A torta estava esfriando na janela.

Qualquer um, em absolutamente qualquer cômodo, seria capaz de identificar o aroma nostálgico e acolhedor proveniente das abóboras cuidadosamente colhidas e assadas naquela manhã. O vento soprava vagaroso, tornando o processo uma verdadeira tortura gastronômica, facilmente tentadora ao descumprimento daquela única regra: Ninguém toca na torta antes dela esfriar.

Era um típico sábado de casa cheia n’A Toca quando Molly II, a maior dedo-duro da geração de netos, descobriu a pequena deformidade no formato de um triângulo entre as pontas da sobremesa.

Na mesma hora, veio o grito:

— Quem comeu a torta da vovó?!