Cheguei em casa e enquanto estava à toa na internet, recebo uma chamada de vídeo da Téa.

— Téa! E aí, conseguiu chegar bem?

— Foi tudo bem, mal espero para me apresentar amanhã. Mas não foi por isso que eu fiz essa chamada. Fiquei sabendo que a senhorita foi tomar café com o Kaiba. As coisas estão indo bem, não?

— Os meninos te contaram?

— Não só contaram. – ela mostrou uma foto minha e do Kaiba na cafeteria – Olha só, que avanço. Estou feliz que você está conseguindo desfazer as defesas invencíveis do Kaiba.

— Seto tem suas razões para ser assim, afinal. Pelo que percebi ele não tem muita gente para conversar além do próprio irmão. Além disso, é como se eu o conhecesse há tanto tempo que sequer consigo estranhar.

— O nome disso é amor, minha amiga.

— Téa, pare com isso. Ele é Seto Kaiba e eu...

— Você é Luka Kamisawa, a pessoa mais inteligente e dedicada que eu conheço.

— E também a que estava prestes a morrer de fome por falta de dinheiro até que ele me deu essa chance. Não estou procurando um namorado, mas sim arrumar minha vida.

— Isso é bom, mas e daí se você conseguir alguém como Kaiba como namorado? Vai ser um bônus, não é?

— Sei lá. Não sei se estou pronta para entrar em algum relacionamento agora.

— Luka, seja honesta consigo mesma. O que você acha do Kaiba?

— Escute, por que estamos tendo esse tipo de conversa à uma hora dessas?

— Porque eu sei que você negligencia seus sentimentos e quero te ajudar, especialmente depois de receber essa foto que o Joey me mandou.

Suspirei. Não estava pensando nesse tipo de coisas, mas admito que ele era capaz de despertar vários sentimentos e pensamentos em mim.

— Luka... Tem alguém aí? Vamos, somos amigas há muito tempo e você sabe que não vou dizer nada para ninguém, certo?

— Tudo bem, você venceu... Ele é bonito sim e sinto paz e inquietude ao mesmo tempo quando estamos juntos.

— Entendi. E como ele trata você?

— Ele me trata normalmente.

— Luka, tenha dó. O Kaiba que conhecemos não age desse jeito.

— Téa, eu não sei como ele costuma tratar vocês. Bem, na verdade tenho alguma ideia de como seja no final das contas. Depois do nosso duelo, se eu o chamar de "senhor Kaiba" sou ligeiramente repreendida, já que estou livre para chama-lo pelo primeiro nome. E tem o Mokuba também, ele me trata como uma irmã mais velha.

— E ele te chama pelo primeiro nome?

— Sim.

— Viu? Isso é bom. Tenho certeza que vocês vão ficar juntos.

— Pare de loucuras.

E continuamos a conversa sobre a apresentação dela de dança até que cada qual se recolheu. Dormi um pouco inquieta por pensar nessa conversa com a Téa. Não, eu não iria ficar pensando nessas besteiras. Tinha que pensar no meu futuro primeiro.

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Enquanto Luka mergulhava em sono profundo, os irmãos Kaiba ainda estavam acordados.

— Seto, o que acha da Luka?

— Por que uma pergunta dessas agora, Mokuba?

— Sei lá, só queria saber o que você pensa dela. Ela é legal e em certas coisas me lembra você, sabe? Vocês dois são meio reservados e calados. Além disso, ela duela de um jeito parecido com o seu, mesmo que os decks sejam diferentes.

— Ela é diferente, Mokuba, só isso. Não tenho como explicar isso, mas é como se eu já a conhecesse. E aquele pingente do Olhos Azuis... Bem, me deixa intrigado.

— Acho que vocês dois ficariam bem juntos.

— Não diga besteiras.

— Não é besteira. Você já pensou em ter alguém a mais para conversar, Seto? Quer dizer, você está sempre focado na empresa e só conversa comigo. Que tal alguém mais perto da sua idade?

— E pensar que estou recebendo conselhos de um garotinho de dezesseis anos...

Mokuba deu uma risada.

— E aí? Vai chamar a Luka para sair ou o quê?

— É cedo demais para isso, Mokuba. Preciso ter certeza de tudo antes.

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