"Dane-se, pelo menos você tentou."

– Preciso que venha comigo.

Bárbara arregalou os olhos ao ver as horas e passou as mãos pelo rosto, tentando despertar do sono que eu a tinha tirado. Depois de alguns minutos, ela finalmente tinha resolvido ver quem estava na porta e eu sabia muito bem que não estava nem ao perto de estar sóbrio. Os olhos negros me encaravam com dúvidas enquanto ela prendia calmamente os fios negros, nem se importando o fato de que estava parado em sua porta a quase três horas da manhã.

A roupa negra e curta delineava totalmente seu corpo, fazendo-a estremecer levemente por conta do frio. Os lábios estavam, finalmente, sem a tonalização vermelha, deixando-a extremamente convidativa.

– Você está bêbado. - Murmura me olhando, pegando a blusa de frio e vestindo. - As três horas da manhã de uma segunda-feira.

– Acontece. - Dei de ombros, mantendo a porta aberta e a olhando. - Prometo não demorar.

– O que vamos fazer? - Pergunta enquanto passava pela porta e a fecha, mexendo novamente nos frios negros e os colocando para trás.

– Confie.

Andei em direção do carro novamente, esperando que ela me seguisse. Deixei a porta aberta para que ela entrasse e me dirigi para meu lugar, ligando o carro e dando partida assim que ela estava dentro do carro. As luzes de São Francisco iluminava totalmente a cidade, recordando-me que costumava as observar bastante quando pequeno.

O clima litoral sempre foi uma boa opção quando meus pais discutiam, Califórnia era um refugio e sabia que era por isso que Bárbara ainda continuava a morar aqui.

Virei rapidamente a direita, entrando na imensa antiga Mansão dos Black's, pude ver o semblante de Bárbara mudar completamente e ela me olhar atônica.

– O que acha que esta fazendo? - Grunhiu irritada, tentando abrir a porta assim que parei o carro e começava a sair dele. - Irei voltar pra casa, não me procure mais! Onde está sua consciência, Levinsk?

– Você é o único meio que eu tenho de descobrir o que se passou nessa casa. - Expliquei a olhando, parando em sua frente e segurando em seus ombros, vendo-a ficar tensa. - Seu pai é, e sempre será, um suspeito, Bárbara.

– Não podemos simplesmente entrar na casa, foi proibida por anos. - Sussurrou enquanto olhava levemente na direção da entrada. - Só membros da família podem ir e vir por ela.

– Você é da família. - Murmurei enquanto pegava o distintivo e o colocava no bolso. - E eu tenho um Mandato.

– E onde ele está?

– Devo ter o deixado em casa.

**

Observava calmamente as expressões no rosto da morena ao vê-la olhar novamente para cada coisa na casa. Deixei que ela aproveitasse o momento sozinha, subindo pelas escadas em direção ao quarto onde Andrômeda havia sido encontrada morta. As faixas amarelas ainda estavam impregnadas por todo o corredor, fixando-se intensamente onde estava o cômodo.

Li rapidamente as anotações deixadas próximas dos quartos nos corredores, indicando as situações encontradas no dia 23 de janeiro. Passei pelas faixas, as ignorando, e colocando as luvas em mãos, entrando lentamente no quarto.
As coisas estavam totalmente reviradas, quebradas e deixadas no chão de qualquer jeito. As evidências descobertas naquele dia, ainda estavam impregnadas pelo quarto.

– Por que eles nunca arrumaram? - Escuto a voz de Bárbara perguntar pela porta, sem entrar no quarto. - Sempre ficou assim, ninguém da família nunca ousou mexer.

– Significa que alguém da sua família quer que isso não seja passado em branco. - Expliquei, esperando que ela entrasse. - As provas ainda estão aqui, só preciso de um pouco de tempo para observa-las.

– Posso ajudar?

– Creio que não será possível. - Murmurei. - Não toque em nada, não queremos suas digitais aqui.

Passei por ela, sentindo o doce aroma de seus cabelos e seguindo e direção do closet que se encontrava aberto. Bárbara sentou se na cama, abraçando os joelhos e observando tudo em volta. Deixando suas digitais de qualquer maneira. As roupas estavam rasgadas, deixando apenas os vestidos luxuosos intactos. Algumas pedras preciosas estavam espalhadas pelo chão, cobrindo todo o carpete branco que havia ali.

Abri as gavetas, encontrando tudo, novamente, revirado. Menos algumas joias, fotografias e vestidos.

– Você sabe da onde veio esses que não estão destruídos? - Perguntei a Bárbara, vendo-a me olhar sonolenta e sussurrar baixinho.

– Tia Ravenna pediu que deixássemos ela consertar as coisas que ela mesmo havia dado a mamãe.

– Como não existe nenhuma gravação? - Perguntei a olhando, vendo-a deitar na cama e se embrulhar. - Foram apagadas?

– Foram levadas.

Abri rapidamente as outras gavetas, encontrando as coisas que Ravenna tinha supostamente "arrumado novamente". Aquilo simplesmente entregava que alguma coisa estava errada, ninguém conseguiria mexer nessas provas. Era meramente impossível. Por algum motivo desconhecido, as coisas que vierem de sua irmã não haviam sido destruídas.

Nada que a envolvesse tinha sido destruído.

Tateei todos os cantos das paredes e o chão, não encontrando nenhum fundo que fosse falso, apenas mais coisas espalhadas ao redor. Não havia notificações dos últimos detetives incluídos nos casos.

– Quem fez isso se hospedou por uns dias nessa casa. - Conclui, voltando para o quarto. - Vamos olhar os quartos de hospe...

Olhei para Bárbara, parando de falar no momento que percebi que ela dormia. Os movimentos de seu corpo eram de acordo com sua respiração estavel. As mãos estavam debaixo dos travesseiros enquanto os fios negros espalhavam-se em sua volta, a expressão calma exalava em seu rosto e ela parecia estar em um sono pesado.

Aproximei lentamente, garantindo que não iria acorda-la, observando os traços femininos de seu rosto. Os lábios estavam entre-abertos, fazendo com que passasse levemente meus dedos por eles e seguisse por todo seu rosto. Passei um dos meus braços por suas pernas, depois em suas costas e a levantei, deixando-a visivelmente confortável em meus braços.

– Podemos tirar suas digitais depois. - Sussurrei enquanto passava novamente pelas faixas amarelas e descia as escadas, tomando cuidado para não deixar nada que fosse dela para trás.

Havia deixado as portas do carro abertas ao tirar minhas coisas e aproveitei para colocá-la gentilmente no banco de trás, vendo-a resmungar sobre algo que não pude obter entendimento e se aconchegar no banco de couro. Tirei minha jaqueta e a cobri, fechando as portas e entrando dentro do carro.

Dirigi o caminho inteiro devagar, olhando-a várias vezes para ver se continuava dormindo. Parei em frente a casa, vendo as luzes ligadas e tendo a confirmação que Isaac estava em casa. Mandei uma mensagem para o mesmo, mandando que deixasse a porta aberta. Segurei-a novamente em meus braços e entrei em casa, recebendo um olhar reprovador de Isaac.

– Quantas Vodkas você bebeu para trazê-la dormindo aqui, Braider? - Questionou parado no meio da sala. - Aliás, isso é sequestro.

– Ela concordou em vir comigo, não posso simplesmente chegar em sua casa e a entregar para Damon. - Murmurei, colocando-a em minha cama e a embrulhando, vendo-a se afundar debaixo das cobertas.

– Descobriu algo?

Acariciei o rosto da morena, afastando os cabelos negros de seu rosto e apagando as luzes. Fechando a porta ao garantir que ela estava estável

– Descobri. - Olhei para Isaac, descendo as escadas rapidamente. - Ravenna Black é a mais nova suspeita.