Rainbow War

Salvo pelo laranja


Tudo bem, pode não parecer muito impressionante, mas eu fiquei abestalhado com o fato de eu estar parecendo uma galinha gigante de fogo com aquelas coisas nas costas. E ainda tinha esse maluco atrás de mim, querendo minha cabeça e sabe-se lá mais o que. Eu disse que eu não devia ter saído da cama hoje?

Eu já devia estar uns minutinhos atrasado pra aula, então tinha que me livrar dele muito rápido pra ver se essa alucinação passava e eu ia direto pra aula esquecer que tive um surto momentâneo. Se bem que o primeiro horário era biologia e o professor raramente fazia chamada, dizia alguma coisa de importante ou de interessante então eu acho que posso me dar ao luxo de perder essa aula.

– Não acredito que você vai criar coragem de me enfrentar, e mesmo assim sem nem conhecer a meta de seus poderes. Acha mesmo que pode me vencer? – ele me perguntou com uma faísca de descrença nos olhos.

– Você não parece ter nenhuma noção de com quem está falando! – eu estava tentando posar de corajoso – Eu sou um anjo exterminador muito poderoso, e vou fritar você com chamas divinas se você não me deixar em paz agora!

Ele me olhou com uma expressão atônita e começou a rir, e riu de maneira tão contagiante que eu tive um lapso de esquecimento que ele estava tentando ser um homicida comigo, e quase tive vontade de rir junto. Quase. Quando eu relaxei pensando ter vencido pelo ridículo, ele apontou espinhos de sombras pra mim e não pude deixar de ficar gelado com a possibilidade daquilo me perfurar, mas eles pararam a uns cinco centímetros de mim, e quase molhei as calças.

– Não me faça rir – a expressão dele fazia um combo de homicida e diversão – Você mal tem capacidade de limpar as próprias calças, quanto mais de me enfrentar. É uma pena que você vá morrer tentando.

Eu via os espinhos de perto, e vi quando eles recuaram alguns cm pra vir com tudo pra cima de mim, e eu vi quando eles não conseguiram atravessar a parede de terra que se ergueu do chão pra me defender. Eu só não vi de onde saiu àquela pessoa tão maneira: Vestia uma calça jeans azul sem detalhes e bem apertada, camisa laranja com mangas compridas cinza, e sandálias. Tinha olhos muito azuis e cabelos curtos com reflexos laranja, mas o mais impressionante da sua aparência era tentar descobrir se era uma menina ou um menino.

– Deixe-o em paz, você não tem direito de tentar matar os outros enquanto eles estiverem em suas formas humanas. – ate a voz parecia andrógina: um meio termo entre o masculino e o feminino que eu não conseguia discernir – Se tentar mais alguma coisa contra ele, eu juro que vou acabar com a sua raça. Vá embora daqui e espere ate podermos lutar contra você de maneira justa.

– Você não sabe com quem está se metendo! De qualquer maneira, eu vou acabar com eles e você não vai poder me impedir! Aliás, você ate me poupou o trabalho de te procurar quando eu acabar com esse miserável.

– Chegue mais próximo por um passo que seja e eu juro que a verdadeira batalha vai começar! Vá embora, agora e voltaremos a nos enfrentar com mais tempo, em um lugar mais honrado e em um momento mais auspicioso.

Havia um sorriso terrível no rosto dele quando ele/ela falou aquilo. Mas parecia que a proposta era mais atraente do que a possibilidade de me matar naquele momento, e eu comecei a rezar em silêncio para que ele engolisse a história da pessoa que me salvava. Por fim, voltou as costas para nós dois e disse simplesmente:

– Você tem muita sorte de Urano ter salvado sua pele, mas nos encontraremos de novo, mercuriano. Em breve, muito em breve.

E as sombras começaram a engoli-lo cada vez mais. Quase torci para que elas o estrangulassem da mesma maneira que tentaram me estrangular, mas como eu tenho um azar do caramba, elas pareciam mais estarem abraçando e o protegendo do que enforcando e matando. Quando as trevas se dissiparam vi que tudo estava normal como se nunca tivesse ocorrido uma batalha de grandes proporções naquele banheiro, mas eu sabia muito bem da verdade, e não ia deixar passar em branco tão facilmente.

– Jack, venha comigo. – disse ele/ela de laranja – Acho que te devo algumas explicações depois de tudo isso. Meu nome é Kahel, e eu sou um alien como você.