O pub tinha aberto recentemente e ficava menos de cinco minutos do campus. O local era extremamente interessante. Nas paredes, quadros que refletiam a luz negra formando diferentes imagens no meio da pista. Cadeiras e mesas rústicas feitas de madeira cercavam o lugar. A banda que se apresentava era muito boa e agradava a todos os que estavam lá. O bar era grande e nas estantes tinham uma enorme variedade de bebidas. Laura ficou impressionada:

— Caramba!

Um homem de aproximadamente quarenta anos ouviu a exclamação de surpresa de Laura e a cutucou. Quando a ruiva olhou o homem perguntou:

— É brasileira?

— Sou sim!

— Seja bem vinda ao meu pub! Como sentia falta de falar com brasileiros!

— Você é dono daqui? Que legal! Acho que nunca conheci nenhum brasileiro dono de pub por aqui.

— Montar um estabelecimento na Inglaterra é bem caro. Mas tive sorte de herdar uma boa herança dos meus pais e decidi montar esse negócio aqui. Espero que dê certo!

— Vai dar sim! O lugar é muito legal e bem estimulante! Só tende a melhorar, tenho certeza!

— Muito obrigado! Aquelas lá são suas amigas?

— São sim. Molly é da Bélgica e Sakura do Japão.

— Por estarmos em clima de inauguração ainda e por ter uma brasileira no meu estabelecimento, hoje à conta de vocês três é por conta da casa!

— Valeu!

— Vou falar com os garçons aí vai estar tudo resolvido. — Disse João retirando-se.

Laura voltou a olhar para as suas amigas. Sakura cruzou os braços e perguntou:

— O que vocês estavam falando?

— Ele me contou alguns detalhes sobre o bar e tals.

— Eu não entendi nada! Até parecia que vocês estavam falando português. — Disse Sakura rindo. — Eu deveria ser comediante e não publicitária.

— Acho melhor você não mudar de profissão. — Sugeriu Molly. — Humor é o que mais falta nas suas piadas.

— Vocês belgas, ou melhor, vocês europeus no geral são todos frios e sem graça!

— E pra mim japoneses eram respeitosos e gentis. Mas, parece que a história é outra!

Laura suspirou profundamente. Não aguentava mais aquela discussão:

— Será que posso falar o que o João disse?

— Pode! — Responderam as duas.

— Por eu ser brasileira e o dono daqui também, ele ofereceu para mim e para as senhoritas a noite hoje de graça, ou seja, hoje a conta é paga pela casa!

— Arrasou Laura! — Exclamou Molly feliz!

— O que estamos esperando? Let’s dance! — Disse Sakura arrastando Molly e Laura para a pista de dança.

As três fizeram uma roda e começaram a dançar. A banda que tocava saiu e o Dj começou a tocar músicas mais dançantes. Elas dançavam, riam, fofocavam e paqueravam felizes. De repente Laura saiu correndo do pub. Lágrimas percorriam seu rosto. Molly saiu atrás da amiga e a encontrou encostada à parede com a expressão de extrema tristeza. A belga se aproximou e perguntou:

— O que ocorreu?

— Eu sou uma fraca! Uma covarde!

— Tense se acalmar, por favor. Estou preocupada.

— A música que tocou... Era a minha música com o Miguel! Não aguentei ouvir! Só de lembrar que ele me traiu mesmo depois de tudo que fiz para ele... sinto uma mistura de raiva e tristeza que é insuportável!

— Ainda gosta dele né?

— Eu o amo! E acho que nunca vou conseguir esquece-lo.

— Olha, a primeira paixão a gente realmente não esquece, vai ficar sempre na memória. Mas, só como recordação. Com certeza dá para amar alguém novamente. Só que cada pessoa tem um tempo para isso. Demorei um ano e meio para esquecer um alemão que conheci durante a faculdade.

— Mesmo com três meses de distância... Os sentimentos são muito fortes ainda. Durmo pensando nele e acordo com o rosto do Miguel nos meus pensamentos. É tortura demais!

— O tempo cura as feridas. Sei que é difícil esperar essa cicatrização, mas é o que se pode fazer. Até lá, tente distrair sua cabeça! Vamos voltar pra lá? A tal música deve ter acabado.

— Vamos sim! Se eu ficar naquela quarto da faculdade sozinha é capaz de eu pirar.

As duas entraram e viram Sakura com três rapazes. Ela chamou suas amigas e apresentou os caras que estava na mesa:

— O da esquerda é o Jonh ele é americano e está fazendo mestrado na nossa universidade em física. O do meio é o Kurchiev, servo que está fazendo pós-doutorado em matemática. E o da direita é Herbert, alemão que vai iniciar o mestrado em história.

— Você é rápida mesmo em?! Enfatizou Molly.

— Sentem aí. Eles têm histórias tão interessantes. Acho que nós seis podemos nos divertir muito.

Sakura não demorou em se identificar com Kurchiev. O sérvio tinha um e noventa de altura. Pele extremamente branca e traços finos. Cabelos loiros brilhantes e olhos castanhos. Molly não tinha gostado muito da ideia de Sakura no começo, contudo, Jonh um afro-americano de vinte e oito anos era tão cortes e inteligente que ela se interessou. Já Laura era a única da mesa que não se divertia. Seus pensamentos estavam longe. Não conseguia pensar em outra coisa. Herbert percebendo o olhar distante da garota, perguntou:

— Está tudo bem?

— Foi mal, estou sim. Só pensativa.

— Tem uns momentos inusitados que vêm uns pensamentos sobre coisas que aconteceram nas nossas vidas, né? No meu caso é no banheiro, mas não conte pra ninguém!

Laura deu um leve sorriso e respondeu:

— Fica só entre a gente, pode deixar.

— Você fica muito mais bonita sorrindo do que séria daquele jeito. Não gostaria de dançar um pouco?

— Sinto muito Herbert, não vai rolar. — Disse Laura pegando o casaco e saindo do pub.