Ninguém pode nem imaginar o tamanho da minha gratidão pela Fada Madrinha. Por causa dela, eu conheci o amor da minha vida, e já que o mesmo era um príncipe que estava destinado a herdar o trono, consequentemente me tornei rainha. Ao sair de casa, também conheci incontáveis pessoas novas. Me deparei com toda uma nova realidade, quase um novo mundo.
Devo admitir que quando encontrei a Fada Madrinha pela primeira vez, achei que ela era a personificação da maluquice. Transformar meus amigos animais em pessoas e uma abóbora em carruagem era loucura, tanto que inicialmente, achei que aquela situação mágica se tratava de um sonho. Felizmente, aquilo era mais que real.
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Depois de me tornar rainha, tive muitos problemas. Estes estavam sempre envolvidos na aceitação do povo em relação ao fato de eu, uma mera plebéia, ter me casado com o príncipe e passar a ser da realeza "da noite pro dia".
Os mais pobres me viam como um símbolo de esperança, um sinal de que as coisas mudariam para melhor naquele reinado. Me apoiavam, sempre expressando sua aprovação em relação à escolha de esposa do príncipe. Esperavam ser mais valorizados, recebendo novos direitos, e representados dentre as autoridades, viso que eu tinha sido uma deles anteriormente. Era isso que eu pretendia fazer, pois conhecia muito bem as dificuldades que essas pessoas enfrentavam todos os dias.
Já os mais ricos, ficaram revoltados. Achavam que eu era a escória do palácio, e não poupavam esforços para deixar isso bem claro. Queriam que o príncipe tivesse casado com alguma moça que trouxesse mais benefícios. Eles não levavam em conta que a aprovação da plebe, que era maioria no reino, era um benefício dos grandes.
Algumas rebeliões vindas das classes mais altas estouraram, mas logo foram controladas pelo governo. Àquela altura, não havia nada ao alcance deles que pudessem fazer para mudar isso.
Com o tempo, tudo foi se acomodando, e quem não gostava de mim parou de gerar problemas. Vários ainda não me aprovavam, mas pelo menos me respeitavam. A maioria tinha percebido que eu era boa em exercer a função de governante, mesmo que meu passado não colaborasse muito.
Saber que eu fazia meu trabalho de maneira satisfatória era o suficiente para me fazer feliz. Estava dando o meu melhor, e pela primeira vez na vida isso trouxe resultados sólidos e benéficos. As pessoas gostavam de mim como rainha. O que mais eu poderia querer?