Quem é ela?

Capítulo seis - Dúvidas "esclarecidas".


Capítulo seis — Dúvidas.

Caminhava com a sacola em mãos, enquanto escutava o som da sala de dança um pouco mais alto que no dia que havia estado ali. Acabou não tendo tempo de falar com Miroku e Inuyasha no horário do intervalo, então nem sabia como as últimas entrevistas haviam sido.

Seu único objetivo era saber se Kagome tinha realmente alguma chance de ser a garota e se realmente a carta que ele recusou era dela ou não. Parou assim que viu a porta aberta, haviam vários membros dessa vez, dentre eles, seus olhos encontraram Rin.

Havia se esquecido que ela fazia parte daquele clube, encostou no batente da porta como da outra vez e ficou a buscar Kagome com os orbes amarelos que possuía, se ela havia concordado de encontra-lo ali, é porque estaria no local.

Começou a ficar impaciente por não a ver, até que finalmente a voz dela se fez presente.

— Ora, ora, vejam só — Sentiu a mão da garota se apoiar em seu ombro, virou o rosto devagar, dando de cara com o sorriso debochado da mesma — E não é que está aqui o senhor Sherlock?

— Podemos conversar fora da sala? — Perguntou ele, quase sussurrando, não queria atrapalhar o clube que parecia concentrado.

— Claro, vem comigo.

Kagome soltou de seu ombro e foi para o lado, saindo do rumo da porta e indo mais a frente no corredor, para que a conversa de ambos não entrasse dentro da sala do clube. Sesshoumaru voltou os olhos novamente para dentro da sala do clube antes de ir atrás de Kagome e seus olhos cruzaram com os de Rin.

Acenou para ela e a viu sorrir de forma larga, ela pareceu querer ir até ele, mas parou no meio do caminho. Sesshoumaru arqueou a sobrancelha e desceu os olhos na direção que Rin parecia encarar.

Encontrou Kagome parada ao seu lado novamente, agora com os braços cruzados e a sobrancelha arqueada.

— Vai vir ou não?

— Vou — Respondeu ele. Seguindo Kagome até o local que ela havia ido inicialmente.

Assim que pararam de andar, estendeu a sacola em direção a Kagome, que a pegou sem entender muito bem, mas antes, se colocou a falar. Precisava pedir desculpas.

— E antes que me cobre, sinto muito por ter sido babaca naquele dia, tentarei me controlar para que não se repita.

— Não parece verdadeiramente arrependido — Kagome colocou a mão dentro da sacola e tirou de lá uma peruca curta e uma mascara preta, igual aos que dentistas usam ou até mesmo os médicos — O que é isso?

— Parecendo arrependido ou não, estou pedindo as desculpas pessoalmente, não estou? — Encarava a garota tentando ser convincente — Quero que coloque, preciso ter certeza que a menina não é você.

— ‘Tá... vou deixar passar dessa vez, Sesshoumaru, espero que realmente não se repita — Riu de forma debochada ao ouvir sobre ter que vestir a peruca — Se eu fizer, vai me deixar em paz com essa história?

— Sim.

— Okay.

Jogou tudo de volta dentro da sacola de papelão escura, estendendo para que ele a pegasse e foi o que fez. Kagome levou ambas as mãos aos cabelos longos e fez um coque rápido, depois colocou a mão dentro da sacola, pegando primeiro a mascara e a vestindo, depois pegou a peruca e colocou na cabeça, prendendo o feixe e finalmente arrumando a franja da peruca.

Os olhos de Sesshoumaru estavam presos nela, de forma que todos os movimentos fossem gravados em sua memória. Ficou a encarando por alguns minutos e ela devolvia o olhar.

Bufou irritado e por fiz se pronunciou.

— Eu sou realmente um idiota.

— Concordo com você — Retirou a mascara e por fim a peruca — Sinto muito te desapontar, Sherlock, mas não sou sua garota misteriosa. — Colocou a máscara e a peruca de volta a sacola.

— Tem razão, a garota é bem mais esperta que eu, nunca vou descobrir. Eu só queria ter certeza que não era você — Confessou por fim — Agora temos um outro assunto a tratar.

— Não temos não — Kagome rebateu — Eu já fiz mais do que precisava.

— É sobre a carta, tem certeza que eu não piquei ela e pisei em cima? — Parecia preocupado com essa memória.

— Porque tanta insistência nisso? Duvida de ter sido “pacifico”? — Riu, lembrando da forma que ele estava a abordando no outro dia.

— Sim, meu irmão tem uma lembrança completamente diferente — Encostou as costas na parede gelada.

Ficaram se observando por alguns minutos, Kagome parecia buscar na memória se realmente havia ocorrido o que o rapaz falava, mas não conseguia se lembrar dele ter sido tão babaca a esse ponto.

— Olha, eu só lembro de você pedindo para não falar por carta e sim pessoalmente, de resto não me vem nada parecido com essa lembrança que seu irmão tem.

— Certo, bem, peço desculpas por isso também, mesmo não me sentindo culpado — Confessou por fim, ajeitando a postura.

— Não vou aceitar pois não me lembro disso e você nem se sente culpado — Rebateu, se abaixando e ajeitando a barra da calça — Acabamos? Posso voltar ao clube?

— Tem mais uma coisa. Quem escreveu a carta? Já que você jura de pés juntos que não foi você e já faz tempo... eu só quero saber quem foi e encerrar de uma vez esse assunto. — Parecia curioso e ainda tinha uma leve esperança de realmente ter sido ela.

Kagome suspirou, não cabia a ela a decisão de contar quem era dona da carta, mas sabia que Sesshoumaru não a deixaria em paz se não falasse logo e isso era irritante. Levantou e encarou os olhos dele.

— Vou perguntar a pessoa primeiro se posso... se ela concordar aí eu te conto, pode ser? — O viu revirar os olhos — Olha, eu ainda estou sendo legal com você, poderia simplesmente dizer que não ia falar e ponto final, não tenho obrigação nenhuma de ser boazinha com você.

— Certo, concordo... e porque não me aceitou como amigo no...

— Não somos amigos, pra que vou ter você em qualquer rede social? — Perguntou de forma divertida.

— Tem resposta ‘pra tudo? — Estava irritado, mas gostava do jeito arrogante que ela possuía, não era todo mundo que falava daquele jeito com ele.

— Não, só pras suas perguntas inoportunas.

— Você não tinha que ir ensaiar? — Tentou sair por cima, a vendo rir em seguida, balançando a cabeça em forma negativa.

— Não abuse da minha boa vontade, moleque.

Passou por ele e caminhou calmamente em direção a sala de dança, deixando o rapaz para trás. Fechou a porta sem muita dificuldade, andou até o outro lado da sala e procurou por sua mochila, precisava do celular.

Ela não se lembrava quem era a garota dona da carta, nem a conhecia, somente havia sido usada para entregar algo que nunca nem foi aberto. Tentaria dar uma olhada na lista de alunos da escola, talvez se recordasse vendo a foto de alguma garota em um dos anuários. Distraída com a busca pelo aparelho que estava dentro da mochila nem percebeu a outra garota se aproximar.

— Kagome? — A voz gentil da outra garota a assustou, fazendo-a largar a mochila e dar atenção a que havia se aproximado.

— Oi... precisa de algo, Rin?

— Na verdade, queria tirar uma duvida sobre uma coreografia... — Sorriu de forma larga — Mas se não puder eu entendo.

— Ah, pode pedir a Sango, ela sabe as coreografias melhor que ninguém, já que ela é quem é responsável por elas — Tentou ser educada, voltando a vasculhar a mochila.

— Verdade, tem razão. Eu... não sabia que tinha amizade com o Sesshoumaru, sei que estão na mesma série né? Mas não sabia que se conheciam — Soltou por fim, enquanto se encostava na parede.

— Entendi — Riu, largando a mochila e se voltando a Rin — Se sua preocupação é se eu estou saindo com ele, pode ficar tranquila, nem morta eu sairia com um cara otário que nem ele.

Rin acabou rindo sem graça, não era nesse ponto que ela queria chegar e Kagome parecia não dar espaço para ela perguntar de forma que não ficasse tão aparente. Ficou pensativa por alguns minutos, tentando bolar uma estratégia diferente de fazer a pergunta.

— Terminou? — Perguntou Kagome, encarando a garota.

— Kagome... o que ele queria? — Foi direto ao ponto, já que não conseguia fazer a pergunta de forma menos evasiva — Sei que também respondeu a umas perguntas idiotas feitas pelo Inuyasha e o Miroku do segundo ano, eu só quero saber o que o Sesshoumaru queria com você.

Kagome parou para analisar o rosto de Rin com mais calma, sempre teve a sensação de conhecer a garota de algum lugar e agora sabia de onde era.

Queria saber sobre você.