Querido Olhos Azuis

5. Primeiro dia na empresa


Chegamos à frente da minha casa e me despedi deles com imensa gratidão e um sorriso que não me cabia no rosto. Animada, resolvi fazer uma chamada de vídeo para meus amigos e contar a novidade.

— E aí, Luka.

— Nossa, você parece muito feliz. – Téa deu um meio sorriso – O que aconteceu?

— Finalmente consegui arrumar um trabalho como estagiária! – ainda não conseguia acreditar nisso.

— Parabéns! – eles disseram e depois Joey perguntou – E onde você vai trabalhar?

— Bem, digamos que vocês estão olhando para a nova estagiária da Corporação Kaiba.

— O QUÊ? – acho que qualquer coisa que tinha a ver com a palavra "Kaiba" lhes causaria espanto – Como isso aconteceu? Você entregou currículo na empresa dele?

— Não. Eu estava voltando para casa quando o carro do Kaiba parou perto de mim e eles me chamaram para jantar. – levantei a mão, pedindo para continuar a palavra antes de outro ataque de loucura deles – Só me chamaram porque o Mokuba pediu para o Seto o dia todo para que eu jantasse com eles.

— Olha, ela tá até chamando o Kaiba pelo primeiro nome. – Téa não deixou de observar – Parece que o jantar aproximou mais vocês, hein?

— Foi legal, só isso. Não precisam fazer alarde. Enfim, enquanto estávamos voltando para minha casa os dois viram uma das cópias do meu currículo e Kaiba me mandou estar no escritório dele amanhã às sete.

— Você não vai passar mais dificuldades, isso é uma certeza. – Tristan disse – Imagino quanto alguém deve ganhar por mês naquela empresa. Deve ser uma fortuna.

— Mas também se não andar direito vai para o olho da rua sem piedade. – Yugi acrescentou – O Kaiba não é daqueles que aceita falhas ou algo do tipo. De qualquer jeito acho que isso não é motivo para se preocupar, Luka. Tenho certeza de que você vai se sair muito bem.

— Obrigada, pessoal.

Conversamos mais um pouco sobre outros assuntos e depois me preparei para ir dormir, pois amanhã o dia seria agitado: primeiro dia de estágio, faculdade e o duelo contra o Kaiba. Peguei no sono mais depressa do que o normal.

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Acordei mais cedo do que o despertador, me sentindo mais pronta e animada do que nunca. Quando cheguei na frente da corporação ainda eram seis e vinte e cinco, mas mesmo assim decidi entrar. Era melhor estar adiantada do que atrasada.

Uma das recepcionistas me guiou até a frente da sala do CEO da corporação, que nos deu permissão para entrar e dispensou a minha guia.

— Pode se sentar, Kamisawa. Temos que deixar tudo esclarecido antes.

— E você não tem um departamento pessoal ou algo assim?

— Sim, mas eles cuidam dos próximos passos.

Kaiba me entregou alguns papeis para assinar e uma caneta enquanto me explicava o necessário: meu horário seria flexível entre quatro a seis horas diárias de segunda à sexta feira começando às sete e minha função seria ajudar no desenvolvimento geral de sites, aplicativos e nos projetos de desenvolvimento dos novos discos de duelos e similares. Inclusive eles tinham uma reunião agendada para hoje às onze e meia e eu fui intimada a participar com alguma proposta de discos de duelo.

Assinei os contratos e decidi não perguntar nada quanto à remuneração. Disse para mim mesma que isso seria uma surpresa, uma vez que Tristan me disse que provavelmente seria mais do que suficiente. O segui pela empresa e Seto me apresentou os locais básicos para os quais eu precisaria ir com frequência, como por exemplo a sala do Mokuba, as outras repartições que ajudavam no desenvolvimento dos discos, a cozinha e a sala de reuniões. Os demais funcionários pareciam surpresos ao verem Kaiba me apresentando esses lugares, mas mais surpreso ainda ficou um homem de meia idade que usava óculos e estava concentrado em seus projetos.

— Senhor Kaiba, não esperava o senhor aqui. Algum problema?

— Apenas vim trazer a nova estagiária, Luka Kamisawa. Kamisawa, este é Stuart, chefe deste departamento da empresa. Qualquer dificuldade que tiver você deve consulta-lo. – assenti e ele se virou para o chefe do departamento – Vou confiá-la a você agora, Stuart.

— Sim, senhor.

— Não se esqueça da reunião, Kamisawa. Quero ver sua proposta.

E finalmente ele saiu. Stuart ainda parecia um pouco surpreso e demorou alguns segundos para se recompor e falar comigo.

— Me desculpe, é que não é costume do senhor Kaiba aparecer em lugar algum da empresa a não ser na sala dele e na de reuniões. Lamento me intrometer, mas você é parente dele ou algo do tipo?

— Não.

— Bem, seja bem-vinda de qualquer forma. Vou te mostrar sua mesa e você pode começar a se instalar e pensar em uma proposta para a reunião de hoje, não há nada de especial para ser feito por enquanto.

— Obrigada.

Arrumei minhas coisas na mesa que ficava perto de uma das grandes janelas. Bem, certamente eu não teria problemas com a decoração, pois a vista era muito bonita. Sem me demorar, comecei a esboçar projetos em meu caderno de rascunhos e pesquisar informações sobre as peças necessárias antes de julgar meus planos viáveis, pois alto custo com certeza estaria fora de cogitação para qualquer empresa.