhei o relógio ao lado da cama. Eram 11 horas, não valia mais apena ir para a escola. Mas acho que me mexi demais em cima de Falk, pois ele segurou meu corpo com força e se virou para o lado, me deixando de frente para ele. Encolhi meus braços e ele me trouxe para mais perto, inconsciente. Minha perna esquerda estava entre suas pernas e eu não pude evitar corar diante de tão posição.

Seus lábios estavam entreabertos, vermelhos como sempre. Falkon era muito tentador dormindo, mesmo com uma expressão preocupada.

Na verdade, irresistível. Aproximei meu rosto do seu, os lados de nossos narizes se tocando. Esfreguei meus lábios gentilmente nos dele, liberando arrepios em minha coluna. Pressionei meus lábios contra os dele e acho que automaticamente, suas mãos começaram a se mover muito devagar nas minhas costas... Gentilmente.

- Foxie... – Ele murmurou em meio ao sonho.

Me afastei um pouco, abrindo os olhos e me perguntando se ele estava sonhando comigo. Claro que sim, uma voz me respondeu. Me assustei. “Quem está ai?!”, perguntei a mim mesma. Sou sua consciência, parabéns, finalmente estamos nos comunicando. “Consiencia. Tem certeza?” Acho que sei quem sou, minha consciência respondeu de mau humor. “Certo, me desculpe” “O que você veio fazer aqui?”. No momento, me apresentar. “Tudo bem, prazer. Pode me deixar sozinha aqui?”, sem respostas, entendi que aquilo era um sim. Mas não deixei de ficar me perguntando o que era aquilo, acabei deixando esse assunto de lado, voltei a mover meus lábios sobre os lábios de Falk, arrancando arrepios.

- Firing... – Ele murmurou.

“Agora meu sobrenome, está ficando interessante.” Já ficou interessante há muito tempo, “Não tinha dito para me deixar?”. Sim, é verdade. “Você sou eu?”. Não... Sim, sou uma parte sua, meu nome é Eixofuma. Mas sei que é complicado, pode me chamar de Eio. “Olá, Eio. Sou Fox!” Eu sei, sua boba. Fiquei embasbacada com meu consciente mau educado. “Me desculpe! É só que, como eu não te conhecia, não imaginava que você me conhecesse” Claro que eu te conheço, sou uma parte sua. Nos só não nos comunicávamos. “E porque resolveu dar as caras agora, Eio?” Achei que estava pronta. Se isso é possível, senti Eio sorrindo ironicamente para mim. Vou deixa-la em paz. Não respondi Eio.

- Fox. – Falk estava com seus imensos olhos verdes apontados para mim, ele tinha os aberto e eu nem tinha notado. – O que estamos fazendo?

- Eu... Eu... Estava te beijando, enquanto dormia.

- Então foi isso... – Ele desviou o olhar, pensativo.

Deveria dizer que gosta dele, ele sente o mesmo. “Como sabe?!” Pois eu sei tudo o que você não sabe que passa ao seu redor e só você não percebe. “Isso deveria ser uma espécie de lição de moral?... Espere! Não! Não era a isso que eu me referia! Eu estava falando, sobre como você sabe que eu gosto dele” Todo mundo já sabe, até o leitor já percebeu, sua boba. “Do que você esta falando? Que leitor?!” Essa parte você ainda não sabe... E nem ninguém a sua volta, vou me manter quieta. Falk está olhando para você, Fox.

- O que foi? – Perguntei.

- Você está perto demais, só isso.

Me afastei, mas Falk não me largou.

- Não vá. – Ele implorou.

Dei um pequeno sorriso.

- O que aconteceu ontem?

- Resumindo, Andy te embebedou, você ficou dançando se esfregando nele, eu o soquei, você me beijou a força, você vomitou, te levei para casa, tirei sua maquiagem, mandei você para o banho, dormimos, você ficou com febre, cuidei de você, cuidei de você, cuidei de você e você melhorou. Até que dormi. Que horas são?

- Muito tarde, esqueça a escola. Eu me esfreguei em Andy? – Ruborizei.

- Demais. Acho que ele te deve desculpas. Não se lembra de nada?

- Não muito...

- Obrigada... – Dei um pequeno sorriso.

- Só fiz meu trabalho.

- Apenas?

- O que quer dizer? – Ele se remexeu desconfortável.

- Eu quero saber se gosta de mim.

- Sim, eu gosto. Surpreendentemente, aprendi a gostar de você. Não é tão chato como eu pensei que seria, ser seu guardião, Fox.

- Bom saber, mas não foi isso que perguntei.

- Ah... Ah!

Falk tirou suas mãos de mim e se levantou da cama, permanecendo sentado, de costas para mim.

- Sim, eu gosto. Surpreendentemente, gosto muito de você. Mais do que como uma irmã, que deveria ser o certo. Os beijos foram meras desculpas para algo mais físico.

Levantei também, mas minha cabeça começou a chacoalhar, era muito para mim de uma vez só. Voltei a me deitar.

- Bom saber que você sente o mesmo.

Falk virou para mim devagar, roboticamente.

- Eu ouvi o certo?

- Sim.

- Mas continua sendo errado.

- Talvez. Existe alguma regra contra isso?

- Sim. – Ele levantou as sobrancelhas.

- Foda-se.

Ele riu e beijou a ponta de meu nariz.

- Tome isso.

Pegou uma cartela de comprimidos no criado mudo ao meu lado e me passou a água. Levantei-me devagar e tomei o remédio. Voltei a me deitar.

- Você me da um instante?

- Pode ir.

Falk levantou-se da cama e saiu do quarto, deixando eu e Eio sozinhas, perdidas.