Miguel corrigia as provas com desanimo. Dei revisão, trabalho extra e tem aluno que consegue ficar de recuperação! Tenha dó desses jovens, Deus! O professor que começou a corrigir as provas às duas da tarde, só terminou às sete da noite. Finalmente! Descanso de algumas semanas, pelo menos. Nunca imaginei que voltaria a dar aula novamente. Até que estou me saindo bem pra quem fez o curso de matemática há mais de cinco anos. Ele guardou todos os papeis, trancou a sala e foi para casa.

Diferente das outras noites, aquela terça-feira estava completamente obscura. Não existia estrela ou lua iluminando o céu, deixando toda a cidade em um breu crescente. Miguel andava pelas ruas sombrias da cidade com desconfiança tinha nítida impressão de que estava sendo seguido. Sacou a arma, apontou para o vulto que apareceu e perguntou:

— Quem tá aí?

— Não sabia que professores podiam andar armados. — Disse o homem que saía das sombras.

— Pelo que eu saiba nessa cidade o porte de arma é liberado, Edgar.

— Não precisa ficar irritado. Só fiz um comentário. Aliás, além de andar armado sabe muito sobre legislação. Você está na profissão errada! Deveria ser policial!

Miguel hesitou. Será que ele desconfia? Não pode ser! Não dei bandeira nenhuma. Ele deve estar falando por falar... Não vou cair nesse jogo sujo dele! O professorar de matemática tentou mostrar calma na voz:

— Quem sabe algum dia me candidato a policial Seria ótimo prender alguns canalhas que mantam as pessoas pensando apenas em interesses próprios. Além de outros que gostam de agarrar mulheres à força.

— Insinuando alguma coisa? — Perguntou Edgar raivoso.

— Não precisa ficar irritado. Só fiz um comentário. — Repetiu Miguel para enfezar mais o seu suspeito.

Edgar derrubou Miguel no chão e gritou com raiva:

— Não sabe nada ao meu respeito seu professor de merda! Não fale coisas que não sabe!

— Já disse que não foi indireta! Mas, se você se identificou com a fala... Não tenho culpa de nada! Realmente faria tudo aquilo? — Disse Miguel olhando fixamente para Edgar.

— Claro que não faria! Nunca mataria ninguém!

— Tem certeza?

Edgar tirou o resolver das mãos do policial e mirou na cabeça do mesmo:

— Na verdade, nunca é muito tempo. Quem sabe para algumas pessoas eu possa fazer uma exceção? Adiantar a ida delas ao encontro de Deus.

— Fez isso com seu irmão?

— Não vou mais discutir. Além de meu assunto com você ser outro. — Avisou Edgar descarregando a arma e levantando-se. — Quero que fique longe da Laura!

— Não sabia que ela era sua propriedade.

— Eu amo a Laura! Sou louco por ela! E finalmente posso ter alguma chance de ter esse sentimento correspondido. Demorou muito para isso acontecer! E não vou deixar você, um mero forasteiro estragar tudo!

— Eu não devo satisfação minha para ninguém, mas se serve de consolo, eu e ela somos apenas amigos! Nada mais!

— Esteja avisado! —Ameaçou Edgar jogando a arma no chão e partindo.

Catarina ouvia toda horrorizada a história que Miguel contava. Ela desligou o fogão e disse:

— Se tínhamos alguma dúvida de que ele era realmente o assassino... Esse acontecimento tirou todas as nossas incertezas.

— Agora é a gente conseguir provas físicas e concretas. — Afirmou Miguel. — Já faz um tempo que estamos nessa cidade. Já conhecimentos o local, a maioria dos moradores. Temos todo o conhecimento necessário para colocar Edgar atrás das grades!

— Só que ele é esperto! Temos que agir no ponto fraco dele.

— E qual séria?

Catarina pegou seu tablete em cima da mesa mostrou para Miguel.

— Estava trabalhando no perfil psicológico do suspeito.

— E aí?

— Edgar pode ser frio, calculista, mas quando menciona o nome de Laura... Ele enlouquece. E aí que temos que agir!

— Seja mais clara.

— Quando Edgar tem ataques passionais... É quando ele fica mais indefeso e fora de si... É o momento em que podemos fazê-lo falar qualquer coisa! Inclusive confessar a morte do irmão!

— Como conseguiu deduzir tudo isso?

— Não fiquei cinco anos na faculdade de medicina e mais dois anos na pós graduação em psiquiatria forense pra nada.

Miguel ficou surpreso e admirado com todo o conhecimento da parceira. O comandante Robson realmente a preparou bem. Catarina dará uma excelente líder no futuro. Ele sentou no sofá e indagou:

— Como fazer isso?

— Realmente não sacou?

— Se eu soubesse a resposta... Não teria te perguntado!

— A Laura! Ela é a nossa isca perfeita!

— O que tem essa menina?

— O Edgar perdeu o controle quando mencionou que você e a ruiva tinham alguma coisa, certo?

— Sim. E daí?

— E daí que você vai ter um caso!

— Pode parar aí, parceira. — Pediu Miguel indignando. — Não vou ter nada com aquela ruiva! Não mesmo!

— A garota é bonita! Não entendo você.

— Pra início de conversa a garota tem 21 ou 22 anos... Eu tenho quase 30! Além de já estar aguentando, no limite, dar um de amiguinho. Porque ainda não desceu todas aquelas palavras que ela disse pra mim.

— Você mesmo disse que queria terminar esse caso rápido para poder voltar pra casa logo. Só estou te auxiliando a realizar seu desejo.

— Ok! Ok! Vou pensar em alguma forma de abordagem.

— Seja rápido! Quando mais tempo esperarmos... Mais difícil vai ser provar a culpa de Edgar.