Que horas eram?

Capítulo 7 - Níver da Fernanda e do Felipe - I



>> Dito isso, se levantou e foi para a cozinha ler (?).

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~ 6:30 ~

Aylla estava muito animada naquele dia. Pegou um copo d'Água e a bebeu lentamente, quase não bebendo.

— Maiê... Por que eu tenho que esperar tanto? Por que nós temos que esperar tanto!?

— fala sério! Isso não é chato? Eu odeio esperar! Claro que eu não sei! Por que eu iria ficar uma era sem fazer nada, se eu poderia já ter terminado tudo? Hah!!- Marcy falou num tom revoltado revirando os olhos.

Aylla saiu da sala que estava para a do lado, onde Chiclete estava.

— paiê... Por que demora tanto?

Vácuo.

— paiê. Por que não começamos ainda?

Vácuo.

— pai!! Me responde!!

Vácuo.

— PAI!!! ME RESPONDE!!!

Finalmente, sinal de vida por parte dele. Ele se virou e colocou o dedo indicador nos lábios, pedindo silêncio. Ela bufou e fechou a cara, mas calou a boca. Voltou para a sala que estava antes e sentou em um dos bancos e cruzou os braços.

— que chato, né?- Liane falou brotando das sombras, do nada, ao lado dela. Aylla estava tão chateada e raivosa que nem de atenção ao fato de sua prima ter surgido do chão. - mas você quer brincar?

— na neve... - Leon cantou completando a frase, também surgindo das sombras. Liane tentou olhar para ele com um olhar fulminante, mas, como ela é muito risonha, ela só consegui fazer uma cara retorcida meio sorrindo, meio brava que mais parecia a cara do Coringa.

— okay. Brincar de que?- Aylla perguntou.

— que tal 'qualquer coisa'?- Leon sugeriu. Aylla fez cara de bunda e ele esclareceu.- você tem que falar qualquer coisa que seja de uma ou duas palavras, tem três segundos pra falar e não pode repetir a palavra. Exemplo: se eu falei 'abacaxi' e depois de uma eternidade a Liane falar 'abacaxi', ela está fora. Se eu disser 'gorila' e a Liane demorar quatro segundos pensando, ela está fora. Se ela falar 'eu não sei' e querer que se seja contado, não pode porque são três palavras.

— okay, mas por que só eu faço as coisas erradas?- Liane perguntou inconformada com os exemplos do seu irmão.

— porque sim. - ele respondeu.- vamos?

— tá.- Aylla falou e todos sentaram no chão, formando um círculo. - eu começo. Limão.

— sapo.- Leon disse.

— sonho.- Liane falou.

— gaivota. (Aylla)

— feijão. (Leon)

— dente. (Liane)

— dentista. (Aylla)

— dentadura. (Leon)

— pasta de dente. (Liane)

— para!! Liane, você está fora.- Leon gritou parando o jogo. Marcy que estava do outro lado da sala mexendo no seu calcular, falou "shhh" e todos falaram mais baixo. - você perdeu, Liane.

— por quê? Eu joguei certinho!- ela sussurrou de volta preparada para uma briga.

— 'por quê?' Bem, talvez porque 'pasta de dente' tem três palavras? Pasta, uma, de, duas, dente, três. UM, DOIS, TRÊS. Sabe contar não?- Leon retrucou.

— não precisa ser tão detalhista, Leon!- Liane falou irritada.- você queria que eu falasse o que?

— pasta dental seria mais apropriado. Tipo, tem duas palavras...- Aylla concluiu tentando acabar com a discussão familiar.

— ah, quem fala pasta dental?- Liane perguntou revirando os olhos.

— eu! - Camilla disse surgindo do nada.- posso brincar com vocês? Ah, é claro que posso! Eu que ensinei essa brincadeira. Como não?

— okay. Vamos começar de novo.- Leon disse e ela sentou na roda. - eu começo. Dia.

— noite. (Camilla)

— foca. (Liane)

— foto. (Aylla)

— queijo. (Leon)

— queijinho. (Camilla)

— pasta dental. (Liane)

— hi hi... Ah! Hã... Creme dental.- Aylla riu e quase saiu do jogo.

— bala. (Leon)

— o que?- Camilla falou meio que perguntando.

— bala. - Leon repetiu.

— fo-ra!!- Camilla falou rindo.- falou duas vezes!!

— ah, o que? Como assim? Sua mentirosa!- Leon gritou para ela, bravo. Depois virou pra trás e viu a cara da sua tia nada amigável e prometeu a si mesmo que falaria mais baixo.

— mentirosa é a vovozinha! - Camilla cruzou os braços e deu língua pra ele. - Esperta seria mais adequado. Mas não ouviu? Fora!

Leon de saiu da roda e ficou sentado do lado de fora. Bravo, mas fora. Camilla começou:

— arroz branco.

— brócolis. (Liane)

— Rio. (Aylla)

— Tatu. (Camilla)

— Carro. (Liane)

— Zebra. (Aylla)

— espera!- Camilla falou pensativa. Pensou por cinco segundos e falou para sua irmã: - há, há, perdeu! Que otária!

— o que? Mais você falou espera e...- Liane hesitou quando entendeu.- ah, fala sério!- e saiu da roda também.

— hum...- Camilla olhou para Aylla de um jeito assustador. - agora só falta a primazinha algodão-doce. Vai ser moleza!- ela completou batendo uma mão fechada na outra aberta com se fosse socá-la. Aylla queria sair de perto da prima raivosa. Mas sabia que Camilla era inofensiva. - eu começo! Aylla.

— Camilla. (Aylla)

— Leon. (Camilla)

— Liane. (Aylla)

— Felipe. (Camilla)

— Fernanda. (Aylla)

— Fernadinha. (Camilla )

— Talita. (Aylla )

— Ana. (Camilla )

— Aninha. (Aylla )

— Anão. (Camilla)

Aylla teve um ataque de riso quando sua prima disse isso. Tanto que perdeu.

— há há.- Camilla zombou.- sabia que eu ia ganhar. Seus bando de otário! Quem ganhou? Eu ganhei! Quem ganhou? Eu ganhei! Aham, aham, aham...

— ah, caramba. Cala a boca, Cacá.- Leon resmungou.

— cala a boca já morreu. Quem manda na manda na minha boca sou eu.- Camilla respondeu dando língua e cruzando os braços com um sorriso brincalhão.

Neste instante, Fionna apareceu e fez "shhh" pra eles. Chamou-os e eles a seguiram. Estavam na última sala de um corredor. Eram oito portas, quatro de cada lado. Tinha a deles, a 8, na frente a que o Chiclete estava, a 7, ao lado, um banheiro, a 6, e as outras eram portas misteriosas numeradas igualmente. Estavam indo para a porta 1.

— okay, senhoras e senhores.- Fionna sussurrou para eles antes de abrir a porta, com a mão na maçaneta.- nessa sala, tem uma janelona. Vocês podem ver lá fora mais de lá fora não podem te ver. Mas é claro que não podem ficar dançando, pulando ou se mexendo muito, desse os verão. E agora é silêncio completo. Podem ouvi-los de longe se falarem alto.

Todos concordaram. Leon quis perguntar como poderiam ver sem ser vistos, mas desistiu porque não sabia falar baixo que nem sua mãe. Mas ainda antes mesmo dela abrir a bendita porta, ele fez uma pergunta por impulso, sem poder se conter.

— mamãe, onde estão o Noah, a Rebeca e o resto do povo?

Fionna arregalou os olhos e ficou levemente vermelha. Abriu a porta e lá estavam, Noah, Rebeca e Caio.

— "o resto do povo" está em um outro igual a esse.- Fionna respondeu tão baixo que quase não deu pra ouvir. Ela apontou para o chão enquanto falava.

— ah.

— shhh.- Fionna lembrou seu filho.

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~ 6:53 ~

— hey, Fê, acorda!- Felipe falou sacudindo irmã.

— ai... Oi... Que foi...?

— todo mundo sumiu! Papai, mamãe, Camilla e Caio. Todos!

— uhum...

— acorda! É sério!

— tá bom... Feliz aniversário pra você também...

— ata. Feliz aniversário. Mas todo mundo sumiu!!!

— tá bom, Felipe. Já ouvi, agora sai da minha frente, que eu vou tomar o café da manhã.

— não, todos sumiram! É sério!

— sério?

— é!

— hum... Manhê!!! Hum... Mãe! Pai! Paiê!!! Manhê!! Hey, cadê eles?

— é exatamente isso que quero te falar! Eles sumiram!

— tá, mas tô com fome. Vou comer.

— claro! Todo mundo some, e o que ela faz? Come!

— isso mesmo. Ajuda a pensar. E rimou.

— tá. Eu também tô com fome. O que tem na geladeira? Ei, que cara é essa?

— olha só esse bilhete. Tava na geladeira. Tira a pata! Deixa eu ler! Hum... Felipe e Fernanda, já perceberam que estão sozinhos? Se não ainda, vocês estão. Vão agora para o quintal. Se quiserem ver seus amigos e parentes, é claro. Ah, e Feliz aniversário para os dois.
Obs: estamos com eles. Querem vê-los, então vão ao quintal!!!

— nossa, que sinistro.

— beleza, vamos pro quintal.

— okay.

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~ 7:02 ~

— eles estão vindo!- Leon falou bem alto, se levantando, mas Fionna voou em cima dele que nem um gavião na sua presa.

— não levanta.- ela murmurou, esmagando-o com seu peso.- não se mexe. Fica quieto, senão eles vão nos ver como se tivesse um holofote em cima da gente.

— o que holofote?- Liane perguntou.

— shhh!

Todos ficaram quietos e observaram atentamente Fernanda e Felipe saindo casa e conversando entre si. Acima da janela gigante, começou um contagem regressiva começando em 30 segundos.

— quando zerar, todos iremos falar aquela frase, okay?- Fionna esclareceu falando baixo.

— uhum...- Leon tentou falar, mas Fionna fez ainda mais peso em cima dele. Ele olhou para o lado e viu a Marcy, que tinha entrado sorrateiramente e ninguém a tinha visto.

Os dois aniversariantes continuavam conversando quando uma aranha do tamanho uma mão surgiu do meio de um arbusto e Fernanda pulou em cima do seu irmão gritando. Ele quase caiu, mas conseguiu se desviar dela, e, como ela esperava sentir algo sólido atrás, caiu no chão feito um saco de batatas.

Leon não aguentou mais: começou a rir muito alto e até chorou. Mas, o pensamento rápido de Fionna de colocar a mão na boca dele, fez com que só se ouvisse a risada dele por um segundo. Mas a atenção dos dois não estava foçada neles, e sim em algum ponto do lado deles. Porque, acredite se quiser, o "resto do povo que está em outro deste aqui" também estavam rindo!

O cronômetro, que estava em 15 segundos ainda, pulou para 7 do nada, mas como era Chiclete que estava comandando tudo lá, era porque eles descobririam tudo antes do tempo acabar.

Quando Felipe começou a se embrenhar no matagal onde eles estavam escondidos, o cronometro zerou e a janela abriu.

— FELIZ ANIVERSÁRIO!!!- todos disseram.

Onde, exatamente, eles estavam, eram duas máquinas parecidas com dois tanques de guerra, só que o cano do canhão era mais baixo, em cima tinha uma janela gigante que abria para frente e ficava parecendo um escorregador e ele tinha uma camada de tecnologia que o deixava quase invisível (cortesia de Jujuba e Chiclete) e só olhando com muita atenção que daria para vê-lo.