Quando o amor acontece

Implicâncias part 2/...


Fomos até sala de jantar; fiquei impressionada com a estrutura do ambiente, a decoração sutil e linda. Uma mesa enorme completava o local, porém não entendia muito bem o por que daquela mesa, sendo pelo que eu sabia só ela e Andre moravam ali. Antes de sentar, ele puxou a minha cadeira em um ato cavalheiro, " Obrigada" falei um voz baixa. Olhei para a mesa e vi um prato em cima de outro prato e varios talheres, fiquei confusa, mas o mico era certo.

– Então Cristina, é Cristina né? - Afirmei - Seus pais trabalham em que?

– Minha mãe é uma costureira de mão cheia e meu pai é professor de escola publica. - Falei sorrido sentindo orgulho dos meus pais.

– Eu não sabia disso Cris, que maneiro. Agora já sei quando precisar consertar algumas peças de roupas minhas.
– Como você entrou para o Colégio Elite? Sendo que a mensalidade é alta? - Andréa me perguntou

– Sou bolsista, não querendo me gabar, mas era uma das melhores alunas da minha escola e consegui passar pela prova.

– Interessante, porém estou surpresa pelo Elite ter baixado o nível dos alunos...- Ok agora ela tinha me ofendido de verdade.

– Não senhora, o nível do colegio é muito bom, os alunos são os melhores. - Rebati

– O que temos para o almoço? - André mais uma vez entrou no meio. Os empregados abriram as tampas de alumino que cobriam os pratos, nunca tinha visto algo parecido na minha vida. Tentei parecer normal, por mais que por dentro estava morrendo de vergonha e medo de pagar mico, e ainda por cima dona Andréa fazia questão de me deixar ainda mais desconfortável. Eu realmente a admirava por causa de seu trabalho com escritora e jornalista bem sucedida, e também por causa de ter conseguido abrir sua tão sonhada editora e revista, mas agora quem realmente era aquela mulher que estava na minha frente? Arrogância em pessoa, toda aquela admiração que sentia antes de conhece-la pessoalmente acabou literalmente. Olhei para o prato que estava na minha frente e para os talheres ao lado " Meu Jesusinho, me ajuda".

– Não vai comer? - Andréa perguntou com uma expressão perversa em seu rosto.

– Claro...- Olhei para André pedindo socorro, nunca tinha comido na igual antes. Mas sem resposta do mesmo dei meu jeito, peguei o garfo e a faca, e comecei a mexer na comida. Senti o olhar dela sobre mim, não levantei minha cabeça, continuei comendo do jeito que sabia.

– Depois daqui, poderíamos ir assistir algum filme no cinema.

– Claro que sim. - Dei um sorriso de lado.- Onde fica o banheiro?

– Julia. - Assim que ele a chamou, uma moça jovem e elegantemente vestida surgiu de imediato diante de nós. Seus cabelos eram perfeitamente cortados em uma medida um pouco abaixo dos ombros, sua estatura era media, continha um sorriso aconchegante. - Você poderia levar a Cris até o banheiro, por gentileza? - Ela assentiu com um sorriso.

Pude ouvir um "Ótimo, agora podemos conversar" assim que me retirei. Os corredores daquela casa pareciam não ter fim, no entanto, eram perfeitamente decorados. Entrei em um comodo muito bonito para um simples banheiro, Julia entrou junto comigo e de um jeito simpático puxou assunto.

– Ela não é nada do que você imaginava né? - Não sabia se concordava ou se aquilo era apenas uma armadilha.

– Não, ela é tão rude. Eu a imaginava mais dócil e simpática, pela história dela, achava que não era tão mesquinha. - Desabafei e ela assentiu.

– Eu também cai do cavalo quando vim trabalhar aqui. Ela é um sonho diante das revistas, jornais e televisão, mas pessoalmente é o diabo. Não ela não gosta de alguém faz questão de que a pessoa saiba. O filho é o que mais sofre, sempre que arruma alguém, ela tem que averiguar.

– Eu estou com medo, medo de que ele desista de mim e concorde com a mãe. Tudo bem que ela é a mãe dele, mas....

– Você gosta dele. Colega se você realmente está afim, vai com tudo, não se importe com ela. Ela é a mãe, mas não é ele. - Ela disse com suas mãos em meus ombros e olhando fixamente em meus olhos.

– Você tem razão, não vou deixa-la me intimidar

– Isso ai, agora retoque esse batom e volta para aquela mesa com a cabeça erguida. - Ela sorriu e a abracei. Mal a conhecia e já tinha gostado dela.

Terminei de retocar o batom e segui de volta para sala de jantar, mas meus passos foram diminuindo até ficar totalmente paralisada quando ouvi Andréa falar para André " Ela não serve para você querido, ela é da ralé. André, somos pessoas importantes, pessoas que todos queriam ser e não dá para você simplesmente arranjar uma namoradinha suburbana, que a mãe é um costureirazinha meia boca e o pai professor de escola de pobre." André rebate nervoso " A Cris é uma garota maravilhosa mãe, pode não ter o mesmo nível de vida que a gente, mas é tão inteligente e bonita. Mãe eu nunca leguei pra maldita classe social, nunca me importei com isso. A vida nem sempre é justa e você sabe muito disso, eu nunca quis ser filho de alguém famoso, mas não escolhemos a família que nascemos." " André me respeite e você disse muito bem, não escolhemos. Não quero meu tesouro namorando uma qualquer.." Chega, eu não ia fingir que não havia escutado aquela conversa horrível. Entrei na sala de jantar pegando os dois de surpresa.

– André eu vou embora, não fico aqui nem mais um segundo.

– Ainda bem, assim posso respirar um ar mais puro. - Agora aquela mulher ia ter que ouvir.

– O quê? Olha aqui, eu me segurei o almoço inteiro para não ter que falar para você tudo o que estava se entalando na minha garganta, mas tudo tem limite e o meu é esse. Quem a senhora pensa que é? Quem é você afinal? Antes de entrar nessa maldita casa eu jurava que a senhora era a perfeição em pessoa, a mulher mais incrível que estava preste a conhecer. Mas agora juro que não sei como pude pensar que a senhora tinha um pingo de educação. Sou pobre sim, minha mãe é costureira sim, meu pai trabalha duro naquela escola tentando da um futuro melhor para aqueles adolescentes, mas e você? Quem é você? Uma pessoa de aparências, não é nada do que diz ser, alguém que precisa pisar nos outros para se sentir melhor. Sabe o que é mais engraçado disso tudo? É que assim como eu, você já foi pobre. Mas sabe qual é a nossa real diferença? É que eu não tenho vergonha de ser quem eu sou. Boa tarde. - Vomitei aquelas palavras em cima daquela mulher mesquinha e mal amada, quase chorei, mas tive que me conter. Não iria enfraquecer na frente dela.

Saí daquela casa sendo seguida por André, ele me parou depois que atravessei a porta. Não estava brava com ele, sabia muito bem agora que ele era apenas uma vitima daquela mulher monstruoza, mas não queria conversa agora, na verdade só queria minha maezinha.

– Cris, eu nem sei o que dizer, cara eu to morrendo de vergonha da minha mãe. - Ele diz com a cabeça baixa.

– Eu sei que você tem culpa, é apenas uma vitima delas. Mas eu preciso ficar sozinha, eu preciso ficar na minha sabe? To muito magoada, doeu ouvir aquilo de alguém que já passou por uma situação difícil. -Falei com a voz embargada. - Ela me tratou como seu eu fosse uma vadia, André eu não sou assim.

– Eu sei que você não é, e tem mais, não me importo com que minha mãe disse. Eu gosto de você do jeito que é. - Por mais que estivesse extremamente magoada, ouvir aquilo era como se ganhasse na loteria.

– Você é tão maravilhoso André, não merece a mãe que tem. - Não medi minhas palavras e nem pediria desculpas por elas. - Mas eu preciso ir, preciso processar tudo que aconteceu hoje. Obrigada pelo carinho. - Dei um beijo em sua bochecha e saí.

Estava muito desnorteada com toda aquela situação, claro que já tinha passado por coisas semelhantes, mas com tanta profundidade, não com tanta falta de respeito, ainda mais vinda de alguém que jamais pensara que faria algo do tipo. Andréa De Fiore, uma mulher que aparenta ser totalmente amável e cabeça aberta, alguém que se possa ter a devida admiração. Em suas entrevistas sempre dizia " Não gosto de pessoas preconceituosas" e agora age como se fosse outra pessoa que tivesse dito essas coisas? Quem ela queria enganar? Por que fingir ser quem não é? Foi a maior decepção da minha vida.

Pov's Mili

Liguei para Pata curiosa para saber como tinha ido com o Duda e ela disse que só me contaria pessoalmente. Fiquei esperando ela vir aqui em casa, enquanto isso arrumava minhas roupas no meu armário e aproveitando para por outras em minha mochila que havia trazido da escola, de repente me deparo com um bilhete escondido entre algumas roupas que dizia o seguinte "Você é uma linda mulher e não deixe que alguém te diga ao contrario", de quem seria aquele bilhete? Já havia um tempo que estava recebendo esse tipo de coisa, primeiro o beijo na festa, depois aquele outro bilhete que do nada parou em cima da minha mesa e agora esse? Mas e se tudo isso não passar de uma brincadeira de mal gosto? Quem perderia seu tempo fazendo isso? Esperei Pata chegar para tentarmos pensar juntas e como estivesse lendo meus pensamentos desesperados, a campainha toca. Atendo-a com um sorriso e dou espaço para que entre, vamos ate meu quarto onde poderíamos conversar sem preocupações.

– Amiga conta tudo, quero saber como ele se saiu. - Ela negou com a cabeça, de inicio parecia brava, mas tudo não passava de um brincadeira.

– A gente se beijou, foi tão incrível que nem parece que estava na companhia do maior pegador do colegio. - Ela disse se jogando sobre minha cama.

– EU NÃO ACREDITO NISSOOO VOCES SE BEIJARAM - Estava pasma, a operação cupido tinha sido um sucesso. - Ai amiga, ele te pediu em namoro? - Pata caiu na gargalhada, fiquei um pouco sem graça, o que tinha dito de errado? - Que foi?

– Namoro? Você não acha que ta cedo? A gente saiu ontem, rolou um clima, mas ele é o Duda.

– Eu sei, mas ele esta mudando. - Falei firme

– Ninguém muda do dia para noite, não quero me precipitar e me machucar entende? Tudo tem seu tempo.

– Você tem razão, desculpa, me empolguei demais. Preciso te contar uma coisa ou melhor te mostrar uma coisa. - Fui até minha escrivaninha e peguei aquele bilhetinho e mostrei para ela, que leu atentamente sem entender nada, com o senho franzido.

– Quem te mandou isso? - Ela estava tão confusa quanto eu.

– Eu não tenho a minima ideia Pata, apareceu aqui na minha bolsa. Será que tem alguém zuando comigo?

– A Carla, só pode ser ela. Espera mais um pouco, vamos investigar essa história direitinha. - Ela piscou para mim e sorri.

.... Segunda- Feira

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.