Wally encarou-a surpreso. A sinceridade na voz dela o pegou de surpresa. A Shayera que ele conhecia evitaria a resposta, e fugiria dele. Mas a mulher que estava a sua frente era uma nova Shayera, uma versão dela que ele jamais pensou em conhecer. Uma Shayera apaixonada. E por ele.

Quando se deu conta, Shayera já o beijava com voracidade. As mãos dela vagaram por suas costas molhadas, enquanto ele a segurou pela cintura. Oh, era tão bom! Shayera se afastou brevemente, mas não fez menção de fugir. Abaixou o rosto para ela. A respiração quente estava em seu rosto e ela voltou a beijá-lo sem pensar.

Suas mãos desceram de suas costas torneadas para suas nádegas. Ela o segurava firme, apertando e apalpando, torcendo a toalha em volta de seu corpo. Wally também a puxava para perto. As pernas dela bambearam. Talvez pelo cansaço da missão, talvez por sentir-se fraca nos braços dele. As mãos dele ficaram mais firmes em sua cintura. Possessivo, até.

Quando ela precisou respirar, afastaram-se um pouco, mas suas testas continuaram coladas. A toalha ao redor de Wally estava frouxa, e ela sentia sua masculinidade contra ela. Shayera percebeu que suas mãos eram a única coisa a manter aquela toalha no lugar. E aquele maldito pedaço de pano era tudo que cobria a nudez de Wally. Tudo que a separava de se entregar de vez.

Wally mordeu a ponta de sua orelha. Seus medos e dúvidas esquecidos enquanto a boca dele trabalhava em seu lóbulo, descendo em seguida para o pescoço. Shayera suspirou quando os beijos ficaram mais ousados, em seu pescoço e ombros.

Gentilmente, Wally a empurrou para a cama. Ele deitou sobre ela, cobrindo-a com seu corpo. Por mais rápido que fosse, as malditas roupas não saíam tão rápidas quanto queriam. Mas uma hora ele conseguiu. Levou ainda um tempo para admirá-la. Shayera parecia um anjo em seus braços. Ou uma deusa.

Shayera nunca viu tamanha adoração dedicada a ela. Sentia-se bela apenas com o gesto. Focou em seus olhos verdes. Procurou sinais de recusa por parte dela. Não havia nenhum. Wally abaixou-se sobre ela. Ela arfou com a sensação, mas logo seus lábios eram tomados em um novo beijo.

Surgiu entre eles um ritmo suave, cadenciado, que aos poucos ia se acelerando. Entre gemidos e sussurros carinhosos, Shayera desejou que o mundo lá fora parasse. Nada importava. Nada além de Wally. Ela pertencia a ele, sempre pertenceu. Só esperava ter descoberto antes.

Um gemido escapou de seus lábios, enquanto ele se balançava sobre ela. Seu corpo tremia com a mistura de desejo e amor. Wally afundou o rosto em seu pescoço. De olhos fechados, apreciava o atrito entre seus corpos, a sensação de pele contra pele. Ouvia atento aos sons que produzia. Cada toque, cada cheiro. Guardava todos os detalhes em sua memória. Ele esqueceria o mundo, mas se lembraria dela.

Ela tremeu sob ele, suas pernas apertando ao redor. Pouco depois, Wally se juntava a ela no paraíso. Os dois respiravam com dificuldade. O coração parecia querer saltar para fora. Ainda gentil, caiu para o lado, puxando-a sobre ele.

─Eu te amo, Shay. ─Disse, buscando ar. ─Deus, eu te amo muito!

Shayera sorriu contra o peito dele, tentando acalmar a respiração. Em um momento ou outro, teria que voltar para a realidade, e para seu marido.

Não agora.

Agora, pertencia a Wally. Assim, disse as tão temidas palavras em voz alta.

─Também amo você...

*****

Uma hora ou outra, Shayera teve que sair dos braços de seu amado e retornar à realidade. E esta realidade incluía seu marido. Ela estava casada há cerca de duas semanas e já se encontrava nessa situação. Shayera entrou em seu quarto. John estava deitado, mas acordado.

─Onde esteve?

─Fui falar com Wally. Ver como ele estava depois da missão.

─Hm, e porque demorou tanto?

─Ficamos conversando.

Ela trocou de roupa, e deitou ao lado de John. Ele foi para beijá-la, mas ela tratou de afastá-lo. Minutos atrás esteve com outro homem e, embora não se sentisse mal pelo ato, sabia que se sentiria suja caso aceitasse as carícias de John. Sentia-se traindo Wally apenas por estar naquele quarto.

─To muito cansada, John. ─Disse. ─Se não se importa, quero apenas dormir.

─Tudo bem. Boa noite, Shayera.

Shayera virou para o lado, e fechou os olhos, fingindo adormecer. John ainda observou a esposa por um instante, estranhando o comportamento dela. Estendeu a mão para tocá-la, porém desistiu. Virou para o outro lado e apagou as luzes.

*****

Shayera pulou cedo da cama. Ela deveria ser mais discreta, contudo, realmente desejava evitar John. Shayera e Diana tinham um tempo amigável no refeitório. As duas mulheres vinham trabalhando a amizade ao longo do tempo, e eram quase amigas. O som da porta se abrindo ganhou a atenção delas. Flash entrou, e logo estava ao lado da mesa delas.

─Olá, garotas. ─Ele saudou, piscando nada discreto para Shayera.

─Bom dia. ─Responderam juntas.

As duas o encararam. Shayera o interrogando com o olhar, assim como Diana. Mas as perguntas eram muito diferentes. Pela primeira vez, ele se sentiu constrangido. Coçou a cabeça.

─Pois é, eu acordei com muita fome hoje, e vou ali... Até, Shay...

No instante seguinte estava fora. Diana tinha o dom de perceber as coisas, até os detalhes mais sutis. E sutileza não era com o Flash.

─O que foi isso? ─Questionou.

─Isso o quê?

─Você e o Flash.

A ruiva engoliu em seco.

─Ele apenas cumprimentou a gente.

Desviou o olhar de Diana, apenas para encontrar o Flash. Ele estava do outro lado e sorriu para ela. Shayera retribuiu com um sorriso carinhoso de si mesma. Não pode evitar, ela nunca sentiu aquilo antes. Talvez pelo desejo do proibido, ou simplesmente o amor genuíno que sentia, era um sentimento novo. Seu peito parecia que ia explodir.

Quando voltou a fitar a guerreira amazona, ela a questionava com o olhar. Diana era inteligente e percebeu a interação entre os dois. Mas Shayera era mais discreta, ao contrário do Flash. Fazê-la se abrir seria difícil.

─Estão todos comentando sobre a declaração do Flash pelo comunicador. ─Começou. Uma abordagem quase direta talvez fosse melhor.

─Eu estava lá, eu ouvi.

─Sabe quem seria a garota misteriosa?

“Ah, euzinha”, pensou. Mas não poderia dizê-lo em voz alta.

─Não. Por que eu saberia?

─Sabe, não são muitas as heroínas da liga que estão casadas.

─Como você sabe que faz parte da liga? Pode ser alguma mulher em Central City.

Shayera se esquivava. Ok, a abordagem não estava funcionando. Seria hora para um ataque direto? Talvez.

─Eu não sou boba, Shayera. Ninguém aqui é. Todos sabem que ele gosta de você.

Os olhos de Shayera aumentaram. Um misto de medo e culpa surgiu.

─Grande Hera! ─Sua voz subindo. Teve que tossir para se recompor. ─É recíproco. Você também gosta dele!

O tom de Diana era de surpresa, porém Shayera não pegou acusação ou repulsa. Ela não era julgada. O refeitório não era o lugar ideal para aquela conversa. Alguém poderia ouvir, e logo chegaria aos ouvidos de John.

─Imagino que seja complicado. Eu agora tenho que ir, mas, se quiser conversar, conte comigo.

Diana deu seu melhor sorriso e saiu. Shayera olhou ao redor. Era impressão os todos olhavam para ela?

*****

John acordou desejando segurar Shayera mais de perto. Tateou na cama, apenas para encontrar o lugar a seu lado vazio. Frio. Ela havia se levantado há horas. Era estranho o comportamento dela. Quando se encontrassem a sós, resolveriam tudo. Com o pensamento de que ficariam bem, vestiu seu uniforme e saiu.

Ele passava em um dos corredores, e ouvia cochichos e risadas. Franziu o cenho, imaginando ser curioso, mas decidiu ignorar. Não eram sobre ele. Não poderiam ser. Perdido em pensamentos, não notou a figura feminina que caminhava na direção contrária. Esbarrou nela, e ela quase foi ao chão. John a segurou.

─Meu primeiro dia de volta e sou recebida assim?

─Sinto muito, eu... Mari?

Vixen sorriu. Após ela e John terminarem, decidiu ficar um tempo fora da liga. Ela tomou um período sabático, onde se dedicou à carreira de modelo. E isto foi há oito meses. Por mais que gostasse de modelar, sentiu saudade das aventuras na liga. E claro, sentiu saudade de John. Mesmo que não pudessem ficar juntos, ainda gostava de vê-lo. Por isso estava de volta.

─Hm, olá John. Até que não foi tão ruim.