Quando acabou de "governar", Elsa tentou focar em dormir e ter uma boa noite de sono. Como esperado, não foi o que aconteceu.

Elsa vislumbrou as imagens que havia visto quando criança: Elsa crescida e controlando seus poderes. As palavras do Troll ecoavam em seu sonho.

Escute-me, Elsa. Seu poder crescerá muito. Existe beleza neles, mas também grande perigo. Você deve aprender a controlá-lo. O medo será seu inimigo.

A cena mudou repentinamente. Ela estava em seu castelo de gelo, que ela mesma fizera.

Estava na varanda, o sol nascendo, quando ouviu alguém se aproximar.

– Ah, Elsa! Sabia que ia te ver pessoalmente mais cedo ou mais tarde.

Ela virou, e não simplesmente não acreditou no que viu.

– Oh querida, está com medo? Não imaginei que...

– Como assim pessoalmente? - perguntou Elsa, com a expressão mais séria que conseguiu fazer.

Ela não estava com medo. Ele exalava medo.

– Eu estou com você desde que você era desse tamanhinho - ele mostrou com a mão. - Estou dentro de você. Faço parte da sua história, do seu passado.

Ela ficou paralisada.

– Breu - disse por fim. - Eu nunca te vi antes.

– Ah, não? Eu estava lá quando acertou sua irmã - ele começou caminhar em volta dela. - Estava lá quando seus pais morreram, quando fugiu do reino, quando congelou Anna, EU ESTAVA LÁ!

Ele caminhou mais alguns passos e parou na frente de Elsa novamente. Olhou ela de cima a baixo, examinando-a.

– Eu conheço você, Elsa - falou Breu. - Sei do que é capaz.

– NÃO! Você não me conhece! Não sabe nada sobre mim - Elsa estava ofegante. - Tudo que sei sobre você foi o que Jack me contou. Você deveria estar morto.

– Elsa... o medo, a escuridão, nunca morre. Sempre haverá uma pessoa, um insignificante ser vivo, que vai se sentir assustado. Como você se sentiu.

O ar ficou mais pesado, de repente, o mundo parecia mais cinza.

– Você não é indestrutível. Está sempre vulnerável as trevas. Seu passado mais antigo, antes de você, ou seus pais, utilizou isso a seu favor - Breu caminhou lentamente até Elsa. - Nunca quis saber de onde vêm seus poderes?

Aquelas palavras acertaram Elsa em cheio.

– Meus poderes?

– Sim, deixe eu te contar uma história. Muito tempo atrás existiu uma rainha fria, imponente, e bonita. A Rainha das Neves. Nem sempre foi assim. Ela ganhou os poderes de gelo e neve como você, dados pelo Homem na Lua. Ele via potencial nela, como também viu em Jack - Ele andou mais alguns passos. - O poder a dizimou, floquinhos de neve não eram o suficiente para ela. Congelou o reino e jogou o inverno eterno sobre todos, e se tornou rainha.

Elsa caiu de joelhos no chão com as mãos sobre o peito.

Breu andou mais alguns passos antes de continuar.

– Eles tinham medo dela, dos poderes dela. Ia ser uma grande rainha, porém foi destruída pelo próprio medo. Antes de morrer, lançou uma maldição, que dizia que o bebê que nascesse no dia mais gelado de inverno, com o frio mais cortante e a neve mais densa, vingaria a Rainha, e terminaria o que ela não conseguiu terminar.

Elsa levou as mãos ao rosto e começou a chorar e lançar neve em direção a onde achava que estava Breu.

– Está mentindo! ESTÁ MENTINDO!

– Estou mesmo? Então por que está chorando? Alguém tinha que contar a verdade. Se não acredita em mim, olhe no livro, aquele que encontrou dentro do outro. Você foi feita pra destruir! Você não foi capaz de fazer isso da primeira vez, mas agora eu garantirei que faça!

– Não! Pare!

Breu desapareceu em um borrão negro e reapareceu bem perto de Elsa.

– A escuridão não para! Eu sou capaz de desencorajar os mais fortes. Eu matei os sonhos! Eu sou o BICHO-PAPÃO.

Elsa tentou se levantar, tentou se lembrar que era um sonho.

– BASTA! Você não pode controlar nem a mim nem a ninguém - disse Elsa ficando de pé.

– Oh, diga isso para seu namoradinho, qual o nome mesmo...?

– Jack? - ela começou a se desesperar novamente.

– Sim, SIM, ele mesmo! - concordou Breu.

– O QUE VOCÊ FEZ COM ELE?

– Nada ainda. Nem com seus amigos... ou parentes - ele caminhou até ficar com o rosto a centímetros do rosto de Elsa. - E se você quiser que eles fiquem assim, ou se você tem um pouco de juízo nessa cabeça, você vai me obedecer.

Elsa tentou pensar em algo inteligente para dizer, mas havia recebido muita informação em um curto período de tempo.

– Os Guardiões vão impedir você! Como da última vez!

– Da última vez eu não tinha você ao meu lado. Além disso, os Guardiões acham que eu estou morto. Como você achava. - retrucou Breu.

– Ainda acho.

Ele esboçou uma cara de surpresa.

– Você é corajosa. Mais uma razão para te querer como aliada.

– Eu NUNCA me aliaria a alguém como VOCÊ!

– Veremos. Quem sabe não começamos com Anna - provocou Breu.

– Chega! - ordenou ela.

Elsa avançou lançando gelo.

– Ou talvez sua mais nova prima, Rapunzel.

– Basta!

– Ou até mesmo... Jack.

– EU DISSE BASTA!

Um de seus vários lançamentos acertou o braço de Breu, e então o castelo começou a borrar, deu-se para ver o sol uma última vez, Elsa caiu e tudo ficou escuro. Elsa acordou.

Elsa se sentou em sua cama e olhou em volta, foi tudo um pesadelo. Um pesadelo muito real. Com um problema real. Se o Breu realmente estivesse vivo, em algum lugar, de alguma forma, ela tinha que avisar Jack e os Guardiões, mas... e se ele estivesse certo? E se os Guardiões não soubessem nada sobre o “retorno” de Breu? Elsa olhou pela janela, o sol estava no mesmo ponto em que estava no sonho, antes de tudo ficar escuro, porém o céu estava mais nublado. Se estivesse certa todos estariam acordando, e ela poderia alertar Jack antes de qualquer acontecimento.