- Eu não entendi absolutamente nada – Draco falou quando o contei sobre o que meu avô havia dito.

- De inicio eu também não havia entendido, mas pense – eu me virei para ele, parando de andar – Ele diz que uma dama sem cor poderia saber onde encontrar coisas perdidas – eu gesticulava, ansiosa – Harry está procurando um diadema perdido de Ravenclaw e quem é o fantasma da Corvinal? A Mulher Cinzenta!

- Então...

- Precisamos encontra-la, Draco! Ela sabe onde está o diadema – eu o puxei para continuar a andar, enquanto ele assimilava os fatos – Vovô pensou em tudo, ele sabia que Harry iria procurar isso, queria que eu o ajudasse!

- Certo, mas como vamos acha-la? – Draco perguntou, ainda um pouco confuso.

- Não sei, poderíamos pergunt... Nick! – interrompi minha fala ao ver o fantasma da Grifinória vagando – Nick, Nick!

- Madeleine, minha cara! – ele disse ao se aproximar – Em que posso ser útil?

- Você sabe onde está a fantasma da Corvinal, Mulher Cinzenta?

- Vejamos... Olhe ela ali, a jovem de cabelos longos – ele apontou para uma fantasma alta, que ao perceber que estava sendo observada, atravessou uma parede, sumindo de nossa visão.

- Ei, espere! – eu gritei, seguindo-a com Draco ao meu lado.

Corremos a sua procura, desviando dos alunos e professores que corriam para proteger a escola. A avistamos dobrando outro corredor e teríamos a seguido, se alguém não tivesse esbarrado em mim, quase me fazendo ir ao chão.

- Harry! – exclamei ao ver quem fora – Harry, eu sei quem pode te ajudar a encontrar o diadema! A mulher cinzenta sabe, a fantasma da Corvinal.

Ele olhou para mim atônico e sorriu.

- Onde ela está? – ele perguntou, parecia esperançoso.

- A vimos virando aquele corredor – apontei e, antes que pudesse dizer mais alguma coisa, Harry saiu correndo a sua procura.

- E agora? – Draco perguntou, parecia um pouco incomodado.

- Iremos nos preparar para a batalha – murmurei, olhando o relógio em meu pulso, faltava cinco minutos para a meia-noite.

Draco concordou e começamos a nos encaminhar para os jardins, até que fomos, novamente, interrompidos.

- Gina? – perguntei assim que vi a cabeleira ruiva atravessar minha visão.

- Mady! – ela exclamou ao me ver – Estamos te procurando – ela apontou para o grupo de alunos que a seguiam, os membros menores de idade da AD.

- O que estão fazendo aqui? Vocês deveriam estar no esconderijo! – exclamei.

- Nós vamos lutar – ela falou decidida e, antes que eu pudesse protestar, ela continuou – Nós nos preparamos para isso Mady! Nos preparamos para a batalha, podemos ajudar!

- Certo – murmurei vencida – Temos que nos organizar, a batalha está para começar.

Eles assentiram e eu suspirei, derrotada.

- Os alunos do primeiro e do segundo ano ficaram no Salão Principal – eles pareciam querer protestar, mas os interrompi – Precisamos de pessoas que ajudem com os feridos e quando a batalha chegar ao castelo, por que eu sei que ela chegará, precisamos de pessoas não feridas para ajudar a proteger os outros.

Eles concordaram e Anne, depois de lançar um mínimo sorriso para mim, os guiou até o Salão Principal.

- Certo, alunos do terceiro e do quarto ano, precisamos que vocês fiquem nas janelas de frente para a batalha e lancem feitiços assim que avistarem os inimigos. Lembrem-se do que aprendemos na AD e não deixem que os vejam – instrui e eles assentiram, indo se posicionar.

Olhei novamente para o relógio, era meia-noite, a batalha havia começado.

- Alunos do quinto ano, quero que as torres que estão sendo protegidas e os ajudem.

Eles assentiram, indo em direção às torres.

- Agora os outros, iremos para os jardins, tentaremos retardar o máximo a entrada deles no castelo – informei, já caminhando para os jardins – Fiquem atentos, logo eles conseguirão passar pelas proteções e os primeiros alvos serão os jardins. As estatuas não iram os impedir por muito tempo e não tenham receio de machucar o inimigo, ou ele fará com você primeiro.

Eles concordaram, pareciam um pouco temerosos, mas, ainda assim, determinados.

Chegamos aos jardins ao mesmo tempo em que as defesas de Hogwarts foram totalmente destruídas e os Comensais começaram a adentrar o castelo, lutando contra as estatuas, que defendiam bravamente o castelo.

- Draco, Gina – chamei-os antes que eles entrassem no meio dos outros – Precisamos fazer uma coisa antes, venham comigo.

Eles assentiram e entramos novamente no castelo.

- Onde vamos? – Gina perguntou, ao meu lado.

- Na cozinha, precisamos avisar os elfos domésticos – respondi, descendo até lá.

- Você quer pô-los para lutar? – Draco perguntou, arregalando os olhos.

- Não! Precisamos avisa-los da batalha, para eles saírem – expliquei e os dois assentiram, sem falar mais nada.

- Mady, cuidado! – Draco gritou, ao mesmo tempo em que um feitiço adentrava uma janela quebrada.

Me joguei para o lado e o feitiço atingiu uma estatua, que desmoronou.

- Rápido! – gritei assim que me recuperei do susto.

Continuamos a correr, nos desviando uma vez de um grupo de pessoas, dentre eles Neville e a professora Sprout , todos usavam abafadores de orelhas e seguravam plantas esverdeadas nas mãos. Mandrágoras, conclui.

Quando estávamos perto do quadro que abria a cozinha, arfei, parando. Uma grande onde de emoções havia chegado até a mim, eu conseguia sentir o terror e a determinação de todos aqueles que defendiam Hogwarts, conseguia sentir o ódio dos comensais e, principalmente, conseguia sentir o que todos sentiam antes de morrerem, aquilo era horrível.

- O que aconteceu? – Draco perguntou assim que notou que eu havia parado, Gina veio para meu lado.

- É só... – suspirei, tentando reprimi-las – São muitas mortes, muitas emoções...

- Você... Você está sentindo tudo o que eles sentem? – Gina perguntou, receosa, apontando para cima, onde ocorria a batalha. Assenti, arfando.

- Não tem como bloquear? – Draco perguntou, estava assustado, mesmo não demonstrando. Neguei.

- Vamos, eu consigo controlar, foi só o choque – murmurei, indo até o quadro das frutas e fazendo cócegas na pera.

Eles me acompanharam, ainda com medo.

- Eu estou bem – murmurei, entrando na cozinha.

- Hey! – chamei a atenção dos elfos que trabalhavam na cozinha, todos me olharam curiosos – Hogwarts está sob ataque, vocês tem que sair daqui, tem que se salvar!

Todos começaram a murmurar entre si, assustados e sem saber o que fazer.

- Vão! Vocês podem aparatar em Hogwarts, fujam! – Gina gritou exasperada.

- Nós vamos lutar! – um deles falou, determinado.

- Como? – Draco perguntou, incrédulo.

- Iremos lutar! – outro repetiu – Por Dobby, por nós, por Hogwarts!

Todos gritaram, apoiando a ideia.

- Não, vocês iram se machucar e... Ah! – não pude completar a frase, outra forte onda de sentimentos tomou conta do meu corpo e eu arfei, me ajoelhando.

- Mady! – Draco gritou, se ajoelhando ao meu lado – O que aconteceu?

- Eles entraram no castelo – murmurei fraca, a dor das mortes me impedia de dizer mais alguma coisa, mais ele havia entendido.

- Vocês – ele se levantou, apontando pros elfos – Aparatem nas entradas do castelo, se dividam, tentem contê-los!

Os elfos assentiram e logo estávamos sozinhos.

- Você está bem? – Gina me perguntou, enquanto eu me levantava.

- Estou – respondi incerta, aquilo estava me desgastando e eu ficava cada vez mais nervosa – Precisamos correr, Harry está precisando de ajuda.

- Como...

- Eu estou sentindo – interrompi Gina, antes que começasse a perguntar – Seus irmãos também estão lá, estão lutando.

Corremos até o sétimo andar, onde eu sabia que eles estavam. Chegamos ao andar escutando gritos e o inconfundível barulho de batalha. Gina arfou.

- Rápido! – gritei, encontrando Fred e Percy lutando com vários comensais ao mesmo tempo.

Logo nos juntamos a eles, ajudando-os com os comensais, que cada vez mais apareciam, eram muitos. Senti que mais pessoas se juntavam a nós e com uma rápida olhada para trás, confirmei que eram Harry, Ron e Hermione.

Jorros de luz voavam para todas as direções e, então, quando estuporamos o ultimo comensal, o ar explodiu. Todos estávamos juntos, momentaneamente felizes por termos vencido, ao menos temporariamente.

Senti que estava sendo arremessada a algum lugar, a única coisa que eu conseguia ouvir era os gritos de meus amigos e sentir suas emoções conflituosas, estava tudo tão acentuado e eu nada podia enxergar.

Então, por um momento, o mundo inteiro se resumiu em dor e penumbra. Eu não tinha forças para gritar, soterrada entre os destroços do corredor. O ar frio percorria o lugar e eu sentia uma coisa pegajosa em minha face, sangue. Foi então que eu ouvi um grito terrível, o grito de Gina.

Me levantei correndo, uma sensação dilacerante em meu peito, minha vontade era de gritar também, gritar porque havia sentido o que havia acontecido, sentia a dor de todos ali.

Encontrei com Harry e Hermione, olhando aterrorizados para as quatro pessoas jogadas ao chão. Draco se aproximou de mim, agarrando minhas mãos as deles, enquanto lágrimas de dor caiam de minha face.

- Não... não... não! – Percy gritava enquanto sacudia o irmão, Ron estava agachado lado deles e Gina, também ao seu lado, chorava copiosamente enquanto olhava para Fred, seus olhos arregalados e cegos – Não! Fred! Não!