Raios De Luz

Calor que Queima


Falkon achava uma boa ideia treinar com o exercito. Ele disse que estaria ao meu lado o tempo todo e que eu não iria me machucar.

Eu realmente não me importava com cicatrizes, hematomas ou feridas em geral, mas sim com o fato de tratarem-me de um jeito estranho... O Reino todo sabe que eu estou na Vila. Na verdade, todos os Reinos sabem. Apenas no primeiro dia em que estou na Vila, já recebi presentes de quase todos os Reinos. Eles mandam-me objetos lindos, como joias, vestidos e todo o tipo de objeto magico que eu não conhecia.

Vovô me explicou que os Reinos colaboram com o Reino da Luz. Todos colaboram, menos as Sombras que pertencem aos caçadores. Porém nem todos colaboram entre si. Muitos Reinos entram em guerra e o Reino da Luz não pode interferir.

Falkon disse que os Reinos competem para mandar o melhor presente para mim. Eu acho que eles se saem muito bem nisso.

Minha avó está animada com o baile e insiste para que eu escolha um vestido.

Naquela mesma tarde, uma moça alta e magra chegou ao Castelo. Seu cabelo Chanel preto, combinava com suas botas altas e seu sobretudo escuro. Ela tinha um óculos escuros no rosto e um esquadrão de seguidores vestidos nas mesmas cores que ela.

- Vossa Alteza, é uma honra vesti-la para seu baile. – A mulher beijou minha mão.

- Por favor, me chame de Fox. E é uma honra tê-la me vestindo. – Sorri.

Mesmo eu não sabendo quem ela era.

- Naturalmente, Fox. – Disse ela se referindo ao meu apelido.

- Querida, Termis é a nossa estilista particular. Ela selecionou alguns vestidos para que você possa usar na festa.

- Ah.

- Sim, Fox! Eu desenhei o melhor para você!

Algo me dizia que ela tinha desenhado literalmente para mim. Desenhado os vestidos em dois dias e tê-los prontos.

- Ótimo! Vamos começar! – Minha avó bateu as mãos juntas.

Entramos em uma sala enorme. Com muitos espelhos e um palanque no meio. No canto mais distante da porta, havia uma cortina circular.

Vovó sentou-se em um dos sofás e Termis sentou-se ao seu lado. Seus seguidores começaram a montar mesas e tirar vestidos das capas. Logo tínhamos começado.

...

- Não vou contar, Falk.

- Por favor! – Ele implorou.

- Já disse que não.

Falkon me implorava para que eu contasse sobre o meu vestido. Ele queria que eu mostrasse, mas eu disse que tinha que ser uma surpresa. O vestido era perfeito.

- Então a cor! Me diz a cor!

- Nãããão.

Estávamos sentados na grama do lado de fora do Castelo, vendo os jardineiros trabalharem nas rosas.

- Tudo bem... Eu espero.

Sorri.

- Quando você quer começar a treinar? – Ele perguntou.

- Não sei, Falk...

- Não entendo porque você não quer isso.

- Eu não quero que me tratem diferente.

Falk ficou um tempo sem falar.

- Eles não vão.

Olhei para ele e ri.

- Falkon... Você sabe que vão. Todos me tratam estranho.

- Eles não vão.

- Tá, como você sabe? – Cruzei os braços.

- Ah, eu sei. Eles não são pessoas comuns, Fox. Eles são guerreiros. E não querem que a princesa morra então eles tem que te ensinar direito.

Fazia sentido.

- O que você quer que eu diga? – Olhei para frente.

- Que você vai.

- Eu vou.

Falkon sorriu e eu não pude evitar sorrir também.

Ele passou um dos braços pela minha cintura e me levou a deitar junto com ele. Deitei em seu peito e sua mão passeou pelas minhas costas.

Sempre que eu estava com Falkon, me sentina protegida. Como se nada no mundo pudesse me afetar. Sei que soa piegas e clichê, mas poder contar tudo para uma pessoa e ter plena confiança em alguém não é algo maravilhoso?

Falkon subiu a mão até o meu ombro e me puxou para cima, buscando os meus lábios.

Um arrepio percorreu minha espinha. Seus lábios macios e duros ao mesmo tempo, se abriram para mim.

Sua mão subiu ao meu pescoço e rondou a área onde a gargantilha luminosa ficava. Nesse momento, senti um formigamento insuportavelmente dolorido na área em volta do meu pescoço. Puxei minha boca da dele e ofeguei.

- Fox? O que foi? – Ele parecia confuso.

Balancei a cabeça, sem saber o que dizer. A dor tinha parado, mas eu ainda sentia os dedos de Falkon na minha pele.

- Eu não sei... Quando você encostou... Ardeu.

Engoli em seco.

- Será que... Será que foi porque fui eu? Ou isso é comum? Eu nunca parei para pesquisar.

- Eu não sei.

- Vem.

Falkon agarrou a minha mão e me puxou para ficar de pé. Nós começamos a correr para dentro do Castelo, os empregados nos davam passagem e voltavam a fazer o que faziam. Falk me puxou até o segundo andar, onde abriu as portas da grande biblioteca. Nela havia todos os livros publicados das doze ilhas. Sofás e divãs ficavam espalhados pelo recinto junto com um forte cheiro de erva cidreira. Enormes cortinas decoravam as bordas das longas janelas. Uma longa escada no centro guiava a parte de cima da biblioteca.

- Como vamos achar alguma coisa aqui?

- Nos vamos perguntar.

Olho ao redor da biblioteca procurando alguém.

- A quem?!

Falk olha para mim e me puxa para uma mesa no centro da sala. A mesa é oval e de madeira, com um livro fechado em cima e um candelabro.

Falkon limpa a garganta tentando chamar a atenção.

- O que você está fazendo? – Murmuro.

Falkon me ignora e encara o livro. Reviro os olhos e encaro-o também. O livro tem uma capa lisa e é grosso, apenas isso, ele não parece ter nada demais, até começar a tremer em cima da mesa.

Dou um passo para trás e esbugalho os olhos.

- O que?!

O livro abre-se sozinho e em vez de páginas, tem um buraco e uma boneca.

A boneca é incrivelmente realística, ela é loira com pequenos olhos fechados e um vestido feito de flor. Ela também tem asas e seu cabelo está preso em um alto rabo de cavalo.

De repente, a boneca levanta e começa a limpar o pó da roupa. Não é uma boneca, ela parece mais com uma fada.

- Há há! Você voltou! Muito bem, muito bem... Agora está todo convencido, garanto. O guardião da princesa, não é mesmo?! – A pequena cruza os braços e encara Falkon de dentro do livro.

Para um ser tão pequeno, ela tem uma voz muito alta.

- Não implica, Sandie.

- “Não implica, Sandie” – Ela imita a voz de Falkon. – O que você quer?

- Sandie, está é Foxie.

Sandie olha para mim pela primeira vez e abre a boca emitindo um “Ahhh”, como se estivesse entendido algo.

- A princesa... Sim, sim, sim. Sabia que em algum momento você viria! Seja bem vinda e essas coisas e tal... Eu sou Sandie. – Sandie se apresentou abrindo as pequenas asinhas escondidas nas costas e voando até chegar a minha altura. – Sou do Reino do Conhecimento, mas me trouxeram para cuidar da biblioteca real que é tão parecida com a biblioteca do Reino.

Sandie continuou a voar, me mostrando o caminho de uma das estantes.

- Sou requisitada quando se precisa de ajuda. E você precisa de ajuda. Então, - Ela pousou em uma prateleira – qual é o problema?

- Você é uma fada? – Apontei.

Legal. A primeira coisa que eu pergunto é se ela é uma fada...

Sandie suspirou pesadamente.

- Não, não sou. Fadas ficam no Reino da Flora...

- Oh, entendi.

- Precisamos de ajuda com algo. Mais precisamente, com isso.

Falk apontou a gargantilha no meu pescoço que brilhava fraca agora que a luz era pouca.

- Sim, a força de Luz. – Sandie deu de ombros.

- Queremos saber mais sobre ela.

Sandie acenou com a cabeça e voou até uma estante do outro lado da sala. Nós corremos até ela e observamos enquanto ela procura um livro bem no alto. Ela puxou um livro com capa roxa e o desceu bem devagar. Não sei como algo tão pequeno podia aguentar algo tão pesado, mas antes que ela pudesse vir até nos, Falkon esticou o braço e pegou o livro.

Falk voltou para mesa e colocou o livro em cima dela, ele ia abri-lo, quando Sandie voou para cima do livro e encarou Falk.

- Cuidado. – Ela notificou.

Balançamos a cabeça afirmando e Falk abriu o livro.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.