Rainbow War

Nossas conclusões


POV Jack

Se eu pudesse escolher um objeto para representar meu coração, diria que era uma taça de vinho se partindo ao som de um grito terrível. Senti como se tivessem metido uma bala no meu cérebro, mas eu não tivesse morrido. Ao invés disso, a bala penetrava calmamente, rasgando e perfurando tudo e causando a maior dor que eu já senti em toda a minha vida. O rosto de Atlantis mudou e revelou o de Hikari.

Acho que na vida passada eu devo ter salgado a Santa Ceia e bebido cerveja barata no Santo Graal. Só podia, porque a vida gostava muito de me azucrinar. Hikari era meu melhor amigo e era o Atlantis. Isso só fazia me lembrar que só existia uma pessoa que era Darkshadow. E que não era um jogo. Agora eu entendia. Eu sabia perfeitamente o que era. Era hora de matar.

Dei meia volta volver tão resoluto que fiquei surpreso comigo mesmo. Ninguem se atreveu a me tocar, porque pelo visto eu estava em chamas. Não sentia calor, e sim frio. Era como se eu estivesse cada hora mais precisando usar 5 casacos de pele e 3 moletons pra ficar quente. E isso porque eu quase derreti a porta da casa de Perla. Acho que eu sentia frio, mas era de ódio. Quanto mais frio eu sentia, mais o chão derretia, e as coisas ao meu redor acendiam em chamas.

POV Hikari

Eu tinha certeza que isso ia acontece. Jack descobrindo que eu sou Atlantis faria a mente dele entrar em curto. E pelo jeito como saiu e deixou metade da casa dela pegando fogo, derretida ou simplesmente tão quente que não poderia nem ser tocada, vinha chumbo grosso no caminho. Eu podia até apostar quem era o alvo da vez, e isso não me agradava nem um pouco. Na verdade, me agradava menos do que a presente situação.

Dei uma olhada na Perla e na Nanda, e elas não estava muito melhores. Seus rostos mostravam apenas confusão e incerteza, mas principalmente medo. Querendo ou não, alguém tinha que tomar as rédeas da situação, e o que mais me amedrontava, é que eu acho que deveria ser eu.

POV Perla

Eu não sabia o que pensar agora. Jack parecia ter sacado alguma coisa, mas ficou com raiva demais pra contar. E ao ver que tudo o que planejamos, teorizamos e fizemos se revelou inútil, minha confiança caiu por terra. Eu não sei mais o que fazer e nem sei mais se consigo fazer alguma coisa. Queria ter todas as respostas quando precisasse.

Olhei Nanda e tentei tocá-la para conversarmos, mas eu quase não consegui me mover. Alguma coisa naquele ataque de raiva tinha feito eu repensar qualquer chance de liderança. Eu estava disposto a entregar a qualquer pessoa, e por qualquer pessoa, eu queria dizer o Romolo.

– Perla, acho que eu sei o que fazer. Me deixe assumir a liderança, que tudo ficará bem!

Olhei pra ele como se dissesse: não minta mais do que já mentiu. Não acreditava mesmo no potencial de Hikari como líder. Se ele era capaz de trair Jack, fazer um grande jogo sujo com ele depois voltar atrás arrependido e ainda por cima se vender para o lado que quer as tripas dele fritas na manteiga, me dava arrepios de pensar como seria ele como líder.

– Dê um voto de confiança à ele, Perla. Se ele realmente sabe tanto quanto disse, então tê-lo como líder será uma grande vantagem. – surpreendeu Romolo.

– Não era você que estava todo nervosinho sobre a confiabilidade dele? Porque de repente decide entregar o cargo mais importante pra ele? – perguntou Nanda, antes que eu conseguisse assimilar tudo.

– Sim, eu sou contra que esse maldito assuma. Mas não temos escolha. Ele tem muito mais informações do que nós, e conhece Jack muito melhor do que qualquer presente aqui. Temos que nos sujeitar a confiar nele e esperar que funcione.

– Você realmente é bem astucioso. Mas não deveria deixar tudo nas mãos das probabilidades. Eu ainda posso liderar essa equipe. – disse eu, sem muita firmeza.

– Você está em estado de choque. Não quero colocar sua liderança em xeque, mas dessa vezes, é melhor você seguir ordens. E quanto a você – disse ele enrolando uma corrente no pescoço de Hikari e fazendo uma coleira – qualquer movimento suspeito, uma mínima poeira estranha me disser que é uma emboscada, eu te mato tão rápido que vai sentir como se tivesse explodido.

POV Hikari

Isso é mal. Isso é terrível! Eu queria assumir a liderança, mas depois dessas palavras de Romolo, e principalmente por ele ter dado a sugestão, eu não estava mais nem um pouco afim. Ele estava muito estranho e eu tinha certeza que tinha algo errado, mas como dizer isso com aquela ameaça tão específica. Não daria nem um pouco certo. E agora todos olhavam pra mim como se esperassem alguma coisa. Isso é mal mesmo!

– Acho que não temos tempo de ficarmos aqui pensando. Diga logo alguma teoria! – me pressionou Nanda.

– Eu… Eu acho que Jack já descobriu quem é Darkshadow e agora quer tirar uma desforra com ele pessoalmente. Mas ele não pode chegar perto de onde ele está, pois não sabe seus esconderijos. – tentei.

– Então ele vai tentar chamar a atenção dos mais próximos à Darkshadow e provocar uma briga. Se seguir essa linha de raciocínio, seria certo presumir que ele vai puxar briga com Jade ou Fliender. – Nanda rebateu.

Isso é mal. Ela antecipou meu pensamento e colocou em xeque uma questão: de quem Jack está atrás? Eu sei exatamente para onde ele vai, mas não vou deixar que todos sejam jogados no mesmo abismo que eu seja. Se eu ainda quiser salvá-los, tenho que dar um jeito de desviar toda a atenção deles para outro local.

– Sim, mas não sabemos de quem ele vai atrás. Pode ser qualquer um. Pode ser qualquer coisa até. Se ele estiver escondendo qualquer coisa de nós, ele tem uma vantagem, e ele vai direto nela. Eu precisaria ver alguma coisa dele, tipo o celular ou o caderno de teorias que ele tem. – sinto muito, Jack. Mas eu preciso contar um segredo pra preservar outro.

POV Romolo

Eu sei o que está tentando fazer. Mas não vai funcionar, babaca. Eu vou vencer esse jogo, nem que eu tenha que arrancar a cabeça dos seus pais.

– Ele comentou alguma coisa comigo. Disse que tinha uma pedra, e que era muito importante para uma pessoa. Talvez seja a mesma pedra que enfeita os braceletes.

Lide com isso agora! Vamos ver como você sai dessa.

POV Perla

Pedra? Espera, ele disse pedra? Sério isso, produção? Não tem graça. Eu já entendi, mas não quero admitir que eu estou certa. Eu nunca quis tanto errar quanto eu quero agora, mas se tem algo que não somos é cego. E cada um já está suspeitando do que está acontecendo. Principalmente eu. Hikari é um ótimo líder. Se ele realmente tiver se convertido, seria muito bom tê-lo como co-capitão.

– Venham comigo. Acho que sei onde temos que ir.

POV Hikari

Ótimo, ela descobriu. Eles são mais inteligentes do que eu pensava, principalmente o Romolo. Na verdade, eu subestimei a capacidade que eles têm de ajudar um ao outro e se meterem em encrenca ao mesmo tempo. Não tinha dado certo tentar desviá-los da boca do inferno, então vamos jogá-los lá dentro com todas as honrarias. Mas eu primeiro, vou matar Romolo, com vontade.

– Não vai na frente, Romolo? Eles são seus amigos e sua equipe.

Ele me olhou e não pude imaginar um olhar mais cínico.

– Geralmente, os cães andam na frente do dono, não é? – e novamente aquele sorriso de escárnio, que me dava ânsias de partir a cara dele – Anda logo, pois eu vou ficar de olho em todos os seus movimentos.

POV Romolo

E com isso ele me mandou um olhar tão serial killer que me divertiu. Tudo vai sair do meu jeito, Hikari. Nesse jogo que você está jogando, eu serei o vencedor. Tudo de acordo com o plano, agora só falta uma parte.

POV Jack

Depois de um tempo caminhando ou voando (não consigo lembrar, o frio e o ódio consumiram minha mente) cheguei ao meu destino. Lembrei de tudo o que tinha acontecido, e surpreendentemente, minhas chamas e meu frio passou. Toquei a campainha e esperei. Depois de um tempo, Hugo abriu a porta usando apenas uma cueca boxer fina, traje rotineiro pra quem o conhece a fundo.

Não deu tempo nem dele sorrir direito, e uma das minhas asas fugiu ao meu controle e deu um soco tão forte nele que saiu voando pela sala. Foi forte o suficiente para desmaia-lo e fraco o bastante para deixa-lo vivo. Meu verdadeiro alvo não era Darkshadow, e sim seu chefe. Seu irmão. Entrei na casa e só consegui ouvir gritos vindo em minha direção.

Rafael apareceu algum tempo depois e me olhou como se eu tivesse enlouquecido. Talvez eu tivesse mesmo. Mas eu mataria ele, e depois explicaria ao Hugo porque havia um cadáver carbonizado na sala. Entrei no recinto e andei bem devagar enquanto Rafael tentava se esconder de mim. Meus braços de fogo varreram tudo pra longe e não restou local que ele pudesse se ocultar, apenas eu e ele.

Quando ele percebeu que não tinha pra onde correr, ficou me encarando e tentou abrir a boca pra conversar, mas minhas asas perderam o controle novamente e o prenderam na parede como duas mãos. De alguma forma, não estava sendo carbonizado e queimado, estava apenas encostando um calorzinho bacana nele. Mas isso ia ficar muito doloroso em breve!

– Solta ele, Jack! Ele não tem nada a ver com isso! – gritou Hugo tentando se levantar e dialogar comigo.

– Na verdade, ele tem tudo a ver com isso. Ele é o causador de tudo o que temos vivido até hoje. Eu não sei explicar direito, mas me deixa matá-lo primeiro que eu te digo tudo o que eu sei. – disse eu, com tanta calma que me surpreendi.

– Não, por favor. Apesar de eu odiá-lo e querer mesmo que ele morra, ele ainda é meu irmão. Não posso deixar isso acontecer! Por favor, Jack, larga ele! – foi então que eu entendi porque ele não estava sendo queimado vivo. Hugo tinha feito uma manta de sombras que o mantivera frio.

Virei-me lentamente e contemplei aquela visão: Hugo de pé, tentando desesperadamente manter as sombras ao redor de Rafael. Aquilo era complexo demais pra ele, se eu aumentasse a temperatura mesmo que apenas um pouco, ele não conseguiria mais proteger o Rafael. Hugo e Darkshadow podiam ser o mesmo corpo, mas não eram a mesma mente, nem o mesmo poder.

– Nós dois sabemos que você não vai conseguir proteger Rafael pra sempre, Hugo. Desista agora, ele morre bem mais rápido e sem dor.

– Talvez ele não me defenda. Mas e seu velho amigo? – disse o maldito atrás de mim, com grande esforço.

Me virei com tanta raiva que quase o fritei vivo. Me deu tanta alegria aquele grito de dor que ele dera que esqueci completamente que tinha alguém nas minhas costas. E esse alguém deu uma chicotada segura nelas. Perdi a concentração e olhei novamente para trás. Não era mais Hugo. Não com aquele sorriso psicótico. Eu que não vou reclamar, se ele quer briga feia. Então ele a terá agora!

– Você realmente acha que foi uma coisa inteligente vir aqui sozinho para enfrentar os mais poderosos do mundo? Lembrando que eu posso pedir reforços a qualquer hora. – disse Darkshadow, sorrindo pra mim.

– Melhor pedi-los agora, porque se esperar até a coisa ficar difícil… Talvez você não sobreviva até eles chegarem.

POV Jade

Procurar a roupa certa era difícil quando o guarda-roupa da imbecil da Tati só tinha peças infantis e inocentes. Eu realmente odiava esse estilo, mas parecia que eu não tinha escolha. Estava prestes a me enfiar em uma jardineira rosa e uma camisa branca lisa quando fui invadida mentalmente falando. Mais problemas a essa hora do dia? Meu mundo realmente estava desabando.

Jade, nosso mundo está desabando. Preciso de você aqui imediatamente com a pedra. E acho que Jack está vindo adiantado e os outros não tardarão a chegar. Traga-a até mim, e leve Fliender junto com você para o campo de batalha. Darkshadow está me protegendo por enquanto, mas não sei quanto tempo isso vai durar.

A mensagem pode não ter sido a mais agradável do mundo, mas pelo menos me dava certeza de que agora o mundo estava ao nosso alcance. É como dizem por aí: o céu é o limite! Me vesti com aqueles trapos de garota virgem e fui até o esconderijo do tesouro. Ninguem nunca suspeita do cesto de roupa suja. No fim das contas, peguei a pedra de Rafael e me pus a caminho do local onde deveria deixa-la.

Pare aí mesmo e deixe-a aí. Eu vou pegar e usar da melhor forma, agora vá buscar Fliender e impedir que os outros cheguem até nós.

Tem certeza de que somente eu e ela déramos conta dos outros. Lembre-se que agora eles tem o Hikari na conta também. – comentei eu.

Minha querida, confie em mim. Vocês estão em pé de igualdade, pode crer.

Era difícil acreditar em algo do gênero, mas vindo dele, era mais sábio não argumentar. Deixei a pedra exatamente onde eu estava e me pus a andar até o local onde os outros vermes viriam. Saquei meu celular e disquei o numero da vaca da Fliender. Espero que sejamos tão boa juntas quanto separadas, porque essa batalha vai ser decisiva para todos nós.

POV Darkshadow

Eu não tinha certeza se eu estava ficando velho ou se ele realmente tinha ficado mais poderoso. Seus primeiros golpes haviam sido moderados, mas agora eu realmente ia precisar botar mais nível no meu poder. Peguei todas as sombras que pude e fiz as minhas asas negras. Agora a batalha dos céus estava se iniciando, meu querido Jack, e você será o perdedor da rodada.

– Você tem certeza de que quer continuar com essa batalha? Não seria mais interessante pra você ir pra casa e cuidar do seu mestre bundão? – provocou Jack.

– Não quando a batalha está ficando tão interessante.

Lancei meus espinhos de sombra em cima dele e ele bloqueou com suas asas. Usei uma corrente de sombras para tentar prende-lo, mas ele se esquivou e tentou me fatiar com suas asas. Me esquivei e consegui usar um punho de sombras para acertá-lo, o que o deixou confuso por tempo suficiente para que eu fizesse as cópias de sombras, e usasse os espinhos.

A jogada teria sido perfeita, mas não funcionou como eu esperava. Minhas sombras queimaram em pleno ar e penas explodiram como granadas, me obrigando a tomar distância. Ele veio como um foguete pra cima de mim, e fiz o favor de usar uma rede de sombras para segurá-lo e manda-lo de volta. Minha vez de usar a técnica do foguete, mas com uma coisa pontuda na cabeça, pra deixar mais interessante.

Ele se esquivou para o lado e apelo para o físico. Com um chute nas minhas costas, me levou ao chão, enquanto punha os braços em chamas e minha me socar com força. Me teleportei com as sombras e apareci em suas costas. Usei minhas garras de sombras para fatiar aquele garoto, mas elas queimaram antes mesmo de conseguir rasga-lo um pouco. Ele me olhou e aproveitei a deixa para meter-lhe um chute na fuça.

Me teleportei de novo e usei uma broca de sombras para furá-lo no coração. Não vou uma estratégia muito sábia. Um esfera de fogo envolveu todo o seu corpo minha broca não conseguiu nem se aproximar o bastante para fazer um estrago superficial. Esse é o meu Jack. Todas as vezes que ele fica assim tão poderoso, me dá ânsias de pegá-lo de jeito e estripa-lo na cama!

– Sabe, Dark – disse ele, com tanta calma que nem parecia uma batalha – Eu não sei o tipo de filme que os psicopatas assistem, mas com certeza você já deve ter assistido um que tenha explosões de bombas. Espero que você aprecie esta.

O fogo ao seu redor começou a se acumular e ficar tão quente que mesmo tomando distância, ainda conseguia sentir minha pele sendo queimada por aquele calor absurdo. Mas lentamente, o fogo começou a ficar espeço demais para que parecesse apenas fogo. Parecia… Quase sólido. Então eu notei: o fogo ao redor dele tinha tomado a forma de um ovo!

– Mestre! Agora! Ele está do jeito que o senhor queria! Faça agora! – gritei eu em desespero. Se aquilo estourasse, seria adeus ao mundo todo.

Mas por mais que eu esperasse algo ruim, entendi que também dependia de mim. Do meu mais interior, retirei todas as forças que tinha guardado e mais algumas que não tinha, e consegui fazer uma esfera de pura sombra. Quando disparei, um laser eletrificado atingiu o ovo com tanta força que ele se despedaçou em milhões de pedacinhos e Jack caiu dele, como se fosse um aborto.

Rápido como nunca fui, voei até ele e o segurei em pleno ar, descendo o pouco que faltava até o chão com ele seguro em meus braços. Tão lindo dormindo, e tão rebelde acordado. Pelo menos agora as coisas serão um pouco diferentes, meu caro. Quando você acordar, as coisas serão completamente diferentes.

– Ele está sedado. Deve ficar sem dormir por umas duas ou três horas. Isso deve ser o suficiente para irmos até aquele lugar e prepararmos tudo. Pegue-o e esconda. Temos apenas algumas horas até tudo acabar.

POV Fliender

Guardar um caminho contra algumas crianças imaturas que não sabem como são importantes nossas ações, geralmente é um pouco cansativo, mas nesse caso estava para entediante. Eles ainda não tinham chegado e eu estava de papinho furado com Jade conversando sobre assuntos banais, como garotos, unhas, cabelos e maquiagem. Vez ou outra comentávamos sobre política e economia.

– Quanto tempo mais você acha que eles vão demorar para chegar até aqui? – perguntei eu, quando não havia mais fluxo de pessoas na rua.

– Acho que eles estão próximos. Principalmente porque já posso vê-los surgindo no horizonte. Prepare-se para a batalha, queridinha.

E realmente. Hikari devia ter tentado bastante não deixar que eles viessem para nós, mas sempre existe alguém que consegue o que queremos. Ainda bem que chegaram, agora era só dar um fatality cruel e doloroso com requintes de brutalidade, que estaria livre para sempre daquela maldição. E agora, enquanto eu estava imersa em pensamentos, eles estavam frente a frente conosco.

– Garotas. Como sempre é um prazer enorme rever a puta e a princesa com quem trabalhei. Então sejamos gentis uns com os outros e deixem-nos passar, como retribuição ao fato de ter deixado vocês vivas. – disse Hikari, direcionando o “princesa” para mim. Tão ingênuo!

– A puta agradece, mas ela prefere estraçalhar seus órgãos internos com os dedos. O que você acha da ideia? – perguntou Jade.

Pude ver Perla se exaltar um pouco e querer avançar na gente, mas foi retida por Nanda. Ainda não era hora. Eu ainda não dera o sinal. Na verdade, ao lembrar-me disso, percebi que era hora sim, de confirmar nossos movimentos e ter a certeza de que poderíamos vencer. Não queria machucar ninguém que não merecesse. Eu ainda gostava demais do Hikari para fazer algo assim.

– O que foi, cachorra? Não acha que a sua piranha de estimação pode contra mim? Caiu em si ou tomou chá de realidade? – desdenhou Jade.

– Oh não, minha querida vadia. Eu só tentei evitar um massacre aqui, pois caso você esteja cega ou tenha ganhado um retardo mental agudo e crônico, nós estamos em tremenda vantagem numérica aqui! – retribuiu Nanda no mesmo tom.

– Na verdade, nós estamos exatamente igualados. – disse eu, fria e sem emoção.

Antes que eles pudessem entender o que eu tinha dito, ele fez seu movimento. Várias correntes de ouro saíram do chão e se enrolaram nos pescoços daqueles três. Queria eu não ter que ouvir Hikari sufocando nem nada disso. Eu nem me importava mais com Nanda, a única coisa que eu queria proteger era Hikari, e infelizmente, a única que eu não conseguia.

Romolo pareceu entender que era um basta naquilo e jogou-os com força no meio de nós. Ali tinha se formado uma roda de desespero. Não havia mais para onde correr e todos sabíamos que a luta tinha ficado completamente justa e injusta: justa em números, mas injusta em poder. Foi engraçado ver Perla se levantando totalmente desnorteada, e Nanda começando a gritar com Hikari.

– Era uma cilada! Romolo traiu a gente, e nem conseguimos perceber! Ele estava esse tempo todo nos enganando!

– Foi o que eu tentei dizer a vocês desde que saímos de casa e ninguém me escuta! Será que vocês são realmente tão lerdos quanto aparentam? – rebateu ele.

– Não interessa isso agora, seu tonto! Precisamos de um plano pra sair daqui! Precisamos lutar e precisamos vencer! Jack está correndo perigo e não sabemos como ajuda-lo!

– Quer me dizer algo que eu não sei?

– Sim, eu quero! Mas se eu disser, a briga vai ser entre nós dois e não contra eles. Fala logo de uma vez, você é o líder, que nós fazemos? – seu desespero me divertia.

Estávamos avançando desde quando ela começara aquela discussãozinha intima. Mas eles poderiam ter deixado isso pra outra hora, pois agora, tinham um grande problema com um garoto de ouro, uma garota cinético-nuclear e eu, a miss elétrica. Vamos ver o que Hikari tem a dizer como líder, vamos ouvir as sábias palavras aquele lindo japonês.

– Eu não sei… Eu Juro que não sei!

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.