Laura sentou-se em uma pedra e com um mapa em mãos, tentava entender o que estava acontecendo. Já tinha ido nesse lugar várias vezes. Ter movimento de placas tectônicas na região era impossível. Andou por meio dos escombros e encontrou uma mini bomba. No rótulo estava escrito “Empresas D&T”. Não pode ser! É a empresa do Eduardo! Eu sei que eles estavam expandido os negócios, mas essa região é reserva arqueológica e ambiental. O Edu nunca permitiria uma coisa assim. Estou tão confusa! O que está acontecendo?

A professora assustou-se com a rapidez que o tempo passou. No céu algumas estrelas já começavam a surgir. Melhor eu apressar o passo! A noite é muito perigoso. Laura pegou a lanterna, mas não funcionou. Porra! Pelo que vejo vou ter que me virar mesmo. A garota mal levantou quando sentiu seu braço puxado e logo depois todo seu corpo para a mata fechada. Sua boca foi tampada, aumentando o seu desespero.

Miguel aproximava-se da entrada do camping. Não era muito religioso mas, naquela situação, pedia para todos os santos que Laura estivesse bem. Sorriu ao ver uma luz no meio daquele breu todo. Contudo, logo viu um vulto que impedia sua passagem. Miguel colocou a mão atrás da calça e se preocupou.

— Procurando por isso? — Perguntou o vulto mostrando uma arma.

— Como conseguiu pega-la?

— Para um policial você é muito distraído Marcelo ou melhor, Miguel. Você tem tantos nomes que é difícil decorar todos.

— Além de psicopata você é louco Edgar!

— Já sei de tudo Miguel. Seu plano para se aproximar de mim e tentar me incriminar pela morte do meu irmão. — Contou Edgar sorrindo ironicamente. — O pior de tudo é você usar a Laura para isso. É, meu amigo, parece que você é mais sujo nessa história do que eu.

— Como descobriu tudo isso?

— Logo saberás. Mas, agora, temos algumas contas a acertar.

Laura estava sentada próxima à fogueira. Gabriel pegou alguns marshmallows e logo depois sentou-se ao lado dela. Ele colocou uma manta sobre o corpo da garota e desculpou-se:

— Não queria te assustar daquele jeito. Mas, foi a única coisa que pensei no momento.

— Pode me explicar o que está acontecendo? — Pediu Laura já irritada com todas as coisas estranhas que já estavam ocorrendo naquela tarde.

— O Edgar descobriu que você vinha com o seu namorado para cá. Então, ele decidiu vir também.

— Ele veio só para atormentar a mim?

— Sim.

— E você como bom pau mandado, veio ajudar!

— Não! — Afirmou Gabriel sério. — Ao contrário. Eu vim justamente para impedir que ele fizesse alguma loucura.

— Loucura?

— O Edgar estava muito estranho nesses últimos meses. Eu estava ficando muito preocupado. Ele começou a falar sobre planos para tentar te separar do seu namorado, planos que envolviam até a morte se necessário.

— Espera! — Pediu Laura juntando as peças. — Então esse desmoronamento foi causado pelo Edgar?

— Sim.

— Agora está explicado porque vi mini bombas da empresa do Edu próximo ao desmoronamento.

— O plano inicial dele é conseguir separar vocês dois para poder ficar sozinha com você. Só que fiquei com medo de ele fazer algo de mal. O Edgar já é passional... E quando bebe... Pode ser muito mais passional e principalmente violento.

— Você é o melhor amigo dele. Por que me ajudaria?

— Eu sou muito amigo do Edgar sim. Contudo, não acho justo ele usar esses golpes baixos. Não quero que Edgar estrague mais a vida dele.

Laura ainda estava desconfiada de Gabriel. Será que realmente posso confiar nele? Ela se aproximou mais da fogueira e indagou:

— Se o Edgar não conseguiu me encontrar porque você me escondeu... Acha que ele pode estar com o...

— Com certeza. Edgar disse que tinha contas a acertar com ele.

— Meu Deus! — Desesperou Laura. — A vida dele pode estar em jogo! Temos que encontra-lo!

— É perigoso demais! E estamos sem lanterna! Mas, não se preocupe. O seu namorado é policial. Ele deve estar acostumado a encarar situações como essa.

— Policial? — Perguntou Laura assustada. — Só pode ser maluquice da sua cabeça.

Gabriel sentiu raiva de si mesmo. Edgar filho da puta! Ele disse que a Laura sabia de tudo! Edgar sabia que eu não iria o deixar fazer algum mal para a garota... Desde início sabia todos os passos que eu iria dar, inclusive tinha certeza que eu iria falar sobre do segredo do Miguel. Manipulador de uma figa! Gabriel tentou desconversar:

— Eu devo estar louco mesmo. Deve ser fome.

— Não mente pra mim! Fala tudo que você sabe! Eu tenho o direito de saber!

Miguel estava apreensivo com a situação. Estava sem arma para poder contra atacar. Posso ser baleado a qualquer momento. Tenho que fazer algo. Miguel jogou-se na mata densa e começou a correr. Edgar ligou a lanterna e começou a persegui-lo.

Uma forte chuva caia. O cheiro de terra molhada se espalhava pela região. Os animais corriam para suas tocas e as árvores agradeciam pela água, depois de mais de três meses sem nenhuma gota penetrar sobre suas folhas. Miguel estava exalto. Depois de correr por mais de uma hora, sem comer nada, encontrava-se sem forças. Porcaria! Estou parecendo uma presa fugindo do caçador. Tá escuro demais. Não posso me arriscar mais. É melhor eu ficar em cima de uma árvore e esperar até amanhã. Miguel olhou as árvores em sua volta. Ótimo! Uma com folhas grandes! Ideal para me proteger e me esconder dos olhos de Edgar! Miguel escalou e sentou-se em um tronco. Agora é só esperar amanhecer.

Edgar também estava cansado. Por mais que eu ideie admitir... Miguel tem um bom condicionamento físico. Nem aguentou meia hora de perseguição que logo voltou para sua barraca. Ao não ver Gabriel, sorriu. Parece que ele caiu mesmo no meu plano. Numa hora dessas deve estar falando toda a verdade para Laura. Que trouxa! Aí quando a Laura ficar puta com o Miguel... Vou poder aproveitar da fragilidade dela. Eu sou um gênio! Pena que papai nunca viu isso. Sempre teve olhos apenas para Eduardo. Agora que estou tirando todos do meu caminho... Finalmente vou poder mostrar para todos o meu verdadeiro potencial.

Um novo dia surgia. Miguel foi acordado pelos raios de sol que penetravam as folhas da árvore. Desceu e deu uma olhada geral para ver se Edgar não estava por perto. Correu para a entrada do camping, estava ansioso para saber notícias de sua ruiva. Ao chegar lá, a viu acompanhada de um homem negro. Ele foi em direção a sua amada, a abraçou e disse aliviado:

— Minhas preses foram atendidas! Você está sã e salva!

Laura se afastou- se disse com raiva:

— Pode parar com a sua falsidade, Miguel!

— Eu posso explicar. Não é nada o que parece ser.

— Teve quase quatro meses para me contar e explicar tudo, mas, preferiu ocultar os fatos. Falava tanto mal do Edgar... Porém, vocês são todos do mesmo tipo. Pessoas mentirosas e manipuladoras.

— Deixa eu te levar pra casa, pelo menos. No caminho posso explicar tudo.

— O Gabriel vai comigo. E suas mentiras não têm explicação.

Gabriel pegou as malas dele e de Laura e ambos se afastaram do campus em direção ao ônibus que estava perto de sair.