O resto do treinamento foi exatamente como antes: acertar o alvo. Na distancia de 90 m, eu estava tão cansada que não consegui nem lançar o dardo direito.

- Falk! Não aguento mais! – Gritei de longe.

- Ainda não acabamos aqui! – Ele gritou de volta.

Cai de costas no chão e ouvi o cascalho no chão sendo sacudido. Tinha treinado durante horas sem descanso, sem reclamar nenhuma vez, Falk sempre exigindo mais de mim, porém fiquei esgotada.

- Fox? Fox?! Você está bem? Abra os olhos! – Ele parecia desesperado, sem saber por onde me segurar.

Eu ouvia suas mãos balançando no ar.

- Me leve para dentro.

- Você tem certeza? Você sabe o que vai acontecer.

- Foda-se.

Falkon hesitou, mas pegou meu pulso, instantaneamente, a onda de prazer passou de sua mão para a minha e me mexi.

- Calminha... – Falk dizia para si mesmo.

Falkon puxou meu corpo, me segurando pela cintura, me deixando sentada, abri os olhos e ele virou de costas. Pegou-me pelas pernas e levantou de uma vez comigo. Nossos corpos vibrando.

Falk correu para dentro e subiu as escadas, abriu a porta com uma mão, acendeu a luz e me colocou delicadamente na cama. Ouvi-o respirar com dificuldade e abri os olhos.

- Parece que esta diminuindo.

- Acho que sim. – Murmurei.

- Sei de algo que vai te fazer sentir melhor. – Falk sentou na cama ao meu lado, acendeu o abajur do criado mudo.

Ele se aproximou de mim, uma mão em minha cintura e a outra nas minhas costas, me trazendo para perto dele, me deixando sentada.

- Posso?

Eu respirava com dificuldade, quase sentia as ondas através de sua pele.

- Por favor. – Gemi.

Falkon me beijou, nos nós beijamos. Nossos lábios conectados e nossos corpos se movendo, não conseguindo ficar parados. Até que, ele abriu um pouco a boca e eu o imitei, nossas línguas se tocaram, se roçando. Gemi e o envolvi seu pescoço com um braço, enquanto segurava seu rosto com a mão direita. Falk parecia sem saber muito o que fazer com a minhas mãos ocupadas, parecia que ele queria controlar a situação, não deixar que avançasse, mas mesmo assim quisesse. Ele estava em conflito consigo mesmo e isso me desesperou também, pois eu não deixaria que isso passasse de um beijo, ou alguns.

Puxei seu rosto para longe do meu, mesmo assim eu sentia sua respiração agitada.

- Calma. Não vai acontecer mais do que isso, confio em você e em mim.

Falkon abriu os olhos, acho que surpreso por saber eu saber o que pensava. Ele assentiu com a cabeça, fechou os olhos e sua mão que segurava a minha cintura, subiu até o meu pescoço, e sua mão que apoiava as minhas costas, desceu um pouco. Ele me puxou mais para perto e seus lábios tocaram os meus, arfei e nos separei, mas seu nariz ainda colado na minha testa. Passei a mão por seu cabelo. Ficamos arfando e encostando os lábios. Um pequeno beijo e um tempo, pequeno beijo e tempo, pequeno beijo e tempo... Ajoelhei-me na cama e fiquei um pouco mais alta que ele. Passei minha mão que segurava sua face para a base de seu rosto, puxei seu rosto para cima e o beijei, voltamos a movimentar nossos corpos. Uma das mãos de Falkon deslizava pelas minhas costas até minha cintura, a outra segurava meu pescoço, e fazia pequenos movimentos circulares. Minha mão desceu até seu peito e me deu apoio, a outra que estava em volta de seu pescoço, subiu até seu ombro e me facilitou. Falkon interrompeu o beijo para abrir suas pernas e apoiar suas costas no poste que sustentava a cama. Ele me puxou para perto e eu cai de joelhos na sua frente, sentei na cama, minhas pernas abertas em forma de M. Apoiei minhas duas mãos em seu peito e tateei sua pele por cima de sua camisa, eu podia sentir seus músculos contraindo e descontraindo, a qualquer movimento meu. Senti as ondas mais fortes e gemi baixo.

Suas mãos mudaram de posição, uma delas me trouxe mais para perto, essa estava na base de minhas costas. A outra veio para frente do meu corpo, tateando minha pele por cima de minha blusa e subindo até meus seios.

Afastei-me rápido, como um gato que se assusta com o vento. Engoli em seco, arfante. Falkon estava na mesma posição, uma das mãos onde meu peito deveria estar e a outra onde minha cintura estaria. Ele abriu os olhos e abaixou as mãos.

Tentei acalmar minha respiração, em vão. Passei a mão no meu cabelo, jogando para trás e notei os olhos de Falkon em mim. Ele parecia sereno demais.

- O que foi? – Disse com uma das mãos em forma de garra ainda no topo do meu cabelo.

- Você é linda.

Dava para ver meu reflexo no espelho atrás de Falk. Ele o tinha colocado lá há pouco tempo, tinha dito que eu precisava se um grande espelho. Achei fofo da parte dele, mesmo sem entender o que ele queria dizer.

Observei meu reflexo, minhas bochechas estavam vermelhas devido ao esforço, meu cabelo estava desarrumado, mas caia em cachos abertos e grandes da minha face até o início de meu umbigo. Minha roupa estava desarrumada, uma das alças da blusa caída no meu ombro. Minha bota estava desamarrada e meus olhos pareciam totalmente límpidos, tão azuis...

Arrumei o cabelo e ajeitei a roupa.

- Me desculpe. – Falkon pediu com as sobrancelhas levemente franzidas.

Ele estava com aquela cara de cachorrinho que fez algo errado, como se tivesse feito xixi no tapete da sala ou comido um dos meus sapatos.

Botei minhas mãos na cama e rastejei de quatro para ele, sentei na sua frente e levantei sua cabeça.

- Não se sinta culpado. – Sorri. – Eu te fiz fazer parte disso.

- É, fez mesmo. – Ele segurou minha cintura, senti as ondas fracas agora, impedidas de passar pela malha da camiseta.

Rimos.

- Olha só o que eu fiz com o seu cabelo. – Baguncei mais seu cabelo.

Falk olhou para cima, sem conseguir ver o que eu tinha feito.

- Pode bagunçar o que quiser. – Ele se aproximou.

- Já está bom, né? – Botei meu dedo em frente a sua boca. – Já estamos ativos e descansados.

A carinha de cachorro de Falk voltou. Dessa vez com um significado diferente, aquela carinha que diz que quer dormir na cama junto com o dono, ou que quer mais comida.

Ri dele.

- Já chega.

Desci da cama em um pulo e olhei para ela. Tinha um rastro de terra e areia por onde passamos, os lenços estavam todos puxados e sujos. Só tinha uma parte em qual não tínhamos tocado.

- Que coisa fizemos...

Quem olhasse para aquilo, acharia que fizemos sexo. Imaginei Hiver chegando lá naquele momento e engasgando com aquela vista. Ri sozinha.

- Vou trocar os lençóis. – Falk disse se levantando e andando até a porta.

- Posso fazer isso.

Fui até a porta também. Me apoiei no portal e olhei as costas de Falkon.

- Não, eu faço. – Ele virou para mim e se abaixou - Você é a hospede, e que bagunça eu fiz com você.

Encostou os lábios nos meus, liberando mais energia do que o normal, e desceu as escadas.

Coloquei o cabelo atrás da orelha e sentei em cima da cômoda.

Me pus a pensar. Ele tinha mesmo me balançado assim?

“Não, claro que não”. Eu tinha apenas me aproveitado, assim como ele. Quer dizer, é legal beijar um modelo da Calvin Klein – ou um quase modelo – eu não queria saber de amor, só de sobreviver. Ele era bonito, sexy, me deixava tonta e me beijava quando eu quisesse, digo, ele beijava bem. O cara perfeito para se usar... Não, o físico perfeito. Pois, como pessoa eu não queria magoa-lo e nem podia, porque ele também estava me usando. Falkon nunca tinha sentido esses arrepios intensos, assim como eu, mas eu nunca tinha... Sentido nada disso.

Falk entrou no quarto carregando os lençóis, cobertores e mais. Sorriu para mim a me ver sentada na cômoda e se pôs a trabalhar.

- Sabe, Falk, você foi o primeiro cara que eu beijei.

Falkon parou de forrar a cama e se virou lentamente para mim. Um risco de surpresa, malicia e vigor passava por seu rosto.

- Se você não tivesse dito, eu nunca teria descoberto.

- O mérito é todo seu, eu só te imitei. – Sorri sem mostrar os dentes.

- Queria que você fosse a minha primeira também.

Como machucar um cara que é intrespassável?

Eu não estava balançada, não. Só estava me divertindo, era como uma droga, mas eu não estava viciada. Só queria curtir, eu tinha foco;

Mas seu eu tinha tanta certeza, por que estava dizendo isso para mim mesma?