Blood

Uma forte tempestade chegou a todo estado, pelo que parece.

Harry e eu estamos na sala de convivência, já era noite, acabamos de sair do jantar.

—Harry o que você viu?

—April porque você...

—Harry! Porra, me diga!

Ascendi um cigarro e me sentei ao seu lado. Ele respirou fundo e assentiu.

—primeiro era apenas escuro, mas aí eu vi. Wickendale. A muito tempo atrás. Lá em baixo, na ala infantil, tinham muitas crianças. Tudo... tudo isso era dirigido pro freiras. Mas elas... maltratavam as crianças... Como animais. Algumas delas eram tão cruéis... As crianças matavam umas às outras, elas eram doentes. Mas, entre tudo... todos a quem eu vi sofrer...
Se enforcarem, serem torturados, morrerem, enlouquecerem... essas pessoas morreram aqui... com ódio. Mas elas na foram embora. Todas elas estão aqui. Nos observando. Querem matar todos nós. Wickendale os aprisionou... Eles querem se vingar. Mas quando cansarem de esperar, estaremos perdidos. Tinha tanto sangue! Tanta dor... droga!

Ele parou de falar e bufou, passando as mãos pelo rosto úmido.

Fiz carinho em seu cabelo comprido, que alcançava seus ombros, com cachos macios. Observei-o enquanto ele olhava fixamente para o nada e lambia os lábios.

Ele passou por muitas coisas. Viu coisas horríveis. Ele matou. Era perigoso. Imprevisível. Mas para mim, era apenas Harry. Um homem quadrado, com um passado escuro. Assim como eu.

Enquanto olhava para seu rosto, com olhos verdes fortes, sobrancelhas grossas e lábios rosados, eu percebi que não entendia mais a importância que ele tem para mim. Não me importo com Wickendale, ou com seus mortos. Tudo o que me resta está nele. E enquanto ele estiver comigo, nada vai me fazer desistir.

—Harry?

Ele me olhou frustrado e atencioso para o que eu tinha pra dizer.
"Eu te amo" , minha mente dizia. Mas eu não conseguia dizer.

Ao invés disso, puxei seu rosto para o meu e o beijei com todo carinho de meu coração. Tentando mostrar o que eu não era capaz de dizer.