Wulcan acordou tarde, por sorte era um dia de sábado. Ela se levantou e vestiu a roupa com que estava no dia anterior, por sorte ela e as meninas iam fazer compras, daí ela compraria roupas novas. Arrumou a cama e desceu as escadas, achava que àquela hora todos já teriam tomado café e não havia mais nada na cozinha. Pelo menos era assim na sua antiga casa. Para sua surpresa chegou na cozinha e Kitty estava lá lavando sua louça de café da manhã.

-Bom dia! – disse ela – Acordou tarde também?

-Bem, sim. – respondeu Wulcan um pouco envergonhada. – Pensei que não tinha ninguém aqui, porque já é tarde e...

-Que bobagem! Eu acordei tarde e aí eu me viro preparando alguma coisa. Eu deduzi que você acordaria tarde também, afinal teve um dia cheio ontem e devia estar cansada. Preparei umas panquecas pra você. – disse Kitty dando um prato com panquecas cobertas de geléia para Wulcan.

-Eu nem sei como agradecer.

-Agradeça comendo, hoje vamos sair e é bom que esteja bem alimentada. Espero que goste das panquecas, é a única coisa que eu sei fazer bem.

Wulcan comeu as panquecas e realmente estavam deliciosas. Kitty a observou comer e ficava feliz pois havia encontrado uma nova amiga.

-Estava delicioso. Obrigada.

-Que bom que gostou. Acho que as outras meninas já estão prontas para irmos ás compras. Não se preocupe, o Professor disse que você pode comprar o que quiser e o que precisar. Eu vou chamar as outras. – disse Kitty saindo da cozinha.

Wulcan estava sem voz, nunca pensou que estaria vivendo tudo aquilo. Na sua antiga casa com sua mãe ela nunca seria tão compreensiva assim com ela, tão companheira como aquelas pessoas que ela conhecia a menos de dois dias eram. Sentiu vontade de chorar, de emoção. Mas não o fez, não havia motivos, estava feliz, de alguma forma se sentia em casa, amparada, não havia motivos para chorar. De repente foi tirada de seus pensamentos com um chamado.

-Wulcan! Vamos logo! – era Vampira. – Temos muitas lojas para ir. – Ela parecia muito feliz.

-Vocês são sempre tão felizes e animadas desse jeito? – perguntou Wulcan.

-Geralmente. É sempre animado por aqui, melhor se acostumar. – disse Vampira agarrando Wulcan pelo braço e rindo.

Wulcan ainda estava um pouco reclusa, desconfiada. Talvez tudo acontecera um pouco rápido demais. Mas ela tinha certeza que se acostumaria. Ela e Vampira logo se juntaram á Jean, Kitty e Amara. Foram em direção á garagem e Kitty pegou o seu carro.

-Você não tem medo de alta velocidade, tem? – perguntou Amara rindo.

-Por que? – perguntou Wulcan curiosa.

-Bem, porque a Kitty adora correr, mas não se preocupe porque se ela não tiver tempo de frear ela atravessa o obstáculo.

Wulcan riu, a piada era engraçada.

-Finalmente conseguimos arrancar um sorriso dela. – falou Jean.

-Você pode contar com a gente pra qualquer coisa, Wulcan. Somos a sua família agora, nós entendemos que você sofreu muito mas pode deixar isso tudo pra trás, já passou. – completou Vampira.

-Me desculpem, mas é que eu não estou acostumada com tanto companheirismo. Na minha antiga casa eu só tinha o meu irmão Diggory e tinha algumas coleguinhas de escola, mas não passava disso. É difícil quando de quem você mais espera carinho você não tem.

-Mas agora isso vai mudar. – disse Amara – Vamos fazer algumas compras e aí você vai se animar, pois não há nada que mais anime uma menina do que compras!

-Apoiado! – falaram todas.

Dentro de alguns instantes elas estavam no shopping da cidade. Foram na primeira loja e elas experimentaram muitas roupas.

-Wulcan, o que você acha dessa? – perguntou Jean mostrando uma blusinha preta com um gatinho branco estampado.

-Eu não sei. – respondeu ela.

-Gente, vamos fazer uma coisa. – começou Vampira. – Vamos perguntar pra Wulcan o que ela gosta de vestir. Então Wulcan, qual é o seu estilo?

-Bem, o meu estilo é meio rebelde e ao mesmo tempo comportado. Eu gosto de luvas esportistas, bota de cano médio, sem ser de salto, não sou muito chegada á salto alto. Gosto de me sentir á vontade mas gosto de chamar atenção pelo que visto.

-Se é assim eu vou te levar para uma loja que é um arraso. – falou Vampira. – Vamos meninas.

Elas saíram da loja e foram até uma que logo chamava atenção pela sua fachada externa. Era toda pintada de preto e na porta havia uma caveira em um skate.

-Vampira, é aqui que eu vou achar o meu estilo? – perguntou Wulcan achando que a loja vendia artigos e roupas apenas para metaleiros.

-Não julgue uma loja apenas pela sua fachada. – disse Vampira rindo. – Vamos entrar.

Assim todas elas entraram, Vampira estava certa, a loja tinha de tudo. Mas se caracterizava por ter roupas de cores fortes e diferentes desenhos estampados nelas.

-Era exatamente disso que eu estava falando, Vampira. Obrigada! – falou Wulcan se dirigindo a uma estante com várias blusas.

-Você adivinhou, hein Vampira! – exclamou Jean.

-Eu percebi que o estilo dela, apesar de mais leve é parecido com o meu.

-Vamos ajudá-la a escolher, então. – disse Kitty.

Então, as cinco começaram a escolher roupas. Wulcan experimentou várias e levou muitos conjuntos. Dentre eles, estavam calças jeans com alguns rasgos, botas com saltos plataformas e também esportivas, shorts jeans, blusas com estampas de anjos góticos. Sem falar nos acessórios como braceletes, brincos longos, anéis variados. As cores eram principalmente vermelho e preto, suas favoritas.

-Você escolheu bem, hein menina! já vai voltar pra casa vestindo uma roupa nova. – falou Vampira.

-Obrigada, vocês também me ajudaram a escolher. Fico grata.

-O que vocês acham da gente comer uma pizza? Ou vocês querem almoçar em casa mesmo?

-Eu não sei, Vampira. – Disse Jean insegura – O que vocês acham?

Mal Jean perguntou isso e ouviram alguém chamar.

-Amara! Amara!

-Quem é que está chamando a Amara? – perguntou Kitty olhando por todos os lados.

-É a Tábitha! – falou Amara – Aqui Tábitha!

-Agora que eu avistei vocês! – disse Tábitha se aproximando das meninas. – Oi, gente!

-Oi, Tábitha. – respondeu Jean meio á contragosto.

-Calma, Jean. Eu só vim falar com a minha amiga Amara, mas não se preocupem, eu não vou armar barraco. Mas pelo que vejo as compras foram boas. – falou ela olhando os inúmeros pacotes.

-Viemos comprar roupas novas para... para... – disse Amara relutante.

-Para a nova mutante do instituto. – completou Vampira.

-Nova mutante, é? Quem?

-Eu! – Wulcan entrara finalmente na conversa.

-Então você é a nova mutante, qual é a sua marca? – perguntou Tábitha curiosa.

-Acho que não é necessário você saber, Tábitha. – falou Jean tentando dissimular sua irritação.

-Não tem problema, Jean. Acho que se ela é uma mutante como nós, não tem problema ela saber quais são os meus poderes. Eu posso controlar fogo e também posso controlar terra, mais especificamente, posso controlar a flora, plantas, árvores, qualquer coisa relacionada com vegetais. – respondeu Wulcan com certo orgulho de poder falar isso abertamente.

-Interessante. Você tem... dois tipos de poderes? Eu nunca tinha visto isso. Quer dizer, a Vampira aí pode absorver os poderes dos outros e manifestá-los mas não são dela propriamente dizendo.

-Eu acho que nós devemos ir, não é meninas? – disse Jean apressando-as. – Senão vamos nos atrasar para o almoço. Tchau, Tábitha.

-Bem, eu... – Tábitha ia começar a falar mas elas já estavam longe – Tchau.

As meninas já estavam na garagem do shopping entrando no carro.

-Ei, a gente não ia comer pizza? – perguntou Kitty ligando o carro.

-Não, Kitty. – respondeu Jean – Senão a Tábitha teria que comer com a gente e aí ia fazer mais perguntas ainda e não seria bom.

-Por que, Jean? Pelo que vi até agora, você parece ser uma pessoa tão legal com as pessoas. Não entendo porque estava tão ríspida com essa Tábitha. – falou Wulcan.

-Wulcan, deixa eu explicar. Nós do instituto somos um grupo intitulado X-Men e queremos sempre uma boa relação com os outros, não importando se for humano ou mutante. No entanto, há outro grupo de mutantes, chamado Irmandade, o qual a Tábitha pertence cujo líder é um antigo amigo do Professor, chamado Magneto. Ele acredita que somente mutantes deveriam existir e que a convivência pacífica entre eles e humanos não é possível. Daí, os membros da Irmandade não são muito discretos com relação aos seus poderes e sempre arrumam confusões. Eu acho que não seria muito bom se eles soubessem que você está aqui, nem dos seus poderes porque isso poderia atrair a atenção de Magneto para você. Pelo que o Professor nos disse antes de te resgatarmos era que você era uma mutante muito poderosa.

-Poderosa? Eu? Jean, eu acho que ele exagerou. Eu nem ao menos sei dominar meus poderes com tanta perfeição assim como eu imagino que vocês dominem.

-Isso porque você ainda não passou pelo treinamento do Logan. – disse Vampira rindo.

-Com certeza, os nossos professores farão vários testes com você com o objetivo de aperfeiçoar seus poderes.

-Que tipo de poder tem os membros da Irmandade?

-Bem, a Tábitha que você acabou de ver, ela pode criar pequenos explosivos. Tem o Fred, que é um gorducho que parece invulnerável devido a tanta gordura que ele tem, tem o Groxo que parece um sapo, tem uma agilidade e uma língua pegajosa que pega as coisas, ele é muito nojento. Tem a o Pietro, que consegue correr muito rápido e a Wanda que é irmã dele, pode machucar as pessoas com energia. Os dois são filhos de Magneto. Por último tem o Lance, que pode fazer a terra tremer, tipo terremoto.

-Ele tem uma queda pela Kitty e ela por ele. – comentou Vampira arrancando risadas de todas.

-Não acredita nisso não Wulcan. – disse Kitty.

-Nossa, eu nunca pensei que era tão complexa assim a situação dos mutantes do instituto, mas estou feliz por poder fazer parte dele. – comentou Wulcan. – Vocês mudaram a minha vida e eu não imagino as coisas acontecendo de outro modo.

-Você comprou roupas, sapatos, não quer mudar mais alguma coisa? – perguntou Jean.

-Bem, na verdade eu queria muito fazer algo que a minha mãe nunca deixou.

-Fala que talvez a gente possa ajudar. – falou Amara.

-Eu queria fazer mechas no meu cabelo, da raiz até ás pontas, mechas vermelhas.

-Então vamos fazer suas mechas. Kitty, dobre á direita, vamos ao cabeleireiro. – disse Vampira.

-Tudo bem, então. Mas vamos nos atrasar para o almoço. – riu Kitty dobrando a esquina.

Dentro de alguns minutos, elas estavam no cabeleireiro, ficava em uma rua comercial, havia também várias lojas vendendo as mais diversas coisas. Elas entraram e Vampira foi logo falando o que queriam lá.

-Esta menina aqui quer fazer mechas vermelhas no cabelo, será que você pode fazer isso por ela?

-Bem – começou o homem – O cabelo dela é longo, médio eu diria, vai demorar uma hora mais ou menos, vocês esperam?

-Claro.

Daí, o cabeleireiro começou o serviço, pintou as mechas no cabelo de Wulcan, lavou e por último deu uma boa escova. Quando o serviço estava terminado, mostrou-o á Wulcan e depois ás outras.

-Então, o que acham? – perguntou.

-Ficou perfeito! – exclamou Vampira – O que você achou, Wulcan?

-Eu... não tenho palavras para descrever como me sinto. Está lindo demais! Obrigada!

-Considere isso um presente da gente pra você, de boas-vindas. Aqui está o pagamento. – disse Vampira entregando o dinheiro ao homem.

Depois disso, elas partiram rumo á mansão. Chegaram um pouco atrasadas, mas á tempo de almoçar com os outros. Ainda demoraram um pouco pois foram deixar as compras no quarto de Wulcan. Quando esta desceu, surpreendeu á todos com seu novo estilo e cabelo. Arrancou suspiros de James.

-Me apaixonei por essa menina. – disse ele fazendo que ia desmaiar.

-Não seja exagerado, James. Mas eu não posso negar que ela ficou uma gatinha. Acho que vou adorar ter essa mutante aqui.

-O que você acha, Kurt? – disse Bobby.

-Hã? Sobre o quê? – ele estava completamente distraído.

-Onde você está com a cabeça? Não dormiu bem esta noite de novo?

-Pelo contrário, dormi bem, mas estou pensando no porquê?

-Eu não te entendo, Kurt. – falou Bobby.

Wulcan e as outras meninas se sentaram á mesa. Wulcan estava mais desinibida, sorria mais, conversava.

-Então, Wulcan, como foram as suas compras? – perguntou Ororo.

-Foram muito boas... Ororo, não é? Me desculpem se eu confundir o nome de alguém, ainda não decorei todos mas tenho uma memória muito boa. – disse ela arrancando risadas dos outros.

-Wulcan, eu gostaria de saber se amanhã você estaria disposta á fazer alguns testes para vermos com detalhes os seus poderes e começar á ensiná-la a dominá-los, será que você pode?

-Claro, Professor. Com todo o prazer. Alguém pode me passar a salada por favor? – no momento em que Wulcan perguntou todos os garotos exceto Scott e Kurt praticamente se lançaram em cima da salada para pegá-la e passá-la para Wulcan. Esta por sua vez, diferente das outras se segurou para não rir. Mas Bobby acabou por passar a salada para Wulcan.

-Obrigada.

A refeição transcorreu normalmente, todos conversaram exceto Kurt. Ele remexia a comida no seu prato, parecia não ter apetite, mas quando foi pegar o prato de purê a sua mão e a de Wulcan se encontraram, ela retirou a sua rapidamente.

-Desculpa!

-Não, pode pegar. – disse Kurt passando o prato para ela.

-Obrigada.

De repente, Kurt observou melhor Wulcan e veio a imagem do seu sonho á mente, ele balançou a cabeça rápido como que para afastar aquela imagem mas em vão. “Não pode ser.”, pensou ele. Quando o almoço acabou, ele foi rapidamente para seu quarto. Wulcan e Vampira foram para o quarto de Wulcan.

-Queria te entregar uma coisa, Wulcan. Como começo de uma grande amizade. – disse Vampira lhe entregando um pacote.

-O que é isso, Vampira, não precisava. – falou Wulcan envergonhada abrindo o pacote. – Um CD! De músicas românticas, como você sabia que eu gosto de músicas assim?

-Você tem cara de menina romântica mas decidida.

Daí as duas viram Kitty atravessar a parede junto com Jean e Amara.

-O que é isso? Um clube da Luluzinha? – perguntou ela divertida.

-Podemos participar? – perguntou Jean.

-Claro! – disse Wulcan divertida. – Vamos aproveitar para nos conhecer melhor.

Daí todas elas se sentaram no chão e começaram a contar seus gostos e quais eram seus poderes.

-Vamos começar pela Kitty. – disse Wulcan – Eu não preciso contar a minha história, pois todos já conhecem. Vai, Kitty, conta a sua história, do que você gosta e tal.

-Bem, eu gosto de computadores, festas e posso atravessar paredes.

-Mas você está omitindo um detalhe, Kitty. – falou Vampira provocante. – O seu caso com o Lance.

-Isso é verdade, Kitty? – perguntou Wulcan.

-Bem, a gente se gosta mas ele é da Irmandade e eu..., vocês entenderam, né?

-Tudo bem, Jean, sua vez.

-Eu gosto de escutar música, posso mover as coisas com os poderes da minha mente e sou a mais comportada de todas essas aqui. – disse ela divertida. – Eu não tenho queda por ninguém, mas tem uma pessoa por quem eu sinto algo especial, que é o... Scott.

-Isso não é novidade pra ninguém, Jean. – falou Amara – Bem, eu também sou caladinha, mas adoro uma boa balada, meu outro nome é Magma, porque posso controlar magma, fazer ondas dele, etc. De quem é a bola, agora? Ah, Vampira!

-O que eu posso dizer? Eu sou séria, gosto de coisas góticas e eu posso absorver os poderes e memórias de outros mutantes, por isso não posso tocar em ninguém porque essa pessoa corre o risco de parar em coma.

Wulcan notou uma certa tristeza nos olhos de Vampira.

-Eu e o Kurt somos irmãos, Wulcan. Não de sangue porque eu sou adotada mas a nossa mãe se chama Mística e ela serve á Magneto, líder da Irmandade.

-Kurt? Ah, aquele com quem eu esbarrei ontem? Ele é um pouco estranho, não fala direito com ninguém.

-É, mas ele não é sempre assim. Geralmente ele é alegre mas anda assim porque não tem tido boas noites de sono mas vai melhorar.

-Ele nem tem brincado mais comigo. – falou Kitty.

-Vocês dois... – começou Wulcan.

-Não! A gente se gosta mais como irmão mesmo.

Elas continuaram conversando animadamente por um longo tempo, Wulcan se sentia em casa. Mas nem podia imaginar que em um lugar não muito longe dali a conversa era sobre ela e muito mais séria do que a que estava tendo.